1 ano depois.

O que posso dizer? Depois de ter passado um ano eu finalmente estava com o tritão que me salvará e me perturbava. O problema era que não conseguia deixa-lo de amar em nenhum momento. E depois de tudo que passamos juntos ainda não tinha tomado minha decisão, sabia que precisava fazê-la o quanto antes, porém algo me mantinha presa no mundo humano...

Suspirei e girei a maçaneta. Depois de um dia de trabalho cansativo, não fosse à hora adequada para pensar em tomar aquela bebida azul e conseguir uma cauda. Milk veio em minha direção miando em minhas pernas e logo em seguida pulou sob a mesinha que depositava as chaves. Vi a luz do banheiro acesa sabendo que aquele intruso já estaria na minha banheira, mas não era ele agora que me preocupava tanto.

Deixei minha bolsa sob o sofá marrom e fui em direção ao banheiro com a porta entreaberta. Empurrando-a vi a cena típica de todos os dias.

Um belo tritão cantarolando na banheira balançando aquela imensa cauda para todos os lados, por saber que isso aconteceria sempre mudei tudo de lugar deixando a pequena banheira livre de ataques de sua cauda.

Aquele cabeça de peixe adorava fazer bagunça.

O mesmo levantou as mãos comemorando minha chegada. Suspirei sorrindo de leve.

O que poderia fazer?

Olhei-o furiosa por ele não ser nem uma babá e nem um pai bom! Fui a sua direção tirando a criança de seus braços enquanto ele choramingava fazendo o pequeno sorrir contente enquanto tentava morder sua própria mão.

O tinha nesses um ano que se passaram? Deixa-me ver.

Casei com o cérebro de peixe que era o príncipe de um grande reino aquático. Tinha tido um bebê com ele e Bruce era um péssimo pai. Sinceramente como ele deixava a criança solta numa banheira assim...

Balancei a cabeça reprovando ele enquanto o pequenino voltava em sua forma humana. Tinha dado a luz a uma pequena sósia de Bruce. Meu pequenino em mês braços me fitava com aqueles olhos azuis iguais ao de seu pai. Bruce resmungou querendo pegá-lo de volta, todavia não deixei fazendo-o quase cair para fora da banheira.

— Você trocou as fraldas dele? — Bruce desviou o olhar. — Ele dormiu a tarde inteira? — Nada... — Bruce! — berrei

O mesmo sorriu para mim e se escondeu de baixo da água.

Suspirei.

O que faria com aquele tritão que não sabia nem cuidar do próprio filho! Parando para pensar como ele seria como rei? Agora entendo um pouco seu pai... Bruce era uma criança!

— Desculpe-me. — sussurrou ele olhando com um olhar de cachorro pidão. — Não tenho culpa! Ele faz umas carinhas que me derreto!

Quase ri daquilo.

Isso era verdade. Gustavo adorava fazer umas carinhas tão fofas para convencer a ficar dormindo no bercinho. Porém ele precisava ficar acordado, aquela sósia de seu pai era muito ativado, e a noite queria só mamar.

— Se controle! — disse. — Agora saia dessa banheira e prepara a cama dele, vou fazer alguma coisa para comermos, depois dê comida para Milk.

— Já fiz tudo isso. — disse ele sorrindo.

Pisquei.

Era um milagre isso, entretanto estava feliz que aquele cabeça de vento tinha feito alguma coisa. Balancei a cabeça sorrindo.

— Então fiquei brincando com ele na sala, não o deixe dormir!

Bruce balançou a cauda comemorando enquanto segurava de volta seu pequenino em seus braços. Aquele cabeça de vento pode ser um tritão que só apronta, mas adorou ser pai quando soube. Balancei a cabeça vendo aqueles dois sorrindo.

O que poderia fazer, tinha uma ótima família...

Voltei para a cozinha pensando sobre minha decisão que precisava tomar... Não queria abandonar minha família, além do mais se eu quisesse permanecer humana teria que abandona-los, algo que não suportaria fazer... Mas não me imaginava dentro da água com uma cauda.

Suspirei.

Voltei a minha tarefa deixando isso um pouco de lado. Minutos depois, quando trazia a janta daqueles dois os vi olhando para a televisão. Bruce estava sentado no chão e em suas pernas estava Gustava que apontava para a imagens na TV mesmo não entendo nada. Bruce também parecia uma criança vendo desenhos.

Ri pensando quem ali era mais criança. Depositei os pratos sob a mesinha de centro fazendo Bruce me fitar por um breve instantes e depois voltar para o desenho. Era engraçado aquela cena, porém era mais um fato. Virar sereia seria abrir mão de muitas coisas da vida humana, não só eletrónicos. Os dois vieram comer enquanto Milk queria o peixe grelhado no prato. O que faria com Milk?

Não tinha ninguém para dá-lo e me separar daquele gato irritante que esteve comigo a tanto tempo era difícil...

— Quero conversar... — sussurrei com a cabeça baixa.

Apenas escutei o barulho no prato e a medida que levantava o olhar via os olhos azuis de Bruce me fitando.

— Sobre eu ser... — não consegui completar...

— Katy. — chamou. — Ser sereia e viver comigo não quer dizer abandonar essa vida de uma dia para o outro. — ele sorria vendo minha expressão. — Além do mais, eu mesmo adoro aqui, quero que nosso filho conheça os dois mundos, quero continuar com Milk...

O mesmo fitou o gato que o observava.

Sorri de leve.

O que eu estava pensando? Suspirei voltando a ficar aqueles dois...

— Iremos morar aqui?

— Meu pai ainda esta bem vivo, apenas vou subir ao trono quando ele falecer, até lá iremos murar aqui sim. — Bruce sorriu. — Todavia iremos voltar sempre quando nós nos tornarmos vossa majestade.

Sorri balançando a cabeça e mandando ele prestar atenção em Gustava que roubava uma batata do prato dele. Observei mais um pouco aqueles dois que se olhavam enquanto Bruce dava uma batata para ele.

— Você é um péssimo pai. — quebrei o silencio.

Bruce olhou em minha direção resmungando dizendo que era um ótimo pai. Ria enquanto ele ficava se gabando que dava ótimos banhos, fazia muito bem a cama e o fazia sorrir. Milk pulou sob a mesinha não atrapalhando Bruce em seu discurso.

O que eu faria com aquele gato!

Balancei a cabeça sorrindo, aquela era minha grande família. Eu não desistiria dela. Jamais.

Para isso sei o que preciso fazer. Ficarei ao lado dele, para sempre.

Lutarei pelo meu tritão.

Sorri observando aqueles dois brincando...