Pelos Olhos do Gavião escrita por Mayor Hundred


Capítulo 3
Clube dos Canalhas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/583656/chapter/3

— Eu não quero você aqui hoje, Clint. — Bobbi o empurrava para fora do quarto, mas dava uma noção maior ao que queria dizer. Não queria o marido em cômodo algum daquela casa.

— Por quê? — questionou, incerto. Não resistia ao empurrar de sua esposa.

— Eu quero escrever. E você sempre fica atrás do computador, me olhando — reclamou e deu um último empurrão em Clinton, que respondeu rindo.

— Eu me casei com uma louca. — Estava vestido de jeans surrado, uma camiseta velha e tênis all-star, mas parecia que não teria chance de sequer trocar a roupa. Não que fizesse questão.

— Só louca pra casar com um gavião. Vai logo, vai. — Soltou uma risadinha enquanto fechava a porta, deixando Clint do lado de fora e os agentes sem entender nada.

O arqueiro olhou para todos os agentes de segurança com a sua maior cara de idiota e riu, balançando os ombros.

Caminhou pelo jardim verde e cumprimentou silenciosamente os homens responsáveis pela sua segurança. Eram dois, e o motorista. Estava disposto a andar naquele início de noite.

— Carona, senhor? — perguntou o homem responsável pela direção.

— Nah, vou até o apê do Capitão. Não fica muito longe. — Não podia negar que estava se gabando.

— Capitão? Tipo, o América? — Olhou melhor para o agente depois daquilo e ele se retesou, como se quisesse recuperar a postura. Não tinha muito mais do que vinte anos. Nunca tinha percebido.

— É, ele mesmo — confirmou.

— Você pode... pode pedir um autógrafo dele pra mim? — Clint não conteve o riso. O agente se encolheu, constrangido.

— Você nunca pediu o meu autógrafo — ironizou, mas parecia que o outro homem não estava achando tão engraçado.

— Desculpe, foi inapropriado.

— Não. Como é o seu nome? Vou pedir pra ele assinar. — Clássico Clint. Já fazia quase oito meses de casado, seis meses desde que os agentes faziam a proteção de sua casa, e ele não tinha decorado o nome de nenhum.

— Joseph, senhor — respondeu, com uma excitação visível.

— Beleza, Joe.

Havia um motivo para Anthony Stark considerar aquele um dos melhores bares de New York City e é porque se trata de um dos únicos que não lhe pertence, resmungou Steve.

Todos riram, inclusive Tony.

Sua ideia original era dar uma passada no apartamento de Steve, e eles reclamarem um pouco das garotas, relembrarem dos tempos que não voltam, talvez beberem uma ou outra cerveja. Entretanto, acabou em um pé sujo em Manhattan.

Thor, Tony e Steve lhe faziam companhia, e era claro que bebiam muito.

Sempre gostou de uma dose ou duas, mas nunca foi acostumado a beber tanto. Não como esses caras. Tony bebia tanto que sempre fazia a piada de ter um símbolo de algum uísque na armadura, se alguém lhe oferecesse patrocínio. De outro lado, Thor se gabava por comer bois e beber barris inteiros de hidromel em Asgard. Steve chegava a fazer uma montanha de garrafas nas raras ocasiões que bebia, e nunca ficava embriagado.

Aquela noite não podia terminar bem.

3 Drinques

— Eu aposto vinte mil dólares... — Clint começou a gritar, um tanto alterado. O bar já estava meio vazio.

— Você não tem vinte mil dólares, Clint — interrompeu Stark, e todos riram, inclusive Barton.

— Cala a boca. Aposto vinte mil dólares que a minha flecha é mais rápida que esse teu raiozinho da armadura. — Fez com que todos rissem melodiosamente, mas Clinton tinha a expressão séria. — Vai, garoto Stark, tá com medo?

— Isso é mais fácil que Vegas — resmungou.

A manopla metálica rasgou o ar e quebrou uma das janelas, afastando mais alguns dos poucos clientes que tinham restado no estabelecimento. O barman olhou e Tony deu de ombros, sibilando que pagaria depois.

Homem de Ferro e Gavião Arqueiro estavam apontados para o placar de dardos.

7 Drinques

— Peraí, cara, você é médico, certo? — questionou Steve.

— Correto — respondeu Thor.

— Médico, ativista, paciente de hospitais mentais... — começou a listar o Capitão.

— DEUS GREGO — complementou Clinton, que tinha os olhos marejados pelo álcool.

— Até eu sei que Thor é da mitologia celta. — Stark complementou, percebendo o que estavam fazendo. Nada irritava Thor mais do que errar ou desconhecer as suas origens.

— Parem com essa loucura. Vocês todos estão sob o efeito desta bebida marrom. — Nem mesmo o Capitão deixou de rir, e muito. Thor ficou vermelho.

— É verdade, Donnie. — Clint respondeu, e todos ficaram em silêncio imediatamente. Percebeu que estava bêbado. Nunca diria algo assim sóbrio.

— Eu. Odeio. Quem. Me. Chama. Assim. — Todos puderam ouvir o martelo divino descendo dos céus e quebrando os tijolos da construção, chegando até a mão do então Donald Blake.

— Foi bom te conhecer, Punho de Ferro — Tony provocou, e como resposta recebeu um gancho.

Nem mesmo o barman aguentou. Certamente não podia expulsá-los e ligar para a polícia parecia patético. Deixou as chaves no balcão e foi embora.

10 Drinques

— MEU PODEROSO MARTELO A TODOS SUBJUGA — se vangloriou o deus nórdico, em cima de uma das mesas.

— Que merda, Clint, eu tenho uma coletiva amanhã e você me deixou de olho roxo. — Era óbvio que Tony também brigou e conseguiu dar um soco ou outro, mas Barton era o melhor lutador. Steve tentou separá-los, mas foi impedido pelo deus dos trovões.

— Clint, vamos embora — incentivou Rogers, mas não parecia ter causado efeito.

— EU SOU A SENHORA MAROCAS — respondeu ao Capitão, rindo histericamente, até jogar o copo vazio na parede.

— Essa frase é minha — reclamou Stark.

13 Drinques e Meio

— PEGUE O ESCUDO, CAPITÃO MORTAL AMERICANO. — Thor gritava e só restavam três paredes daquele bar.

— Quê? Não. — Era o único sóbrio ali, mas mesmo assim foi preciso puxar o seu escudo para se defender do golpe de Thor.

Tinham sorte que o nórdico não estava em suas plenas capacidades, ou o lugar seria demolido. Entretanto, o impacto foi o suficiente para jogar Tony e Clint contra a parede.

— Daora... — babou o Gavião, antes de tudo ficar preto.

Ouvia uma voz ao fundo, e mais outras três que discutiam. Aquilo irritava a sua cabeça. Quando abriu os olhos percebeu que enxergar irritava ainda mais. Seu corpo estava todo dolorido.

Levantou-se, fazendo barulho, e um braço gigante lhe ofereceu ajuda. Apoiou-se em Thor e se levantou. Nick Fury não parecia estar feliz.

— Deixe-me ir — Tony se dispôs, embora Clint não fazia ideia do que se tratava. Nick balançou a cabeça negativamente.

— Vocês idiotas. Clint, você está bem? — Havia na voz do diretor da S.H.I.E.L.D uma preocupação genuína escondida por um tom de advertência. Mesmo com todos os segredos e a desconfiança de Nick, ele ainda era o seu amigo mais antigo. Sentia o diferencial do tratamento, mesmo que sutil.

— Acho que... — Tomou um tempo para olhar ao redor e viu o bar, que tinham entrado no começo da noite, completamente destruído. Se lembrava de pouco, mas o bastante para fazer a mão deslizar sobre o rosto. — não sei.

Silêncio.

— Você não está pensando em... — Stark começou, mas foi interrompido.

— Sou eu quem devo ir, Fury. — Capitão se prontificou, dando um passo à frente.

— Loucura. Permitam-me lidar com essa situação. A fúria dos deuses, embalada em Mjölnir, descerá sobre o maldito. — Thor tomou impulso empurrando Steve, se colocando ainda mais a frente.

Nicholas se limitou a suspirar, frustrado.

— Clint, nós achamos quem matou Wanda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pelos Olhos do Gavião" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.