Capítulo 07 – Cavalheiro sanguessuga.

POV de Bella

Nem as irmãs Romanov, nem os Cullen, nem eu e muito menos Amy falava alguma coisa. Jasper colocou a mão na boca de Alice, para que ela não interrompesse aquele momento tão marcante. O reencontro de dois vampiros e, que por sinal, eram apaixonados. Perfeito.

- Minha pequena... ‘fleur’? – Damen disse arregalando os olhos.
- Damen... –Christine apenas encarou-o. –O que houve? Você... fugiu...
- Me perdoe, pequena ‘fleur’... – Ele disse carinhosamente, colocando sua mão em uma das bochechas de Christine.
- O que houve? – Ela repetiu a pergunta.
- Com o ápice da crise da bolsa, que finalmente tinha chegado á Paris, as pessoas começaram a se revoltar. Não havia comida para que a população pudesse comprar, não havia água, não havia nada que pudesse ser feito. As doenças estavam voltando á tona, assolando novamente as pessoas. – Damen dizia calmamente.

“Naquele dia, eu havia deixado você dormindo, tudo o que tínhamos, havia acabado. Eu estava saindo para ir até alguma mercearia próxima, para poder pegar suprimentos suficientes para viajarmos. Eu levaria você para longe dessa crise. Mas quando saí, pessoas corriam desesperadas, fugiam, mas era tudo em vão. Os vampiros que antes ficavam escondidos, matando apenas quando fosse necessário, decidiram aparecer.
“Era um período de pós-guerra, a segunda guerra mundial ainda era recente. Nenhum lugar, nenhum reino europeu tinha se recuperado das perdas que a grande guerra tinha causado. As pessoas brigavam por alimentos, brigavam por um simples balde de água suja. E essa era a época favorita dos vampiros. Eles saíam durante o dia, alimentavam-se, fartavam-se, matavam o quanto podiam.
“Nesse dia, um deles vinha em direção á nossa casa, eu não poderia fugir com você nos braços, porque eles nos encontrariam fácil, seu cheiro era apelativo demais. Então, apenas carreguei-a até o sótão de uma igrejinha na rua de trás. Arrumei tudo que tinha por lá e então te mordi. Você ficou fraca, muito fraca, mas eu tinha que ser rápido, não poderia demorar, então dei a você meu sangue. Quando você adormeceu, sentindo a queimação, deixei seus pertences por ali, esperei até que o veneno percorresse seu corpo e estivesse quase no fim da mudança, então fugi. Despistei-os para o mais longe que pude.
“Quando voltei, o lugar estava destruído, você não estava mais lá.” – Ele contou rapidamente a história.

- Ah, que bom que deu certo! – Alice finalmente exclamou. – Viu só, eu sabia que convidar do Damen ia ser uma boa coisa a se fazer...
- Você sabia? – Christine encarou-a.
- Não. Eu só tinha a impressão de que iria ser bom. – Alice deu de ombros. – Na verdade, no começo da festa, quando vocês chegaram, que vi o que aconteceria.
- E agora você está aqui... – Damen e Christine trocavam olhares.

POV do Edward

- Não sabe quanto tempo esperei por isso, Damen. – Christine disse.
- Sim, faço idéia. Esperei por você. Tentei te encontrar, mas nunca imaginei que viria para a Inglaterra.
- Bem, quanto a isso... eu vim para cá porque a rainha já está ficando debilitada, logo ela não poderá mais governar. Vim apenas porque um dos informantes do palácio me avisou. – Christine sorriu. – E também porque não sabia que eu tinha uma parente... viva.
- Parente?
- Esta é minha prima, Amy. Irmã mais velha da rainha. – Chrstine riu. Ótimo, com Damen a favor de Christine, seria um a menos para me apoiar.
- Estamos entre realezas hoje... – Ele riu.
- Venha, Bella, vamos dar uma volta. – Chamei-a.
- Cullen, encoste um dente nela e você vai virar decoração para o palácio! – Amy ameaçou. Eu apenas ri.
- Já tive minha cota de caça por hoje, alteza. – Debochei.
- Não se preocupe. Edward não me esconde nada. Eu vou saber. – Alice interferiu.
- Como consegue ser tão pequena e tão irritante? – Sorri torto. – Vem, Bella.

Fui guiando Bella, até a porta que dava para os jardins. Ela parou, ficou admirando e soltou um suspiro. A luz cálida da lua refletia em sua pele branca, dando um brilho sem igual; e seu perfume doce, aqui entre as flores, ficava muito mais atraente do que qualquer outro aroma que eu pudesse ter sentido antes.

- Aqui é lindo... – Ela disse num sussurro.
- É, fizeram um bom trabalho neste jardim. – Eu disse calmamente.
- Olhe, sua festa está mesmo muito boa... poderia deixar para me morder outra hora. Ok? – Ela disse séria, mas ainda não me encarava, apenas continuava virada em direção ás flores azuis.
- Não pretendo te morder... – Falei. – Hoje. – Acrescentei. – Além do mais, isso iria estragar sua diversão.
- Um cavalheiro. – Ela disse num tom de surpresa.
- Posso ser um vampiro, Bella, mas sou cavalheiro.
- Quando quer. – Ela rebateu. – Mas ainda sim... não deixa de ser um sanguessuga...
- Algum problema? – Perguntei seco, se bem que ela tinha razão em ficar brava comigo.
- Não, afinal eu moro com uma vampira, não é?
- É, tem razão. – Resmunguei, me aproximando dela.
- você disse que não ia me morder hoje... – Ela falou sussurrando.
- Não vou... – Beijei seu pescoço, bem em cima de sua jugular. Senti o sangue correndo mais rápido. – Mas... Se você pedir... – Encarei-a, olhando-a nos olhos.
- Seus... – Ela respirou fundo. – Seus joguinhos mentais... Não funcionam comigo.
- Só quando você percebe. – Eu ri. – Vamos, sua amiga quer me matar. – Peguei em sua mão.
- Seria bom mesmo. O poder sobe a cabeça de algumas pessoas. – Bella disse mais irritada.
- Não! – Exclamei. – Eu não pretendo abrir mão do meu lugar aqui, Isabella!
- Acha que não sei?! – Ela exclamou afastando-se de mim. – Acha que não sei que você só está no poder porque a Amy não quer assumir nada?! Acha que não sei que ela pode muito bem tomar seu lugar? Basta ela reclamar o trono...

Bella saiu andando rápido em direção ao salão. Emmett e Jasper vinham ao meu encontro. Essa garota sabia muito mais do que eu imaginava, mas não era de se esperar. Amy devia contar a ela sobre fatos que somente nós –vampiros – costumávamos notar.

- Eu aposto que o jogo vira e ele ainda corre atrás dessa garota. – Jasper disse rindo.
- Pois eu não. – Rosnei.
- Pois eu sim! – Emmett gargalhou. – Aposto meu pescoço!
- Muito engraçado. Quando eu ganhar, venho pegar o pescoço dos dois. – Sai indo em direção ao salão.

POV de Bella

Passavam das quatro e meia, decidi que para uma humana, já era hora de ir. Amy dançava com Demetri já faziam umas duas horas; Christine colocava o papo em dia com Damen, que ouvia animado. A única que quis ficar comigo, enquanto eu decidia se ia mesmo embora era Anastácia. Era mesmo incrível, ela era apenas uma adolescente, mas tinha quase um século. O ruim de ser a ‘humana da parada’ como Amy se referia a mim de vez enquando, era que chegava uma hora que eu já não agüentava mais. E algo que eu não queria, era ficar tirando Amy Dalí para dizer que eu ia embora.

- Posso levar você embora. – Edward se dispôs. – Mas não garanto que vá chegar acordada. – Ele riu maliciosamente.
- Aceito a carona. – Falei seca. – Mas eu garanto que vou chegar acordada.
- Bella... – Amy disse me repreendendo.
- Não tem problema, Amy. Fique aí com o Demetri. – Sorri. – Nos vemos amanhã.
- Tchau, Bellinha! – Alice me abraçou.
- Tchau! – Jasper e Emmett disseram juntos.
- Até mais, Bella. – Rosalie abraçou-me também.
- Foi conhecer você, senhorita Bella. – Uma das irmãs Romanov disse.

Me despedi de Christine e Damen, e mais alguns que estavam por ali. Peguei minha echarpe que estava em uma mesa e acompanhei Edward. Novamente, ele foi cavalheiro e abriu a porta do carro – um volvo prateado – para que eu entrasse, então, fechou-a e seguiu para o lado do motorista. De vez enquando, eu o pegava me olhando e, se ele pensava que eu não manteria o que disse antes de sair, ele estava muito enganado.

- Pretende se tornar uma vampira? – Edward perguntou, do nada. Fiquei imersa em meus pensamentos, lembrando-me de uma conversa que tive certa vez com a Amy.

Flashback.

- Como é a transformação, Amy? Como você se tornou uma vampira?
- Normalmente, quem vai ser transformado, escolhe uma pessoa. As vezes é o parceiro ou um vampiro mais forte. Quando é assim, o vampiro suga o seu sangue, até você ficar quase inconsciente. Depois disso, você tem que beber do sangue dele, assim, o veneno entra em seu corpo e começa a transformar. – Ela em contava. – No meu caso... o vampiro que em atacou, apenas bebeu meu sangue... a intenção dele era me matar.
- E então... – Pedi que continuasse.
- A pessoa que me achou, me levou para algum lugar no campo, que depois descobrir ser uma região do norte dos Estados Unidos. Lá, as pessoas não foram tão afetadas com a crise... e lá vivia um dos clãs que dominavam a região.

Fim do Flashback.

- Bella? – Edward me tirou dos meus devaneios.
- Ah, desculpe... estava me lembrando de algumas coisas. –Murmurei. – É, eu disse a Amy uma vez que queria me tornar igual a ela.

Edward parou o carro em frente ao prédio, então, inclinou-se para meu lado e me beijou. Senti sua língua fria percorrer cada milímetro em minha boca e meu pescoço. Não tive tempo de pensar em qualquer coisa, ele já tinha cravado seus dentes em minha jugular. Ele havia prometido...

- Você... – Espalmei minha mão sobre seu peito. Deixei uma lágrima correr.
- Eu não disse que não ia te morder. – Ele sussurrou. – Venha.
- Nem pensar. – Resmunguei. – Adeus. E parabéns. – Sai pisando firme. Dei boa noite ao porteiro e fui em direção ao elevador.

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