Capítulo 50 – Salvamento.

POV da Bella

A cada dia que se passava, eu pensava que não podia ser mais feliz do que era. Bem, talvez se eu tivesse tido um filho, ou algo assim, como a maioria das mulheres com o sonho de ser mãe. Não que eu não quisesse, mas eu não via necessidade...

Depois que Edward me apresentou á todos naquela sala como sua esposa, Carlisle veio me cumprimentar oficialmente e então nós passamos a nos divertir naquela noite. Emmett insistira em me levar para correr e apreciar os benefícios de se ser uma vampira. Eu fiquei receosa, com medo de sair atrás de todos os humanos, como um monstro louco, mas Edward me assegurou que isso não iria acontecer.

Naquele dia, eu e Amy pudemos correr juntas pela primeira vez. Nós saltamos no topo de alguns prédios e depois paramos no antigo cemitério no parque central da cidade. Vampiros num cemitério... Era ridículo como aqueles autores insistiam em fazer piada de algumas coisas do mundo místico.

Haviam se passado cinco anos desde que eu fora transformada por Edward. Meus dons estavam bem desenvolvidos, eu podia ler mentes, falar em mentes e controlar alguma delas. Não que eu fizesse isso sempre, mas de vez enquando, ver o Emmett sentir vontade de fazer algumas coisas inusitadas era divertido. Nesse dia, um pouco do curso da nossa história mudou.

Era noite, o céu negro, nublado e sem estrela alguma. Nós dois andávamos pelo parque central após a caçada. Eu me sentia muito mais segura para estar em meio aos humanos, minha garganta já não ardia como no primeiro dia e eu conseguia me controlar muito bem. Sendo assim, eu podia acompanhar Alice e Rosalie em algumas tardes de compras.

Naquela noite, havia um sentimento estranho no ar. Eu sentia no fundo da minha mente, uma pontada de dor, alguém pedindo por ajuda. Talvez eu estivesse enlouquecendo, ou não, mas procurei ficar quieta o suficiente para tentar ouvir o lamuriar. Edward viu em minha cabeça o que eu procurava, ele olhou ao nosso redor, estreitando os olhos e então mirou um ponto específico.

“O que é?” Perguntei mentalmente. Ele acenou negativamente e acelerou o passo atrás da trilha.

Em uma das inúmeras clareiras do grande parque, estavam dois homens e uma menina. Um instinto maternal e o sentimento de ódio cresceram em mim instantaneamente. Meus olhos tornaram-se negros, eu enrijeci-me. Eu não queria ver aquela cena.

“Bella cuidado!” Edward exclamou mentalmente.

Eu não dei ouvido, encarei os dois homens e então forcei minha mente a trabalhar. “Afastem-se dela.” Eu disse em suas cabeças. Eles ficaram estáticos ao sentir o tom de comando tilintando sobre os impulsos que seus corpos mandavam ao corpo. “Vocês vão soltá-la. E vão afastar-se dela.” Eu disse novamente. Edward entendeu o que eu estava fazendo e preparou-se para abordá-los, quando eles deram ás costas à menina e procuraram de onde vinha a voz fria que estava comandando-os.

O corpo pálido da menina estava caído em meio ás folhagens; eu a peguei assim que ouvi o estalar de pescoços dos homens. Abracei-a e corri com ela em meio ás árvores, indo até a entrada principal, onde um Mercedes preto estava estacionado.

- Eu vi o que aconteceu. – Alice disse saindo do carro e abrindo a porta.

- Vou ajudar Edward. Nos encontramos na mansão. – Jazz saiu do carro e correu pelo gramado.

[...]

- Eu não sei o que fazer... – Sibilei. Alice, Rosalie, Amy e Christine estavam ao meu redor no quarto.

- Ela está fria. – Rosalie sussurrou. Eu podia ver a dor que ela sentia ao ver aquela criança daquele jeito. – Talvez se...

- Olhem... – Eu mostrei a elas o ferimento no pescoço e pulso da menina.

As feridas estavam cicatrizadas e pareciam ser profundas, como as feridas que os vampiros deixavam em suas vítimas. Naquele instante meu olhar perdeu o foco e eu tive minha mente levada a uma cena que eu procurava não lembrar... O corpo de Dominique estava frio e sua pele não tinha brilho algum...

- Bella?!

- Ela está... Ela está morrendo! – Eu disse num fio de voz. – Não... Não posso deixar que ela...

- Transforme-a. – Alice disse.

- Eu não sei se devo... Se consigo... Ela... É só uma criança, talvez só o sangue resolva. – Busquei por opções.

- Não vai funcionar. – Christine sibilou. – Ela está tão inconsciente, tão fraca... Ouça o coração.

- Vai dar certo! Eu a vejo! Vamos, Bellinha! – Alice encorajava-me.

- Mas ela será uma criança eternamente. Terá a mente de uma mulher, no corpo de uma criança. – Falei.

- Mas ela não tem opção. Ela não tem tempo, Bella! Decida! – Alice sibilou séria.

“Faça.” Era voz de Edward em minha cabeça. “Vai dar certo. Nós a educaremos sobre tudo o que tem que saber. Faça, Bella.”

“Venha aqui.” Eu respondi a ele.

Meus olhos corriam o tempo todo entre a menina e Edward, que passou o tempo todo ao meu lado, me assegurando que eu havia feito tudo certo. Assim que ela acordou do transe e sorveu o meu sangue, seu corpo pequeno e esguio começou a queimar. Aos poucos, notava-se a mudança em seu corpo. Os cabelos cor de mel, antes bagunçados e secos, agora ganhavam cachos perfeitamente enrolados, sua pele ganhava a frieza e a perfeição da pele de um vampiro. Sua transformação não durou tanto quanto a minha, foi rápida, quase um dia inteiro.

Quando ela acordou, eu e Edward estávamos no quarto. De início ela estranhou, mas depois percebeu que estava salva. Edward explicou a ela, da forma que uma criança pudesse entender o que havia acontecido. Eu a alimentei logo depois disso e então nós perguntamos se ela se lembrava de alguma coisa.

- Meu nome é Claudia. – A voz de anjo sibilou. – E eu me lembro do que aconteceu. Até uma parte e então eu tenho um espaço vago em minha mente. – Eu encarei surpresa pela complexidade de suas frases.

- Você era uma híbrida. – Edward disse surpreso. – Quantos anos têm?

- Treze, mas mentalmente, talvez quinze. – Claudia disse calmamente, estreitando seus olhos agora dourados. – Você me transformou, não foi?

- Sim. – Eu sorri. – Quem são seus pais?

- Meus pais foram assassinados por aqueles dois homens. Então eles me levaram de onde nós estávamos. – Ela disse baixo. - Foi você quem transformou ela, não é?

- Sim, fui eu. – Edward riu. – O nome dela é Isabella, ela é minha esposa. O meu é Edward Cullen.

- Bella. Edward. – Ela dizia para si mesma. – Então você é a minha mãe.

Nós rimos e então eu a abracei. Minha vida não podia ter ficado melhor. O clã havia ganhado mais uma integrante. Edward nos deixou a sós e então eu a ajudei com as coisas para que tomasse um banho. Troquei algumas roupas de cama, mesmo que sem necessidade, já que vampiros não dormiam, e então pedi a Alice que arranjasse roupas para ela.

- Oh meu Deus! – Alice sibilou ao vê-la saindo do closet com um vestido roxo que ia até os joelhos, com uma fita na cintura e os cabelos cacheados soltos. – Ela é linda!

- Claudia, querida... – Eu a chamei. – Venha conhecer... Esta é minha irmã, Alice.

- Olá, Alice!

- Oh! – Alice a abraçou. – Seja muito bem vinda a família! Pode me chamar de Allie, Fadinha, All... Tia...

- Claro Tia Allie! – Ela juntou o apelido à Tia. Alice saltitou de felicidade.

Nós duas a levamos para a sala, onde Cláudia conheceu Rosalie e todos os outros, incluindo os empregados. Maryann adorou-a, Emmett disse que tinha uma nova preferida na família e Rosalie, bem, Rosalie simplesmente encantou-se por ela. Não havia como não se encantar.

- Amanhã nós iremos fazer compras! – Alice disse empolgada.

- Sério? – Claudia sorriu, mostrando os dentes brilhantes.

- Claro! Nenhuma sobrinha minha ficará sem um guarda roupa digno de uma Cullen. – Alice sibilou.

- Isso será perfeito!!! – Ela rodopiou.

Deixei minhas costas caírem sobre o encosto do sofá e me aconcheguei a Edward. Ele olhava para Claudia divertindo-se com Emmett em um dos seus inúmeros vídeo games.

“A vida dá voltas, não é?” Ele encarou-me, perguntando-me mentalmente.

“Sim.” Eu sorri de volta. “Ela é linda...”

“Perfeita.” Ele concordou.