Whole Lotta Love 2 escrita por mlleariane


Capítulo 31
Meu passado me condena


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Estou amando a recepção dessa fic. Já passamos das 20 mil visualizações, e WLL 2 já é minha fic mais favoritada. Obrigada mesmo, de coração!
Agradeço mais uma vez aos comentários lindos e divertidos, às recomendações e a todos que vêm falar comigo no twitter, e que divulgam por lá também (aliás, teve gente que não me encontrou, então vou deixar o link da minha conta aqui no meu perfil, ok?).
Gostaram da festa de aniversário? Hahaha Johanna, a princesa rebelde, Alexander, o herói conquistador (aliás, para as enciumadas de plantão, não se preocupem que a paixão vai passar. O garoto é muito novo para compromissos – puxou ao pai, afinal!).

Demorei para postar, mas fiz um capítulo grande para compensar :) Vem plot novo aí. Quanto ao título, não resisti (quem lembra dessa comu no Orkut? Hahaha).

Beijo, Ari ;)


* Brunch é uma refeição de origem britânica que combina o café-da-manhã (pequeno-almoço; breakfast, em inglês) com o almoço (lunch, em inglês). É normalmente realizada aos domingos, feriados ou datas comemorativas, quando toda a família se reúne entre 10 e as 14 horas (por tempo indeterminado) em torno da mesa.



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No outro dia...

Foi Kate quem abriu os olhos primeiro. Olhou para o relógio no criado mudo, que marcava 10 horas. Em um dia normal as crianças já estariam pulando em cima dela e de Castle. Mas era domingo, e um domingo pós festa, onde os dois haviam brincado e pulado a noite toda. Kate sorriu lembrando-se do sucesso que fora o aniversário de seus bebês. Bebês, ela pensou, meus bebês já têm sete anos!

Levantou-se com cuidado e foi até o closet, procurando por uma caixa onde guardava algumas lembranças. Encontrou um pequeno álbum onde, certa vez, havia colocado uma foto sua com os pais em cada aniversário de sua vida. Pegou a foto dos 7 anos, em que usava um vestido amarelo de bolinhas brancas.

Kate: Lembra quando eu aprontava alguma e você dizia que um dia meus filhos fariam igual? – Kate riu – Bem, eles já começaram.

Kate deslizou o dedo pelo retrato da mãe, que a abraçava, sorrindo.

Kate: Você teria gostado deles...

Castle: Teria mesmo.

Kate virou-se bruscamente, batendo na caixa e deixando tudo cair ao chão.

Kate: Castle!

Castle: Desculpa, amor. Eu não queria te assustar.

Castle se agachou rapidamente para ajudá-la a pegar as coisas.

Kate: Não, deixa que eu guardo – ela o afastou.

Castle: Por que? Tem algum segredo nessa caixa que eu não possa saber?

Kate: Não. – Kate já havia juntado tudo e jogado de qualquer jeito na caixa.

Castle: Sei... – ele a olhou desconfiado.

Kate: Que foi?

Castle: Essa caixa não seria, assim, por um acaso, uma caixa de ex namorados, seria?

Kate: Não, Castle. – ele continuou encarando-a – Você não vai me deixar em paz até descobrir, não é?

Castle fez que não, e ela enfim abriu a caixa.

Kate: São só algumas lembranças da minha infância – ela começou a mostrar – Um laço que usava no cabelo, um ursinho que ganhei do meu avô, ah, olha, eu adorava essa caixinha de música.

Castle: Hum... la vie en rose? – ele havia dado corda – não é muito bom gosto para uma criança?

Kate: Eu não sabia o que era, mas achava lindo. Olha isso, minha agenda de telefones das amiguinhas do colégio.

Castle: Você até que tinha várias amigas... – ele folheou.

Kate: E por que eu não teria?

Castle: Você sabe, você é séria... fechada...

Kate: Eu não fui assim sempre, Rick.

Castle: Desculpa. Às vezes eu esqueço... – ele fez uma pausa – eu só conheci você assim.

Kate: Quer me conhecer antes? – ela sorriu, mostrando que não tinha mágoas, e o entregou algo.

Castle: O que é isso?

Kate: Meu diário.

Castle: Você vai me deixar ler o seu diário? – ele a fitou abismado.

Kate: Eu tinha 10 anos, não espere ler algo revelador! – ela riu.

Ele abriu mesmo assim. Os dois riram da letra, dos desenhos e dos adesivos.

Castle: Você escreve bem, detetive.

Kate: Obrigada, escritor.

Ele virou mais uma página e fez uma careta. Havia o nome de Kate junto ao de um garoto e um coração.

Castle: Estava demorando...

Kate: Não seja injusto, se fosse no seu caso esse caderninho não daria para o tanto de mulher que já passou por sua vida.

Castle: Que exagero!

Kate: Eu gostava dele – Kate sorriu olhando para o rabisco.

Castle: Não, isso é demais para meus ouvidos! – ele fez cena.

Kate pegou uma caneta e procurou uma página em branco.

Kate: Mas eu gosto muito mais desse daqui. – ela escreveu “Kate and Rick” dentro de um coração.

Castle: Beem melhor – ele a puxou para um beijo – Eu te amo.

Kate: Eu também – ela o beijou de novo.

Castle deu ainda uma última olhada para a caixa e tirou um anelzinho de bijuteria.

Castle: O que é isso? Alguém te pediu em casamento? – ele riu.

Kate: Sim, o Peter.

Castle: Peter... o mesmo do coração? – ele se referia ao diário.

Kate: Aham.

Castle: Ele te pediu em casamento aos 10 anos?

Kate: Não, isso foi um pouco mais tarde.

Castle: Mais tarde quando?

Kate fechou o diário e pegou o anel das mãos de Castle, colocando tudo na caixa e fechando rapidamente.

Castle: Peter... você já me falou dele?

Kate: Talvez. – ela tentou desviar o assunto – Por que não vamos acordar as crianças?

Castle: É o cara da banda?

Kate: Não. Rick, vamos?

Castle: Sério babe, o que tem esse Peter?

Kate o encarou contrariada.

Castle: Não pode ser tão ruim... – ele insistiu.

Kate: Peter foi... o primeiro.

Castle: Ok, era ruim.

Kate: Podemos ir?

Castle: Quando foi isso? – ele insistiu. Kate sabia que ele não sossegaria, então falou logo.

Kate: Aos 17 anos, quando nós “namoramos”.

Castle: Por que “namoramos” – ele imitou as aspas.

Kate: Foi um namoro curto.

Castle: Mas você guardou o anel...

Kate: Rick, por favor? Não quero estragar o nosso brunch com esse tipo de assunto.

Castle: Ok, vamos. – ele a levou pela cintura – Eu vou fazer panquecas felizes.

Kate: Ah não... – ela fez birra.

Castle: Você pode comer sem a calda.

Kate: Vou pensar no seu caso...

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Os dois saíram do quarto conversando...

Castle: Não é estranho que eles não tenham acordado ainda?

Kate: Ontem foi um dia cheio e cansativo para eles.

Castle: Difícil acreditar, eles não cansam nunca.

Kate: Rick, não fala assim, eles são só...

Kate e Castle pararam assim que deram de cara com a sala.

Castle: Eles são só o que mesmo, amor?

Alex: Nós abrimos os presentes!

Kate: Nós... estamos vendo.

Johanna e Alexander estavam em meio a caixas rasgadas, brinquedos de todo o tipo espalhados e uma infinidade de papéis e laços jogados pela sala. De repente, uma flecha de plástico atingiu a barriga de Castle.

Alex: Você está derrotado, papai! – Alexander gritou vitorioso.

Castle olhou para Kate pedindo ajuda.

Kate: Vocês estão aqui há quanto tempo? – Kate beijou cada um dos filhos.

Jo: Não sei, mas eu to com fome.

Castle: O papai vai fazer panquecas felizes!

Alex: Eba!

Jo: Eu adoro as panquecas felizes, papai! – Johanna se jogou no colo de Castle.

Castle: Viu mamãe, você é a única que não gosta! – ele fez charme por saber que agradava os filhos.

Kate: Eu prefiro seu café – ela piscou.

As crianças começaram a mostrar os presentes, falando ao mesmo tempo e quase deixando os pais malucos.

Kate: Vocês ganharam muitas coisas legais!

Alex: Esse foi o que eu mais gostei, mamãe. Não é o máximo? – Alexander atirou uma flecha, indo diretamente num vaso da estante, que caiu e quebrou. Ele olhou culpado para os pais.

Castle: Acho que nós vamos ter que tomar cuidado com esse arco e flecha.

Kate: Filhote, cuidado para onde aponta, certo? Cuidado com as pessoas, principalmente com sua irmã e com Tiger.

Alex: Certo, mamãe.

Castle: Ei, que tal tomarmos comermos antes de continuar explorando os brinquedos?

Todos concordaram, e os quatro foram juntos para a cozinha. Castle fez as panquecas felizes, enquanto Kate preparou um suco de laranja. Também havia cookies, frutas e cereais. Kate tentava fazer com que o brunch do domingo fosse parecido com o que sua mãe fazia. Enquanto todos conversavam e comiam, ela se pegou pensando que nunca tinha imaginado que formaria sua própria família. Na verdade, nunca tinha imaginado que seria tão feliz novamente.

Castle: O que foi, babe? – Castle sorriu ao vê-la sorrindo.

Kate: Eu sou tão feliz por ter vocês!

Castle: E nós somos felizes por ter você – ele se esticou para beijá-la – mas hoje você vai me perder um pouquinho...

Kate: Gina não podia ter marcado essa sessão de autógrafos durante a semana?

Castle: Ela gosta de me irritar.

Kate: Percebe-se!

Castle: O shopping é mais movimentado de domingo...

Kate: Eu sei – ela fez um bico.

Alex: Nós vamos ao shopping? – Alexander tinha o radar ligado para conversas adultas.

Kate: Não, filhote, o papai vai.

Jo: Mas eu tenho que comprar a nova sandália da Hello Kity, aquela com gliter rosa, lembra mamãe?

Kate e Castle se olharam e riram.

Castle: Mulheres!

Kate: Minha princesa, nós vamos outro dia, pode ser? Hoje o shopping é muito cheio, e o papai vai trabalhar.

Alex: Eu posso te ajudar a assinar livros, papai! Eu sei escrever seu nome!

Castle: Obrigado filhão, mas acho que eu tenho que fazer isso sozinho. Aliás, família, nossa foto de ontem foi a mais curtida de toda a história do meu twitter.

Jo: Cadê, papai?

Johanna e Alexander se levantaram rapidamente, sentando-se um em cada perna do pai. Castle então abriu a foto dos quatro na festa de aniversário.

Jo: Você não pôs uma foto minha com o cabelo da Ghoulia Yelps?

Alex: Nem dos transformers?

Castle: Não, mamãe só deixou colocar essa.

As duas crianças encararam Kate.

Kate: Vocês são muito novos para se exporem.

Castle: Besteira amor, eles são tão queridos. Olha só os comentários: Awnn como eles são lindos! / Jo e Alex, coisas mais fofas desse mundo / Excesso de fofura nessa foto / As crianças herdaram sua beleza, Rick...

Kate encarou Castle. As crianças se levantaram da mesa e voltaram para os brinquedos na sala.

Castle: Ah não é possível que você não goste do fato de seus filhos serem lindos e amados!

Kate: Eles são lindos e amados por mim, já basta.

Castle: Mas tem muita gente que queria os dois, olha só – ele continuou a ler – Quero essas fofuras para mim! / Como faz para ter duas crianças lindas assim? / Rick Castle, melhor pai / Castle mimando os filhotes / Castle, faz um filho em mim também.

Kate tomou o celular da mão de Castle.

Castle: Acho melhor pararmos com os comentários.

Kate o encarou, e ele a abraçou pela cintura.

Castle: Você sabe que essa mulherada toda tem inveja de você, não sabe?

Kate: Você não sabe viver sem se achar?

Castle: A única coisa que eu não sei viver sem é você – Castle a encheu de beijos.

Kate: De hoje em diante você não sai mais sozinho com eles.

Castle: Você não quer mesmo ir comigo hoje? – ele a beijou de novo.

Kate: Não, shopping lotado não faz meu estilo, ainda mais com os dois. Você vai, faz o que tem que fazer, e volte logo para mim, certo? – ela o beijou provocativamente.

Castle: Sim, senhora Castle.

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Enquanto Castle passava a tarde autografando seu mais novo livro, Kate aproveitou para organizar o quarto dos brinquedos de Johanna e Alexander.

Kate: Antes de levar os brinquedos novos, nós vamos fazer um limpa no quarto e retirar alguns para doarmos, ok?

Jo: Sim mamãe.

Alex: Porque as outras crianças precisam de brinquedos.

Kate: Exatamente!

Kate olhou orgulhosa para os filhos, que separavam o que podia ir do que queriam que ficasse.

Alex: Dá o Fluffy da Jo! – Alexander jogou o urso no canto.

Jo: Nãããoo! O Fluffy não! – Johanna pegou o urso de volta, enquanto o irmão ria maldoso.

Kate: Para de provocar sua irmã, Alex!

Assim que terminaram de organizar os brinquedos que já tinham, os novos foram trazidos para o quarto.

Jo: Olha, eu ganhei um namorado para a minha Barbie!

Alex: Ei, ele não é namorado da sua Barbie, ele é o meu Max Steel! – Alex puxou o boneco da mão de Jo.

Jo: Mas ele é bonito, minha Barbie ia gostar dele.

Alex: O Max não gosta de Barbies, ele luta contra o Toxzon que tem essa aranha venenosa – Alexander pegou o vilão e mostrou a Jo, que fez uma careta – Não é dahora?

Jo: Não.

Kate: Não é esse que solta a aranha das garras e ela sai andando?

Alex: É, mamãe!

Kate: Esse é dahora mesmo!

Alex: Toca aqui, mamãe!

Jo: Mamãe, você tem que gostar da Barbie, não dos monstros do Alex.

Kate: Ah meu amor, às vezes as meninas gostam dos brinquedos dos meninos, é normal.

Johanna ainda olhou meio desconfiada. Em meio a tantas novidades, os três não sabiam se organizavam ou brincavam. Acabaram fazendo os dois, e levaram a tarde toda nisso.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Banho tomado, Kate, Jo e Alex deitaram-se na sala para assistir um episódio dos Backyardigans.

Kate: Olha, esse é de mistério!

Jo: É mamãe, igual você desvenda crimes, não é?

Kate fez que sim. Na verdade, o episódio tratava de um roubo, mas Kate achou quer seria um pouco demais explicar para as crianças que ela trabalhava apenas com homicídios.

Kate: Eu acho que foi o mordomo.

Castle: Não foi o mordomo – Castle fechou a porta tão silencioso quanto entrou. Olhou para seus três amores, deitados num colchão no meio da sala, e sorriu.

Kate: Oi amor!

Castle: Três semanas sem trabalhar e já perdeu o instinto investigativo, detetive? – ele se agachou e a beijou.

Kate: Vai me provocando, escritor.

Castle: Mordomo? Não é óbvio demais? – ele beijou cada um dos filhos, que continuavam com os olhos presos na tv.

Kate: Isso é um desenho, Rick!

Castle: Os desenhos também são inteligentes.

Jo: Não foi o mordomo, mamãe.

Alex: Foi a própria Lady Tasha que escondeu para ninguém roubar.

Kate: Vocês já sabem o final? – ela ficou surpresa.

Castle: Claro que eles já sabem, nós já vimos esse milhares de vezes.

Kate puxou Castle para perto de si e sussurrou.

Kate: E qual a graça de ver de novo se já se sabe o final?

Castle: As crianças gostam de ver as coisas repetidas vezes pois sentem segurança sabendo o que vai acontecer.

Kate: Hum... desde quando você sabe disso?

Castle: Quando Alexis era pequena eu namorei uma psicóloga que... – ele fitou os olhos da esposa – deixa pra lá.

Kate: Como é que foi a sessão?

Castle: O de sempre, muitos peitos... Ai! – ele gritou com o beliscão de Kate.

Kate: Engraçadinho.

Castle: Foi tranquilo, meu amor. Só senti sua falta.

Kate: Eu também... – eles se beijaram calmamente.

Castle: Eu tenho uma novidade.

Kate: Boa?

Castle: Excelente!

Kate: Então conte! – Kate se sentou no colo dele empolgada.

Castle: Uma biógrafa contatou a editora. Ela quer escrever minha história!

Kate: Sério, amor?

Castle: Seríssimo. Minha biografia, Kate, você consegue imaginar?

Kate: Isso é ótimo, meu amor!

Castle: Você acha mesmo? Eu digo, você concorda?

Kate: Eu preciso?

Castle: Claro que sim, você é minha esposa, e a sua opinião é a mais importante.

Kate: Que amor – ela o beijou – claro que eu concordo, babe. Seu nome está entre os dez maiores escritores de mistério, mais de 25 anos de carreira, e cada novo livro bate o recorde do anterior. Você merece isso, Rick.

Castle: Obrigado – ele a beijou de novo.

Jo: Olha mamãe, vai acabar o mistério!

Kate voltou os olhos para a tv, para o final do desenho.

Castle: Viu? Não era o mordomo.

Alex: Agora vai começar Dora Aventureira!

Kate: Eu adoro esse!

Castle: Sério?

Kate: Seríssimo! Ontem ela foi para o Egito.

Castle não pôde deixar de rir do lado criança de Kate.

Castle: Mas me diga, o que vocês fizeram hoje?

Kate: Arrumamos os brinquedos novos. Ficamos o dia todo nisso.

Castle: Cansou muito?

Kate: Não... na verdade estou gostando muito.

Castle: Percebi... Dora aventureira?

Kate: Qual o problema? Você também vê todos com eles!

Castle: Problema nenhum meu amor – ele a beijou – Só pensei que se entediaria mais rápido.

Kate: Eu sinto que precisava de um tempo para cuidar de mim, da nossa casa e principalmente deles.

Castle: Concordo. Use esse próximo mês de licença para isso. Renove seu guarda-roupa e o das crianças também. Redecore a casa!

Kate: Calma, babe! – Kate riu.

Castle: Eu só não quero que você fique entediada...

Kate: Eu não vou ficar.

Castle: Promete?

Kate: Prometo.

XXXXXXXXXXXXXXXXX

E Kate não ficou mesmo. Pelo menos nas três semanas que se seguiram, quando ela se ocupou com a reorganização da casa e as atividades das crianças, intercalando tudo com leituras atrasadas e momentos só para si, o que não tinha há um tempo.

Foi na última semana de licença que sentiu um vazio imenso. Era segunda-feira, Kate já havia deixado as crianças na escola e agora andava de um lado para o outro dentro de casa, sendo observada por Tiger.

Kate: Como você consegue ficar o dia todo aqui?

O gatinho miou para ela.

Kate: Sério Tiger, não tem nada para fazer!

Tiger olhou para a dona, abriu a boca de sono e se deitou perto do pé dela.

Kate: Entendi.

Kate pensou um pouco e lembrou-se de Lanie dizer que estaria trabalhando naquele dia. Rapidamente, pegou sua bolsa e saiu.

Lanie: Kate!

A médica legista se surpreendeu quando a amiga adentrou o necrotério.

Kate: Lanie! Fiquei com saudades e quis te ver!

Lanie: Aham. Você almoçou em minha casa ontem, Kate Beckett. O que foi?

Kate: Eu precisava respirar um pouco.

Lanie: Cansou da vida de dona de casa?

Kate: Não é isso, é que... ta, eu cansei. O que temos aqui? – ela espiou o corpo que jazia na maca.

Lanie: Nem pensar, você só volta semana que vem.

Kate: Lanie, você é minha amiga ou não?

Lanie encarou Kate, que fez um olhar pidão.

Lanie: Só esse!

Kate tinha a felicidade da criança que ganha um doce.

Kate: Cinco tiros?

Lanie: Seis, tem outro em um lugar mais... íntimo.

Kate: Coitado. Quem está investigando?

Lanie: O novo detetive. Alguma coisa Levine.

Kate: Novo detetive? Que novo detetive?

Lanie: Parece que veio de Nevada. Bonitinho ele.

Kate: Javi já sabe? – Kate provocou enquanto analisava o cadáver.

Lanie: Ele só vai saber se você contar – Lanie deu os ombros.

Kate: Me fale mais desse detetive. Veio por que, quando, e está trabalhando com quem?

Lanie: Não sei, não sei, não sei. Só sei que ele é bonitinho e sabichão. Tipo você.

Kate: Engraçadinha. Está morrendo de saudade de mim, não está?

As duas se olharam e sorriram. Batidas interromperam a conversa. Ambas olharam para a porta que se abriu, e o novo detetive da 12ª delegacia apontou. Kate sentiu um calafrio.

Lanie: Ah, olha ele aí. Detetive Levine, essa é detetive Beckett, você já deve ter ouvido falar dela na delegacia.

Levine: Certamente – ele sorriu e se aproximou – você se lembra de mim, Kate?

Kate: Claro – ela estendeu a mão e o cumprimentou. Ele porém, se adiantou e lhe deu um beijo no rosto.

Lanie: Vocês... se conhecem?

Levine: Dos velhos tempos.

Kate: Eu não sabia que era policial.

Levine: Eu soube que você era detetive quando os livros começaram a ser publicados...

Kate: Meu marido – ela mostrou a aliança.

Lanie achou um pouco estranho, Kate não era de fazer isso.

Levine: Eu sei. Os livros dele também são sucesso em Nevada. Você está afastada...

Kate: Volto semana que vem.

Levine: Nos veremos com mais frequência então. O que você tem para mim, Dr. Parish?

Lanie mostrou tudo o que já havia analisado do corpo, e entregou alguns exames ao detetive. Kate havia se afastado.

Lanie: Isso é tudo.

Levine: E muito! Obrigado, doutora. Kate, foi um prazer.

Ela fez que sim e forçou um sorriso. O detetive então saiu.

Lanie: Ei, o que acabou de acontecer aqui? “Kate”? “Velhos tempos”? Vocês me pareceram bem íntimos.

Kate: Nem diga isso nem brincando, Lanie. Se terei que trabalhar com ele tem que ser da maneira mais profissional possível – Kate estava séria, e Lanie estranhou.

Lanie: Ok Kate, você já pode dizer da onde conhece esse homem.

Kate: Do colegial. Escola estadual J. F. Kennedy. Ele deveria ser meu par no baile, se eu tivesse ido.

Lanie: Ahh você deu o fora nele? Isso explica a tensão.

Kate: Não Lanie, eu não dei o fora nele. Eu dei... – Kate andava de um lado para o outro – ele foi meu primeiro namorado.

Lanie: Detetive Levine?

Kate: Peter. Pra mim era só Peter.

Lanie: OMG. Isso vai ser interessante.

Kate: Se com interessante você quer dizer apavorante, é, vai ser.

Lanie: Você não acha que Castle vai ligar para uma coisa de tantos anos, vai?

Kate: “Ligar”? Lanie, um ex namorado vai trabalhar comigo. Castle vai surtar!

Lanie: Ele fica com você o dia todo, não vejo motivo para surtar.

Kate: Ficava.

Lanie: Como assim ficava?

Kate: Ele recebeu a proposta de publicarem uma biografia dele. É um projeto demorado, e ele ficará envolvido por um tempo.

Lanie: Melhor ainda! Você não precisa nem contar quem é det. Levine.

Kate: Sério? Mentir?

Lanie: Melhor do que enfrentar a fera.

Kate: Às vezes me pergunto o que você esconde do Javi...

Lanie: Todas nós temos nossos segredos... – Lanie piscou para a amiga, que não pode deixar de rir. Depois ficou séria de novo.

Kate: Castle é escritor, ele fantasia demais, enxerga coisa onde não existe, e é extremamente ciumento. Ele tem ciúme até do nosso porteiro!

Lanie: O que te dá uma rosa todo domingo? Eu também teria.

Kate: Ele é um senhor de cabelos brancos! E é só uma rosa do canteiro... Lanie, o que eu faço?

Lanie: Eu não faço a menor ideia.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Enquanto isso, na editora...

Gina: Eu sabia que você ia enlouquecer com a história.

Castle: É reconhecimento! Claro que eu enlouqueci!

Gina: Olha, eu fiquei de acertar os detalhes com você, mas a jornalista pensou em pelo menos três encontros semanais.

Castle: Perfeito. Gina, ela é mesmo boa?

Gina: Uma das melhores do ramo. Ela fez a biografia da Madonna!

Castle: Uau! Ok, agora eu estou nervoso.

Gina: Não fique. Ela deve estar chegando, se você quiser se preparar ou algo do tipo.

Castle: Claro. Eu vou esperar na minha sala. Preciso pensar no que vou esconder dela.

Gina: Richard...

Castle: Tem certas coisas que as pessoas não gostariam de saber, acredite em mim.

Castle se fechou em sua sala e ficou à espera. Quem seria a tal biógrafa? Sua pergunta não demorou para ser respondida. Ao ouvir batidas na porta, mandou que abrissem.

“Olá, Rick” – disse uma voz sedutora.

Castle: Você? – ele disse com espanto – Não pode ser...

“Mas é” – a mulher sorriu – “Vamos, diga algo”.

Castle não disse, apenas forçou um sorriso. “Kate vai me matar” era a única coisa que se passava pela sua cabeça.


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