Estava sentado em uma espreguiçadeira na beira da piscina vendo minha irmã sorrir numa das poucas vezes que ela o fazia. Nós éramos sozinhos. Nossos pais tinham morrido em um acidente de helicóptero no meio de uma tempestade e agora era só eu quem Alice tinha no mundo.

Poucos anos depois de termos perdido nossos pais, Alice conseguiu encontrar um alento junto de Jasper. Eu confiava nele, parecia ser um cara maneiro e eu tinha certeza que a amava muito. Isso se notava a milhas de distância e ele era correspondido.

Mas ele escondia um segredo e isso me deixava com o pé atrás em relação ao futuro dos dois. O tempo que eles estiveram juntos, quatro meses, eu fiz grande amizade com Emmett, primo de Jasper. Esse cara era mó zoação e muito lunático. Sempre que saíamos na rua ele ficava analisando cuidadosamente e atentamente todas as garotas em busca de sua musa. Chegava até a fugir de namorados ou maridos ciumentos querendo socar ele, se bem que se Emm quisesse dava cabo de todos eles em três tempos e só com uma mão.

-Edward! – Alice me chamou atirando água em mim. – Você foi abduzido ou é impressão minha?

-Fala pequena. Que você me quer? – Falei docemente. Alice saiu de dentro da piscina e veio se sentar ao pé de mim. Um biquinho triste deu lugar ao sorriso que antes ela tinha no rosto. Logo me sentei de frente pra ela e segurei sua mão.

-O que está atormentando essa cabecinha? – Perguntei colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

-Me sinto desanimada. Tem tempo que a gente não sai. – Ela falou se recordando muito possivelmente dos motivos para ter ficado trancada em casa por tanto tempo.

Depois que eu descobri o segredo de Jasper eu o expulsei da vida de Alice, de nossas vidas. Eu não queria ver minha irmã com um cara doente. Um cara que só lhe iria trazer preocupações e angustia pelo longo da vida que tivessem juntos, se é que eles poderiam ter uma vida em condições. Ou sequer poderiam ter uma vida.

Ele havia partido de Beverly Hills há 6 meses e depois disso Alice ficou sem vontade alguma de viver. Era eu que ficava todo o dia junto dela enxugando suas lágrimas, obrigando ela a comer e tentando fazer ela reagir. Semana passada eu me fartei de a ver naquele estado de morbidez e dei uma sacudida na cabeça dela.

FLASHBACK

Adentrei o quarto dela inconformado com o seu estado. Sei que ela estava sofrendo, mas eu sofria mais por ver ela naquele estado. Não estava aguentando mais. Precisava mudar isso de uma vez.

-Alice, se levanta daí! – Gritei puxando as cobertas de cima dela e indo abrir as portadas de madeira fazendo alguma luz preencher aquele quarto penumbrento.

-Me deixa Edward. – Falou com a voz mole.

-Não. Chega dessa ceninha Mary Alice Masen! Você vai sair dessa cama nem que seja na marra. – Firmei a pegando pelos braços e a jogando em meu ombro.

-Me solta Edward. Eu não quero levantar. – Rentou brigar sem vontade alguma.

-Não vou soltar até você acordar desse pesadelo.

-Pior pesadelo é acordar e perceber que estou sozinha. – Ela murmurou. A carreguei até seu banheiro e a meti debaixo do chuveiro correndo água gelada.

-AAAAAAAAHHHHH! – Ela gritou pelo choque térmico.

-Isso. Encha seus pulmões de ar pra gritar comigo. Reaja, me bata se for preciso, mas reaja! – Exigi. Alice fechou o chuveiro e se deitou na banheira sem vontade nenhuma de brigar. Revirei os olhos e fui até ao quarto dela pegar a coisa que ela mais estimava.

-Alice, se você não levantar daí e reagir eu juro que taco fogo nisso! – Briguei mostrando a ela sua boneca de pano que papai lhe deu quando tinha cinco anos.

-Você não seria nem louco de fazer uma coisa dessas comigo! – Ela se levantou de supetão quase escorregando e arregalando os olhos pra mim.

-Me tenta que eu te mostro se teria coragem ou não. – Provoquei. Em três tempos ela desatou correndo atrás de mim pela casa.

Corremos pelos corredores indo de quarto em quarto, descendo as escadas, fintando os sofás da sala, jogando as cadeiras da mesa de jantar no chão, rodeando os empregados e seguranças e correndo em volta da piscina.

-Edward! Me dá isso aqui! – Ela gritou e eu apenas gargalhei, não só da situação em si, mas da felicidade que eu estava sentindo por ver minha irmã gritando comigo extremamente brava e correndo que nem louca atrás de mim pela casa como nós fazíamos quando éramos crianças alegres e amadas pelos pais.

FLASHBACK OFF

Desde então a vida dela melhorou bastante e apesar de continuar triste e por vezes chorar, ela reagia.

Continua…