Lembranças parte 4

Winthrop

Narração em 3ª pessoa

10 anos antes

As pessoas acordavam naquele dia com muita dor no coração por se lembrar daquela enorme perda que tiveram em menos de 24 horas. A vila de Winthrop nunca pareceu mais sem vida e triste, as poucas pessoas que andavam pela rua não tinha mais um sorriso no rosto, e muitos comércios e mercados estavam fechados, somando uma maioria. Parecia até mesmo que os animais pararam de cantar e alegrar o dia, e as plantas perderam seu brilho. Todos sentiam dor, mas apenas alguns sentiam culpa.

O castelo naquele dia acordou tão triste como nunca. Via-se facilmente pessoas com olhos vermelhos e inchados, e muitas estavam distraídas, por isso, o príncipe Edward pediu para todos descansarem. Fazendo com que o vazio e a falta de som aumentasse de escala. E o único som que passou a ser ouvido era o que vinha do quarto com porta de arabescos, pois lá dentro, estavam as mais diversas bugigangas que se mexem ao vento.

Na hora do almoço foi a mesma coisa do dia anterior, mas dessa vez o pequeno Kristopher ingeriu uma pequena porção de comida, saindo logo em seguida. O garoto iria para seu quarto mas se lembrou da promessa que fez.

“– Será que podemos nos ver outro dia Krist?

— Cla-claro que sim Bryn. Pode ser amanhã perto da fonte? – ele perguntou meio envergonhado.

— Yeah! Então até amanhã na fonte Krist. – ela sorriu e se levantou juntamente com o garoto. – É uma promessa?

— É uma promessa. – disse e os dois mostraram seus dedos mindinhos, cruzando-os, em prova daquela promessa.”

Se alegrou minimamente então o garoto, pois pelo menos teria uma amiga consigo naquele momento e enfim saiu do castelo em direção a fonte. Surpreendeu-se com a tristeza da vila e da solidão das ruas que sempre foram cheias e hoje mal se via uma formiga.

Chegou na fonte e sentou-se na grama que ficava ao lado, esperando logo ver Bryn. Sentia-se sozinho como no dia anterior, pois de lá via a floresta e ficava imaginando o que aconteceu dentro dela para seu avô ter saído naquelas condições. Logo deitou-se e com as mãos atrás da cabeça pôs-se a olhar o céu, que parecia ser a única coisa alegre naquele lugar, e então veio em sua mente quando ele perguntou ao avô como ele queria que fosse o dia em que ele morresse, e seu querido ente respondeu-lhe: “Eu quero que no dia em que eu morrer, esteja ensolarado e fresco, porque assim todos vão se sentir confortáveis”.

O pequeno príncipe sorriu e fechou os olhos aproveitando a mediana brisa fria que vinha do oeste, fazendo com que seus cabelos se bagunçassem e esvoaçassem por seu rosto. Escutou então um leve som ao seu lado e sorriu ao pensar que poderia ser Bryn e enfim disse.

— Oi Bryn.

— Oi Kris. Pensei que você não ia vir – ela disse feliz, mas o garoto sentiu a tristeza na voz dela. – Eu estou realmente muito feliz por você ter vindo. Eu queria te ver hoje.

— Eu não ia quebrar a minha promessa. – disse se levantando e olhando enfim aquela bela garota. Observou novamente seus olhos castanhos avermelhados e os longos cabelos laranja avermelhados que hoje estavam soltos, espalhando-se por suas costas e pelo chão onde estava sentada. – Ainda mais sendo você Bryn.

— Ei, você não pode falar isso. Sou eu que tenho que te animar hoje, não você que tem que me animar. – ela falou rindo e jogando a cabeça levemente para trás com os olhos fechados e a boca aberta, emitindo o mais melodioso som que ele ouvira dela. E com isso ele riu também.

— Só de você estar aqui eu já estou feliz. Não preciso de mais nada. Acho que até hoje não tinha percebido o valor de uma amizade, obrigado Bryn. – ele disse, mas estava tão envergonhado por observá-la tanto que não conseguiu olhar em seus olhos, olhando então para o céu novamente.

— Ei Kris. Olha pra mim. – e então ele olhou e ela sorria. – Deita no meu colo? – ela disse corando logo em seguida por um pedido tão constrangedor e isso fez com que o garoto paralisasse e não ele não conseguiu nem falar nada, pois ficou encantado em quão bela ela era. ‘Ela parece uma fada’, pensava o garoto.