Eu estava meio que escondida nos fundos da escola; agachada na sobra de uma caçamba de lixo. Com o arco armado em minha mão, não precisei espera muito. De fato, estava certa ao desconfiar daqueles dois garotos violentos.

Mas quando eles apareceram pela porta dos fundos, não eram mais garotos.

Para começar, eles agora tinham mais de dois metros de altura; seus olhos estavam mais selvagens e tinham dentes pontudos combinando com os braços peludos.

Eu não sabia o que aquilo era, mais não interessava.

– Aqui! - chamei. Quando eles se viraram para mim eu rapidamente atirei em um deles, que se esvaiu em fumaça dourada. O outro veio para cima de mim; corri para o lado oposto enquanto puxava mais uma flecha e encaixava no arco. Me virei e deixei a flecha acertar o segundo monstro bem no peito; na altura do coração. Ele virou fumaça dourada como o primeiro.

Respirei fundo ao ver que já estava fora de perigo; fiz o arco e flechas a ser o anel de lua crescente. Tirei meu cabelo do rosto e peguei minha mochila do chão. Caminhei até o estacionamento da escola e vi a última pessoa que eu queria ver.

– Ah, não. - com o casaco do time de futebol da escola, Sean Thomas estava encostado em meu carro, obviamente me esperando.

Sean estava tentando me convencer a sair com ele desde Outubro, e eu delicadamente recusava. Mas o problema de recusar um encontro com um garoto do time de futebol delicadamente era o mesmo que o encorajar a te convidar outra vez.

Me aproximei e parei em frente ao meu carro. Sean olhou para mim e sorriu.

– Alexandra, eu e você, hoje ás sete. - ele cruzou os braços, sorrindo de lado.

Suspirei cansada.

– Sean, eu já tinha dito a você que não. - disse suavemente - Eu tenho namorado.

– Um namorado que nunca aparece. - ele ergueu as sobrancelhas - Por que ele nunca aparece?

Porque ele está com o pai dele no Mundo Inferior.

– Porque ele não mora por aqui. - respondi e apontei para a porta - Desencosta do meu carro, por favor.

Ele descruzou os braços e se afastou um pouco. Entrei em meu carro e antes de sair e pegar a estrada ouvi Sean gritar:

– Vou te buscar na sua casa ás sete!

Ao invés de responder, eu apenas acelerei com o carro. Lutando contra a vontade de passar com o carro por cima dele e de seu sorrisinho idiota.

Respirei fundo e ajeitei meus óculos em meu rosto.

******

Quando entrei em casa, notei que ela estava mais silenciosa que o normal.

Geralmente, quando eu voltava da escola, meu pai estava em casa e ficava escutando musicas dos Beatles.

– Pai. - chamei, enquanto entrava na cozinha.

Havia um post in colado na porta da geladeira.

Estrelinha,

Precisei sair, assunto do trabalho.

Volto antes do jantar.

Papai.

Ah, claro. Meu pai é astrônomo e meio que trabalha para NASA. Geralmente ele estuda imagens espaciais e arquivos em seu escritório, já que é... pai solteiro. Mas algumas vezes ele precisa sair para resolver algo.

Quando eu era mais nova, antes, bem antes de descobrir que eu era uma meio-sangue, ele me ensinava a reconhecer constelações e corpos celestes por lunetas e telescópios. As vezes, eu o pegava olhando a lua, mas não sabia o motivo. Agora eu já sei.

Bem, deixei o bilhete aonde estava e subi para o meu quarto. Havia mudado um pouco a decoração. A cama de casal ficava agora um pouco afastada da janela e a escrivaninha mais perto. A parede estava pintada de um tom claro de roxo combinando com as prateleiras de cor lilás que sustentavam meus livros.

Coloquei a mochila em cima da cadeira da escrivaninha e me joguei na cama. Andava acordando muito cedo e depois de enfrentar dois monstros em minha escola, eu merecia um descanso.

Tirei meus tênis e deitei a cabeça em meu travesseiro. Meu pai me acordaria quando chegasse.

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Alexandra: