O Despertar do Lobo escrita por Chase_Aphrodite, danaandme


Capítulo 6
Capítulo 05 – Um Dia Antes do Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Dana (escondida embaixo de um cobertor): Não quero sair daqui debaixo agora!!!
Chase (sentando no sofá com um balde de pipoca usando a camiseta do Homem de Ferro): O que houve?
Dana (de olhinhos arregalados): Eu estava assistindo O Grito no Netflix... E aquilo não é de Deus não.
Chase (pisca uma, duas, três vezes)
...
Dana: Não acredito que você não conhece. Ah, agora você vai ver!

MEIA HORA DEPOIS

Chase (sai correndo do quarto): Chass ve shalom*!!!
Dana: Eu avisei.

*Deus nos livre



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– Meus pés estão maiores. – Rachel murmurou contrariada, encarando seus pés, sentada na maca do quarto/consultório, lembrando muito bem que o lugar havia sido o palco de um episódio não tão agradável de sua vida.

Encostada na parede do outro lado da sala, Santana Lopez abriu um sorriso malicioso.

– Em um contexto diferente isso seria uma boa notícia para Quinn. – disse a garota, sem conseguir segurar o comentário provocante. Ninguém poderia culpá-la por Rachel praticamente ter dado a piada pronta.

– San. – Brittany reprimiu sua parceira, cutucando-a nas costelas quando percebeu que Quinn havia enrijecido na cadeira ao lado da maca, e seu rosto começou a assumir uma tonalidade avermelhada. Rachel também tinha corado levemente, mas a loira mais parecia um tomate maduro.

Santana revirou os olhos, massageando com uma das mãos o ponto onde Brittany havia lhe dando o cutucão.

Hey, ela praticamente implorou por um comentário desse tipo! - Vendo a loira de olhos azuis ao seu lado franzir o cenho, Santana engoliu seco.

Depois disso Rachel desistiu de prestar atenção na discussão que se seguiu entre as duas. A morena respirou fundo, olhando de relance para a perfeita performance de estátua de cera, que Quinn estava demonstrando eximia habilidade em representar. Se não fosse pela cara vermelha, a garota podia se passar por um objeto inanimado, meramente atarraxado a cadeira ao lado da maca onde Rachel estava sentada.

A morena sacudiu a cabeça e suspirou profundamente, desviando o olhar para a grande janela que ocupava quase toda a parede à sua esquerda.

Somente naquela manhã, ela descobrira que estava ‘hospedada’ na residência de Santana Lopez. E apesar de ainda não ter chegado a uma explicação de como ela havia retornado ao quarto na noite anterior, Rachel não podia negar que há meses ela não tinha tido uma noite de sono tão relaxante. O que se resumiria somente a isso. Uma noite de sono relaxante. Porque no minuto que ela abriu os olhos, todo aquele momento Zen evaporou. Em seu lugar só havia o constrangimento descomunal por ter acordado com Quinn Fabray envolta em seus braços, tão rígida como uma tábua, e parecendo um pimentão de tão vermelha.

E não importava quantas vezes Rachel se desculpasse, a garota parecia ter perdido a capacidade de se comunicar. Bastou que ela abrisse os braços, libertando a loira de seu abraço, e Quinn pareceu se teletransportar para o outro lado do quarto e lá ficou por mais de cinco minutos. Muda. Olhos castanho-esverdeados arregalados na direção dela, enquanto Rachel continuava inutilmente tentando explicar que sentia muito, que havia sido algo inconsciente da parte dela, um comportamento totalmente sem importância, sem nenhum significado mais profundo.

Nesse momento, uma faísca pareceu se acender naquelas íris intrigantes, tingindo a superfície castanha com riscos verdes e tons de mel, mas no segundo seguinte a chama cessou, e Quinn reverteu à versão de seu álter ego favorito: A Esfinge.

‘Decifra-me ou devoro-te’ era, com toda certeza, o segundo motto preferido da Head Cheerio. Ela simplesmente ergueu o queixo e caminhou até a porta, dizendo: ‘Vou providenciar algo para você vestir. Levante-se logo. Aquela é a porta do banheiro. Use o que precisar. Eu já volto. Espere aqui. ’, e bateu a porta atrás dela.

Direta ou indiretamente, Rachel não gostava muito de receber ordens, ainda mais três de uma vez só. Mas a garota resolveu respirar fundo e deixar passar, dessa vez. Afinal, ela havia atraído isso para si. Maldito inconsciente e sua incapacidade de reprimir suas vontades vis em prol de uma política de boa vizinhança.

Quinze minutos depois, Rachel saiu do banheiro e encontrou as roupas prometidas por Quinn dobradas em cima da cama. Uma calça jeans skinny, uma blusa branca, dessas compridas que podem ser facilmente usadas como um vestidinho, feita de um tecido que lembrava lã sintética, um par de meias e botas de cano curto. Quinn retornou praticamente após ela ter terminado de se vestir, pedindo que ela a acompanhasse para um rápido exame médico. De acordo com ela, todos queriam ter certeza que a ferida no ombro dela não havia deixado sequelas, assim como seu súbito crescimento, não havia trazido danos à coluna.

Pela janela, Rachel pode notar que o dia de hoje não era exatamente ensolarado. A morena suspirou fundo, um tanto irritada de como o tempo parecia refletir seu humor.

– Desculpe pela demora. – o doutor Lopez entrou no quarto, segurando uma pasta de papelão que certamente continham as imagens do raio-X do tórax, que ele tinha insistido em fazer há alguns minutos.

O homem caminhava com cuidado na presença dela, e Rachel não podia estar se sentindo mais envergonhada. Era evidente que ela o tinha traumatizado por toda a vida. Ele não podia nem ao menos vê-la franzir a testa sem congelar no lugar. Talvez demorasse um pouco, mas Rachel decidiu se esforçar para reverter à impressão do médico, de que ela poderia se transformar numa besta irracional a qualquer segundo. Quer dizer, apesar de ter contribuído para trazer ao mundo um ser humano (?) como Santana, o homem não merecia passar o resto da vida com medo de perder a cabeça, caso ela perdesse o controle.

– De acordo com os exames, tudo está perfeitamente normal. – ele falou finalmente.

Ainda era difícil assimilar que ao invés de seus antigos 1,57m, agora ela media quase 1,70m. Aparentemente, Santana precisaria inventar novos apelidos e reformular algumas piadas. Pensando bem, nas últimas horas, a garota tinha refreado seus comentários, e não tinha proferido nenhum apelido ‘mais carinhoso’. Rachel não tinha certeza, mas talvez a presença do pai estivesse inibindo a garota de demonstrar suas habilidades criativas para inventar insultos. Ou talvez ela só estivesse muito concentrada em protegê-lo da nova bomba relógio, Rachel Barbra-Bum Berry.

O fato de que as três Cheerios eram lobas, poderia até ser cômico senão fosse à trágica experiência, de quase ter se transformado numa personagem mutante de um filme de terror no dia anterior, ou de vê-las espalhadas pelo cômodo tal qual um trio de guarda-costas treinado especialmente para contê-la a qualquer sinal de insanidade momentânea. Sim, porque não haveria outro motivo para elas a acompanhassem durante seu breve exame, ou para que de repente, Quinn tivesse se convertido em sua sombra.

Não que Rachel estivesse reclamando da presença dela, especificamente.

Inexplicavelmente, Quinn fazia com que ela se sentisse mais calma. Só tê-la ao seu lado, trazia uma sensação de paz reconfortante. Provavelmente salvar a loira daqueles Lobos estabeleceu uma necessidade de tê-la por perto. Talvez fosse uma reação tardia ao trauma.

– Berry! Você quer fazer o favor de ouvir o que estamos dizendo? – o tom de voz irritado de Santana chegou aos ouvidos da morena, fazendo-a virar o rosto de uma vez na direção dela.

– Santana?! Isso são modos? Tenha um pouco de respeito. – a repreenda do pai da garota veio logo em seguida, mas Rachel já tinha perdido a paciência com tudo aquilo.

– Quer saber? Não precisa se incomodar, doutor Lopez. Eu agradeço por sua hospitalidade e visível preocupação com meu bem estar, mas acho que já está na hora de ir para casa. – disse Rachel pulando da maca tentando conter a raiva. Ela realmente não queria traumatizar ainda mais o pobre médico.

– Rachel, por favor, espere. Nós... – ele tentou falar, mas a morena falhou em controlar todo o aborrecimento acumulado em forma de um milhão de dúvidas e sentimentos estranhos dentro dela.

– Não. – ela interrompeu o homem rispidamente com um tom de voz seco, se voltando de uma vez para ficar de frente a ele e ao trio de garotas, agora, juntas ao médico, visivelmente tensas.

Brittany segurava o braço de Santana, que tinha os olhos arregalados na direção dela. O senhor Lopez jazia mais uma vez congelado no lugar, com aquela mesma expressão de quase pânico estampada na cara. E Quinn estava mais pálida que um fantasma, de pé defronte a cadeira onde ela anteriormente brincava de objeto inanimado.

Por algum motivo irracional, ver o medo refletido nos olhos deles acabou deixando Rachel ainda mais estressada.

E ainda tinha essa intolerância a receber ordens.

Ela sabia que não tinha por que ficar tão nervosa, mas só o tom de voz autoritário de Santana foi o suficiente para o último resquício de paciência escapulir por seus dedos.

– Pode ser que para vocês tudo isso seja extremamente natural, mas para mim não é, tá bom? Não estou acostumada a ser tratada como uma bomba relógio, e muito menos, acho agradável ficar dependendo de estranhos, ou de pessoas que simplesmente nunca deram a mínima para mim. Já tenho muito para me preocupar, e sinceramente, não quero acrescentar pelos, garras e um focinho à lista de possíveis incentivos a futuros insultos e apelidos cruéis. Está bastante óbvio que nem mesmo sendo diferente consigo ser normal o suficiente. Nunca vou ser aquilo que vocês esperam que eu seja, então parem de me tratar como se eu fosse algum tipo de experimento cientifico que não deu certo.

Quinn, Santana e Brittany pareceram se encolher nesse momento, enquanto o doutor Lopez parecia estar empalidecendo mais a cada segundo.

‘Voou pela janela toda aquela boa intenção de não acabar com a sanidade do homem. ’

– Basta não ser capaz de compreender metade dos sentimentos que estão me confundindo agora. Eu pensava que era suficiente ter sido taxada como aberração durante toda minha vida, mas é pior descobrir que realmente sou uma!

Pensar em Quinn doía. Não saber o que fazer a respeito dessa nova ‘condição de vida’ na qual ela se encontrava, estava matando todos os seus neurônios. E principalmente, não ser capaz de lidar com todo esse mal humor, gerado pelas dúvidas e inseguranças explodindo em sua mente a cada segundo, estava conduzindo Rachel a loucura.

Travando os punhos junto ao corpo, a morena já podia sentir o controle escapando. Ela mordeu os lábios até sentir o gosto de sangue em sua boca. Seu corpo todo tremia e sua visão começou a ficar turva. Seus músculos estavam rígidos e pareciam queimar por debaixo da pele. Rachel fechou os olhos com força, esperando o momento de explodir.

Até uma mão tocar seu ombro suavemente.

E depois, havia uma palma macia sobre sua face.

Seu coração desacelerou, seus olhos se abriram devagar encontrando um par de íris cor de avelã afundadas em lágrimas.

– Perdão.

No instante seguinte, Quinn estava aninhada junto ao seu corpo, chorando com o rosto escondido em seu pescoço e braços firmemente fechados ao redor da sua cintura.

Toda a ira sumiu. Seu corpo reagiu imediatamente, envolvendo a garota num abraço protetor. Quinn pareceu querer fundir-se ainda mais junto a ela, diminuindo ainda mais a distância entre as duas.

– Perdão, Rachel. Por favor, perdão. – ela voltou a pedir entre soluços.

Santana e Brittany tinham as cabeças baixas, visivelmente envergonhadas demais para encará-la. Por sua vez, o doutor Lopez assistia, perplexo, a cena.

Rachel podia sentir Quinn tremendo entre lágrimas em seus braços, e isso pareceu perfurar seu coração. Ela sabia que nada em seu pequeno discurso havia sido fundamentado em falsas experiências, ou partido de algum pressuposto ou exagero do que na verdade havia ocorrido ao longo dos anos, mas mesmo assim, ver a maneira como suas palavras haviam afetado a garota em seus braços não a fazia se sentir bem.

– Quinn, por favor, não chore. – ela murmurou, apertando ainda mais seu abraço.

Pelo canto dos olhos ela viu Brittany puxar Santana pela mão, no mesmo instante que o doutor Lopez se afastou em direção a saída, murmurando um tímido ‘Vou dar-lhes privacidade. ’ Ao passo que Brittany e Santana tinham diferentes níveis de culpa estampados em seus rostos quando passaram por ela, a expressão do médico era quase de alívio.

Agora, o único som que podia ser ouvido no quarto eram os soluços e murmúrios de Quinn.

– Eu estraguei tudo. Eu não sabia... E agora eu não sei como consertar. Eu sinto muito, Rachel. – ela disse parecendo tão pequena, encolhida junto a ela, ainda pedindo que Rachel a perdoasse.

– Quinn, por favor. Esqueça isso. Não sei o que deu em mim. Eu estava com raiva e...

– Por favor, não faça isso. Não seja tão condescendente quando você nem ao menos entende... – a loira disse se afastando para encará-la. Seus olhos estavam tão vermelhos quanto seu rosto há alguns minutos. – Nada do que você disse é mentira. Nós... Eu. Eu fiz coisas horríveis, disse coisas horríveis, e não há nada que eu possa fazer para desfazer isso... E você deve me odiar. Você tem toda a razão para me odiar, Rachel.

Por que ela estava tão arrependida? Por que de repente Quinn parecia tão frágil, tão desapontada com ações que até dois dias atrás nunca a incomodaram? Nada daquilo podia ser real. Era a única explicação plausível, porque nada poderia explicar as atitudes dela nesse momento.

Rachel tentava racionalizar todos esses pensamentos pipocando em sua cabeça, porque a verdade era uma só. Ela não podia continuar alimentando a ilusão de que Quinn Fabray finalmente deixaria de lado toda essa raiva sem motivo, extinguindo todas as formas de tortura direcionadas a Rachel, durante todos esses anos, e que de repente elas plantariam uma próspera semente de onde floresceria uma bela amizade.

Quinn certamente não fazia ideia, mas ela era a pedra fundamental de todos os dramas da vida de Rachel. Desde o primeiro momento, o desejo de tê-la por perto causara a morena grande sofrimento, e a decepção de ser descartada depois de alimentar a chance de finalmente poder ter Quinn presente em sua vida de uma maneira não antagônica, era algo que ela não suportaria.

– Quinn, você não precisa se preocupar com isso. Já passou. Eu só estou cansada e... Eu não odeio você. Nunca odiei.

– Não, Rachel. Você não entende...

–Que a garota mais popular do colégio precisava ter alguém para descarregar as frustrações? E que por um acaso, a escolhida para ocupar o cargo de saco de pancadas fui eu? Não, eu não entendo, mas que diferença isso faz?

– A diferença é que não podia ter sido você. – e mais uma lágrima deslizou por suas bochechas rosadas.

Contendo a vontade de tocar a pequena gota que escorregava lentamente pelo rosto angelical, Rachel respirou fundo fechando as mãos em punho.

– Quinn... Isso é por causa dessa história de Lobos? Por que tecnicamente fazermos parte da mesma família, quer dizer, alcateia? Ou até mesmo pelo fato de vocês acharem que eu sou uma espécie de líder? Sério, porque-

– Você é minha outra metade.

Rachel até pensou ter ouvido o que ela achava que tinha ouvido, mas ela realmente não acreditava ter ouvido o que achava que ouviu.

– Como? - a morena perguntou devagar.

Quinn abriu e fechou a boca, visivelmente nervosa. A loira respirou fundo, seus olhos ainda estavam marejados e suas mãos tremiam um pouco, quando ela finalmente reuniu coragem para falar, Rachel notou que suas bochechas começaram a corar.

– Durante todos esses anos, eu estive esperando pela minha outra metade. A minha alma gêmea. Mas, o nosso encontro só aconteceria quando o seu Lobo estivesse prestes a acordar. Eu não poderia reconhecê-la antes disso.

Rachel nem sabia por que estava concordando com a cabeça. Mas mesmo que ela quisesse parar de agir feito uma idiota, nenhuma parte de seu corpo parecia entender os comandos de seu cérebro.

– É você, Rachel. Você é a pessoa para quem eu me guardei durante todo esse tempo. Você é minha outra metade, a minha alma gêmea. Minha parceira.

Rachel ficou totalmente imóvel, dividida entre duas reações distintas. A primeira foi um choque, uma onda de desejo que percorreu todo o corpo da morena. Foi como se as palavras dela tivessem despertado uma vontade quase que incontrolável em Rachel, de beijar a garota na sua frente até que ela perdesse o fôlego. Deitá-la sobre aquela bendita maca, e correr suas mãos e lábios por todo seu corpo. Rachel queria fazê-la sua naquele mesmo instante. Marcá-la com seu cheiro. Ouvi-la gemer seu nome implorando por mais, e só assim, deixar Quinn atingir o êxtase confirmando que pertencia somente a ela.

O que nos leva a segunda reação da morena, que foi justamente um gigantesco ‘O que diabos?!’, literalmente berrado em sua mente, a trazendo de volta ao controle. ‘Saia daqui antes que você faça uma loucura, Rachel Berry!’

– Eu acho que preciso de ar. – Rachel virou nos calcanhares, e em todo sentido da expressão, correu o mais rápido que pode.

Quinn perdeu o chão, caindo de joelhos, no mesmo segundo que Rachel sumiu pela porta.

...

‘Não. Não. Não. Não. Água fria. Água fria. Água fria. Virgem. Completamente virgem. Minha. Só minh-Não! Não. Não. Desça as escadas. Desça as escadas. Corra. Saia daqui. Procure a porta. Que porta? Aquela porta. Rápido. ’

Cega em meio à luta de manter o controle de sua racionalidade, a única coisa que a impedia de dar meia volta e deflorar Quinn Fabray, Rachel não estava prestando atenção em nada no seu caminho. Ela abriu a porta de entrada da casa dos Lopez de uma vez, ignorando Santana e Brittany, e os chamados frenéticos de outro alguém. Desesperada para resistir ao desejo de ficar perto de Quinn, a pobre morena não conseguiu desviar a tempo das pessoas que estavam paradas na frente da porta de entrada da residência, provavelmente esperando serem convidadas para entrar.

– Wow. – Rachel esticou os braços, se agarrando a pessoa com a qual ela tinha trombado de frente. Com baque seco ela caiu de bunda sobre o chão frio, e ainda trouxe quem quer que fosse com ela. A morena piscou atordoada para a juba loira próxima ao seu rosto.

No segundo seguinte, uma voz feminina murmurava algo, que pelo pouco que Rachel sabia era um palavrão em francês. A garota levantou o rosto atordoada, ficando cara a cara com a morena.

– Oh. Meu. Deus. – Rachel empurrou a garota de uma vez, tirando-a brutamente de cima dela. – Um maldito clone!

Francine Fabray rolou para o lado, sem entender nada, totalmente perplexa. Rachel se levantou com um salto, dando de cara com três pares de olhos com diferentes tons de avelã a encarando pasmos. Não foi muito difícil concluir que ela tinha trombado com a família Fabray.

– O que é isso? Todo mundo na família dela tem os olhos da mesma cor? Só pode ser perseguição! – e ela saiu correndo a toda velocidade.

A primeira a se recuperar da aparição tempestuosa da Alfa, foi Victória Fabray, que elegantemente passou a mão pelos cabelos grisalhos verificando seu coque, e depois ajeitando a gola de sua já impecável blusa branca de botões cor de marfim.

– Bem, essa não foi à maneira mais apropriada de se apresentar a família de sua prometida.

Russel ajudava sua filha mais velha a se levantar. Frannie espanou o vestido com as mãos, um tanto irritada.

– Eu não sei do que ela está falando, meus olhos são bem mais esverdeados do que os da minha irmã. E eu também sou bem mais bonita. Clone? Sério?

Mas Judy estava preocupada. A reação de Rachel não podia significar algo bom.

– Eu vou procurar minha Quinnie. – disse a senhora Fabray, passando pela pequena multidão composta por Santana, Helena e Maria Lopez, Brittany e Caleb, ainda boquiabertos, na frente da porta, completamente chocados com a corrida alucinada desempenhada por Rachel em sua fuga da casa.

Brincando com as pérolas de seu colar, Victória limpou a garganta sonoramente, olhando sugestivamente para seu filho. Russel franziu o cenho para a mãe.

–O quê? A senhora realmente acha que ela vai querer conversar comigo agora? – ele perguntou descrente. - Da última vez quase fui degolado!

...

Rachel já estava há quase dez quilômetros de distância da casa dos Lopez. Sua nova habilidade para correr lhe servira muito bem. Ela dobrou a esquina de um mercadinho vegetariano, finalmente entrando na sua vizinhança. Agora que sua mente estava livre daquele cheiro inebriante que emanava de cada poro da pele de Quinn, a morena podia pensar tranquilamente.

‘Quinn Fabray era sua parceira?’

Em que realidade isso poderia ser considerado verdade? Não. Não. Não. Não mesmo. Ela devia ter imaginado tudo isso. Era mais lógico. Quinn sua parceira? Alma gêmea? Sua? Há! Definitivamente não. Era algum tipo de brincadeira. Oh, Deus. Era uma brincadeira! Uma muito bem elaborada, por sinal, mas uma brincadeira com certeza.

‘Então, nada do que aconteceu era verdade. ’

Fazia sentido.

Afinal de contas, ser uma Lobo Alfa? Sério? Em Lima? Como ela poderia ter chegado a acreditar nisso? Quer dizer, tudo bem ela acabara de correr quilômetros em minutos, mas isso bem que podia ser uma descarga de adrenalina. E o cheiro? E os Lobos no bosque? Sabe-se lá! Primeiro, Quinn sempre cheirou muito bem, Rachel sempre foi capaz de sentir a fragrância vinda da garota, lógico que não tão forte como agora, mas isso não vinha ao caso. E em segundo lugar, podia ter algo na água. Isso! Ela fora drogada! E tudo não passou de uma alucinação.

Rachel chutou com força uma pedra que estava solta na calçada. A pedra voou tão longe que a morena não conseguiu nem ver onde ela caiu.

‘Correção: Eu ainda estou drogada. ’, pensou a morena.

Ela correu pelo jardim de sua casa, pulando a cerca que dava para o quintal, e catando a chave reserva entre os vasos de plantas que ficavam ao lado da porta dos fundos. Assim que abriu a porta, a garota foi direto para ao armário sobre a bancada da cozinha para pegar um copo. Ela estava com muita sede, e diferente de muitas pessoas, Rachel Berry não era do tipo que bebia direto da boca da garrafa d’água.

Foi então que a morena congelou.

Ela alcançava o copo. Na verdade, ela conseguia ver a prateleira com todos os copos, pratos e uma caixa de cereais, que há semanas ela acreditava ter sumido da face da terra.

‘Quase 1,70m’, Rachel lembrou com uma careta.

Não tinha como a Trindade Profana fazê-la crescer em uma noite. Nem por brincadeira.

‘Oh. Meu. Deus. Se eu realmente sou um Lobo... Então, Quinn?’

O barulho estridente da campainha quase fez com que ela derrubasse o copo no chão.


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Notas finais do capítulo

Dana: Lembra do que você disse quando eu te mostrei o final desse capítulo?
Chase: Eu disse que você é má.
Dana: Creio que vou sofrer as consequências por causa dessa necessidade de manter o suspense...
Chase: Oh sim... Você vai. Ah! Você viu? Existem pessoas que apoiam a minha planilha! Falando nela... Próximo capítulo 18 de fevereiro gente!