O Despertar do Lobo escrita por Chase_Aphrodite, danaandme


Capítulo 16
Capítulo 15 - Love is Weakeness


Notas iniciais do capítulo

Okay. Esse é um capítulo muito especial. Primeiramente por ser o nosso primeiro capítulo publicado depois que a Chase passou no vestibular, não somente para o curso que ela queria, mas como também numa mega Universidade :) Segundo porque apesar de toda correria acontecendo na nossa vida (e é corrido mesmo, vocês não tem noção) tanto eu como a Chase sempre nos encontramos nos intervalos para combinar os detalhes dessa história. É um esforço hercúleo. E tudo isso porque nenhuma de nós tem a intenção de abandonar essa história. :) E para terminar, porque mais uma vez a minha cara metade na escrita, minha parceira de fanfics, minha futura editora e minha mais estimada beta para assuntos literários (sim, Chase, é você mesmo) topou uma das minhas maluquices, trazendo uma pequena mudança no plot nesse capítulo, que talvez emocione alguém pelo meio do caminho. É uma homenagem a um outro fandom. Uma participação super especial que proporcionou a nos duas muitos sorrisos. Sei que posso falar pela Chase quando digo que 'Esperamos que vocês gostem do que vem a seguir.' :) Vejo vocês no final! xoxo



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A terra úmida das margens do Rio Ottawa respingava lama no pelo dourado da jovem loba. Já fazia algum tempo que ela corria, e apesar do cansaço, seus esforços valeriam o motivo de sua jornada. Em poucos minutos ela e sua escolta chegariam aos limites do território da Alcateia de Lima e finalmente, estariam frente à frente com aquela que já estava sendo chamada de “A Grande Alfa”.

Um lobo cinza escuro passou ao seu lado ganindo baixinho e ela entendeu que já era hora de enviar um emissário avisando da sua chegada. Afinal, uma comitiva inesperada de sete lobos estranhos poderia incitar o caos em Lima, principalmente na situação atual. Um fato que ela havia pontuado – diversas vezes, diga-se de passagem – antes da partida do grupo. A loba dourada revirou os belíssimos olhos azuis, lembrando da expressão no rosto de sua Alfa quando ela gentilmente apontou o exagero.

“Como sua Beta, é meu dever apertar o botão vermelho quando você perde a noção e você perdeu completamente a noção! Não existem motivos para mobilizar uma comitiva desse tamanho como minha escolta particular! A situação já é bastante delicada e um grupo desse tamanho pode atrair uma atenção desnecessária. Envie um lobo para me acompanhar. Viajaremos mais rápido e as chances de passamos desapercebido pelas fronteiras são maiores! Não é exatamente assim que você teima em fazer todas as vezes que não estou ao seu lado para persuadir o contrário?”

“Sarcasmo não é produto de uma mente forte, Clarke. O que você vê como exagero, eu vejo como precaução”, sua alfa recitou calmamente, naquele tom de voz irritantemente desprovido de emoção que ela adotava todas as vezes que queria provar seu ponto de vista para sua Beta e Companheira.

Clarke respirou fundo passando as mãos pelos cabelos desmanchando as tranças que tinha acabado de fazer e cruzou os braços frustrada. “Lexa. Sério? Você convocou até Monty e Jasper.”

“Qual o problema?” Lexa perguntou de maneira inocente. Talvez inocente demais para quem não fosse capaz de distinguir o brilho travesso em seu olhar, ou a forma como seus lábios se contraíram brevemente num sorriso contido. Clarke estreitou os olhos, ela podia ver que Lexa estava se divertindo. “Assim sua viagem não será enfadonha...”

A loba dourada bufou. “Lexa, sua cabeçuda super-protetora”. Não haviam maneiras de contra argumentar com aquela teimosa.

Um vulto escuro cruzou as árvores à sua frente a fazendo voltar a realidade. Clarke parou bruscamente, enfiando as patas dianteiras na terra úmida. Sua atitude alertou o restante do grupo e imediatamente um dos lobos cinza escuro, Octavia, se posicionou ao seu lado. No segundo seguinte, todos os outros já estavam ao seu redor, prontos para o ataque.

“Ainda não atravessamos os limites do território de Lima. Não demos motivos para um ataque!”, Clarke ouviu Bellamy sinalizar aos outros, seu pelo cinzento, igual ao da sua irmã, Octavia, já se eriçava por todo seu dorso.

“Calma, Bell. Não vamos nos precipitar. Estamos aqui para ajudar.”, Clarke argumentou tentando acalmar os ânimos, mas Bellamy já impaciente, rosnava baixinho, firmando as patas dianteiras na terra fria, mostrando os dentes para o inimigo invisível.

“As ordens de Lexa foram bem claras em caso de ataque, Clarke.”, Raven sinalizou logo atrás dela. Clarke pode ouvir seus outros companheiros Lincoln, Jasper e Monty rosnarem em concordância.

“Sua proteção é nossa prioridade, princesa.” Octavia cantarolou ao seu lado.

“Se nós atacarmos a alcateia de Lima, nossa missão não tem mais sentido!” Clarke argumentou, ignorando o apelido irritante, e se preparou para dar um passo adiante.

“Não se mexa!” Em segundos, Lincoln estava diante dela, a impedindo de seguir em frente. Só então, Clarke os viu. Haviam mais de trinta lobos ao redor deles. Os olhos azuis se arregalaram perante a cena. Eles estavam cercados.

Clarke sentiu seu coração apertar em seu peito. “Lexa...” Não importava o número de lobos que a houvesse escoltado. Não havia como passar desapercebido.

***

Sentada em um dos degraus mais altos da arquibancada defronte ao campo de futebol, Rachel observava o pôr do sol, absorvendo a tranquilidade que o crepúsculo trazia. A ironia de encontrar tamanha serenidade vagando pelo campus da escola podia tê-la feito gargalhar senão fossem as palavras da sua tão estimada 'ninfa da fertilidade'. Aquela visita inesperada havia acrescentado mais uma camada de preocupação em sua já não tão pequena pilha de problemas.

O inimigo queria Quinn. Isso já estava bastante evidente considerando todos os ataques e todas as manobras para apanhá-la sozinha. O padrão desenhado diante dos olhos da Alfa era inquestionável. Quem quer que o inimigo fosse, a probabilidade de que seus planos continuassem a ser traçados em volta do mesmo objetivo era muito grande. E por mais difícil que fosse admitir, eventualmente seus esforços para proteger sua companheira eram no momento seu calcanhar de Aquiles. Seria muito fácil perder o controle, ou exagerar em algum detalhe e acabar fracassando. Rachel já podia notar a pressão começando a sufocar sua companheira. As sombras da herdeira da Lua já chamavam atenção de vários membros da comunidade de Lima que não pertenciam a alcateia. Era visível o número de olhos atentos e atitudes super-protetoras que Quinn Fabray estava atraindo ultimamente. Todos os passos da garota eram guardados, não somente pela escolta designada por Rachel, mas como toda a alcateia.

...Uma alcateia que só crescia.

A cada hora, Rachel recebia chamados de famílias ou até mesmo clãs inteiros, pedindo proteção. Aparentemente, as ameaças de ataques não estavam se concentrando em Lima. Lobos estavam desaparecendo por todo condado e em estados vizinhos. Alfas de dois clãs em Illinois renunciaram suas lideranças em prol de uma aliança com ela e vinte e oito famílias de clãs ameaçados no Kentucky haviam se mudado para Lima e arredores, logo depois do incidente na escola. O mercado imobiliário da cidade nunca esteve tão agitado.

“Pense, Rachel. Você está deixando de perceber algo...”, A jovem Alfa franziu o cenho, perdida em pensamentos. O inimigo não pode estar ignorando a situação. Se o crescimento da alcateia de Lima não o intimidava, então ele já esperava que isso ocorresse. “O que você quer? O que eu não estou vendo?”

Um jorro de ar, quente demais para o clima suave do começo da noite, atingiu Rachel em cheio fazendo os cabelos castanhos da Alfa rodopiarem, sacudindo violentamente para todos os lados. Era como estar no epicentro de um pequeno tornado.

“Elas vieram para vê-la.”, uma voz suave recitou junto com a ventania. “A primeira espera por você agora.”

— O quê? – Rachel perguntou em voz alta, levantando-se de uma vez olhando ao redor. Ela estava sozinha. Aquelas palavras despertaram uma sensação estranha de ansiedade, mas de alguma maneira pareciam algo familiar. – Quem? Elas? – A Alfa perguntou ao vento.

“Você precisa encontrar a guerreira dos bosques do norte.” A voz no ventou votou a dizer.

— Como assim? – Rachel franziu o cenho frustrada. - Guerreira?

“Na fronteira.”

Outra sensação invadiu seu coração, como se diversas fagulhas se acendessem de uma vez só em seu peito. Rachel quase engasgou devido à força das emoções que se chocavam dentro dela.

— Não. – Ela rugiu entredentes. Com um salto seu corpo girou no ar. No segundo seguinte a jovem Alfa atravessava o campo de futebol em direção à fronteira sul da cidade.

***

Quinn levantou de uma vez, atirando a cadeira onde estava sentada para trás. Aquilo tudo era loucura, ela se recusava a acreditar naquelas palavras.

— O que você disse? – ela praticamente rosnou trincando os dentes, lutando contra a raiva que fervia em suas veias. – Você está pedindo que eu minta? Que eu traia a confiança da minha companheira?

Shelby a encarava com uma expressão impaciente. Ao seu lado, Leroy Berry parecia tentar conter sua ansiedade.

— Quinn, você precisa entender... – Ele implorou.

— Entender o quê? Que durante todo esse tempo, vocês esconderam isso tudo dela? De mim? Que querem que eu compactue com essa mentira? Não! Isso é traição! Você. – Quinn apontou para Shelby, sentindo uma raiva imensurável preencher seu peito. – Você é a culpada por tudo isso. Você sabia o que aconteceria e mesmo assim foi condizente e preferiu abandoná-la se agarrando a essa desculpa esfarrapada de estar dando a ela uma chance de ter uma vida normal? Dias de felicidade antes do caos, é isso? Enquanto ao senhor, - ela continuou voltando sua raiva a um dos pais adotivos de Rachel. - Como o senhor pode? Durante todos esses anos? Mesmo que Rachel perdoe vocês, não esperem de mim a mesma compaixão.

Leroy Berry engasgou, puxando o ar pela boca. Ele parecia à beira das lágrimas. Shelby apoiou uma das mãos no ombro dele antes de se voltar para Quinn.

— Não vim em busca de perdão, Quinn. Vim porque o destino de toda nossa espécie está nas mãos dela. Rachel precisa vir comigo.

Quinn avançou na direção dela, parando a centímetros do rosto da mulher que pela tradição deveria ser sua segunda mãe.

— Rachel não vai concordar com isso. Ela nunca abandonaria a família...

— O que você quer dizer é que ela nunca abandonaria você, não é mesmo? – Shelby interrompeu, sustentando o olhar da jovem herdeira do clã da lua. – Depois de tudo que dissemos, depois de saber a verdade, é essa sua decisão final? Você vai simplesmente ignorar a realidade e insistir em algo que vai destruí-la? Ela precisa vir comigo, ou vai morrer. Qual o destino que você prefere que se torne realidade, Quinn?

Quinn mal conseguia controlar a respiração, seu peito subia e descia descompassado compelido pela fúria e o medo. Nada naquele encontro inesperado havia sido agradável. Pelo contrário, o destino parecia decidido a tornar tudo mais difícil.

— Sabemos que não é uma decisão fácil para você, mas tente entender. Rachel não pode, não deve, lutar contra isso. - Leroy Berry tentou mais uma vez interceder junto a jovem. - Ela vai se perder...Ela não vai conseguir controlar o lobo.

Quinn sentia as lágrimas queimarem nas orbitas de seus olhos. Ela não choraria. Não ali. Não na frente deles. Shelby mordeu o lábio inferior. Ela podia ver a dor se desenhando por detrás da expressão estoica da garota diante dela. Sua filha tivera muita sorte de ter uma companheira digna do destino que as esperava.

— Eu posso ajudar. - Shelby garantiu. - Existem outros na nossa linhagem que são capazes de entender o que ela está passando. - Quinn sacudiu a cabeça negativamente, buscando apoio junto a mesa de jantar. Shelby se aproximou dela. - Nós podemos impedir a profecia, Quinn. Confie em mim.

As lágrimas finalmente venceram a batalha, e escorriam pelas faces rosadas da herdeira da Casa da Lua. Quinn sentiu seu coração se partindo em mil pedaços. A imagem de Rachel desaparecendo em meio aqueles olhos escuros desprovidos de compaixão assombrava sua mente.

Ela não vai conseguir controlar o lobo”, as palavras se repetiam como um mantra em seus pensamentos. Uma mão apertou suavemente seu ombro direito, forçando seus olhos a encontrarem as irises castanhas da mulher diante dela... Írises castanhas iguais a de Rachel.

— Por favor. - Shelby voltou a pedir. Quinn apertou os olhos com força, ela estava ficando tonta, enjoada. Seu estômago se contorcia ferozmente como se estivesse sendo apunhalado por todos os lados.

— O que devo fazer...? - ela se ouviu dizendo.

***

“Não ataquem.” A loba dourada comandou ao seu grupo. Ela podia sentir a tensão entre seus lobos e os membros do outro clã. A alcateia de Lima havia crescido tanto assim em tão pouco tempo? Sendo assim, as fronteiras já não deveriam ser as mesmas. “As fronteiras mudaram...”

O circulo que protegia a loba dourada se agitou com a noticia. Se as fronteiras haviam mudado, eles haviam invadido e portanto o ataque era justificado... E inevitável.

Ela precisava agir imediatamente.

“Clarke...”, Octavia chamou, ela sempre fora a mais observadora de todos eles. Depois de Lexa, ela sempre fora capaz de ler as intenções de Clarke. “Não faça isso...”

Mas Clarke já havia se decidido. O pelo dourado sumira, dando lugar a uma pele alva e cabelos tão loiros quanto os raios de sol. Octavia escudou a nudez de sua amiga e Beta, enquanto Clarke – em sua forma humana, - vasculhava a mochila presa na loba cinzenta em busca de algo para vestir.

—Deixem-me passar. -Clarke comandou depois de poucos minutos. Contra a própria vontade seus lobos abriram passagem e ela caminhou de pés descalços sobre a terra enlameada. Erguendo as mãos, a jovem Beta avançou devagar.

— Eu sou Clarke Griffin, da Casa dos Lobos do Céu e Beta dos Treze Clãs do Norte. Trago noticias para a Alfa de Lima. Não tenho intenção de lutar. - Ela afirmou alto o bastante para ser ouvida por todos os lobos presentes.

— Não acredito em você. - respondeu um homem alto de aparência pomposa. Assim como Clarke, ele caminhou por entre os lobos, abrindo caminho até a frente do bando. - Se suas intenções não são hostis, porque sua comitiva invadiu nossos territórios sem consentimento da nossa Alfa?

— Não sabíamos que as fronteiras tinham mudado. Não era nossa intenção invadir o território da Alfa de Lima... - defendeu Clarke.

— Nós não somos mais a Alcateia de Lima. - Ele a interrompeu rudemente. - Nossa Alfa domina todo o território de Allen e mais 45 territórios daqui até Belmont.

Clarke arregalou os olhos, engolindo um palavrão. 45 dos 88 condados de Ohio pertenciam a Rachel... E eles haviam caçado nesse território... Seus olhos se voltaram para seus lobos, imediatamente vendo refletido no olhar deles seus próprios medos.

— Nós não fazíamos ideia... - ela murmurou. O homem franziu o lábio com uma expressão de escárnio. Os lobos atrás dele deram um passo adiante.

— Ataque-a e você estará atacando a mim. - A voz em tom dual reverberou por toda clareira. O homem se virou de uma vez, vendo os lobos abrirem passagem para sua Alfa. Rachel caminhava com passos decididos por entre seus lobos. Os olhos negros fixos nele.

— Desde quando você decide quem eu devo exterminar, Hans?

— Perdão, Alfa... Eles invadiram o território...

— E quando você pretendia me informar? Antes ou depois de atacar? - Ela pressionou se aproximando dele.

— Eu ia fazê-lo assim que tivesse a situação sob controle... -Hans gaguejou tentando se defender.

— A única coisa fora de controle nessa situação é você, Hans... E isso é algo que pretendo corrigir imediatamente. - Rachel rosnou a milímetros do rosto dele. Hans engoliu seco e deu um passo para trás, abaixando a cabeça. Rachel estreitou os olhos para ele, antes de voltar sua atenção para um ponto acima de uma colina à beira da floresta, logo atrás de onde eles estavam.

— Peço desculpas pelo inconveniente causado por meus lobos à comitiva de sua companheira.

Todos pareceram confusos com a atitude da Alfa. Clarke e seus lobos trocaram olhares desconfiados. Era evidente que ela não estava se dirigindo ao grupo de lobos diante deles. “O que só podia significar que...”

Clarke virou-se de uma vez, vasculhando os arredores. Seus olhos azuis se arregalaram ao identificar a figura que se aproximava.

Um lobo que podia rivalizar Rachel em sua postura altiva deixou as sombras das árvores, se aproximando devagar. Seu pelo era completamente castanho claro, com exceção de uma peculiar mancha negra ao redor dos seus olhos que descia por sua face como se escorresse pelas laterais de seu focinho. Algo que lembrava bastante aquelas pinturas ritualísticas que os guerreiros antigos usavam para adornar o rosto quando iam para guerra (ou um adorável guaxinim de acordo com Clarke). Um detalhe assustador, que acentuava ainda mais a voracidade daqueles olhos verdes tão vibrantes, que pareciam brilhar em meio a escuridão.

— A Comandante dos Treze Clãs do Norte, Lexa Woods... - Hans sussurrou visivelmente perplexo.

Ao som do seu nome, o lobo castanho desviou o olhar para encarar Hans por alguns segundos. Hans deu um passo para trás e Rachel podia jurar que a versão lupina de Lexa havia sorriso satisfeita. O lobo castanho caminhou até Clarke. Os olhos esverdeados pareceram absorver a presença da garota por alguns instantes, antes de finalmente vagarem pela multidão de desconhecidos, para encontrar o olhar daquela que ela procurava. Sua voz altiva ressoou, firme e clara junto à todos os lobos presentes.

“Rachel Berry. Você me surpreende com seus modos. É dessa maneira que pretende receber todos os líderes que apresentarem suas comitivas em viagem em seu território? Principalmente uma comitiva que não oferece ameaça alguma, nem em números, ou em atitudes?”

Rachel ergueu o queixo e caminhou a passos largos até o grupo, parando a alguns passos do lobo castanho de mascara negra.

—Um mal entendido que certamente não teria acontecido se tivéssemos sabido de suas intenções com antecedência, não é mesmo? Mas agora que colocamos isso no passado, que tal pedir para o resto da sua guarda sair das sombras? Toda a comitiva da Alfa dos Treze Clãs do Norte é bem vinda em meu lar. - Rachel disse calmamente. Seus olhos negros fixos nas irises cor de esmeralda.

Ela e o lobo se encararam por alguns instantes. A tensão podia ser sentida por todos os lobos presentes. Por fim, a Alfa dos 13 Clãs do Norte ergueu o focinho, inclinando o rosto para o lado. Clarke ergueu a sobrancelha espantada. Lexa parecia sorrir.

“Indra, Anya. Venham. A Grande Alfa está nos brindando com sua hospitalidade, devemos mostrar o quanto somos gratas.” Imediatamente, duas lobas castanho escuro saíram das sombras para se juntar ao grupo. Clarke revirou os olhos, antes de direcionar um olhar ameaçador para sua companheira.

O lobo de olhos esverdeados olhou de relance para ela.

“Seu descontentamento não tem fundamento, Clarke. Minha escolta é de dois lobos ao invés de um só...”, a Alfa dos Treze Clãs do Norte sinalizou, já percebendo o motivo por detrás do olhar de sua Beta e Companheira.

—Sobre isso nós conversaremos mais tarde, Senhorita Dona da Razão.

Rachel tentou esconder um sorriso, ao notar o breve segundo de apreensão dominar as feições do imponente lobo castanho. De alguma maneira aquela cena a fez lembrar de Quinn.

— Hans. - Rachel chamou.

— Sim, Alfa? - disse o homem dando um passo adiante.

— Avise as Anciãs que vamos precisar de acomodações para nossos convidados.

— Sim, Alfa. - Hans respondeu se retirando.

Rachel estreitou os olhos, observando atentamente Hans se afastar.

— Mike Chang? - Ela chamou e imediatamente viu a forma lupina de seu colega de turma surgir por entre a massa de lobos aglomerada por entre as árvores. - Vá até a residência dos Fabray e comunique ao Beta em mérito que teremos companhia para a noite. Depois quero que você encontre Drogo Snow. Diga que ele deve assumir a patrulha das fronteiras de agora em diante. O que quase aconteceu essa noite não deve se repetir. Vá agora.

Sem precisar ouvir outra palavra, Mike partiu. Rachel olhou ao redor. “Esperem Drogo perto dos limites da reserva. Não atravessem o rio. Vão.” A alfa sinalizou. Os lobos restantes começaram a se retirar devagar, sumindo por entre a escuridão da floresta.

Com um suspiro, a jovem Alfa virou-se na direção de Clarke. A Beta dos Treze Clãs observou com curiosidade as pupilas castanhas surgirem em meio as órbitas negras, ao mesmo tempo que um sorriso torto pareceu iluminar as feições de Rachel. Confusa, ela buscou o olhar de Lexa e percebeu que não somente sua companheira, mas alguns de seus colegas também reviravam os olhos.

— Eu perdi a piada? - Clarke perguntou. Afinal, ela podia ouvir a voz de Lexa mesmo estando na forma humana, porque além de Alfa ela era sua Companheira, mas o que quer que seus amigos sinalizassem enquanto estivessem na forma lupina não chegaria aos seus ouvidos. Por isso havia sido uma manobra arriscada mudar de forma. Eles a ouviriam, mas ela estaria 'surda' para o que eles dissessem, portanto completamente vulnerável.

Uma das lobas castanho escuro, Anya, se aproximou de Jasper, enquanto a outra, Indra, se aproximou de Monty. As duas morderam as orelhas dos lobos que ganiram envergonhados. Clarke franziu o cenho.

— Lexa? - Clarke voltou a perguntar, quando Rachel deu uma risadinha.

“Alfas de outros clãs também podem ouvir o que vocês sinalizam... Então seria bom que palavras como 'gostosona' e 'gata' assim como propostas para lamber os pés da nossa anfitriã não se repetissem. Entendido?”

Clarke cobriu os lábios com uma das mãos, contendo uma gargalhada ao ver seus amigos esconderem os focinhos abafando os ganindos entre as patas dianteiras.

***

LIMA MEMORIAL

Judith Fabray avançou na direção do Dr. Lopez encurralando o médico junto a parede.

— Bernardo. Isso... Eu não tenho palavras para descrever a crueldade...O que você está exigindo da minha menina...

Eles estavam na ala isolada da UTI observando pela janela de isolamento o jovem casal no quarto ao lado. O vidro fora feito para permitir observar sem que o paciente soubesse que estava sendo observado, o que no caso só se aplicava a Fernando porque Francine Fabray tinha plena consciência que estava sendo vigiada.

Russel segurou sua esposa pelo ombros. Ele também não concordava com aquilo, mas Frannie havia lhe assegurado que aceitava as consequências se isso significasse encontrar quem estava ameaçando a vida de sua irmã e a paz em sua alcateia. Uma decisão que sua mãe obviamente não apoiava.

— Judith, acredite. Gosto disso tanto quanto você, mas desde que Frannie chegou, já temos mais em nossas mãos do que tínhamos antes! Só a presença dela nos garantiu a informação que o inimigo viajava com eles, o que significa que quem comandou a chacina tinha membros infiltrados dentro do clã dos Fantini... Se isso é possível... Nós precisamos saber mais a respeito. Por algum motivo inexplicável, aquele rapaz está tirando forças da ilusão que Frannie é Isabela... Se ele morrer, tudo que precisamos saber morre com ele.

— Judy... Bernardo tem razão... - Russel apertou levemente os ombros de sua companheira. Judy suspirou antes de girar o corpo abraçando seu esposo.

— Ela já não sofreu o bastante? Russel... Isso pode nos custar nossa filha.

Russel apertou sua esposa junto ao seu corpo, ao mesmo tempo que seus olhos assistiam Fernando Di Ângelo acariciar ternamente o rosto de sua filha mais velha, antes de afastar um pouco para liberar espaço para Frannie sentar ao seu lado na cama.

— Francine é mais forte que imaginamos, ela vai ficar bem. - ele afirmou tentando convencer a si mesmo. Bernardo viu Francine sentar-se na cama permitindo que os braços de Fernando a envolvessem, forçando a garota a se aconchegar junto a ele. O médico desviou o olhar, sentindo um nó se formar em sua garganta.

— Doutor Lopez? - a voz de uma das enfermeiras da equipe médica que estavam autorizadas a entrar na ala do contensão da UTI, chamou a atenção dos três. - Desculpe interromper, mas temos uma mensagem para o Senhor Fabray na recepção.

Russel assentiu, mas não se moveu. Judy ergueu o olhar para seu companheiro e acompanhou seu olhar para a figura de sua filha, aninhada junto a um desconhecido no quarto ao lado.

— Não há mais nada a fazer aqui, Russel... Só podemos esperar pelo melhor. Você disse. Ela é mais forte do que pensamos. Por favor, não me faça duvidar das suas palavras. - Judy sentiu seu marido respirar profundamente.

— Se ele lembrar de mais alguma coisa, Bernardo, entre em contato imediatamente. Precisamos deixar Rachel ciente do que descobrimos.

Russel e Judy não esperaram por uma resposta para deixar o quarto.

***

— Lexa, não que eu não esteja feliz em te ver, mas o que você está fazendo aqui?

Eles haviam seguido pela floresta até a rodovia. O grupo parou somente para assumir a forma humana, vestindo as roupas que estavam guardadas nas mochilas, e agora caminhava na direção de um posto de gasolina, sentido norte, onde Rachel pedira que um dos membros da alcateia aguardasse por eles.

— Você não atendeu seu celular. - Lexa sussurrou, entrelaçando sua mão a de sua companheira.

Clarke mordeu o lábio, contendo um sorriso.

— Lexa, nós nos falamos à 12 horas... Eu ia ligar assim que...

— É exatamente isso, Clarke. - Lexa interrompeu, parando de uma vez e puxando Clarke para junto de si. - Muita coisa aconteceu nas últimas 12 horas. Tudo mudou.

O grupo todo parou. Rachel franziu o cenho para o jovem casal abraçado na beira da estrada. Clarke devolveu o abraço, sentindo os braços de Lexa se fecharem com firmeza ao redor de seu corpo. Algo estava errado. Lexa era extremamente reservada, demonstrações de afeto em público não eram exatamente algo comum.

— Lex? O quê...?

— Eles estão matando todos os companheiros. Cinco dos nossos foram mortos ontem. Wells, Tristan, Dante, Emori e Roan. Murphy e Nia não conseguiram encontrar Ontari. Milles e Sinclair também estão desaparecidos. Eu... Não tinha certeza se você estava a salvo... Mas sabia que se eles capturassem você... Eles não iam se contentar com uma morte limpa, Clarke.

Rachel sentiu seu coração acelerar. Por algum motivo as mortes dos membros da Alcateia do Norte faziam seu sangue ferver. Ela trincou os dentes travando a mandíbula. O Lobo Negro se agitou dentro dela. Ele queria sangue. Ele queria vingança.

Nós acabamos afogando nossos celulares tentando resgatar Monty em Sandusky... - Clarke murmurou, sem saber o que dizer.

Monty olhava para sua Alfa assustado.

— Eu me desequilibrei e cai do Ferryboat...

— Ficamos sem dinheiro e tivemos que continuar a viagem pelos bosques... - Clarke continuou ainda murmurando. Ela podia sentir a dor de Lexa. O desespero que ela sentiu quando não conseguiu encontrá-la. - Eu devia ter avisado... Lexa... Sinto muito.

— Talvez tenha sido melhor assim. - Rachel interrompeu, fazendo todos os olhos se concentrarem nela. - O inimigo tem se mostrado bastante ardiloso. Se ele estava seguindo sua comitiva, talvez esse acidente o tenha despistado. É mais difícil camuflar nossa essência quando estamos na forma lupina. Ele teria tido problemas para se aproximar sem chamar a atenção.

Os olhos cor de esmeralda brilharam furiosos ao constatar a verdade nas palavras de Rachel. Lexa voltou a apertar Clarke junto a si.

— Eu quero o sangue desse maldito. Ele matou meus lobos e ameaça a vida da minha outra metade. Esses crimes não podem ficar impunes. Sangue se paga com sangue... Essa é a justiça dos antigos.

O clamor de Lexa fez o sangue de Rachel esquentar ainda mais. Seu olhar acolheu o fogo esverdeado no olhar da líder dos Treze Clãs do Norte como se fosse seu.

— Vou arrancar a cabeça dele para você. - Rachel prometeu entredentes.

***

— Você está me dizendo que ela está lá há quase duas horas e que em momento algum, nenhum dos três idiotas pensou em inventar uma desculpa e bater na porta para checar o que diabos está acontecendo lá dentro? Será que eu tenho que fazer tudo sozinha?- Santana rosnou, sacudindo o carro onde os três 'guarda-costas' de Quinn estavam amontoados e marchando na direção da casa de Rachel.

Há cerca de quinze minutos, a garota havia ligado para checar ‘aonde diabos a maldita princesa da Lua havia se metido’ e recebeu o relato de que sua amiga estava na casa de Rachel, aparentemente, numa visita extremamente agradável a um de seus sogros.

— Ela cuspiu na minha cara... - reclamou Ethan, limpando o rosto. - Vocês acham que devemos acompanhar?

— Eu acho... - disse uma vozinha doce ao lado do carro - Que se vocês tiverem amor a vida é melhor não estarem aqui quando ela voltar...

Os três rapazes olharam para inocente figura de Brittany S. Pierce, que rodava um enorme pirulito na boca, enquanto cutucava a tinta ressecada no capo do carro. Puck sacudiu a cabeça.

— Hey, Britt. Se precisar da gente só chamar. - e logo depois ele deu a partida no motor.

Brittany se afastou do veículo e olhou para o outro lado da rua. Santana havia tocado a campainha e agora cumprimentava um dos pais de Rachel. A loira franziu o cenho ao ver sua companheira se despedir e caminhar de volta em sua direção com uma expressão aflita.

— San, quando você achar a Quinn, ela pode me apresentar a Sailor Moon? - Brittany perguntou.

Santana sacudiu a cabeça.

— O quê?

— A princesa da Lua..

Santana respirou fundo e sorriu.

— Pode acreditar, Britt, Quinn Fabray vai apresentar você a ela, nem que eu tenha que fazê-la ir a Lua para buscá-la.

Um sorriso encantador adornou a face de Brittany por alguns segundos, até que o entusiasmo deu lugar a preocupação.

— A Quinn não está lá, não é?

— Ela saiu a mais de uma hora. O porque daquela idiota ter resolvido abandonar o carro e seguir a pé, e como aqueles trio de retardados não percebeu isso, é algo que está fora da minha compreensão!

Brittany apertou os olhos com força, se curvando de repente. Santana avançou na direção dela, segurando sua companheira em seus braços. Ela sabia o que estava acontecendo... Brittany estava tendo uma visão.

— Britt? Mi amor?

A garota abriu os olhos de uma vez, as pupilas dilataram-se, buscando o olhar de sua companheira.

— Precisamos encontrar as anciãs, San. Quinn vai cometer um erro enorme...

***

— Uau. Faz algum tempo desde a última vez que vi você por aqui...

Quinn se levantou alarmada, passando as mãos pelo rosto numa tentativa frustrada de enxugar as lágrimas. Ao seu lado, Sam Evans erguia as mãos, visivelmente incomodado por tê-la assustado.

—Oh, Quinn! Desculpe! Não queria assustar você! Cara, eu sou um imbecil mesmo! Depois dessa maluquice toda que aconteceu na escola... Eu... Desculpe.

Quinn respirou fundo, voltando a sentar-se no banco de madeira lustrosa. Seus belos olhos castanho esverdeados se fixando por alguns instantes na imagem do Cristo crucificado, exposto no altar diante deles.

— Não se preocupe com isso, Sam... - ela voltou a suspirar. - Como você está?

Ele ofereceu um sorriso torto, antes de se aproximar devagar e sentar-se ao lado dela.

—Problemas com a Rachel? - ele perguntou baixinho.

— O quê?

Ele voltou a sorrir um sorriso que não alcançava seus olhos.

— Você está chorando... Sozinha no banco da Igreja, Q. E... Bem... De loiro para loiro? Todo mundo meio que já sabe o quanto você e a Rachel estão envolvidas... É bem obvio...

Quinn encarou o garoto perplexa.

— Você partiu alguns corações... - ele forçou um sorriso. - O Finn... Está um tanto desapontado... E sinceramente eu também.

Quinn franziu o cenho... “Ele estava...?”

— Porque você e o Finn estariam desapontados?

Sam respirou fundo, passando uma das mãos pelos cabelos. Ela percebeu que a mão dele tremia.

— Eu não deveria ter dito isso. Acho melhor eu ir... Fique bem, tá?

Ele se levantou de uma vez, caminhando apressado pelo corredor rumo a saída da Igreja.

—Sam! Espere! - ela alcançou o braço dele o virando de uma vez para encará-la.

— E se... - a voz dela tremeu. - E se eu dissesse... Que... Talvez você não tenha mais motivos para ficar desapontado...

Demorou alguns segundos para que ele registrasse o significado das palavras dela, então, um sorriso gigantesco brotou no rosto dele.

— Eu seria o cara mais feliz do mundo.

Quinn sentiu um calafrio percorrer seu corpo gelando o sangue em suas veias. Ela não tinha escolha...

“Rachel... Perdão...”


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Notas finais do capítulo

Chase abre a porta de entrada de uma vez com um mega sorriso no rosto.

Chase: EU PASSSSSEEEEIIIII!!!!! U-HU! DANA!

(silêncio)

Chase: Dana?

(Silêncio)

Chase olha ao redor desconfiada e segue rumo a cozinha, caminhando devagar.

Chase: Dan-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!

Chase pula para o lado assustada quando uma lança erra por pouco sua cabeça. Ela se vira de uma vez e dá de cara com uma Dana com uma mascara preta pintada primitivamente ao redor dos olhos, o cabelo cheio de tranças, com um olhar mega sério, sacudindo um guaxinim de pelúcia pelo rabo.

Chase: O QUÊ É ISSO, MEU?!

Dana: Ai laik Dana Heda kom Cearákru. *(Eu sou a Comandante Dana do povo do Ceará) * Você invadiu o território sagrado da cozinha, Chase kom SampaKru. Meu dever é proteger a lasanha! Ai laik lasanhakeeper *(Eu sou a guardiã da lasanha)*

Chase travou o queixo e puxou a lança da parede.

Chase: Yu gonplei ste odon... *(Sua luta acabou)*

Dana arregala os olhos e sai correndo.

Dana: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH PIEDADE WANHEDAAAAAAAAAAAAAA!!!!!