O Despertar do Lobo escrita por Chase_Aphrodite, danaandme


Capítulo 11
Capítulo 10 - My Melody


Notas iniciais do capítulo

Dana: Só queria agradecer pelo apoio tanto da minha co-autora, que vem me dando muito apoio e tem sido uma amiga maravilhosa e assegurar que vamos continuar trabalhando para manter a história, só tenham paciência. E dizer para aqueles que acompanham meus outros trabalhos que estou fazendo o impossível para organizar os uploads. E creio que irei dividir mais um trabalho com a Chase, já que é possível que ela passe a estar comigo em "A Intrépida Rachel Berry". Ah... E não se preocupem também voltaremos com as tirinhas.

Chase: Também só queria agradecer a paciência e compreensão de todos. Nos não vamos abandonar a história só realmente estamos numa situação complicada. Estou estudando 10 horas por dia de segunda à sexta e do local onde estudo até minha casa fica uma hora de distância o que realmente aperta minha agenda... Eu prometo a vocês que estou me desdobrando como posso para escrever sempre. Mas fiquem certos que iremos continuar!



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UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO - LIMA MEMORIAL

— O nome dele é Fernando Di Ângelo Marconi. Ele é italiano, na verdade, parece ter conseguido o green card recentemente. As equipes de busca encontraram os documentos dele junto com os da noiva, Isabela Fantini. Ao que parece, ele era o companheiro da filha de Charles Fantini. – disse Bernardo Lopez, examinando o prontuário do rapaz deitado no leito hospitalar ao seu lado. Havia sido preciso induzi-lo ao coma para facilitar a recuperação, devido a extensos danos no crânio. - Se ele não fosse um lobo, com toda certeza já estaria morto.

Do outro lado do leito, um tanto incomodada com tanta parafernália médica fazendo barulho, Francine Fabray observava o rapaz que havia inadvertidamente salvo sua vida.

— Ele simplesmente se jogou na minha frente. Foi praticamente um suicídio. Ficou muito visível que ele nunca treinou para combate. Você acha que ele sabia que a noiva... Isabela. Que ela... Estava morta? – Frannie perguntou sem tirar os olhos do jovem adormecido, conectado a inúmeras máquinas ao redor da cama onde estava.

— É provável. O corpo dela foi encontrado há alguns metros de onde vocês estavam... Então.

Frannie franziu o cenho.

— Idiota. – a loira murmurou antes de dar as costas e ir embora. Ela ainda tinha que passar na cafeteria antes de voltar ao quarto onde Quinn passaria a noite. ‘É melhor que aquelas duas tenham finalmente se acertado...’, ela pensou, na tentativa de apagar de sua mente as lembranças do desespero daquele dia em que ela havia perdido seu Joshua para sempre.

...

AINDA NAQUELA NOITE - RESIDÊNCIA DOS FABRAY

O Conselho da Alcateia era normalmente formado por doze membros mais o Alfa. Porém, contudo hoje em sua primeira reunião sob a tutela de sua nova Alfa, contava somente com a presença de nove membros.

Michael Yates estava internado no hospital devido a seus ferimentos. Dorian Island estava morto e nem mesmo um corpo sua família tinha. E Bernardo Lopez estava no hospital cuidado dos feridos. Portanto, somente os membros restantes e Rachel se reuniriam na casa dos Fabray, para uma reunião de emergência.

Quando Rachel chegou a residência dos Fabray, foi recebida por Russel. Sem perderem tempo, eles foram direto para a sala de estar, onde imediatamente ele começou as apresentações dos Conselheiros.

— Eu sou o principal conselheiro, como Beta do Antigo Alfa. E um de seus mentores. – Russel disse iniciando as apresentações dos membros presentes.

— Mentor? – Rachel perguntou um tanto surpresa.

— Você teria sido tutorada pelo Antigo Alfa... Em sua ausência irei te ajudar no que precisar. Inclusive a encontrar um novo Beta.

Rachel assentiu.

— Depois temos Alastor Rogers. Ele é o lobo mais velho da Alcateia. – ele disse voltando a indicar os presentes, a partir de um senhor de aparência frágil, sentado em uma das poltronas de estilo vitoriano de encosto alto, junto a lareira.

— Ele não deveria ser um Ancião? – a morena perguntou sem muita cerimônia, olhando de relance para o homem do outro lado da sala.

— Somente mulheres podem ser Anciãs. – Russel respondeu prontamente.

— Por quê?

— Tradição. Nunca tivemos homens que conseguiram se comunicar com os espíritos da natureza. Mas vai gostar de Alastor. Ele é um pouco rabugento, mas tem um ótimo coração. - Russel tentou explicar, sorrindo sem graça na direção de Alastor que parecia um tanto entediado com tantas explicações.

Rachel retirou um bloquinho de notas do bolso de trás da calça e começou a tomar algumas notas. Ela realmente estava disposta a não deixar passar nenhum detalhe. Principalmente depois daquela conversa sobre as tais ninfas da fertilidade. Um assunto que estava escrito em letras maiúsculas, com tinha vermelha, sublinhado e grifado em amarelo berrante, ocupando uma folha inteira do bloco de notas que ela segurava.

— Temos Bernardo, que é o médico oficial da alcateia. Que não poderá estar aqui hoje por que...

A aura ao redor da Alfa pareceu escurecer. Ela sabia muito bem porque Bernardo Lopez não estaria presente. Ele precisava ficar no hospital para ter certeza que seus pacientes não-exatamente-humanos não chamassem muita atenção da equipe médica.

— Porque por minha causa temos um número ainda maior de mortos e feridos. Quem mais? – a morena retorquiu num tom seco.

Russel a olhou preocupado. O temperamento difícil dela não ajudaria muito no desenrolar dessa reunião. Muito menos quando ela continuava insistindo em carregar toda a culpa sozinha.

— Rachel não é...

A morena simplesmente levantou a mão para interrompê-lo. Nada aliviaria a sua culpa diante da morte de Logan e Hans, e como se isso não fosse o bastante, sua consciência ainda lhe lembrava do quão próximo ela esteve de também perder Quinn.

— Quem mais? – Rachel voltou a insistir.

Russel suspirou fundo. Rachel era quase tão teimosa como sua pequena Quinnie.

— Brandon Pierce. Mediador do Conselho. Ele é o pai da Brittany.

Rachel sorriu levemente. O pai de Brittany ser um mediador era uma das poucas coisas que faziam sentido nesses últimos dias.

— Não me surpreendo. – ela murmurou acenando com a cabeça para o senhor loiro de belos olhos azuis, encostado junto ao espaldar da cadeira onde Alastor estava sentado.

O senhor Pierce sorriu de volta, enquanto Russel continuou, indicando o próximo membro presente.

— Sue Sylvester...

— Filha do Antigo Alfa. Líder do Conselho de Guerra e treinadora dos lobos mais habilidosos. – disse a tão infame treinadora se aproximando em sua cadeira de rodas e fazendo Rachel franzir os lábios de remorso por um breve momento. Apesar de visivelmente debilitada, a mulher ainda mantinha aquela pose arrogante que tanto a caracterizava.

— E sim, sou quem determina quem faz parte da elite dos campeões. Os fracotes, esquisitinhos, ou qualquer um cujo a mera semelhança com William Schuester atinja uma proporção igual ou maior que 0,0001% são despachados para serem treinados pela Audrey Hepburn aqui. – ela concluiu apontando na direção de um homem de aparência forte e austera.

— Marcus Brutus, minha cara Alfa. Vulgo Audrey Hepburn. Prazer em conhecê-la. – ele disse revirando os olhos.

Rachel conteve um sorriso, assentindo com a cabeça para Marcus.

Russel respirou fundo, limpando sonoramente a garganta.

— Como eu dizia. Sue e Marcus se dividem no treinamento de nossos jovens. Por ter um estilo mais agressivo, Sue é nossa treinadora tática. Então, ela treinará você, assim como faz com Quinn, Santana, Karofsky, Puckerman... E Brittany devido a seu poder...

— Brittany tem um poder? – Rachel perguntou de supetão, visivelmente impressionada.

— Isso é algo para ela te contar não acha? – Russel disse achando a reação dela um tanto divertida.

Rachel o olhou tentando conter uma súbita irritação. Afinal, ela tinha o direito de saber tudo sobre seus lobos. Por que de repente parecia que todos sabiam mais da situação da alcateia do que ela? Ela deveria saber de tudo! Ela era que tinha que liderá-los!

Percebendo a mudança de humor de Rachel, Russel se apressou em continuar a listagem. Na ausência de sua filha para amenizar a situação, ele teria que tomar cuidado para contornar o problema dessas visíveis alterações de humor de sua Alfa. Tanto ele, quanto Sue e Bernardo, concordavam que esse deveria ser um dos principais pontos para serem trabalhados junto aos treinamentos dela.

— Drogo Snow, herói da última guerra, e um dos melhores guerreiros que conheço. E um dos homens mais leais também. – ele disse apontando para um homem de aparência gigantesca e olhar severo, de braços cruzados sobre o peito no canto da sala. - O próximo membro seria Michael Yates, que pertence a uma das mais antigas famílias de Lima...

— E também está no hospital. – Rachel o cortou. ‘Se ela tivesse sido um pouco mais rápida...’

— Rachel... – a morena olhou para Russel com tanta dor em seus olhos que ele concordou com a cabeça decidindo por deixar a jovem Alfa lidar com seus sentimentos à sua própria maneira. Limpando sonoramente a garganta, ele continuou. – Hans Island era nosso vigia das fronteiras. Por enquanto, Iscarionte Tommaso o nosso mensageiro oficial, vai auxiliar a alcateia com a vigia... Até encontrarmos alguém capaz de assumir a tarefa.

Rachel engoliu seco, preferindo focar em outro detalhe que não fosse o fato de que a família de Hans nem mesmo tinha um corpo para enterrar.

— Mensageiro? – ela perguntou.

— Todas as alcateias se comunicam... Ninguém quer começar uma guerra interna por falta de comunicação. – O homem chamado Iscarionte se prontificou para explicar.

Rachel balançou a cabeça concordando.

— Naveen Ratcliffe, ele cuida do setor financeiro. – Russel voltou a apontar. Rachel seguiu a indicação dele até um senhor afro-americano de postura arrogante.

— De onde vem esse dinheiro? – Rachel quis saber.

— Nós temos um fundo... As pessoas podem contribuir voluntariamente. Serve para gastos que podemos ter. Faz muitos anos desde que o usamos. Tem um bom capital. – Russel respondeu. - E por fim... Gaston Brocklebank, responsável por apagar nossos rastros.

— As pessoas normais não podem saber de nós. – Gaston acrescentou com um tom de voz de quem beira a paranoia. - É perigoso. As pessoas temem aquilo que não entendem. Já passamos pela caça às bruxas.

Rachel olhou pela janela.

— Claro... Faz sentido... – finalizadas as apresentações, Rachel respirou fundo, se voltando para os membros do conselho. - Vamos direto aos assuntos hoje, senhores. Gostaria de voltar ao hospital assim que essas questões fossem resolvidas. Primeiramente… Senhor Naveen Ratcliffe?

O homem ergueu o queixo, antes de ajeitar-se na cadeira.

— Sim, Alfa.

— Designe uma contribuição à família de Logan White e outra a de Hans Island. Não quero que enfrentem dificuldades financeiras em um momento como esse. Eu mesma falarei com a Senhora White, ainda hoje.

Naveen anotou em seu caderno.

— Considere feito.

— Hans era nosso vigia de fronteiras. Entendo que o senhor Tommaso, na qualidade de mensageiro conheça muito bem as rotas, mas no momento, uma matilha inimiga está invadindo meus territórios e eu preciso de um guerreiro nesse posto. Drogo Snow?

O homem ergueu uma mão, provavelmente do tamanho da cabeça de Rachel, em sinal que a ouvia.

— Reúna um grupo de lobos que estejam aptos para patrulharem mais rigidamente nossas fronteiras. Se possível evite conflitos. Quero descobrir quem está coordenando esses ataques.

— Sim, minha Alfa. Sugiro também que convoque as Anciãs e pergunte sobre a guerra contra Stark. As descrições das táticas de batalha desses Lobos me lembram bastante os da matilha desse velho inimigo… Pode ser um imitador.

Rachel concordou com sua cabeça.

— Farei isso. Quero relatórios das patrulhas também. Nenhum lobo entra ou sai se eu não estiver sabendo.

— E quanto ao jovem dos Fantini? – Drogo quis saber.

— Quanto ao único membro restante do clã Fantini… Esperemos que ele se recupere logo para que dê algumas respostas. – Rachel informou.

Drogo assentiu, mentalmente criando uma lista com lobos aptos a fazer as patrulhas e extensa o bastante para que turnos fossem possíveis.

— Minha Alfa… - Iscarionte Tommaso, o mensageiro do Conselho chamou. - Se o rapaz sobreviver… Quem será o guardião dele?

— QUANDO ele acordar… Decidiremos. Por enquanto, permanecerá no hospital. E, quando possível vamos transferi-lo à casa da família Lopez. - Rachel deu um olhar duro ao seu conselheiro. Precisavam que o rapaz se recuperasse. Não podia pensar diferente.

— Por fim… Quinn Fabray está sendo alvo desses ataques devido a sua ligação comigo. Ficou claro hoje que pretendem me atingir através dela. Portanto, treinadora Sylvester e Marcus Brutus?

Ambos dirigiram sua total atenção para a Alfa.

— Montem uma vigília para Quinn. Eu não a quero sozinha um único momento. Quero cinco lobos vigiando qualquer perímetro em que ela esteja e três lobos em forma humana circulando por qualquer edifício em que esteja. E coloquem ainda mais um lobo que permaneça ao lado dela. Ficarei nessa posição eu mesma esta noite. Sugiro que amanhã Caleb assuma. Façam turnos para que ninguém durma em seus postos. Peguem os melhores lobos. Quinn não pode ser ferida. Não mais.

Marcus e Sue concordaram, cada qual já pensando em nomes e horários em suas cabeças.

— Iscarionte, envie mensagens aos Alfas que se apresentaram a mim durante o ritual, senão me engano são os de Michigan, Indiana, Kentucky, West Virgínia e Pensilvânia. Além de todos os clãs sobre nossa proteção no condado. Diga-lhes que temos uma matilha de renegados em mãos, para que se atentem as suas fronteiras. Mas que caso os peguem, caberá a mim a estabelecer a punição deles... Eles mataram meus lobos... E qualquer aliado deles será meu inimigo. Entendeu?

Iscarionte assentiu, imediatamente puxando um bloco de papel com uma caneta e começando a rascunhar. Rachel colocou suas mãos sobre os olhos. Finalmente o estresse do dia começava a atingi-la.

— Brandon e Alastor, falem com a Alcateia e mantenham todos calmos. Tudo o que não precisamos agora é pânico. Não mintam, mas acalmem. A reunião está encerrada.

Um a um, o Conselho desfalcado deixou a sala. Rachel respirou fundo. Ainda havia muito que falar com as Anciãs. Voltaria ao hospital primeiro. Precisava saber como estavam todos. Principalmente Quinn.

Foi então que ela sentiu a mão de Russel em seu ombro tentando transmitir apoio. Ele a olhava tal qual seus pais costumavam olhá-la quando ela chegava em casa coberta de slushies de uva.

Rachel se afastou dele, saindo pela porta o mais rápido que conseguiu.

...

WILLIAM MCKINLEY HIGH – DUAS SEMANAS DEPOIS.

Mesmo caminhando lentamente pelos corredores da escola o tecido da curtíssima saia de seu uniforme das Cheerios balançava sobre suas pernas, deixando boa parte de suas coxas a mostra. Entretanto, Quinn Fabray não estava nem um pouco preocupada com os olhares famintos lançados em sua direção pelos vários alunos espalhados pelos corredores da William McKinley High, que como ela encerravam suas atividades do dia seguindo seu caminho para casa. Além disso, aquela tão habitual demonstração de como alguns adolescentes são incapazes de controlar seus instintos não era exatamente o que estava fazendo com que ela desejasse ser capaz de sumir da face da terra.

Olhando de relance mais uma vez para as duas pessoas que seguiam caminhando lado a lado na sua frente, Quinn suspirou profundamente fechando os olhos e pedindo a Deus por misericórdia. Afinal de contas, ela não havia feito nada para merecer que sua mãe estivesse, nesse momento, praticamente grudada com Rachel, tagarelando sem parar sobre como ela estava sendo forte diante de toda situação, ou de como ela estava se revelando uma maravilhosa Alfa... Entre outros mil elogios.

Como raios ela tinha se metido nessa situação? Excelente pergunta.

Sua mãe resolveu dar uma de ‘mamãe antenada e participante’, surgindo do nada no final do ensaio de Glee, protagonizando mais uma de suas aparições embaraçosas, munida de uma cesta enorme repleta de brownies e cupcakes para seus colegas.

‘Olá Quinnie, seu professor disse que vocês estavam vendendo doces mais uma vez, para arrecadar fundos para o clube, então eu achei que não faria mal ajudar.’ Ela disse, praticamente invadindo o auditório com a infame cesta sacudindo diante dela. E depois de testemunhar o brilho nos olhos de todos seus colegas – algo que somente uma cesta cheia de guloseimas gratuitas poderia prover – sua mãe continuou sorrindo satisfeita.

‘Lógico que essa é só uma amostra. Vamos crianças se sirvam! Os doces não vão sumir sozinhos, huh?’

Não é nem preciso dizer que Finn, Puck, Mike e, o garoto novato, Sam, conseguiram extinguir o conteúdo da cesta em segundos. Até Kurt Hummel se empanturrou de brownies!

‘Espero que ela tenha que passar semanas na cozinha por causa disso.’ Quinn pensou franzindo o cenho. O senhor Schuester tinha falado algo sobre sua meta de arrecadar um pouco mais de mil dólares em doces, o que poderia ser convertido em quase mil brownies ou cupcakes para serem confeitados. ‘Ah, ela certamente iria ter o que merece.’

Já haviam se passado duas semanas desde o ataque ao clã Fantini. Quinn havia se recuperado rapidamente, mas só deixou o hospital dois dias após o incidente porque Rachel insistiu em mantê-la lá. Mas, apesar de nenhum outro ataque ter ocorrido, a tensão que pairava sobre a alcateia ainda era muito mais do que palpável. E isso se refletia principalmente em Rachel.

Todos sabiam que o inimigo provavelmente estava aguardando uma boa oportunidade para atacar novamente, mas certamente a vigilância e planejamentos estratégicos que Rachel havia montado, estavam dificultando o trabalho dele. Só o esquema de proteção que ela havia montado ao redor de Quinn retratava perfeitamente o quanto a garota já estava disposta a evitar ser apanhada de surpresa novamente.

Mas, era evidente também o quanto isso estava absorvendo suas energias.

A Alfa aparentava estar cada dia mais cansada. E até mesmo sombria. Nem mesmo as reuniões do Glee eram capazes de trazer de volta aquela Rachel determinada a arrebatar todos os solos da semana. Mercedes e Kurt estavam tendo dias de glória.

E era exatamente isso que mais assustava Quinn. Porque de uma hora para outra, Rachel havia direcionado todas suas energias para proteger sua alcateia. Ela sabia que esse era o dever do Alfa, entretanto, o empenho da morena já beirava a obsessão.

Quinn estava preocupada em perdê-la, antes mesmo de tê-la.

— E durante as férias de verão, as colinas ao norte da cidade são extremamente agradáveis para correr. – a senhora Fabray continuava a falar, sorrindo para a morena caminhando ao seu lado. – Quinnie sempre gostou de vasculhar por lírios selvagens em nossos passeios. Não é mesmo, querida?

Quinn respirou fundo.

Rachel estava com olheiras hoje. Puck havia dito que ela havia recebido uma advertência do professor Walter, por cochilar no meio da aula de geografia. Mesmo assim, ela se esforçava para manter um sorriso no rosto enquanto Judy Fabray tagarelava insanidades ao lado dela.

— Sim, mamãe. – Quinn respondeu baixinho, ainda seguindo as duas.

— Gosto de lírios. – respondeu a morena, fazendo a senhora Fabray ficar ainda mais empolgada em descrever flores e as plantas nas colinas do norte do estado.

Quinn não conseguia parar de se preocupar com Rachel. Ela sabia que a garota fazia rotas solitárias ao redor de sua casa todas as madrugadas, além do grupo já selecionado para escoltá-la à distância. Não era algo que ela deveria saber, ou pelo menos foi isso que seu pai havia comentando com sua mãe. Quinn havia escutado tudo escondida atrás da porta.

Aparentemente, uma das ordens de Rachel, havia sido que todos os detalhes sobre o esquema de guarda de sua companheira fossem mantidos em sigilo absoluto.

Ordens diretas da Alfa. Feitas em tom duplo a cada um dos envolvidos. Não havia como desobedecê-la.

A loira apertou o fichário que segurava junto a si, desviando os olhos do corpo da morena. Ela estava imaginando coisas, ou Rachel também parecia mais magra?

— Quinnie é uma excelente cozinheira! – aparentemente Judy havia dado início a fase dois de seu plano. Quinn revirou os olhos, ouvindo sua mãe se vangloriar de seus atributos culinários.

O trio continuava a andar em direção a entrada principal da escola, rumo ao estacionamento, com Quinn sempre caminhando um pouco mais atrás.

— Então, querida? Podemos contar com sua presença essa noite? – Judy finalmente deferiu o primeiro golpe.

Quinn quase tropeçou nos próprios pés. Ela e Rachel não se falavam desde sua última, abra aspas, conversa, fecha aspas, no hospital. A repentina confissão da morena, acabou deixando Quinn se sentindo ainda pior.

Rachel sempre se sentira atraída por ela. E isso era a maior injustiça já existente.

— Eu... Bem...Não queria incomodar. – a morena tentava se desvencilhar, mas Quinn sabia que aqueles esforços não surtiriam efeito em sua mãe. Ela conhecia muito bem aquele olhar. Judy Fabray estava numa missão.

— Ah, deixe disso, querida. Você já vai estar correndo pelos arredores da casa mesmo. O que custa dessa vez parar para o jantar? – Judy sussurrou junto a morena.

Touché. Rachel suspirou, e Judy Fabray abriu o placar do dia.

— Seria adorável, Sra. Fabray.

— Oh querida, me chame de Judy. – a mulher respondeu satisfeitíssima.

Quinn só podia rezar, pedindo a Deus para que sua mãe a poupasse de maiores vexames, enquanto era praticamente arrastada pelo braço até o carro. Judy estava tão radiante que ela começou a ter a certeza de que todas suas preces seriam em vão. Aquele olhar no rosto dela deixava claro que nem mesmo uma intervenção divina seria capaz de detê-la.

Sua mãe continuou tagarelando sobre pratos a servir e que tipo de roupas ela deveria considerar. “Você ficaria linda naquele vestidinho verde, querida.” Quinn continuava calada no banco do passageiro, olhando por cima do ombro, observando a imagem de Rachel diminuir à medida que o carro se afastava do estacionamento da escola.

...

RESIDÊNCIA DOS FABRAY - HORAS DEPOIS

Francine invadiu o quarto de sua irmã mais nova, segurando um pote de sorvete de creme com cookies.

— Ouvi dizer que a mamãe apareceu no colégio hoje e praticamente intimou Rachel para o jantar. – ela disse afundando a colher no sorvete e rapidamente enfiando o conteúdo na boca.

Pega de surpresa, Quinn agarrou sua toalha de banho do encosto da cadeira, se enrolando rapidamente, e se virou furiosa para a loira de olhos verdes já muito bem acomodada em sua cama.

— Você sabe bater? – Quinn perguntou irritada.

— Você sabe a diferença entre saber e querer? – Frannie respondeu.

Quinn revirou os olhos, voltando sua atenção para a gaveta de lingeries na sua frente.

— Não é muito cedo para ficar se preocupando com que tipo de calcinha usar, Quinnie querida? – Frannie perguntou quando viu que sua irmã parecia indecisa entre um conjunto simples de algodão e um outro modelo rendado.

No segundo seguinte, um cordeirinho de pelúcia voou na direção dela e Frannie desviou do objeto voador facilmente identificável, quase derrubando o pote de sorvete sobre a colcha da cama no processo.

— Você pode me deixar em paz, Francine?! – a loira caçula berrou ainda mais irritada.

Poder eu até poderia, mas não quero deixar você em paz, maninha. – ela respondeu, desviando dessa vez de coelho de pelúcia voador. – Será que você pode parar? Só vai conseguir uma bela mancha na colcha que Grandmerè fez para você se continuar com isso!

Poder eu até poderia, mas não quero! – Quinn atirou mais um bichinho de pelúcia, sorrindo satisfeita quando o pequeno elefante roxo atingiu em cheio a cara de sua irmã. Por sorte, Frannie conseguiu segurar o pote de sorvete e não melecar sua bela e estimada colcha com uma generosa camada de creme com cookies.

— Muito bem, Quinnie-bear. Isso é guerra. – disse Frannie colocando o pote de sorvete sobre o criado mudo ao lado da cama, se lançando sobre sua irmã caçula, que já a estava de olhos arregalados para ela.

— Frannie, eu estou só de toalha...- Quinn tentou escapar, se afastando de sua irmã.

— E o quê que tem? Troquei suas fraldas, maninha.

Quinn correu para o outro lado do quarto, segurando a toalha junto do corpo, com o rosto da cor de um tomate.

— Pare de dizer isso! Foi uma vez só, eu era um bebê e você me usava para brincar de casinha!

—Oh, que tal se desenterramos algumas histórias bonitinhas da sua infância hoje no jantar, Quinnie-bear? – a loira mais velha ameaçou com um sorriso, pulando em cima da cama, tentando cortar caminho para chegar até sua irmã caçula.

O queixo de Quinn podia ter despencado no chão com o simples vislumbre de um vexame dessas proporções. O fato de só estar de toalha, e de provavelmente não ser páreo para sua irmã, desapareceu de sua mente por completo. Quinn agarrou sua última arma em forma de pelúcia e se jogou sobre Francine.

— Não ouse, Francine Marie Fabray! – ela disse sacudindo o pobre Senhor Polvo por um de seus oito bracinhos cor de rosa, como se brandisse o mais letal de todos os artefatos de guerra.

Elas caíram juntas sobre o colchão, com Francine as gargalhadas e Quinn ainda gritando irritada, batendo com o polvo em cada pedaço do corpo de sua irmã que ela pode alcançar.

— Rachel nunca mais vai olhar para mim depois desse jantar!

...

ENQUANTO ISSO, NA CASA DOS LOPEZ...

Santana estava cara amarrada, sentada de braços e pernas cruzadas sobre o sofá do lounge da sua casa. Rachel a encarava de queixo erguido.

— Será que eu também não tenho o direito de desfrutar de um belo jantar, ou da companhia da minha companheira hoje à noite, Berry?

— Brittany pode lhe fazer companhia. Eu não disse que você devia patrulhar sozinha. – Rachel respondeu fechando a cara para insolência de Santana.

— Alguém já disse que você é paranóica? Ninguém em sã consciência vai invadir a casa dos Fabray com a Alfa-maravilha lá dentro! Sua amada rainha da irritabilidade estará totalmente segura. Além do mais, Puckerman e Karofsky são os escalados para liderar a guarda hoje à noite, juntamente com aqueles outros inúteis do segundo escalão.

— Eles vão estar correndo pelos bosques. E os Warblers assim como a grande maioria dos alunos da Dalton, juraram lealdade a alcateia. Portanto, são parte de nossa família agora. Não quero ouvir você se referindo a eles como segundo escalão. – Rachel respondeu bufando alto e cruzando os braços sobre o peito.

— Eles são um bando de lobos gays, praticamente tingidos de cor de rosa desde a concepção que agora resolveram se juntar ao time vencedor quando viram o tamanho do estrago que você pode fazer...

Rachel se levantou de uma vez. E Santana se levantou atrás.

— Rachel, quer parar com isso? Quantas vezes falamos sobre isso nas duas semanas? Não. Foi. Sua. Culpa. Pare de se sentir mal em ser ‘A Alfa Super Fodona’, e pela primeira vez na vida dê valor aquilo que você conquistou! Todas as alcateias do Condado estão correndo para Lima para jurar lealdade a você! A cada dia que passa, sua fama se espalha mais e mais. Nunca ninguém soube de algo assim! Até mesmo Sue Sylvester está impressionada com o nível das suas habilidades nos treinos e nos exercícios insanos que ela vem inventando. Eu mesma ainda estou boquiaberta de como você sobreviveu aquela queda sem nenhum arranhão! Aquele desfiladeiro tinha o quê? Cem metros?

— Cento e vinte...Mas isso não vem ao caso, Santana. Eu não quero ser um monstro! E não gosto que por minha causa Quinn esteja sob a mira de algum lobo psicopata e sua alcateia de desajustados.

Santana revirou os olhos. Elas já tinham falado sobre isso pelo menos um zilhão de vezes.

— Okay. Chega. Você não é um mostro. Você simplesmente descendente da linhagem mais poderosa de todos os tempos. Ponto final. Quinn está na mira do inimigo não somente porque ela é sua companheira, mas porque ela é descende da segunda linhagem mais poderosa da nossa sociedade. Desde os primórdios não se via um casal Alfa desse nível, e é lógico que sempre vão existir malucos gananciosos o bastante para desejarem tanto poder. Então, por favor? Que tal parar de choradeira e largar do meu pé? Você precisa ir se arrumar para jantar na casa de seu amorzinho, não é? Convite de sogra não se nega, Berry.

— Eu ainda vou arrumar o castigo suficientemente grande para essa sua insolência. – disse Rachel virando de costas e saindo da sala de cara amarrada.

—Duh! Nada é pior que ficar tendo que enfiar juízo nessa sua cabeça dura, Berry! Pode acreditar! – Santana berrou, se jogando sobre as almofadas do sofá com um sorriso malicioso no rosto.

...

DE VOLTA A RESIDÊNCIA DOS FABRAY

— Então, ela irritou você quando disse que sua voz, as vezes, soava aguda demais? – Frannie perguntou, oferecendo uma colherada de sorvete para sua irmã.

— Ela disse que eu desafinava quando tentava atingir as notas mais altas. Quer dizer, que tipo de criança de cinco anos de idade se importa tanto com isso? – respondeu Quinn revirando os olhos abocanhando a colher estendida na frente de sua boca.

— Depois ela se ofereceu para ajudar você a praticar? – Frannie continuou, cutucando a última porção quase descongelada de sorvete dentro do pote.

— Ela disse que podia me ajudar a praticar, e que talvez, um dia eu fosse tão boa quanto ela ou a senhorita Fisher. – disse Quinn se levantando da cama irritada. A mera lembrança da sua antiga professora a deixava com vontade de chutar algo.

As duas irmãs haviam acalmado os ânimos logo após uma singela intervenção de Victória Fabray. Digamos que nada que algumas ‘doces palavras’ berradas em francês e um olhar aterrorizante não resolvessem. Depois disso, elas resolveram sentar-se na cama e terminar o pote de sorvete que Frannie havia trazido. Em algum momento da conversa, Frannie havia perguntado a Quinn quando exatamente Rachel e ela haviam se tornado inimigas mortais.

O que nos leva a esse momento, com Quinn já impaciente, atirando opções de vestidos sobre a cama sob o olhar atento de sua irmã.

— Quem era a senhorita Fisher? – Frannie perguntou genuinamente curiosa, inclinando a cabeça de lado ao notar os sinais de irritação se espalhando pelas feições de sua irmã caçula.

— A adorada professora dela. Ah, eu odiava aquela mulher. Ela tinha uma música para tudo, até para a hora de sentar! Lógico que Rachel achava que ela era incrível.

Frannie franziu o cenho.

—Oh, essa foi a professora que você convenceu Santana a chutar a canela no jardim de infância?

— Talvez. Isso nunca foi realmente comprovado. – Quinn respondeu mordendo o lábio inferior, fingindo inocência. Depois puxou um vestido laranja de mangas curtas de dentro do armário e seguiu até o banheiro.

— Sei... Então, a partir disso você resolveu declarar guerra à Rachel? – Frannie continuou, vendo Quinn desaparecer pela porta do banheiro de seu quarto.

— Eu disse que não queria mais falar com ela e a proibi se se aproximar de mim. – Quinn respondeu lá de dentro.

— Mas pelo que me lembro, os ataques com os slushies só começaram quando vocês tinham doze anos.

A loira mais nova saiu do banheiro ainda de toalha, atirando o vestido que havia levado lá para dentro sobre a cama e indo mais uma vez na direção do armário.

— Eu não me lembrava desse detalhe. Acho que aconteceu no baile de boas-vindas. – Quinn se virou para olhar para sua irmã, e era bastante visível sua impaciência ao relembrar o que acontecera. – Ela e Noah Puckerman apareceram juntos e eu não sei... Ela estava com esse ridículo vestido azul cheio de estrelas, sorrindo feito uma idiota para ele. Santana deve ter falado algo sobre como os filhos deles iriam se parecer mais com tamanduás do que lobos quando se transformassem. A próxima coisa que lembro é de chamá-la de nariz de tamanduá e atirar um Slushie de uva na cara dela.

Frannie não conseguiu conter a gargalhada.

— Você é bem dramática, irmãzinha.

— O que você quer dizer com isso? – Quinn perguntou cruzando os braços sobre o peito.

— Será que você nunca notou o padrão? Você declarou guerra à sua parceira, porque durante todos esses anos, você não conseguia lidar com o fato de que morria de ciúmes dela. Primeiro da professora que ela idolatrava e depois por causa da possibilidade dela ‘ter pequenos tamanduás’ com alguém que não fosse você. Uau. Eu devia mudar meu curso para psicologia, arquitetura de repente não parece ser tão divertido...

Quinn tinha os olhos arregalados para ela.

— V-Você está louca. – ela conseguiu dizer por fim, totalmente incrédula.

Frannie precisou se controlar para não explodir noutra risada ali mesmo. Quinn estava visivelmente chocada, a expressão em seu rosto dizia claramente que só agora ela havia percebido o que sua irmã levara segundos para decifrar. Era bem provável outros fatos também estivessem se juntando tal qual peças de um enorme quebra-cabeças em sua mente. O que significava que a realização da verdade não demoraria muito para ser percebida por Quinn. ‘Oh, aquilo era absolutamente hilário.’

Frannie continuou.

— Eu posso estar louca, mas isso não muda o fato de que eu tenho razão. Quinnie... Pense. Desde dos três anos você assumiu um milhão de tarefas, aulas, lições extras, treinamentos. Tudo para ser a melhor para alguém que nem mesmo sabia de sua existência ainda. E de repente, você a encontra... E ela está lá sem se importar com nada disso, simplesmente vivendo a vida. Livre de todas as responsabilidades que você tinha que carregar nos ombros por vocês duas até então.

— Mas eu não sabia. Eu não podia saber que ela...

—Certamente não conscientemente. Mas, talvez, sua Loba interior soubesse. E é bem provável que ela seja tão cabeça-dura e possessiva quanto você, porque com certeza ela deve ter tomado as atitudes da Rachel como uma rejeição... E por causa disso, você literalmente soltou os cachorros em cima da coitada.

Quinn olhava para sua irmã boquiaberta.

— Então... Eu... Eu gosto da Rachel... Desde...

— Correção. Você sempre gostou da Rachel. Desde...

Frannie se calou por alguns minutos, se contentando em observar o cérebro de sua irmã trabalhar. Seu rosto assumira uma tonalidade rosada e lentamente a realização de seus verdadeiros sentimentos por sua companheira lavou suas feições e Quinn cobriu a boca com uma das mãos.

— Eu sempre... Gostei dela. – ela disse finalmente, destapando a boca.

— É o que parece. – Frannie assentiu simplesmente.

— Oh, Deus. Eu sempre gostei dela. – Quinn admitiu novamente dando um passo para trás. Seu rosto estava completamente vermelho e suas orelhas pareciam estar em chamas.

— Como eu disse, é o que parece. – Frannie repetiu calmamente.

E foi então que Quinn surtou.

— Frannie! Eu realmente gosto dela! Desde o minuto que ela entrou na sala com aquelas trancinhas, vestida com aquele vestidinho de marinheiro! Eu lembro de ter ido até ela e dito o quanto os sapatos vermelhos dela pareciam com os da Dorothy! Oh, Deus eu sempre tive uma queda por Rachel Berry! Não! Eu tenho mais que uma queda por Rachel Berry, eu sou apaixonada dela!

— Que bom para você, maninha. – ela respondeu rindo.

— Sua idiota! E agora? O que eu faço? O que eu visto? Frannie! Eu estou horrível! Passei a tarde cozinhando e agora, graças a você, estou novamente suada. Oh, Deus! Meu cabelo! Minhas mãos ainda estão cheirando a alho? Que horas ela vai chegar? Que horas são? Olhe para mim! Eu ainda estou assim! Se eu não estiver pronta mamãe vai atender a porta e vai fazer companhia a ela, ou pior, você vai fazer companhia a ela enquanto me arrumo! Vai ser um desastre!

— Vai mesmo...

— O QUÊ?!

— Olha só a hora. Será que você consegue ficar pronta a tempo de impedir sua irmãzinha mais velha de tentar estreitar os laços de amizade com a futura cunhada? – disse Frannie se levantando da cama e indo até a porta.

— FRANNIE!

— Tchau Quinnie-bear.

— MAMÃE! – a loira caçula berrou num tom de voz tão agudo que Frannie precisou cobrir as orelhas. Dessa vez, um tubarão de pelúcia decolou pelos ares atingindo a loira mais velha em cheio no rosto.

...

QUARENTA E OITO MINUTOS DEPOIS

Rachel subiu os degraus até a porta de entrada da residência dos Fabray fazendo de tudo para conter a ansiedade. Maldita Santana Lopez e suas mensagens de incentivo. Definitivamente ela teria que dar um jeito de encontrar algo indubitavelmente cruel para ensinar a garota a respeitá-la.

Seu celular vibrou de novo dentro do bolso de sua calça, e Rachel revirou os olhos, puxando o aparelho de uma vez e destravando a tela.

‘Você sabia que toda essa sua atitude rabugenta sumiria rapidinho se por acaso você desse logo uns bons amassos na Fabray? Aposto que ela também está precisando de uma relaxada... Ser virgem faz mal para saúde!’

Rachel quase esmagou o aparelho com as mãos. Ela faria Santana ir correndo de macha ré até a Califórnia. Segurando o rabo entre os dentes! Isso! Pouco importava como raios ela faria isso. Ela que desse um jeito.

Passando as mãos por suas longas madeixas castanhas, Rachel respirou fundo mais uma vez, encarando a grande porta de madeira escura na sua frente. Sua mão direita ficou estendida diante dela, congelada no ar, com o indicador pairando na frente do botão da campainha durante uns dois minutos. Até que por fim, ela afundou o dedo sobre a superfície branco perolada, fazendo o ding dong ecoar em seus ouvidos tal qual uma das trombetas do apocalipse.

Era tarde demais para fugir, mas não tão tarde para se arrepender. Quando Judy Fabray abrisse a porta, ela iria se desculpar e sair dali o mais rápido possível. Então, um barulho estranho semelhante a um guinchado baixo, seguido de passos apressados chamou sua atenção. Seus sentidos entraram em estado de alerta, e seu coração acelerou de preocupação. Quando ela já se preparava para derrubar a porta, a mesma se abriu de uma vez, revelando a única pessoa que seria capaz de arrebatar o ar de seus pulmões com um simples olhar.

— Oi Rachel. – Quinn murmurou timidamente com um sorriso inocente.

Rachel piscou deslumbrada. Ela estava linda. Seus cabelos caiam sobre os ombros, com uma pequena parte da franja emoldurando seu rosto angelical e deixando o rubor de suas bochechas bastante evidente. Seus olhos pareciam joias brilhantes. Aquele mar em tons de verde e avelã nunca estiveram tão radiantemente esplendorosos. Eles facilmente poderiam ser confundidos por estrelas, ou até mesmo por faíscas de alguma coisa qualquer que estivesse prestes a chamuscar pelo céu. Era quase tão caloroso quanto aquele doce sorriso, que assumiria facilmente a representação literal de qualquer cliché, que a declarasse capaz de derreter o coração de uma pessoa naquele instante. Até mesmo a maneira como ela apoiou o rosto junto a porta, logo após dizer ‘oi’ era encantadora.

Completamente sem palavras, Rachel correu os olhos pelo vestido branco de renda, que apesar de visivelmente se tratar de um modelo ‘tomara que caia’, tinha sido impedido de mostrar mais do que Rachel desejava ver, por um dos tão infames cardigans que Quinn tanto gostava de usar. O pequeno adorno amarelo cobria seus ombros, mas deixava boa parte do decote à mostra, e nesse momento Rachel soube que nunca um motto fora tão bem representado por alguém, porque Quinn realmente sempre era capaz de provocar, sem nunca na verdade revelar absolutamente nada.

Seus planos de desculpar-se e ir embora foram-se pela janela, mesmo antes da senhora Fabray aparecer em seguida, quebrando o silencio agradável que envolvia as duas garotas, as escoltando até a sala.

— Mamãe, acho que ouvi Frannie chamando pela senhora... – Quinn disse casualmente, deixando seu sorriso iluminar o ambiente. Rachel percebeu um brilho adoravelmente travesso em seus olhos. – Ela estava com problemas para achar algo para vestir... Em meu armário.

Judy Fabray teve que se conter para não deixar transparecer seu choque. Mas, o breve momento onde seus olhos esverdeados se arregalaram para sua caçula, traduziram que as tão inocentes palavras de Quinn significavam algo completamente diferente para sua mãe.

— É melhor eu ir ajudá-la, então. Não é mesmo querida?

— Obrigada, mamãe. Ela parecia tão atordoada quando a deixei.

Judy evaporou escada acima no mesmo momento. Não havia mais ninguém a vista. Elas estavam sozinhas na sala.

Rachel engoliu seco.

— Seu pai... Err – ela precisou limpar a garganta ao ver Quinn dirigir sua atenção de volta a ela. – Onde ele está?

Quinn sorriu mais uma vez.

— Ele ligou mais cedo dizendo que se atrasaria. Espero que você não se importe em esperar um pouco pelo jantar.

A voz dela era como a mais suave melodia e Rachel queria poder ouvi-la para todo sempre.

— Não. Não me importo.

O rubor se espalhou ainda mais pelo rosto da loira e ela abaixou a cabeça visivelmente encabulada.

— Que bom...

Rachel desviou o olhar, repentinamente bastante interessada na decoração do cômodo onde elas estavam, e de repente Quinn pareceu um pouco insegura.

— Posso mostrar a casa para você. Quer dizer, se você quiser... Só para matar o tempo.

‘Ela é adorável até quando não sabe o que dizer’, Rachel pensou.

— Você é adorável. – Rachel deixou escapar, mas ao ver Quinn arregalar os olhos para ela, a morena fingiu tossir. – Seria adorável. Eu adoraria.

O tom rosado voltou a colorir as feições da loira, e ela mais uma vez abaixou o rosto na esperança de encobrir o sorriso tímido que surgiu em seu rosto. Algo que não passou desapercebido por Rachel.

— Tudo bem. – Quinn sussurrou. E sem perceber, sua mão alcançou a de Rachel, imediatamente entrelaçando seus dedos aos da morena, e a conduzindo até mais adiante na sala de estar.

Apesar de ter sido pega de surpresa pelo gesto, dessa vez, Rachel não sentiu vontade de se afastar dela. Um sentimento morno pareceu se espalhar por ela enquanto seguia Quinn por entre os móveis da sala.

...

NAQUELE MESMO INSTANTE NO NEW YORK VOCAL COACHING OFFICE, UPPER WEST SIDE - NEW YORK CITY

Shelby Corcoran se despediu do senhor Stoney logo na esquina do antigo escritório da companhia. Apesar deles agora possuírem uma sede bem maior em Midtown, ocupando todo o terceiro andar do número 10018 na 150W com a 36th, as reuniões com Justin Stoney continuavam acontecendo no antigo endereço.

Não que ela se queixasse. Na verdade, ela sempre achou o antigo escritório um tanto mais charmoso, por assim dizer. As horas passadas entre aquelas paredes, junto ao piano com Manny Cooner a observando, enrolado numa poltrona próxima ronronando sua aprovação ao progresso de seus alunos, sempre teriam um lugar especial em suas recordações. O escritório novo com certeza trouxe mais glamour e espaço, mas a vizinhança de aspecto tipicamente nova-iorquino do antigo endereço ainda tinha um apelo maior em seu coração.

Ela puxou a gola do casaco, ajeitando seu cachecol de lã em volta do pescoço. A temperatura ultimamente estava um tanto imprevisível e quando menos se esperava, o termômetro surpreendia com um calor insuportável ou um frio terrível.

A equipe do canal do tempo estava tendo dias estressantes.

Virando a esquerda no cruzamento com a 87th, Shelby revirou os olhos passando direto pelo açougue, lembrando de como seu pai havia deixado claro o quanto sua nova dieta alimentar não o agradava. Ele até podia ser o Lobo Alfa, mas suas artérias não eram de aço.

Decidindo amenizar as reclamações dele durante o jantar desta noite, ela se dirigiu até a entrada do Barney Greengrass, um restaurante da vizinhança famoso por seus pratos com peixes. Não era carne vermelha e sangrenta como seu pai dizia, mas pelo menos era melhor do que tofu.

Ela fez seu pedido, e como já era conhecida pela maioria do staff, disse que aguardaria na cafeteria da esquina até que tudo estivesse pronto. Mas, Shelby não chegou nem mesmo a calçada da ‘The Coffe Bean and Tea Leaf’ como pretendia.

O celular tremia na sua palma enquanto ela só conseguia encarar o visor de olhos arregalados. Ela havia esperado anos por aquela mensagem.

‘A hora está se aproximando. A Alfa de Lima acordou. Seja breve.’

Seu pai teria que se contentar com tofu para o jantar.


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Notas finais do capítulo

Chase: Mais uma vez iremos implorar pela compreensão de vocês. Ainda não conseguimos voltar a nossa programação. Será uma espera de três semanas, então dia 16 de maio. Mais uma vez pedimos desculpas e agradecemos a paciência de todos.
Por favor, não desistam dessa história.