A Liberdade do Corvo escrita por Raquel Barros, Ellie Raven


Capítulo 33
Capitulo Trinta e Dois – Emma.


Notas iniciais do capítulo

Grandes emoções nesse capitulo...



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Se a algo que influencia e muito em sua vida em Onyx é um sobrenome. Ele é o que te define na sociedade, que te faz ser respeitado e muitas vezes te dar uma porção de privilégios e responsabilidades. O meu problema é que eu não tenho um. Nem eu, nem Vinicius. Perdemos o nosso no mesmo dia que perdemos a mulher que considerávamos nossa mãe. E mesmo aquele não era o sobrenome verdadeiro. Isso me reduz a uma simples abandonada que vai perder o irmão amanhã e ficar sozinha no mundo.

–Você tem uma péssima mania de desmaiar quando recebe uma grande carga de energia.

Comenta Beverly, sem ao menos olhar para mim. Ela estava muito ocupada estudando um mapa. Fico impressionada como ela sempre sabe quando eu chego. Parece até que eu tenho algum rastreador interno por que ela e Ethan sempre sabem onde eu estou. Ou como estou tanto faz.

–Você sabe qual é o meu problema.

Retruco me aproximando. Beverly levanta o olhar e me encara. Ela tinha olhos azuis elétricos. Eu não tinha percebido que eles emanavam energia, como se todo o seu interior fosse de pura eletricidade. Ela solta um sorriso de lado que me era familiar e levanta as sobrancelhas.

–É difícil saber quais são seus problemas, Emma. Você tem muitos problemas.

–Fisicamente.

–Sobretudo, não tem nenhum problema fisicamente. É perfeita, não vê? Só não está bem em duas áreas fundamentais: Mente e coração. Por isso não agüenta segurar a Luz por muito tempo. Se não tiver luz dentro de você, não há como existir luz fora de você. O coração é tudo para uma dama da luz e para o resto também.

–Não sou uma dama da Luz! E não sei como conseguem ser Luz vinte quatro horas por dia.

–Não existe ninguém no planeta que consegue ser Luz vinte quatro horas por dia. Somos pessoas, quase humanos e muito suscetíveis ao erro e não somos Deus!

–Você parece que consegue.

–De maneira alguma!Não me viu furiosa ainda. E pare de pensar em damas da Luz como pessoas perfeitas, totalmente doces e positivas, Emma. Estamos mais para o fogo que apesar de esquentar quando se chega muito perto queima. Tentamos apenas sermos pessoas boas, de bom coração, que gostam de preservar a vida e se importar mais com as pessoas do que com os objetos.

–Então as damas da Base têm eu rever seus conceitos.

Resmungo olhando para o mapa que ela estudava. Beverly faz uma careta. Simplesmente não combinou com ela, o que deixou ainda mais evidente seu desgosto. Parece que para a Beverly Blood as damas da Luz da Base simplesmente não são damas da luz. E não se precisa de muitos argumentos para aceitar a idéia. Poderia começar comigo, não? A maioria das pessoas da Base vê que eu sou simplesmente rejeitada, renegada e humilhada no grupo que deveria aceitar todos, independente de força. Isso sem contar as panelinhas, a competição para saber quem é a melhor, a mais poderosa... Parece mais um grupo de Darks. E até os darks me parecem mais unidos.

–Que data é hoje?

–18 de abril.

–Amanhã já é dezenove?

–Sim. Por quê?

–Amanhã é um dia importante.

–Claro que é! Meu irmão vai morrer amanhã se você não lembra.

–Não, Emma, amanhã faz dezoito anos que eu sumi! E isso é bom sinal.

–Você ouviu quando eu disse que meu irmão vai morrer?

–Não vai não!

–O que? Vai falar com o Alef que não é para matar a minhoca? Por que não fez isso antes?

Pergunto, sendo irônica, mal educada, um tanto furiosa e muito esperançosa. Toda vez que eu ver uma minhoca a partir de agora vou chutá-la. Parece até que o Vinicius tem um monte delas na cabeça no lugar do cérebro. Inventou logo de cometer o crime mais grave em Onyx, depois de matar um nobre, é claro.

A Beverly rir e coça o antebraço. Nele tinha o que parecia uma marca. Flores, folhas e hastes prateadas. Isso me lembra de coçar o meu antebraço. Aquela marca nele é tão estranha. E eu nunca a tinha visto antes.

–Emma, não mostra isso a ninguém, ok?

–Isso o que?

–A marca em seu braço. Se em você já apareceu, em Vinicius também já apareceu e é uma questão de tempo até que ele se revele como quem é de verdade.

–Ele não tem tempo.

–Tem sim! As execuções em Onyx sempre acontecem às cinco da tarde, vocês devem ter sido concebidos as quatro e nasceu ás quatro e cinqüenta e nove, o que faz com que Vinicius tenha dois minutos e poucos segundos antes de começarem a execução o que é mais do que o suficiente para descobrirem quem são de verdade.

–Isso vai salva-lo?

–Definitivamente, mas não deixe que ninguém veja a marca nele e em você. Se não ela vai matá-los.

–Ela quem?

–Tudo no momento certo. E cuidado com os desmaios. Agora, acorda.

Ordena Beverly.

–-

Levanto em sobressalto. Três pares de olhos assustados me encaram como se eu tivesse voltado da morte. Limpo as lagrimas que eu deixei escorrer até de mais, e levanto. A Gwen faz uma careta e eu logo pergunto:

–O que?

–Você está cheia de marquinhas pelo corpo!

Responde me olhando como se eu fosse uma estranha. Olho para o meu outro braço, e mais um desenho tinha se formado nele, tomando todo o braço. Vermelho fogo e chamas. Novamente, com as flores. Meu corpo estava queimando. E minha pele ardia. O conselho de Beverly martelava em minha cabeça. Não mostrar para ninguém. Pelo o que ela deixou transparecer é vital tanto para mim quanto para o Vinicius. Olho no espelho que tem na sala de Arya e vejo meus olhos arregalados olhando para todas as marcas do meu corpo. Não tinha no rosto, mas, para compensar meus olhos estavam de seis cores: prata perto da pupila e então respectivamente azul, verde, castanho e vermelho, com preto o rodeando. Sinceramente é um tanto assustador. Bonito, mas assustador. Na minha nuca começava uma marca e ela ia descendo por todo o corpo até o quadril e pulava para os tornozelos e pés. Parecia que tinham tatuado todos os elementos em meu corpo em cores diferentes. Ar do pescoço ao inicio dos braços, que se transformavam em fogo, água até os quadris, pegando as costas por completo e nos pés terra. O azul dos meus olhos foi tomando todo o colorido e as marca, para meu alivio forma desaparecendo com o colorido dos meus olhos. Sobrou apenas a marca em meu antebraço. A adaga negra. E ela até que é fácil de esconder. Coloco um casaco sobretudo roxo sobre o que eu estava vestida e luvas, por que pássaros tinham aparecido em minhas mãos. Não sei como essa combinação de tantos desenhos ficou tão bonito. Deve ser para compensar a estranheza.

–Aonde vai?

Pergunta Arya. Ela semicerra os olhos aguados azul gelo quando me vê com seu sobretudo preferido.

–Depois eu devolvo.

Aviso, calçando botas. A Arya tem uma coleção inteira delas e por sorte calçamos o mesmo tamanho. E as roupas dela sempre cabem em mim, apesar de eu ser um tanto maior e mais pesada do que ela. Arya levanta as sobrancelhas negras. Seu gesto é repetido por Gwen e Zoey. Pronto, a semente da curiosidade já foi semeada.

–Hã, não contem para ninguém o que aconteceu aqui! Nem das marcas, ou do desmaio.

–E se for sério?

–Sério vai ficar se uma de você contar a alguém, Zoey.

–Ok!

Concorda as três em um único som. Coloco o cachecol e vou para o controle central dessa base. Meu irmão está detido e será executado lá. Chegar à Base levou alguns minutos. Eu espero sinceramente que ninguém tenha descoberto sobre as marcas. Como não posso ir diretamente as celas, sem a permissão do Alef vou para a sala dele. Bato na porta e espero pacientemente. Alef estava discutindo com alguém e para quando ouve as batidas. Um minuto depois a porta é arrancada. Simplesmente arrancada pelas trevas. O Dark estava em um estresse que só. E olha que quem vai perder o único irmão sou eu. Fico parada na porta, encarando os dois homens de olhos negros que me encaravam como se eu tivesse interrompendo algo muito importante. Um era o Dark, o outro, sentado em cima da mesa como se ela fosse seu trono eu não conheço. É bem mais jovem do que o Dark, tipo uns dez anos. Tem um cabelo que chega aos ombros e são lisas como penas negras, a barba está mal feita e se veste com roupas de marca e branco. Ele se parecia com o Dark. Só que estava mais para um rei eminente a um Dark.

–Que foi Emma?

Pergunta o Dark brutalmente. Engulo seco. Vai que ele inventa de me atacar. Esses Darks são imprevisíveis como um fenômeno da natureza.

–Fala logo, garota.

–Eu tenho nome e só vim pedir permissão para falar com o Vini. Desculpas se eu os interrompi.

–Para que você quer falar com o Vinicius?

–Me despedir. E falar algo para ele que a minha mestra disse. É meu direito e constitucional.

–Então por que veio falar comigo?

–É imprevisível! Não me arriscaria a sua fúria.

Respondo olhando para alguma coisa que chamou minha atenção. Não me lembro da parede de Alef tão brilhante. Ou desses símbolos nela. Águias, Lizards, armas, flores, plantas, corvos e lobos se misturavam nela.

–Deixa eu te contar uma novidade! Você está se arriscando agora! E meu deixando mais furioso.

–É melhor você ir, garota com nome.

Aconselha o desconhecido. Faço uma reverencia. Ele não disse nada sobre o assunto então quem cala consente. E mesmo que isso não seja um sim, quem vai se importar. Sou apenas uma irmã desesperada. E se o Dark não entender isso eu juro que apelo. Sou mais do que capaz. Sigo para as celas. Já tinha gravado o numero da cela do meu irmão. O carcereiro abre para mim. Normalmente os presos têm companhia, mas, o Vinicius inventou e aprontar e o colocaram na solitária. A porta se fecha atrás de mim. De primeira eu não vejo meu irmão. Até que eu o encontro encolhido no canto da sala.

–Vini...

–Que?

Pergunta com a voz fraca de mais para ser um bom sinal. Parece que andaram batendo nele. O que é bem provável.

–Você está bem?

–Não importa. O que faz aqui?

–Vim te ver.

–Você não vai gostar do veio ver.

Retruca quando eu me aproximo mais dele. Vinicius abre os olhos e me encara. Seus olhos não estavam nem negos nem azuis, mas lilases, quase pratas. Eles brilhavam no escuro.

–Você não deveria ter vindo.

–Tem alguma marca nova?

–Por que a pergunta?

–Eu estou cheia delas.

–Não me apareceu nenhuma marca.

Responde-me para meu quase desespero. Como eu tenho marcas que meu irmão gêmeo não tem?

–Coceira?

–Nas costas! Já sinto a desde que completamos dezessete, mas nos últimos dias ela se intensificou e é terrível.

–Posso ver?

Pergunto. Ele vira um pouco e tão claro como a lua na noite tinha uma terrivelmente grande em suas costas. Começava na coluna vertebral e pareciam penas tatuadas em suas costas. Como se esconde isso?

–Deus do céu!

–Que foi?

–Como vamos esconder isso?

–Isso o que?

–Essas marcas em suas costas!

–Para que esconder?

–Deixa Vini. Eu dou o meu jeito. Acho que vou dormir aqui hoje!

–Você ficou louca de vez?

–Igual nos velhos tempos. Preciso aproveitar cada ultimo momento com você!

–Ok!Ok! Deita aí! E não ronca.

–Eu nunca ronquei!

Retruco rindo, me aconchegando nos braços do meu irmão. Coloquei o sobretudo em cima de suas costas. Talvez essa seja a ultima noite de Vinicius, talvez não. Só me resta a esperança.

–-

O tempo passa mais rápido quando você não quer que ele passe. E parece que só por que eu inventei de dormir perto do meu irmão hoje, a noite voou. Sou basicamente acordada com um chute. Obviamente levanto em sobre salto. Fuzilo o guarda com os olhos super irritada. Olho no relógio. Já é meio dia. A execução não começa agora, mas normalmente há uma total preparação. Reforçam a segurança, castigam o condenado, como se a morte já não fosse um castigo suficiente e votam se irão aplicar a pena máxima ou não.

–Prisioneiros não têm direito a mimos!

Avisa o guarda. Ele só foi dar conta de que eu estava ainda aqui agora? E precisava mesmo me dar um chute? Pelo amor de Boreh! Esse povo está é perdendo o respeito. E eu já tinha que acordar mesmo. Nunca dormir tanto na vida.

–Mas os parentes têm!

–Tanto faz! Cai fora daqui!

–Pede, por favor! E talvez eu pense nisso.

–Não enche o saco, garota!

–Ser cortes não vai te matar.

–Saia daqui.

–Nem arrastada.

Retruco com um tanto de raiva que nem estou pensando direito em tom de desafio. Parece até que minha mente foi nublada por uma nuvem negra. Mas quem se importa? As pessoas não se importam e não querem se importar, por que eu então vou fazer isso. Encaro o guarda olhos nos olhos. As pessoas não deveriam me subestimar, me considerar frágil de mais e por isso dócil. Fragilidade e doçura não são sinônimas, são ação e conseqüência. A ação de ser frágil vem com a conseqüência de ser doce para que assim ninguém ouse mexer com você. Sobretudo eu cansei de ser simpática, adocicada e a boazinha com quem não merece. Simplesmente descobri que não faz parte da minha natureza. Cansei de dar sorrisos para ganhar socos. Se for para ganhar tapa que seja por merecer e com muita dignidade.

–O que está acontecendo aqui?

Pergunta Alef. Ele já estava pronto para começar todo o processo. Não usava a capa que normalmente diferencia os Blood das pessoas normais. Estava apenas de preto, como sempre fica. A mão do guarda folga em meu braço. Alef olha para mim e para o guarda e semicerra os olhos. Ele para a me encarar por um tempo. Ah! Esqueci! As marcas. Ou a marca. Tanto faz. O que estiver em total evidencia agora.

–O que você andou aprontando?

–Nada!

–Nada? Nunca vi tantas em uma pele só! Fogo, ar, água, terra, eletricidade e metais tudo junto. Você não é uma dama da luz, Emma?

–Pelo o que eu saiba, sim!

–E por que está tão cheia de trevas?

–Não sei!

–Somos neutros, senhor.

Informa Vinicius, levantando do chão. Ele fez uma reverência e deu um peteleco na mão do guarda que soltou meu braço rapidamente. Olho um tanto confusa para Vinicius. Eu já sabia que eu e Vinicius junto somos neutros. Mas ele falou como se cada um tivesse sua própria capacidade de se mover entre trevas e luz. Se pudermos, então por que fomos criados como se cada um tivesse herdado apenas um dos lados? Eu não fui criada como uma neutra fui criada como uma dama da luz.

–Estou quase sentindo que a Emma vai começar a me arranjar problemas.

–Ah! Senhor Alef, devem ser os nervos...

–É claro! Ninguém perder o único irmão e a única família ao mesmo tempo no mesmo dia, não é?

–Emma não é hora para ironias.

–Nunca é hora para ironias.

Retruco meio azeda, apenas para o desespero do meu irmão. Isso é para ele sentir o gostinho do que eu passei. Essa cabeça de minhocas!

–Acho que um sedativo resolve.

Propõe o guarda. Olho para ele que dá uma recuada. Hoje o dia não nasceu para mim. E hoje eu não estou para a simpatia.

–Sedar essa menina seria como acordar um furacão quando se tenta acalmar apenas uma tempestade em copo d água.

–Ela é tão baixa e pequena... Não tem cara de que vai arrumar confusões monumentais.

Minha esposa também Kill. Ela é baixa e frágil, mas isso não a impediu de ser a dor de cabeça permanente de Hazazel há mais de cem anos. Nunca subestime ninguém, e não se esqueça do que eu estou te dizendo agora. E Emma, por favor, cai fora.

Pede Alef em seu melhor estilo educado bem mal educado. Faço uma reverencia e vou chorar minha lagrimas bem longe de uma das suas razões.

–-

O tempo começou a passar mais rápido ainda e as quatro e meia eu tive de comparecer a execução do Vinicius. Tentaram me convencer a não ir, mas não sei se seria pior não vê-lo ou vê-lo morrer. Considerei que seria bem melhor se eu fosse dar um apoio pré-morte. Se é que existe isso. Mas, se tem algo que quem é contra a minha presença tem razão é que eu posso ficar histérica a qualquer momento e isso não vai tornar as coisas melhores. Mas fazer o que? Se quiserem que eu fique longe do Vinicius que decretem para que eu fique longe do Vinicius. Mas desde já prometo pelo menos a mobília de uma casa inteira destruída ou uma crise de loucura impassível.

Vamos ao grande salão. Como o nome mesmo diz, é um salão imenso com vinte e sete tronos para vinte sete pessoas. É um lugar muito bonito. No teto há pinturas e o chão é de mármore branco bem polido e tão brilhante que podemos ver nossa imagem. Os tronos estão em semi-circulo de frente para a porta de madeira maciça com pedras precisa cravejadas e acontecimentos importantes marcados em ouro. O maior trono da sala é o de Alef. É negro e tem duas grandes panteras de cada lado. Está claro que foi feito para conforme a personalidade de seu dono. O trono ao lado do seu está vazio há dezoito anos. É onde a Beverly reinava absoluta sobre toda a Onyx. Está na mesma altura do de Alef e é branco e vermelho. Os outros oito tronos que os segue, quatro de cada lado, também são brancos e de mármore. Seus ocupantes são respectivamente homens do lado de Alef Dexter, o Senhor dos presais Cam, o Alfa Supremo, Lucas, o Chefe da Guarda e Zayn, o Mestre do Comando Central. E mulheres do lado de Beverly, são Angel, a Justa, Caryn, a Bondosa, Carmem, a Senhora das Damas da Luz e minha ex- mãe que deixou claro que ia votar contra a absolvição de Vinicius (a mulher passou de água para vinho), Anna, a Dama das Enfermeiras. Os outros dezessete tronos eram ocupados por Arya, a deprimida Senhora dos Arqueiros, Enzo, o criador de armas e os júris Laura, Gustavo, Guilherme, Luiza, Louise, a irmã do Aspen que está chorando mais do que eu, Denise, Hans, Denis e mais sete que eu não conheço e nunca vi tão prontos para voltar um contra a absolvição e um a favor a execução. Gente que perderam familiares e que querem vingá-los de uma maneira ou de outra. Se meu irmão por algum tipo de milagre viver hoje ele vai passar o resto da vida tendo que lutar por ela.

Sento no meu lugar, rodeada por guardas, com a Gwen e a Zoey me fazendo companhia. Se eu começar-se a pensar em dar uma de maluca imediatamente me tirariam daqui e eu não quero que a ultima imagem que o Vinicius tenha de mim seja de uma maluca que ele deixou sozinha no mundo. Até que seria de boa, se não fossem as circunstâncias.

O relógio marca quatro e cinqüenta e cinco e trazem o meu irmão. Boreh! Foi nesse momento em que eu me arrependi de ter vindo. Ver o Vinicius nesse estado, todo machucado, cheio de hematomas e com as costas que acabaram de passar por chibatas doe em meu coração. Consigo ainda ver a marca prateada em suas costas. A Expressão de dor dele me doía na alma. Os olhos negros e cansados pareciam os olhos de um menino que fora castigado sem motivo e ao mesmo tempo os olhos de um homem que sabe o porquê foi tão duramente maltratado. Neles não tinham mais o azul celeste cheio de vida, apenas negritude. Falta de vida e de esperança. Prendem Vinicius a grilhões que se encontravam no chão. A morte para Darks consiste em colocá-los em um cubículo com o que chamamos de Luz defensiva. É como colocá-los em uma fogueira. Queima e cozinha os órgãos.

–Ok! Emma, você não deveria ter vindo!

Sussurra Zoey concordando com as idéias de Gwen, que queria, a propósito, me amarrar à pilastra da casa de Arya até isso aqui terminar. Como se isso fosse ajudar.

–Eu avisei!

–Não é hora para isso, Gwen. E vamos ficar quietas! Já está começando.

Avisa Zoey. Respiro fundo como se eu estivesse no lugar do Vinicius e seguro com força a mão de Zoey e de Gwen.

–Vamos nos poupar do esforço de toda a burocracia, o réu sabe o porquê está aqui, assim como todo mundo. Vamos diretamente as votações. A Zoey é quem julga sim ou não caso dê empate. Meu voto é não para a execução, esqueceram de dar uma figura de homem para ensinar a lealdade para esse menino e eu não vou culpá-lo por isso. E não posso simplesmente por que eu também faria de tudo por alguém do qual eu me importo, apesar de ser tolice e tal.

Votar Alef, fazendo cara de tédio. A paciência dele é tão grande que pulou a parte básica de todo o julgamento. Aquele discurso sobre justiça etc... Simplesmente a cara do Lorde Dark!Mas estou aliviada que pelo menos temos um voto a favor da vida de Vinicius. Os outros votos foram respectivamente sim, não, não, não, sim, sim, não, não, e um bocado de sim. Foram dez que votaram não contra dezesseis que votaram sim. Não é a grande maioria na verdade, mas seis votos condenaram meu irmão à morte. E Boreh! Nem são cinco e vinte e cinco ainda. O fato de Alef ter excluído aquele discurso tirou do Vinicius os dois minutos que a Beverly disse que seria o suficiente. Eu não estava muito esperançosa quanto a esses dois minutos, mas agora, agora eu amaria que ele os tivesse.

Olho para o Vinicius. Ele suava frio, tremia um pouco até. Estava com os olhos bem fechados e a cabeça baixa. Sinto-me anestesiada de tanta dor.

–O réu foi condenado à morte por asfixia!

Avisa Alef, um tanto infeliz. Segundos depois uma parede de vidro em cubo se forma ao redor de Vinicius. Ele olha para mim. Os olhos pratas e brilhantes. Um segundo depois cai em agonia. A nevoa dourada não tinha aparecido ainda. Meu irmão tenta levantar novamente, usando o vidro, e eu por impulso corro para ele. Não. Eu não posso ajudá-lo. Quando chego perto do cubo onde Vinicius está a nevoa dourada o cobre até a cabeça. A ultima coisa que vejo do meu irmão ainda vivo é sua mão vermelha contra o vidro. Desabo em plena dor. Ah! Meu Boreh! Meu santo Boreh! Não! Não! Não! Isso não pode está acontecendo! Minha dor, sufocante e intensa, ecoa pela sala em forma do grito mais forte e alto que eu já dei em minha vida. As luzes acima de mim explodem, assim como o cubículo de vidro. Nevoa Dourada é espalhada por toda a sala. Olho para frente. Para o Vinicius encolhido. Engatinho até ele. Fico com medo de tocá-lo. De sentir sua ele fria. De descobri que tudo isso é verdade. Não um pesadelo que eu vou acordar a qualquer momento e descobri que está tudo bem.

O corpo de Vinicius brilhava como se ele tivesse sido banhado da própria lua. Os músculos de suas costas se contraem. Ele estava vivo. A plantinha da esperança em meu coração de contrai e cresce um pouco. Chego mais perto. As marcas das suas costas brilhavam. Aos poucos elas se tornavam algo vivo. Não vivo. Palpável. Começou no meio das suas costas. Em um V invertido mais claro que o restante de sua pele. De lá começou a sair penas brancas. Aos poucos elas foram se expandindo cada vez mais rápido. Até se formar grandes asas brancas. Com as asas de Vinicius veio a grande resposta sobre quem seriam os meus pais. Tudo fez sentindo. Minha incrível capacidade de ser convincente a qualquer pessoa, as marcas em minha pele, o fato que todos me acham familiar, a desconfiança de Ethan em relação ao Vinicius, o porquê o Ethan queimou as cartas, o porquê da minha vida está constantemente em perigo... Boreh! Estava na cara. Todo esse tempo eu falava, me curvava e temia o meu pai. Meu próprio pai. O homem que controla essa base com mãos de ferro, que tem a palavra como lei, que é temido por todos, o homem que senta no maior trono do Grande Salão: O Lorde Dark.


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Notas finais do capítulo

Comentem, recomendem a historia e beijocas para todos...



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