Escolha-me [EM REVISÃO] escrita por Moriah


Capítulo 3
Música sobre linhas tênues, homens que choram por café e pupila com pupila


Notas iniciais do capítulo

Hoje é o show *0* (e a galera bate palma e grita)
Então esse é o capitulo do show (dã) e desculpem a demora, é que eu não tinha ideias de que musica que ela iria cantar, o capitulo ficou mais parado do que eu desejava, então quem não gosta de capítulos com poucos diálogos me perdoeem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581094/chapter/3

Capítulo Três:

Música sobre linhas tênues, homens que choram por café e pupila com pupila

 

 

O dia seguinte fora corrido desde a manhã até a hora do show. Pela manhã America acordou com o prédio cercado por fãs. Emily durante o café foi para a varanda acenar, se sentindo uma princesa. Os fãs traziam cartazes e recitavam canções, pouco antes de descer e ir para a praça Meri conseguiu que Joseph permitisse uma palhinha dela na varanda mesmo e foi assim que já pela manhã America virou notícia. A cantora que acordou os vizinhos cantando músicas que marcaram gerações.

Apesar do bom clima, na saída do hotel houve confusão quando um grupo contra o show — vendo-o como desrespeito à família real — começou a atacar os fãs de America. Algumas pessoas tentaram jogar lixos em Emily e America, além de pedras no carro alugado. Foi apavorante para Emily e desanimador para America. Ao chegar na praça não sobrara tempo para pensar mais a respeito do triste episódio, pois havia ensaios, passagens de som, revisão de luzes e etc. Meri conseguiu uma pausa durante o almoço para comer uma salada bem temperada com frango e ver como Emy estava se saindo com as dançarinas. Emily sempre amou dançar.

Foi enquanto estava escorada em um armário com águas e carnes secas para as dançarinas, assistindo Emily dançar e ensaiar explodindo de felicidade que o telefone de America começou a tocar. May e toda a família apareceu na tela.

E aí, Ames, como está? — era May, que se afastava do restante indo para um quarto separado.

Estou um pouquinho nervosa, mas tudo bem.

Chegamos no hotel agorinha, aqui tá uma bagunça já — May comentou, jogando-se em uma cama de lençol escuro. Era possível ouvir Henrique e Gabriel discutindo sobre um determinado quarto. — Ames, está tudo bem mesmo?

Sim, May — America sorriu e então virou a câmera, gravando Emily e as coreógrafas. — Agora, olha a nossa princesa...

Emily dançava com os trajes azuis, parecia uma princesa girando em tules e tecidos.

Vocês vão chegar à área vip em qual horário?

Eu e mamazita vamos chegar daqui umas três horas, mas Pâmela ainda está tentando convencer Sally e Henrique a se aventurarem pela primeira fila. Não preciso te dizer que dona Magda não está nada feliz com isso, né?

Se Henrique for, não vejo problemas. — Ainda assim seu coração torceu de preocupação ao pensar na ideia.  

— Bem, eu dispensei o convite porque não tenho mais idade para isso.  

— Ah pronto, May Singer. Você tem a idade delas, não se esqueça.

Foi possível ouvir May bufar. Era engraçado ver May chamar de crianças pessoas que eram, sem dúvida, mais velhas que ela em todos os aspectos — ainda assim, May sempre fora muito protetora com os quatro desde que chegaram sem um lar.

— Bem, não se atrasem. Quero dar um oi antes de subir ao palco.

— Só vamos fazer uma boquinha Ames, não seja uma velha rabugenta, por favor. Sally e Pam estão te mandando um beijo, temos que ir agora. Tente se acalmar, peça para Em lhe fazer uma água com açúcar ou sei lá, ‘ta muito nova pra ter rugas Ames...

May estava certa, ela estava nervosa demais, mas não com subir no palco na frente de tantas pessoas, mas sim com estar de volta onde as coisas começaram e lembrar-se de uma época antiga em um momento tão delicado para o país inteiro. A Rainha Kriss havia estado ao lado do Rei por doze anos e havia comandado exatamente do jeito que se esperava de uma rainha, ela havia sido a boa mão que alimentava os necessitados, a palavra educadora para aqueles em situações precárias. Havia se transformando no sorriso de Illéa.

As lembranças de sua família na antiga casa, do seu pai, de todos seus irmãos e da vida como ela era ali, lembrava da seleção, de aparecer na TV, da despedida naquela mesma praça e do castelo, das amizades e inimizades, de Marlee, Kriss e Celeste. Da rainha Amberly e do Rei Clarkson e do dia do ataque que lhes custou a vida. Estava nervosa porque iria festejar em um dia de luto.

Joseph, Tobias e Katia vieram até ela para prepará-la para o show. O resto da tarde fora para preparar a pele de Meri, maquiá-la, fazer o cabelo, vestir todos os figurinos e fazer os últimos ajustes. America foi puxada, amarrada, apertada, beliscada, repreendida, elogiada e uma hora antes do show estava com a cabeça nas nuvens, sem forças para pensar em uma frase completa que já não houvesse decorado.

— Obrigada Tobi, pela maravilhosa ideia de preparar meu cabelo apenas agora — America queria mesmo era agradecer por perder ficar uma horinha sentada quietinha na sua poltrona.

— Você está maravilhosa, America Singer — Joseph disse, antes de se retirar. Katia concordou.

— Deixei seus sapatos e vestido na arara, tem três opções para o final, quando for discursar — Katia explicou, mostrando os tecidos e sorrindo.

— Obrigada.

— Agora, não ouse estragar o penteado como na última vez, entendeu? Fotos com os fãs para o término, por favor.

America concorda como uma criança.

— Bem, você tem meia hora — Katia relembra, antes de sair do camarim com Tobias e deixa-la sozinha.

Pelo jeito o cafezinho da tarde dos Singer havia sido longo e não daria tempo de vê-los antes do show. Levanta-se indo até a arara e encarando os vestidos, a arara era em si recheada de azul e verde, mas America sabia que precisava demonstrar o respeito ao luto. O vestido perfeito estava lá e ele brilhava: eram cerca de três camadas de tecido preto na saía do vestido, com um leve tule cheio de brilhantes verdes por cima. O busto subia com mais e mais brilhantes verdes fazendo que America brilhasse da cintura para cima. Era o suficiente para lembrar que aquilo não era um enterro, mas um tributo.

— Cinco minutos, tudo bem? — Katia pergunta enquanto batia mais algum pó no rosto de America. — Você entra em... Um... Dois... Agora! — alguém empurra America e ela entra no palco saltitando a fim de manter a postura.

— Boa noite Illéa! — grita e recebe aplausos. — É um prazer estar aqui com todos vocês na minha amada cidade natal!

A melodia começa a tocar e as dançarinas encontram suas posições no palco. A música era sobre amor e ódio, sobre linhas tênues, sobre fazer o mal a quem a gente quer tanto bem — uma música de bastante sucesso e muito animada, era possível ver a platéia fazendo a coreografia junto com America. Ela se sentia viva outra vez.

A música a seguir era sobre coisas que passam, sobre homens que deixam suas mulheres irem, se aliviam com prostitutas e ao amanhecer choram porque ninguém os faz café. Sobre mulheres que comem bolos de morango, juram ódio ao mundo e constroem castelos para si. Durante a música a família Real se assenta no camarote real, seguido por uma pequena multidão além de seus filhos. Seu rosto se tornara uma máscara que America já havia visto em Clarkson e que mostrava ao mundo um Maxon que ela não conheceu. Durante o show inteiro a ruiva ignorou o camarote real e suas músicas eram no geral sobre corações partidos, garrafas vazias e bartenders que conheciam demais o seu nome.

Quando o show dirigia-se para o final a praça fora invadida por um pequeno grupo de manifestantes que aproveitava a presença da família real para reivindicar alguns direitos: a crise causada pela falta de água doce e o fechamento de escolas nas áreas mais carentes estava afetando todas as províncias, incitando todo o povo contra a imagem frágil que estava sendo preparada para que Esther governasse. Fora interrompida a transmissão ao vivo e o palco foi esvaziado após a tentativa desse grupo de subir na plataforma. Houve uma pausa de vinte minutos enquanto a guarda levava o grupo sob custódia e acalmava o público. Quando America retornou a plataforma o único membro restante no camarim real era o Rei. Cenas de violência e ódio a monarquia estavam se tornando cada vez mais comuns em Illéa.

America voltou ao palco e disse algumas rápidas palavras preparadas às pressas por Katia, sobre altruísmo e empatia, citando o ocorrido e pedindo desculpas a toda sua plateia, então a penúltima música fora sobre corações mentirosos e suas fantasias favoritas, sobre danças falsas e máscaras bem polidas, sobre duas pessoas se amando quando não deveriam nem ter se conhecido, sobre amor onde deveria haver ódio.

Então ao fim da música America pede um minuto de silêncio pela rainha Kriss e dedica à ela sua última canção, que escrevera com a ajuda de May há alguns anos para seus filhos. A letra falava sobre superar, sobre subir, sobre vencer, sobre gritos que ecoam através de cidades e alcançam corações solitários, sobre jamais esquecer, sobre eternizar.

Na metade da música o pequeno círculo onde America estava agora cantando sobe para ficar na altura dos camarotes altos e ela se vê de frente com o camarote real, pois, bem, não é à toa que é o melhor ponto de vista. Havia bastantes pessoas ali dentro e America obrigou-se a sorrir para cada uma enquanto cantava, jurou para si que não iria travar ao olhá-lo, mas faziam doze anos. Doze anos que não se olhavam pupila com pupila. Ele ainda tinha o mesmo olhar do garoto que a permitiu ir para o jardim a fim de respirar, mas em seus lábios havia um sorriso contido que America nunca desejou ver. 

Maldita seja a pessoa que controla esse palco maldito, pensou consigo. Era insuportável ver tantas marcas de um cansaço por problemas que ela não conhecia e notar uma barba por fazer que o envelhecia e deixava sexy na mesma medida. Não era mais um garoto, com certeza havia visto coisas demais — o peso da nação estava ali sobre seus ombros como uma sombra imensa.

O fim da música se aproxima e o palco desce totalmente, fazendo a platéia delirar e America quase vomitar suas tripas — “que coisa mais mal planejada” podia ouvir sua mãe falar. As luzes se apagaram, a platéia ovacionou e a ruiva desceu tremendo em todas as suas bases.

— Senhorita Singer, tem oito minutos para se vestir antes que o camarim seja aberto para visitas — alguém diz.

America concorda, não consegue falar. Essa parte era bastante fácil e gratificante: as pessoas pediam autógrafos, contavam suas histórias, tiravam fotos e partiam. Rapidamente. Na porta de seu camarim Tobias a esperava aflito.

— Não sei se alguém lhe avisou sobre a visita de alguns membros reais ao camarim — ele sorri amarelo, preocupado.

— Oh — ela solta, meio ferida. Acuada. — Certo. Obrigada por me avisar. Seria um belo susto — tenta rir.  

Dentro si só podia desejar que não fosse Maxon — Rei Maxon. Que ele tivesse o mínimo de pudor e lembrasse do corpo de sua esposa ainda quente em um caixão real. Que respeitasse os filhos que estavam ao seu lado. Que a respeitasse em sua vida, sua área, seu sonho — que não aparecesse assim como quem tem uma agulha para estourar um belo balão. Desejou com tudo em si, apavorada, que ele não aparecesse.

Seria difícil demais. Do lado de dentro havia Kátia, sentada em sua poltrona riscando fervorosamente itens de uma lista de coisas a fazer. O fato mais rápido de se descobrir sobre Kátia é que era apaixonada por listas e inventava motivos para fazê-las apenas para poder riscar itens nelas em seguida.

— Meri, você arrasou — joinha com as duas mãos e pernas encolhidas para prender o tablet. — Bem, agora os autógrafos, nós passamos os convidados vips na frente e, bem, antes deles temos a... — seus olhos arregalam e ela limpa a garganta — a família real.

— Você poderia me trazer um chá? Algo calmante...

O estômago de America se contorcia e ela dizia a si mesma que era um nervosismo natural.

— Claro, em cinco minutos — Katia se levanta e vai até a porta. — Posso chamar o primeiro? É o Rei...

America respira fundo.

— Claro.

Katia se foi, deixando America sozinha e sem um calmante. Estava nervosa, ridiculamente nervosa e não sabia o que fazer com suas mãos. Respirar, era apenas isso o necessário. Respirar. Respira, inspira, porém sem pensar muito a respeito ou se esqueceria de fazer isso automaticamente. Bem, agora já não sabia mais respirar sem precisar pensar a respeito. Isso só a deixava ainda mais nervosa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpa anjos, mas a Ames só vai ver o Rei Maxon na quinta :') Ando meio sem tempo, mas essa quinta eu posto, (depois de amanhã, nem vai demorar tanto), essa fic não é movida a comentários, mas eu danço macarena toda vez que recebo um ^-^

Música de inspiração para o capítulo foram:
Linha tênue – Maria Gadú
The Climb – Miley Cyrus
Let Her Go – Passenger
Green Lights – Lorde
Hearts Ain’t Gonna Lie – Arlissa

Até o próximo capitulo anjos ^-^

— revisado e att. em 30.07.2020



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escolha-me [EM REVISÃO]" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.