Athena e Eu escrita por Naiane Nara
Notas iniciais do capítulo
Cavaleiros do Zodíaco, infelizmente, não me pertence. É propriedade de Masami Kurumada, que é quem enche os bolsinhos enquanto me emociono feito boba.
Athena
Ele viu tudo. Então meu mundo desabou. Não suportei ser mais tão controlada e as lágrimas desceram, abundantes, pelo meu rosto.
– Seiya, espere...!
Meus passos ficam mais rápidos enquanto sussurro sem parar:
– Espere... Por favor espere...
De repente, estou correndo. Vou tropeçar na cauda idiota do vestido, mas não posso parar de correr. O que vou fazer, o que posso fazer?
– Por favor... Meu amor, espere... Por favor!
Mas ele já tinha se ido.
Ah. Meus deuses. Que isso não aconteça. Não vou suportar. Não vou conseguir se... se...
– Eros, seu idiota! Você venceu, está bem? Venceu! Agora me deixe em paz. Não precisa tirar tudo de mim.
Ninguém responde, e meu desespero é maior. Algo se abre no meu interior e eu sinto que preciso fazer alguma coisa agora, senão... Senão...
– Athena Santíssima! A senhora está bem?
Ouço a pergunta do Cavaleiro de Peixes, mas meus olhos estão embaçados demais para enxergar.
– Não, Afrodite. Está tudo errado... Tudo.
*****
Seiya
Pra falar a verdade, nem sei o que sentir. É muita coisa para processar. Mas aqui, olhando esses amigos preciosos com quem tive a sorte de conviver, vendo-os felizes, rindo, bebendo e brincando, não posso deixar de pensar que estou sendo egoísta.
Se meus maiores delírios se realizassem, eu teria que vê-los sofrer, cada vez mais... E sempre. Mas está além de mim. Nessa cadeia de eventos, não tem nada que eu possa fazer que vá alterar alguma coisa.
Se houvesse... Por maior que fosse o preço, eu pagaria.
– Mas o que há com o Pégaso, tão circunspecto? – Aiolia perguntou, com malícia no olhar.
– É verdade. – Respondeu Milo, também malicioso. – Nosso garoto aqui é sempre tão alegre... Problema sentimental será?
Empalideci imediatamente ao perceber que olhavam para Shina, próxima a nós, mas de costas para poder apreciar a bebida.
Mesmo aquela distância, pude senti-la enrubescendo de raiva.
– Não vamos ser indiscretos, não é Cavaleiros? – Shun murmurou ao meu lado. – Ele está apenas cansado. A Guerra Santa ainda é recente, e a reconstrução está dando muito trabalho.
– Isso lá é verdade. – Disse o Cavaleiro de Escorpião. – Mas graças aos deuses, já está quase terminando.
– Sim, - Tornou Andrômeda. – Devolveremos aos Templos o esplendor de outrora.
Todos ficaram em silêncio.
– Mais bebida? – Ofereceu Shun, gentilmente.
Meus lábios estavam secos:
– Eu aceito. Vinho, por favor.
– Com água. Você ainda não tem idade para bebê-lo puro – Aiolia olhou com semblante preocupado.
Shun também pareceu indeciso, mas pareceu julgar que eu precisava mesmo daquilo ao dizer:
– Já experimentou com mel? Fica até mais saboroso. Shaka me ensinou como preparar outro dia.
Por pior que fosse o meu estado, não resisti a fazer uma piada.
– Do jeito que estou hoje, até vodka cai bem.
Mas ninguém me ouviu, pois Aiolia e Milo haviam começado uma discussão fervorosa com Shun a respeito das melhores maneiras e ingredientes certos para se misturar com vinho para menores, se afastando em direção a uma das mesas imensas.
Se tem uma coisa que Saori sabe fazer, é uma festa. O ambiente tinha comida e frutas que pareciam não ter fim, com pouca iluminação e som ambiente para não ofuscar a beleza e energia do luar daquela noite, que estava maravilhoso.
Enfim, tudo lindo. Todos rindo e conversando.
Continuei, absorto, olhando a luz da Lua, mesmo com o arrepio de advertência ao pensar em Ártemis. Prefiro isso a ter que olhar para Athena, tão linda e sorridente, conversando de grupo em grupo, sendo a anfitriã perfeita.
Shina quebrou o silêncio:
– Entediado também?
Sorri, mesmo que só um pouquinho.
– Você, entediada? É difícil imaginar.
– Nem tanto. Agora que estamos em tempos de paz, já podemos viver nossas vidas... Mas só agora me dei conta de que nunca tinha pensado nisso. De repente, é muita coisa para processar.
Dei um suspiro de desânimo, sem deixar de achar engraçada a nossa semelhança.
– Nem me diga. Sabe que eu estava pensando nisso também?
Ela respondeu:
– Dá pra notar.
Enrubesci, como se de repente ela tivesse me visto nu. Será que foi assim que ela se sentiu quando vi seu rosto?
– Shina, se as coisas fossem diferentes...
Ouvi sua risada sarcástica e sexy. A amazona começou a caminhar em direção ao luar, para longe da festa, e eu a segui, hipnotizado por aquela risada que veio encher minha noite de magia. Embaixo de uma árvore, ainda de costas para mim, ela se apoiou e disse baixinho:
– As coisas podiam ser diferentes. Você é que não quer que elas sejam.
Sorri e concordei, subitamente desejando ver seu rosto enquanto dizia isso.
Continuamos andando na nossa fila indiana improvisada.
– Você merece coisa melhor do que metade de um coração, Shina.
– Acho que eu posso escolher o que quero e o que mereço sem ajuda.
Essa é a Shina que eu conheço. Passional e independente. Sorri de novo.
– Onde está me levando?
Então ela parou, revelando um lago em meio ao bosque.
O Lago das Amazonas.
Engoli em seco.
– Shina, é melhor voltar...
Sem se virar para mim uma única vez, ela se despiu, peça por peça, e entrou nas águas que pareciam frescas e acolhedoras.
Ai, meu Deus.
Por um momento, tive vontade de aceitar aquele convite mudo e me deixar guiar pelos sentidos. A amazona se banhava de forma sensual e envolvente demais para ignorar.
Mas um rosto não me saía da cabeça, mesmo olhando a imagem linda da Shina nua na minha frente a me provocar.
Com o coração doendo, fiz algo que jamais imaginei que seria capaz de fazer.
Fechei meus olhos.
E coloquei o pé na água.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Esse capítulo parece estar transbordante de emoção. Ou romantismo demais, quem sabe?