É Evans, Potter! escrita por Anchorage


Capítulo 1
O começo de tudo




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James

— James! James! Acorda – Foi assim que eu acordei hoje, aos berros. Justo quando eu estava tendo um sonho muito bom.

— Eu te amo. – Puxei Lily pela cintura e ela sorriu timidamente. Eu finalmente ia sentir aqueles lábios que eu sempre desejei.

—James eu...eu... – Ela parecia nervosa, eu me aproximei dela e...

Alguém começou a gritar comigo.

Normalmente eu sou uma pessoa bem humorada, mas quando você é acordado no meio de um sonho bom, o humor muda instantaneamente de ótimo para péssimo. Respirei fundo e estava pronto para me levantar e azarar a pessoa, mas senti um cheiro diferente. Morangos! E eu só conhecia uma pessoa que tinha esse perfume...Lily Evans! Ela se sentou em minha cama e senti sua respiração descompassada em meu pescoço.

— James, você tem que acordar! – Ela sussurrou em meu ouvido delicadamente, fazendo os pelos de minha nuca se eriçarem. Resolvi provocá-la um pouco e mudei meus braços de posição, sem abrir os olhos. Ela suspirou e se levantou da cama. Puxou meus cobertores, abriu as cortinas do quarto e começou a bater palmas.

— Potter, você tem um minuto para levantar dessa cama ou eu te azaro! – Essa é a Lily que eu conheço. – 30 segundos! Acho que você vai andar o dia todo de cueca pela escola! – Lily definitivamente tinha um lado maroto. Espreguicei-me lentamente e ajustei meus óculos.

— Bom dia, flor do dia. – Eu sorri sarcasticamente e ela revirou os olhos.

— Levanta, Potter. Você está, na verdade, nós estamos atrasados!– Ela falou consultando seu relógio de pulso.

— O que você está fazendo aqui? – Ela revirou os olhos novamente. - Aposto que isso tudo é para me ver de cueca. – Gargalhei. Lily corou, abriu e fechou a boca algumas vezes, mas não disse nada.

— Eu vou estar lá embaixo. Não demore, Potter!

Ao descer, vi Lily sentada em uma poltrona do com as pernas cruzadas como se fosse uma índia, lendo o Profeta Diário. Aproximei-me dela e sussurrei em seu ouvido.

— Então Lily, o que tem no jornal? – Ela arregalou os olhos e se virou lentamente em minha direção - quando percebeu nossa proximidade, corou. Meu olhar estava fixo em seus lábios, mas ao perceber que ela me observava, mudei a direção para seus olhos.

— É Evans, Potter. – Ela me empurrou e suspirou.

— Eu insisto, Lily. – Ela bufou e saiu do salão comunal. Enquanto ela caminhava com passos rápidos e determinados eu comecei a me perguntar sobre como eu me apaixonei pela ruiva.

No nosso primeiro ano ela já tinha minha atenção, ela aparentava saber tudo e chegava a ser irritante e já dava pra perceber que ela não gostava muito de mim, talvez pelo meu jeito peculiar de assistir as aulas. Desde então, eu comecei a reparar nela.

Eu era um garoto de 11 anos e ela já me intrigava – ela continua me intrigando até hoje, mas como eu era um menino travesso e ingênuo o sexo feminino era algo curioso para mim ainda mais quando se tratava dela! Sair com algumas garotas – sem contar que eu e meus queridos amigos adorávamos implicar com o até então “melhor amigo” da Lily, Snape (ou como eu prefiro chamá-lo: Ranhoso). Eu até tentei chamá-la pra sair algumas vezes, mas ela se recusava a sair comigo. Ela dizia que eu era arrogante, egoísta, mesquinho... E foi aí que eu me tornei obcecado. O objetivo da minha vida se tornou provar a Lily que eu não era o babaca que ela pensava. Eu comecei a procurar jeitos de me aproximar, mas ela sempre encontrava um meio de me bloquear. Sem perceber eu comecei a mudar, eu diria até que eu amadureci.

Assim que entramos na sala de História da Magia, o professor Binns, um fantasma, interrompeu seu entediante discurso sobre as revoltas bruxas que mudaram o mundo e nos lançou um olhar de reprovação. - Sr. Potter e Srta. Evans? – Lily era o tipo de aluna perfeita. Prestava atenção em todas as aulas, sabia responder qualquer coisa, tirava as melhores notas, ou seja, a queridinha de todos os professores. Eu, apesar de ser inteligente, não era um aluno exemplar.O professor não conseguiu conter seu espanto ao ver que Lily Evans, isso mesmo, Lily Evans havia chegado atrasada.

— Desculpe professor, eu e Potter estávamos fazendo alguns relatórios para a professora McGonagall. – Ela sorriu timidamente e o professor balançou a cabeça em concordância. Eu olhei-a incrédulo, nós já tínhamos feito os relatórios.

— Me agradeça por isso. – Ela falou entre os dentes e eu sorri marotamente.

— Bem, como os senhores chegaram atrasados terão que trabalhar juntos. – Lily torceu o nariz e franziu os lábios. Eu pisquei e passei a mão pelos cabelos, ela bufou e se sentou.

— Chegando atrasados no penúltimo dia de aula. – Almofadinhas virou para trás com os braços cruzados e sorriu para Lily, que apenas arqueou a sobrancelha.

— Como monitora, eu não poderia deixar que Potter perdesse aula! – Ela respondeu um pouco irritada.

— Ah, Lily querida, tenho certeza de que Pontas não se sentiria mal em perder uma aula do Professor Binns. – Sirius rebateu, ele adorava provocá-la. Lily respirou fundo e continuou suas anotações.

Depois da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas encontrei com meus amigos no Salão Principal para o almoço. Eu e Rabicho estávamos conversando sobre gnomos e Aluado dizia que no mundo trouxo eles eram considerados “pessoas do bem”.

— Impossível! Você já tentou pegar um gnomo? – Rabicho perguntou a Aluado.

— Lily, posso falar com você um minutinho? – Um lufano se aproximou dela, ela levantou graciosamente do banco e caminhou até a entrada do salão com ele. Eu observei os dois de longe, ele entregou um pergaminho a ela e deu um beijo em sua bochecha. Segurei meu garfo com força, mas tentei manter a expressão calma. Eu poderia azará-lo, ou então enfiar o garfo no meio de sua testa...

— James, você sabe que o garfo não tem culpa do seu ciúme, não é? – Alice disse baixinho, fazendo com que Aluado risse. Soltei o garfo e sorri amarelo, pelo visto eu não parecia indiferente.

Lily voltou para a mesa com as bochechas queimando e assim que ela se sentou as meninas juntaram as cabeças e começaram a cochichar. Lily era a garota impossível de Hogwarts, ninguém tinha chance com ela. Sendo James Potter as chances eram ainda menores. Lily tinha uma personalidade muito forte, sempre foi determinada e tudo o que ela fazia era impecável. Ela era a queridinha de Hogwarts.

E isso não me agradava nem um pouco.

xx

No final da tarde, corri até o campo de Quadribol para a reunião do time. Estávamos nos despedindo do capitão que estava se formando naquele ano. Eu seria o próximo capitão, meu sonho desde o dia em que eu entrei no time da Grifinória! Ele fez um último discurso e eu expliquei um pouco como eu estava pensando em trabalhar.

Já era bem tarde quando voltei para o salão comunal – eu tinha mudado minhas coisas para o armário do capitão e aproveitei para voar um pouco. Tomei um banho quente e demorado e escrevi uma carta para meus pais. Quando desci novamente, avistei meus amigos sentados próximos à lareira. Sentei-me no chão, perto de Lily, que estava revisando os conteúdos para as provas finais. Ela estava com as costas apoiadas em uma poltrona com vários livros e pergaminhos espalhados ao seu redor.

— ECA! – Lily gritou ao colocar um feijãozinho na boca. – Cera de ouvido!

— A cor era verde musgo, você esperava um sabor de que? – Emm revirou os olhos.

— Uvas? – Lily deu de ombros e caiu na gargalhada. Emm sorriu, mas logo se concentrou em seus resumos.

— Essa daí se agarra com todos, nunca vi. – Almofadinhas disse com desprezo ao olhar para Lene, que estava com um garoto do sétimo ano.

— Piorou você, então! – Lene marchou até Almofadinhas.

— Eu sou garoto, eu posso. – Ele respondeu se levantando.

— Ah! Então quer dizer que só porque eu sou uma garota eu não posso beijar quantos garotos eu quiser? Pelas barbas de Merlin! – Ela subiu as escadas batendo o pé.- Eu te odeio, Black!

Todos no salão comunal ficaram boquiabertos com a cena, mas as brigas entre Sirius e Marlene já eram famosas em Hogwarts. Almofadinhas chutou a poltrona em que estava sentado e saiu do salão comunal com raiva. Logo depois, Lily foi atrás de Sirius.

— O que acabou de acontecer? – Alice perguntou confusa e Emm assentiu com os olhos arregalados. Aluado suspirou desapontado e voltou a ler seu livro. Resolvi ver se estava tudo bem com Almofadinhas. Assim que sai, ouvi a voz de Lily.

— Porque você não vai falar com ela? – Me aproximei dos dois. Sirius estava encostado em uma pilastra com uma expressão impassível.

— Falar o que? Lene, querida, você deveria arrumar um quarto, porque ninguém é obrigado a ver você se agarrar com todos os meninos da escola! – Sirius disse irônico.

— Sirius, você não pode falar isso da Lene, principalmente levando em conta seu histórico. E não me interessa se você é garoto. – Lily disse rígida. – Nós dois sabemos que a questão não é se ela é uma garota e você um garoto, vê-la com outro te incomodou.

— O que? Lily, você não pode estar falando sério. Porque me incomodaria?

— Eu não sei, me diz você.

— Não me incomodo, eu não me importo com ela, muito menos com quem ela sai.

— Então qual foi o motivo da briga? Você estava com vontade de ouvir “eu te odeio” pro seu dia ficar alegre, foi isso? – Lily perguntou cruzando os braços. Sirius revirou os olhos e desviou o olhar da ruiva.

— Evans, eu vi a oportunidade de provocá-la e aproveitei. Só isso.

— Você é um completo idiota, Black. Você veio aqui pra fora porque se cansou da companhia do Potter, eu presumo.

— Dá um tempo, Evans. Sua amiguinha não interfere em nada na minha vida.

— Ótimo, Black. Quando você finalmente admitir seus sentimentos, não me procure, porque eu não vou ajuda-lo!

— Almofadinhas apaixonado, é isso mesmo? - Eu falei e os dois notaram minha presença. Sirius arqueou uma sobrancelha e Lily me olhava com uma cara severa.

— Não! - Ele disse exaltado – Ninguém aqui está apaixonado.

— Ah, não!– Lily riu irônica. – Eu duvido que isso não tenha te incomodado, você deveria pedir desculpas. Ou, pelo menos, falar com ela.

— Pra que? Pra ficar igual ao Pontas que corre atrás de uma menina que não o quer? – Ele disse irritado.

— Ei! – Essa doeu.

— Pelo menos ele tenta, não desiste facilmente do que quer. – Ela suspirou.

— Isso foi um elogio? – Perguntei confuso.

— Foi. – Ela respondeu corando.

— Caramba, essa foi uma indireta e tanto. – Almofadinhas disse descontraído, eu sabia que ele estava feliz por ter mudado o foco da conversa.

— Certo, tenho que ir! – Lily saiu apressadamente para o salão comunal.

As aulas do dia seguinte passaram voando, também era o último dia de aulas do ano. Assim que o sinal tocou indicando o fim das aulas, Hogwarts virou uma bagunça. Alunos correndo pra lá e pra cá, arrumando as malas, outros estudando para as provas finais e eu jogava algumas partidas de xadrez com Sirius.

— Eu tenho que ir a biblioteca, preciso devolver o livro que eu peguei semana passada. – Aluado disse e se levantando rapidamente, Emm disse que o acompanharia.

— É, parece que só sobrou a gente – Ela concordou e ficamos em silêncio. - Lily, eu queria saber se você aceitaria sair comigo... – Achei que era a hora certa. Não sei, ela tinha ido me acordar... Ela me encarou e cerrou os olhos. Ela parecia estar tendo uma luta interna, mas suspirou e percebi que ela estava irritada.

— Não, Potter! Quanta vezes eu vou ter que dizer? – Ela ficou irritada.

— Porque não? – Perguntei desesperado.

— Porque você usa as garotas, você as trata como objetos, você é mesquinho, arrogante e egocêntrico. Eu não vou sair com você! – Ela batia o pé impaciente. E foi a minha vez de ficar irritado. Será que ela não percebia o quanto eu tinha mudado?

— Você não percebe que eu mudei? Qual o problema, eu não sou tão babaca quanto o Ranhoso? Você deveria parar de ser assim, Lily, toda certinha e controladora! – Eu falei furioso. Eu esperava que ela gritasse comigo, mas ela apenas abaixou os olhos e saiu andando. Merda!

Lily

O que é bom sobre a última semana de aula? Tudo! Eu simplesmente amo o clima de férias.

— Pronto! Já acabei. – Lene estava com uma toalha envolvendo seus cabelos e já vestia o uniforme vermelho de Hogwarts.

— Ótimo! Você não é a única que precisa tomar banho! – Emm gritou do banheiro. Assim que todas estavam prontas, descemos para o salão comunal para encontrar com os meninos e tomar café, mas eles não estavam lá. Esperamos um pouco mais e Sirius, Remus e Peter apareceram.

— Cadê o James? – Emm perguntou.

—Dormindo. – Eles responderam.

— Como assim dormindo? – Perguntei exasperada – Ele vai se atrasar! – Eu disse preocupada.

— Sinta-se a vontade para acordá-lo, monitora. – Sirius fez uma reverência e eu mostrei a língua a ele.

— Porque eu?

— Porque ninguém se importa se o James perder aula! – Lene disse enquanto caminhava para o retrato da Mulher Gorda.

— Tudo bem, eu acordo o trasgo! - Gritei assustando os alunos que ainda estavam no salão comunal.

Abri a porta do dormitório num rompante, ela se chocou contra a parede com um baque. James dormia profundamente, ressonando de leve com a boca aberta. O baque da porta não o fez nem ao menos tremer. Ele parecia tão... Inocente. Esqueça Lily. É o Potter. Deixei meus devaneios de lado e me aproximei dele. Chacoalhei seu ombro. Nada. Acariciei seu braço e senti um arrepio percorrer meu corpo.

— Potter, levanta! – Ele nem se mexeu. Depois de mais um tempo chamando-o, tentei acordá-lo de outra forma.

— James! James! Acorda. – Não que fizesse alguma diferença, mas eu o chamei pelo nome, né? Eu esperava que surtisse algum efeito. Óbvio Lily! Ele está dormindo, ele não vai perceber essas coisas.

Sentei-me na cama de James e o encarei. Os anos tinham feito muito bem a ele, ele mantinha um ótimo físico devido ao Quadribol e ele adquirira feições muito bonitas. Eu não sei o que deu em mim, mas fui lentamente me aproximando dele. A vontade de tocá-lo era imensa, mas me contive e apenas sussurrei em seu ouvido que ele precisava acordar. Ele continuou imóvel. Eu estava pra desistir de acordá-lo.

— James, você tem que acordar! – Ele mexeu os braços e continuou dormindo. Puxei seus cobertores, abri as cortinas do quarto e bati palmas.

— Potter, você tem um minuto para levantar dessa cama ou eu te azaro! 30 segundos. Acho que você vai andar o dia todo de cueca pela escola! – Ameacei. E, graças a Merlin, ele acordou.

— Bom dia, flor do dia! – Apenas revirei meus olhos e ignorei seu sorrisinho enviesado.

— Levanta, Potter. Você está, na verdade, nós estamos atrasados! – Eu fiz uma careta e olhei para o meu relógio. Com sorte nós conseguiríamos entrar na aula do Professor Binns.

— O que você está fazendo aqui? Aposto que isso tudo é para me ver de cueca. – Ele começou a rir. Eu realmente não mereço isso de manhã cedo, senti minhas bochechas corarem e revirei os olhos.

— Eu vou estar lá embaixo. Não demore, Potter! – Bati a porta com força e suspirei fundo. Um segundo com James Potter e ele conseguia deixar meus nervos à flor da pele. Desci para o salão comunal, avistei um Profeta Diário em uma poltrona e comecei a ler.

— Então, Lily, o que tem no jornal? – Uma voz conhecida sussurrou em meu ouvido, deixei o jornal cair no chão devido ao susto que levei. Olhei para aquele par de olhos castanhos esverdeados e meu mundo caiu. Senti meu coração acelerar e minha garganta se fechou, nós estavámos muito próximos. Eu o empurrei com as mãos e respirei fundo.

— É Evans, Potter! - Eu respondi estressada.

— Eu insisto, Lily. – Como ele pode ser tão irritante? Respirei fundo, saí em disparada pelo retrato da Mulher Gorda e caminhei até o terceiro andar. No final do corredor, havia uma placa “História de Magia”. Bati na porta e nós dois entramos, atraindo olhares curiosos de todos os outros alunos. O professor Binns fechou seu livro com aspereza e soltou um muxoxo.

— Desculpe professor, eu e Potter estávamos fazendo alguns relatórios para a professora Minerva. – Menti. - Me agradeça por isso. – Eu sussurrei ao perceber que Potter me encarava incrédulo.

— Chegando atrasados no penúltimo dia de aula. – Sirius disse irônico.

— Como monitora, eu não poderia deixar que Potter perdesse aula! – Eu respondi sarcasticamente.

— Ah, Lily querida, tenho certeza que Pontas não se sentiria mal por perder uma aula do professor Binns. – Ele me provocou e eu apenas o ignorei.

xx

Depois do jantar, eu e Emm sentamos no salão comunal para fazer uma última revisão para as provas. Eu estava lendo mais uma teoria de Transfiguração enquanto comia feijõezinhos de todos os sabores.

— Eca! – Senti um gosto azedo e ruim em minha boca. - Cera de ouvido.

— A corda era verde musgo, você esperava um sabor de que? – Emm disse como se fosse óbvio que o gosto seria ruim.

— Uvas? – Eu disse risonha. Ela revirou os olhos e caímos na gargalhada.

— Essa daí se agarra com todos, nunca vi. – Sirius apontou para Lene com a cabeça. Ela se virou abruptamente na direção de Sirius e caminhou até ele.

— Piorou você, então! – Ela falou tentando mascarar sua raiva, mas sua voz saiu como um silvo e um silêncio tomou conta do salão comunal.

— Eu sou garoto, eu posso. – Sirius disse cheio de si. Ele não cansava de ser patético? Potter realmente fazia com que seu egocentrismo impregnasse nas pessoas que conviviam com ele, Sirius era o exemplo vivo disso.

— Ah! Então quer dizer que só porque eu sou uma garota eu não posso beijar quantos garotos eu quiser? Pelas barbas de Merlin! – Ela fechou a cara e subiu as escadas que davam acesso ao dormitório feminino. – Eu te odeio, Black. – Bateu a porta. O silêncio ainda reinava, mas Sirius saiu apressadamente de lá e eu o segui.

— Sirius?

— O que você quer, Evans? – Ele andava sem rumo pelo corredor. Eu o segurei pelo braço, fazendo com que ele parasse.

— Como você está?

— Nunca estive melhor. – Ele disse com raiva.

— Porque você não vai falar com ela?

— Falar o que? “Lene, querida, você deveria arrumar um quarto, porque ninguém é obrigado a ver você se agarrar com todos os meninos da escola.” – Ele debochou e desenhou as aspas no ar.

— Sirius, você não pode falar isso da Lene, principalmente levando em conta seu histórico. E não me interessa se você é garoto. Nós dois sabemos que a questão não é se ela é uma garota e você um garoto, vê-la com outro te incomodou.

— O que? Lily, você não pode estar falando sério. Porque me incomodaria? – Ele tentou negar, mas percebi que seus olhos cinzentos vacilaram.

— Eu não sei, me diz você.

— Não me incomodo, eu não me importo com ela, muito menos com quem ela sai.

— Então qual foi o motivo da briga? Você estava com vontade de ouvir “eu te odeio” pro seu dia ficar alegre, foi isso?

— Evans, eu vi a oportunidade de provocá-la e aproveitei. Só isso.

— Você é um completo idiota, Black. Você veio aqui pra fora porque se cansou da companhia do Potter, eu presumo. – Revirei os olhos.

— Dá um tempo, Evans. Sua amiguinha não interfere em nada na minha vida.

— Ótimo, Black. Quando você finalmente admitir seus sentimentos, não me procure, porque eu não vou ajudá-lo! – Eu disse impaciente.

— Almofadinhas apaixonado, é isso mesmo? – Potter se intrometeu em nossa conversa e eu o encarei com desgosto.

— Não! Ninguém aqui está apaixonado. – Sirius bufou.

— Ah, não! – Eu ri ironicamente. – Eu duvido que isso não tenha te incomodado, você deveria pedir desculpas. Ou, pelo menos, falar com ela.

— Pra que? Pra ficar igual ao Pontas que corre atrás de uma menina que não o quer? – Ele disse irritado.

— Pelo menos ele tenta, não desiste facilmente do que quer. – Eu disse baixinho.

— Isso foi um elogio? – James me perguntou com a testa enrugada. “Não, Potter, uma ameaça.” Genial. Senti minhas bochechas queimarem.

— Foi. – Parece que, por um momento, eu tive um lapso cerebral e não pensei antes de falar.

— Caramba, essa foi uma indireta e tanto. – Sirius riu me encarando com um sorriso maroto.

— Certo, tenho que ir! – Sai de lá o mais rápido que pude e subi para meu dormitório.

O último dia de aula tinha sido ótimo, todos os professores comentaram sobre como seria o último ano e que finalmente iríamos nos formar. Eu estava muito animada para ser uma setimanista.

Depois do almoço, arrumei minha mala, dei uma última revisada nos pontos principais de cada matéria e fui para os jardins de Hogwarts onde encontrei James sentado perto do Lago Negro. Aproximei-me dele e sentei ao seu lado.

— Preparado para as provas? – Eu perguntei.

— Sempre! – Ele sorriu torto e eu sorri involuntariamente. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e franziu a testa. – Lily, que tal a gente sair um dia desses? – Ele perguntou receoso.

Por um lado eu queria, porque eu...bom, nós tínhamos nos aproximado e ele mostrou ser uma pessoa adorável. Mas, por outro lado, ele continuava sendo James Potter. Eu não aceitaria sair com um menino que tinha fama de não dar valor as meninas com quem ele saía. Eu não queria ser como qualquer outra, eu queria sair com alguém que me fizesse sentir especial.

— Não, Potter! Quantas vezes eu vou ter que dizer? – Eu não podia estar realmente pensando em aceitar sair com ele. Ele nunca perdia uma oportunidade de me chamar para sair, não importa quantas vezes eu recusasse.

— Porque não? – Ele perguntou sem entender.

— Porque você usa as garotas, você as trata como objetos, você é mesquinho, arrogante e egocêntrico. Eu não vou sair com você! – Eu disse com raiva. Eu sempre escutava e ajudava meninas desoladas por causa dele. James era o tipo de garoto que saía com você e no dia seguinte não conseguia se lembrar do seu nome. E eu não queria isso para mim. Eu não precisava disso, me sentia extremamente confortável em ser reservada em relação aos meninos.

— Você não percebe que eu mudei? Qual o problema, eu não sou tão babaca quanto o Ranhoso? Você deveria parar de ser assim, Lily, toda certinha e controladora! – Ele disse controlando sua ironia, mas ao ouvir isso eu fiquei sem reação. Sim, eu tinha percebido que ele tinha mudado, mas eu não...Não conseguia colocar isso na minha cabeça. O problema foi que o que ele disse me acertou em cheio. Ele falou de Snape, que realmente tinha me magoado. E ele parecia furioso comigo.

É para você aprender, as pessoas não mudam! Ele só se importa em conseguir sair com você. Minha consciência gritava em minha cabeça. Meus olhos se encheram de lágrimas, porque ele me afetava tanto? Eu saí de lá o mais rápido possível e ainda pude ouvir ele me chamando.

— Lily... – ele parecia arrependido. Arrependido, coisa nenhuma! É o Potter, Lily! Não se deixe levar. Meus pés me guiavam pelo castelo e logo me sentei em um corredor deserto. Abracei minhas pernas e deixei as lágrimas caírem.

— Lily? Lily, o que foi? – Lene se sentou ao meu lado.

— Hm, nada! Eu estou bem! – Eu disse secando as lágrimas e sorri amarelo.

— Você realmente espera que eu acredite? Francamente, Lily! – Ela revirou os olhos.

— Você acredita, não é? – Perguntei esperançosamente e ela me lançou um olhar de você-não-engana-ninguém.

— Não. E acho bom você me contar o que aconteceu, antes que eu tenha que usar veritaserum com a senhorita! – Ela disse determinada e eu cedi, comecei a desabafar e a cada palavra eu me sentia mais leve.

Durante o jantar, eu e Lene jantamos separas dos nossos amigos. Marlene estava precisando ficar longe de Sirius; e eu, de James. Eu queria acreditar que ele não era mais imaturo em questão de relacionamentos, mas uma parte de mim dizia que eu não ia ser diferente das outras garotas. Suspirei pesadamente e tomei um gole do suco de abóbora.

— Estou sem apetite. – Empurrei o prato para longe.

— Nada afeta meu apetite! – Lene piscou e puxou meu prato para perto dela, me fazendo rir.

Voltei para o salão comunal sozinha, refletindo. Infelizmente, eu não conseguia tirar James de minha cabeça. O sorriso dele era lindo, os olhos me hipnotizavam e ele conseguia me fazer rir sem o menor esforço. Afastei meus pensamentos de James e me concentrei em revisar os conteúdos para as provas do dia seguinte.

xx

O sino ressoou indicando o término das provas, guardei minha pena e entreguei meus pergaminhos. Assim que saí da sala, encontrei Remus encostado na parede com os braços cruzados.

— Como foi, ruiva?

— Acho que fui bem, eu só não sabia a questão quatro de Transfiguração! – Respondi insatisfeita. Transfiguração era a única matéria que eu tinha dificuldade em entender. – Mas minha pergunta favorita foi “Cite três sinais que identificam um lobisomem.”. – Eu o empurrei com o ombro e ele gargalhou.

— Um: Ele está sentado na minha cadeira. Dois: Ele está usando minhas roupas. Três: O nome dele é Remus Lupin ... " – Eu gargalhei e ele me acompanhou.

— Genial! – Eu disse em meio a risadas. – Te vejo mais tarde, Lupin.

Encontrei Alice quando estava nas escadas e nós fomos conversando até nosso dormitório. Emm estava sentada em sua cama lendo um livro sobre trouxas – uma hora ou outra ela dizia “Fascinante!” sem nem desgrudar os olhos dás páginas. Marlene usava magia para terminar de arrumar suas coisas.

— Ano que vem vai ser nosso último ano! Vocês conseguem acreditar? – Alice estava deitada em minha cama com a barriga para cima e a cabeça jogada para trás - ela dizia que às vezes deixar o sangue fluir, em grande quantidade, para a cabeça fazia bem para o cérebro.

— É muito estranho isso. Eu passei minha vida inteira aqui, não sei como vai ser quando não tiver mais Hogwarts na minha rotina. – Eu disse um pouco pensativa, eu realmente sentiria falta de Hogwarts.

— Mas nós vamos continuar smepre juntas. Vamos ser vizinhas e toda tarde tomaremos chá juntas até que a morte nos separe. – Marlene cantarolou e eu joguei meu travesseiro em sua cara.

— Ei! – Emmeline gritou quando seu livro caiu no chão com o meu travesseiro errante que passou bem longe de Marlene. – Os elfos vão reclamar da sua bagunça e vão te expulsar de Hogwarts!

Ela estreitou os olhos e me atacou com o travesseiro. Alice subiu em cima de minha cama e começou a bater com outro travesseiro em Emm, Lene estava arrumando seu cabelo até que um travesseiro – dessa vez não era errante – atingiu sua cabeça. Ela correu na direção de Alice e a derrubou na cama. Fomos interrompidas por batidas na porta. Era hora de ir. Arrumamos rapidamente as camas e fomos caminhando até Hogsmeade.

Vi uma grande locomotiva vermelha se aproximar da estação e senti meu estômago revirar. Era sempre emocionante entrar no Expresso de Hogwarts.

— Já estou com saudades! – Emm acenou enquanto caminhava até seus pais. A estação estava lotada de alunos de Hogwarts. Abracei Lene e Alice antes de atravessar a parede de concreto que dava passagem para os portões 9 e 10 da estação trouxa de trens. Avistei meus pais e corri até eles. Eu já não aguentava mais de saudades.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o primeiro capítulo, espero que vocês gostem!!!!!
Bjs,
Mi.