A Guerra dos Dez escrita por Sabs Zullush


Capítulo 3
Intempérie Bipolar




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Em meio a mata podia-se ver uma casa isolada, era um contraste explicito com a paisagem mas fazia-se uma bela vista quando banhada pela luz do amanhecer. Eram Sete da manha daquele mesmo dia e Tomi estava deitado na cama, o corpo cor de café com leite refletia o sol, seria uma cena reconfortante, em meio a tamanho caos nas cidades, se o menino não estivesse mais do que irritado.

Naquele momento todos os amigos de Tomi estariam no Ibirapuera, resolvendo o que fazer com seus dons, enquanto ele estava ali de castigo.

—Mãe…. —Ele tentou mais uma vez.

—Cas-ti-go! – Disse Daniela, sua mãe. – Você não entende o significado desta palavra?

E naquele momento, Tomi queria apenas estar morto, o mundo estava acabando e sua mãe, como a grande cabeça dura que era, não o deixava ajudar a humanidade.

Ao contrário do que era aparente, ele não havia ganhado poderes, mas isso não significava que ele não podia ser importante. Segundo as histórias de sua avó, uma das únicas índias guerreiras de sua antiga tribo, os Deuses abençoaram aqueles que mais prestigiaram a aldeia com dotes de guerra, estes sendo habilidades de caça e cultivo. Contudo alguns deixaram tais dotes cegarem seus olhos e assim achavam-se superiores a todos, e talvez eles fossem. Por isso era necessária toda a ajuda possível, inclusive de quem não fora abençoado, para derrotar tais guerreiros que causavam desordem na tribo.

Tomi sentia-se assim, que ele seria importante para o desfecho do mundo. Talvez todos deveriam se sentir assim, pensou. Mas foi interrompido pela campainha de casa. Quem em pleno apocalipse apareceria nesse fim de mundo? Saiu do quarto e foi em direção à porta da frente, onde sua mãe se encontrava com uma frigideira em uma das mãos e com a outra abriu a porta e fez um movimento de ataque com o utensílio.

—Ei, ei, calma. –Disse uma menina com cabelos castanhos pouco abaixo dos ombros e olhos esverdeados, cujo o sorriso era exuberante. Ao seu lado se encontrava um menino de baixa estatura com cabelos cobrindo os olhos. – Somos amigos dele.

—Mapa! – Disse Tomi indo abraçar a garota.

—Desculpa, querida. Você está bem? – Disse a mãe do Tomi, convidando Mapa e seu amigo para entrar. Ambos sentaram no sofá e começaram as explicações.

—O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou Tomi.

—Nós viemos te buscar.

—Mas de jeito nenhum. – Disse Daniela. – O Tomi está de castigo.

—Mas a senhora tem que entender, o mundo está acabando, há invasões por todo o estado. Nós recebemos dons e temos que usá-los. – Disse Mapa.

—Nós o caramba, eu tenho. – Manifestou-se o menino que se manteve quieto até agora, seu nome era Luke.

—Essa coisa de poderes não existem, meus queridos, colocaram isso na cabeça de vocês. – Naquele momento uma luz apareceu na mão de Luke, era possível ver todas as suas veias. A luz iluminou ainda mais a sala onde estavam e isso fez com que Daniela de afastasse ainda mais. – C-Como você fez isso?

—É o meu dom. – Luke sorriu e fechou a mão, mas o luz vazou por entre seus dedos. – Desculpe-me ainda não sei dominar muito bem.

A luz ficava cada vez mais forte e desesperada Mapa deu um tapa no ombro dele, tão forte que fez com que a luz extinguisse.

—Agora você acredita, mãe? Não é invenção, nós precisamos mesmo salvar o mundo. – Disse Tomi.

Sua mãe parecia desnorteada, mas balançou a cabeça afirmativamente, fazendo um vislumbre de sorriso aparecer no rosto de Tomi.

—Tudo bem, mas eu vou com vocês.

E o sorriso se esvaiu. Sua mãe só atrapalharia as coisas. Mas eles arrumaram as malas e se colocaram a caminho da estranha, havia muito chão até São Paulo, chegariam no final do dia, isso se chegassem vivos...

*

Ninguém conseguia digerir a noticia, aquele era um peso muito grande para se carregar e por um momento Sabrina desejou não ter esse fardo. Engoliu em seco e levantou a cabeça, tudo bem, ela conseguia.

—E o que temos que fazer agora? – Ki perguntou.

— Acho que primeiramente temos que nos esconder. Se somos tão preciosos assim estamos correndo perigo. Não duvido que os alienígenas já saibam de nós.

—Mogadorianos. – Corrigiu Julia, Jujubs, arrumando seu cabelo louro. – E concordo com sua ideia, Sabs. O melhor seria reunir os nossos familiares em um único lugar onde seria a nossa base.

—A área industrial de São Paulo. – Disse Martinato. – Podíamos achar uma metalúrgica abandonada e nos instalar lá.

—Bom, se formos fazer isso é melhor começarmos logo. – Disse Lorenna.

—Gente, não é estranho? – Contestou Sabrina. – Como está tudo... Calmo demais.

E como se fosse uma profecia, um grupo de mogadorianos marchava em direção à eles, eram cerca de 30, mas o que mais assustava eram as suas armas. Quando avistaram o grupo de jovens as levantaram e estavam prestes a atirar. Para eles éramos humanos normais.

—Sem poderes para trás. – Gritou Caio. E com a telecinésia levantou alguns mogs a uma altura de 20 metros do chão, soltando-os logo em seguida, uma nuvem de poeira encheu o ar, mas mesmo assim o inimigo continuava a avançar.

Ninguém sabia exatamente o que fazer, não sabiam o quão grave era o problema e o quanto eles tinham que amadurecer para enfrenta-los.

Lorenna, sempre corajosa, jogou em cima de dois mogadorianos, porém não havia visto o terceiro que se aproximara por trás, enquanto esmagava a cabeça dos dois alienígenas com as próprias mãos fazendo-os virar pó, o terceiro levantava a arma, que mais parecia feita de laser, para ela. Sabrina gritou seu nome e voou em direção aquele monstro, subiu com ele para os céus, mas ele era pesado e tentava a qualquer custo se soltar. Sua arma caiu perto do esconderijo dos sem poderes, e viu uma sombra recolhe-la enquanto soltava o mog e deixava a gravidade ajuda-la.

Do alto, Sabrina tinha uma boa visão da batalha, eles estavam em vantagem. Apesar se serem desajeitados, os poderes e até mesmo a falta do mesmo sobrepunha-se sobre os mogadorianos. Viu Vinny correr e acertar socos tão rapidamente nos mogadorianos que eles acabavam perfurando a pele e então virando cinzas. O uso da telecinésia estava começando a ser dominado devidamente e agora aniquilando por completo os aliens. Contudo, Sabrina olhou para o lado e seu coração pulou uma batida. Ela vira os feridos.

Voou rapidamente para o chão, a cena era horrível, o ombro de Mama estava aberto pelo laser do canhão e ela agonizava de dor. Malu tentava a todo custo cura-la, mas suas mãos estavam tremulas.

—Eu só havia curado plantas até agora, não sei se vai funcionar. – Sabrina apertou a mão contra a boca reprimindo o desespero. Olhou para o lado e viu Dre ajudando Isadora a recolocar o ombro no lugar.

Agora só havia preocupação no ar e um silencio cruel. A não ser pelos gritos de Mama, que chorava e gritava ao ser curada lentamente por Malu.


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