Tenho uma história para contar para todos vocês. A esta altura do campeonato, você já deve saber quem sou. Sou Jack Frost, um dos Guardiões.

Já devem ter contado a vocês o modo como me tornei um deles, como descobri minha família, como derrotamos Breu e como pela primeira vez, fui visto. Só que Jamie não foi o primeiro a me ver. E esta será a história que contarei hoje.

*-*

Guardião. Isso é que sempre fui e sempre serei. Porém, já fui um garoto. Tinha uma irmãzinha, pais e... Perdi tudo! Hoje, eu vivo como Jack Frost, aquele que traz o gelo e a neve em certas épocas. Sei apenas que, vivia em um reino. Um reino distante, em uma época imperial ainda. Era chamada Arendelle. Naquele tempo, era governada por um rei tirano que mantinha todos debaixo da sola de seus sapatos feitos a mão.

Sei que, após morrer naquele lago, fui transformado pelo homem da Lua e ele me fez o que sou hoje. Depois da minha transformação, vaguei sem rumo por muito tempo. Sem nunca ser visto, ser amado, e Arendelle era meu único mundo. Descobri que o rei tirano havia tido uma família por fim, que tiveram seus filhos e etc. Quando acordei, o rei atual era bondoso e sua esposa, mais ainda. E para compensar, ela estava grávida.

Conhecia os Guardiões, mas nunca me dei muito bem com eles. Vivia leve, solto e revoltado por não ser visto. Tanto que minha revolta me levou a um dos erros que mais amei em minha vida. E nunca me arrependi de tê-lo cometido.

Era dia de inverno rigoroso em Arendelle. E eu, percebendo que o castelo estava todo aberto, procurei a maior janela, que coincidentemente, era o da rainha. Mandei uma grande onda de gelo para lá, delicadamente esculpido. Mas logo depois de eu ter enviado minha obra de arte, ouvi um choro. Agudo e dolorido. Um bebê.

Corri para lá, temendo ter acertado e ferido alguém. Quando cheguei, vi um belo quarto, enorme e totalmente fora de minha imaginação. Segui o choro até um berço azul, que continha um embrulho. Afastei a coberta e vi a coisinha mais linda deste mundo. Era rosado com cabelos dourados. Porém, algo muito estranho estava acontecendo. Os cabelos do bebê não eram mais loiros como o sol. Estavam ficando loiros quase brancos. Afastei um pouco mais a coberta e vi, um floco de neve penetrando a área do coração da criança. Segurei sua mãozinha, que se mexia freneticamente. Logo que peguei os dedos da bolinha rosada, uma camada de gelo se instalou em minha mão e eu podia jurar que não tinha sido eu que o tinha feito.

O bebê se remexeu e parou de chorar. Parecia que estava contente com a minha presença. Abriu os olhos e o mesmo que aconteceu com os cabelos, aconteceu com as íris. Eram de um lindo azul, como o céu em dias límpidos. Mas uma delicada metamorfose acontecia nos olhos da pequena bolinha. Eles se tornaram um azul gélido, que me fitavam como se pudesse me ver.

Como se pudesse me ver...?

O bebezinho abriu um sorriso banguela e começou a se remexer loucamente. E me olhava. Me olhava.

As portas logo se abriram, e a rainha entra, e pega a pequena no colo.

– Olá Elsa... Como vai, meu amorzinho?

Ah, então era uma menininha... Tão linda! Podia ficar ali. Vossa Majestade não podia me ver mesmo. Pude ver que tinha grandes semelhanças com a Rainha. O mesmo queixo. Acho que as outras semelhanças apareceriam depois.

– Meu bem, acho que impressão minha, mas, seu cabelo não era mais dourado?

A pequena fez uma série de barulhos estranhos e, mãe ri. Logo ela começou a amamentar Elsa e depois, começou a cantarolar uma música suave que fez a doce bebezinha adormecer.

Me retirei antes de ver mais uma vez o rosto de Elsa.

Voei intrigado com o motivo de a pequena poder me ver. E voei determinado a vê-la outras vezes.