Nothing Else Matters escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 14
Orgulho...


Notas iniciais do capítulo

Sim, sim, eu sei. Faz, tipo, dois meses que eu não atualizo. Ninguém se sente pior com isso do que eu, acreditem. Mas não me abandonem, povo! Porque eu não abandonei a fic, só deixei num hiatus não proposital porque não encontrava minha criatividade (ando mais focada nas minhas fics sobre Hanna e Mona), então me desculpem de novo. Amo vocês!



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Emily remexeu-se em meio às cobertas e, mesmo estando com os olhos fechados, distinguiu a claridade dourada dos raios leves de sol que adentravam o quarto pelas frestas das venezianas. Ah, o silêncio acolhedor de uma típica manhã de domingo! Sentiu que um leve sorriso cruzava seu rosto, mesmo que não estivesse pensando em nada específico, e abraçou-se a um dos travesseiros.

A quietude, até então imperturbável, foi quebrada por três batidinhas impacientes na porta. Emily nem ao menos precisou virar-se para saber que se tratava da irmã caçula.

– O que você quer? – murmurou Emily, sem ainda se mover. Ela gostava de fingir-se irritada quase sempre quando Carolyn cismava em querer saber de sua vida pessoal, mas a verdade era que isso a divertia e a fazia sentir-se lisonjeada.

A pequena ruiva correu até a cama da irmã sem esperar por permissão. Emily estava encolhida ao lado direito dela e Carolyn jogou-se sobre o esquerdo.

– Eu quero saber como foi o seu encontro duplo ontem – ela bateu palmas infantilmente – Você partiu o coração do ingênuo Toby?

Emily revirou os olhos, contendo uma risada.

– Eu acho que isso é meio que não da sua conta – disse, ainda inabalável, encolhendo-se mais em seu lado – Você não acha?

– Qual é, Emily! – Carolyn suplicou, levantando o tom de voz para mostrar que se sentia injustiçada – Eu te dei cobertura! Você me deve as fofocas!

Emily suspirou. Ela já esperava que a irmã fosse agir assim, e como sempre, isso não a incomodava realmente. Levantou os olhos para o cabide onde havia perdurado o vestido que usara na noite anterior.

– Há algo ali – apontou para a bolsinha que levara à tiracolo, pendurada no cabide também – que talvez possa satisfazer sua curiosidade.

Carolyn correu no mesmo instante para onde o braço sonolento de Emily apontou.

– Agora estamos negociando! – exclamou.

Emily já não estava mais com sono e observou precisamente o momento em que o queixo da irmã caiu enquanto ela segurava a metade da tirinha de fotos que Maya havia dado-a assim que saíram daquela cabine.

– Ah, meu Deus, Emily! – a ruiva já começava a rir – Você é tão pervertida!

Emily tinha vontade de rir também. Ela havia confessado sobre aquele relacionamento para a irmã de um jeito tão natural e tão indolor que chegava a ser inacreditável. Mas ela sabia que se a última palavra tivesse sido dita por sua mãe ao invés de por Carolyn, a coisa não seria nem um pouco engraçada; e ela sabia que essa parte não engraçada chegaria mais cedo ou mais tarde, então tratou de aproveitar o clima de leveza enquanto ainda havia tempo.

– Eu sei – brincou, sentindo a mesma ponta de orgulho da noite anterior (ao ver pela primeira vez as fotos) dominá-la novamente.

– Não, é sério. Tipo... ah, meu Deus! – Carolyn continuou a vibrar, como se fosse a primeira e talvez única tiete do casal. Deu alguns passos sem tirar os olhos das duas fotos e ficou frente a frente com Emily – Você foi até o fim com ela?

Emily desencostou finalmente a cabeça do travesseiro e arregalou os olhos. Ainda que estivesse bastante acostumada à personalidade excêntrica da irmã, não pôde evitar surpreender-se com a tamanha naturalidade que Carolyn usara aquela expressão.

– Olhe só quem é a pervertida agora! – desconversou.

– Sim ou não? – a ruiva insistiu com uma mão da cintura, fitando-a com olhinhos verdes que cintilavam em empolgação.

Emily grudou seus próprios olhos em um ponto aleatório do lençol branco. Ela e Carolyn conversavam sobre quase tudo. Emily sempre soube que elas eram mais próximas do que irmãs comuns, mas ainda assim falar realmente sobre aquilo era território desconhecido. Na verdade, ela não sabia porque começara a ficar tão nervosa. Ela e Maya não haviam feito nada, afinal de contas.

– Eu... – começou, pensando se mentia para satisfazer a curiosidade da irmã – as coisas não passaram do que você está vendo, ok? E mesmo se tivessem passado, eu acho que não contaria isso a você.

– Ah, eu acho que contaria – Carolyn mudou o tom de voz. Olhando de Emily para as fotos e vice-versa, tinha um meio sorriso pretensioso nos lábios.

Ora, mas quem diabos Emily estava tentando enganar? Claro que ela contaria a Carolyn se algo assim acontecesse, ainda mais depois de a pequena ruiva ter se mostrado tão... prestativa. Além do mais, Emily nunca tivera amigas de verdade. Nunca soube como era dar gritinhos em uma festa do pijama quando alguém compartilhava detalhes de um encontro que acabara por ter ido “muito bem”.

É claro, havia Toby. Em menos de uma semana ele havia se mostrado ser um amigo e tanto. Mas apesar de ele ter sido a primeira pessoa no mundo de Emily a saber sobre Alison e de ser adoravelmente sensível de seu próprio jeito, não era a mesma coisa.

Emily suspirou.

– Bem, vamos esperar acontecer para eu decidir se conto ou não.

E sem dizer mais uma palavra, expulsou a irmã do quarto para que pudesse trocar de roupa e assim descer para tomar café. Sorriu para si enquanto desamarrava o cadarço da calça do pijama. Era muito bom ter uma aliada.

***

– Você vai mesmo para Vancouver, papai? – Emily pegou-se perguntando de um jeitinho infantil, abraçando Wayne pelo pescoço enquanto ele lia o Philadelphia Sentinel à cabeceira da mesa.

O homem deu uma leve risada.

– Querida, eu tenho que ir. É o meu trabalho.

Emily murmurou a última frase junto dele. Wayne sempre dizia isso. Mas apenas agora, olhando para o coelhinho azul que Toby lhe dera na noite anterior – e que de fato ela encontrou em sua caixa de correio –, Emily percebia o quanto não queria que o pai fosse viajar mais uma vez. Fins de semana passavam sempre tão depressa! Não era justo.

Ela sentou-se em uma cadeira ao lado dele e agarrou o bichinho de pelúcia. Beijou-o na ponta do nariz de plástico como se ele fosse um coelho verdadeiro ou alguma espécie de talismã da sorte. Ela tinha vários deles agora. Três, melhor dizendo. Pertencentes a pessoas muito especiais.

Emily sonhava em colocar à frente do pai a medalha de hóquei de Alison, a echarpe cor-de-vinho que ganhara de Maya na última quinta-feira e o coelhinho de pelúcia que estava entre suas mãos, e explicá-lo tim-tim por tim-tim o significado de cada um desses amuletos, bem como o significado das pessoas que deram tais a ela. Emily não sabia exatamente por que, mas também sentia que poderia ser honesta com Wayne. Seu pai, de certa forma, sempre fora mais compreensivo que sua mãe.

– Eu acho que mudei de ideia – murmurou Emily novamente, sem desgrudar os olhos do coelhinho azul por um momento – Seis meses foi muito tempo. Achei que você nunca fosse voltar.

Wayne largou o jornal e tomou a mão da filha.

– Docinho, eu sempre volto. Você sabe disso.

– Eu sei. Mas não sei mais se posso aguentar esperar tanto para ter você durante tão pouco tempo. Eu preciso de você. Agora. – Emily concluiu. Eu preciso que você entenda o que está acontecendo comigo, ela também queria dizer. E abraçou o pai por inteiro desta vez.

– Serão só três semanas desta vez, Emmy – garantiu ele.

– Mas e depois?

– Depois você me terá em tempo integral durante tempo suficiente para você ser capaz de enjoar de me ver todos os dias.

Embora ainda estivesse com os olhos vermelhos, Emily sorriu. Depois de ter ouvido que seu pai ficaria fora por seis meses em um lugar que não possuía nem sequer os serviços mais básicos de comunicação, ouvir “três semanas” e a palavra “Vancouver” (que era uma das cidades mais urbanizadas do Canadá) em seguida era de fato animador.

Emily iria esperar para contar o que quer que quisesse contar. Tudo se resolve melhor com calma, ela dizia a si mesma. Se o pai a apoiasse, ele estaria “amaciando o terreno” para quando ela precisasse contar para a mãe, que seria realmente a provação.


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