Ore no Goshujin-sama escrita por Assa-chan


Capítulo 8
A descoberta da 'coalização'




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Naquele dia, eu acordei radiante. Me sentia tão feliz por ter avançado - mesmo que de pouco - no conceito de Yukito que nem precisei de Syaoran para acordar, apesar de ele ter vindo me buscar à mesma hora de todos os dias.

As primeiras aulas passaram calmas, e muito lentamente, aliás. Eu até me diverti com Syaoran na aula de literatura antiga, mas não ver Yukito me fez entristecer um pouco.

Mas não imaginava o que iria acontecer durante o treino de basquete. Eu tinha acabado de me trocar quando a Naoko veio me dar aquela noticia.

- Sakura-chan! - ela exclamou, adentrando a quadra correndo - Temos uma nova integrante. Ela se inscreveu logo depois da pausa do almoço, então eu disse que seria melhor se ela começasse na próxima vez, mas ela insistiu dizendo que queria começar hoje.

- Ah, é? - eu comentei, desinteressada - Estamos só com duas reservas, mesmo. Deixe ela entrar, talvez seja boa. É uma aluna transferida ou algo de tipo? -prossegui, jogando a bola em direção à sexta e marcando.

- Não. Realmente é uma aluna do primeiro ano B.

- Hm. - resmunguei, indo pegar a bola no fundo da quadra.

- Daidouji-san! - eu ouvi Naoko exclamar, enquanto me abaixava para pegar o objeto. Meu sangue gelou. Seria possivel...? - A capitã deu o okay! Pode entrar!

- Esta aqui é a Tomoyo Daidouji. Ela é a terceira no ranking da escola. - eu virei-me, logo também me levantando. Ah, era possível. Ela estava lá, na minha frente. A pessoa que eu mais odiei em toda a minha vida. Aquela que me fez parar de acreditar em amizades. Ela estava um pouco diferente de como eu lembrava, mas nunca poderia confundi-la.

- Nós já nos conhecemos. - eu passei reto pelas duas, acenando para uma garotas sentadas do outro lado do recinto - Hoje o treino vai ser um pouco mais duro que o normal, garotas! - berrei, pondo-me bem ao centro da quadra enquanto fazia a bola rebater contra o chão em madeira sintetizada - Temos que mostrar pra novata que aqui se trabalha de verdade. - completei, jogando a bola pra cima de Tomoyo, que por pouco não a agarrava. Errou feio indo pra este time. Ela estava no meu campo de batalha... E iria sofrer por isso.

Os dias que seguiram foram vagos e estranhos. Durante as aulas Syaoran parecia ausente, e na pausa pro almoço deixava minha comida comigo e saía dizendo que tinha outras coisas em que pensar. Até mesmo quando ia me buscar ou me acompanhava até em casa não falava muito. Tomoyo, apesar de eu fazer de tudo para piorar sua vida enquanto estava nos treinos, continuava calma e me tratava como seis anos atrás, quando éramos amigas.

Eu não sabia o motivo, mas achava que havia uma ligação entre a calmaria da Daidouji e os estranhos modos do Li.

- Syaoran. - eu segurei seu braço antes que saisse correndo depois do sinal - Onde está indo?

- Eu deixei seu bentou contigo, certo? - ele respondeu, virando-se para me olhar - Este era o trato. Eu não preciso ficar ao seu lado o tempo todo.

- Disso eu sei... - soltei-o, vendo que tinha razão - Mas e a segunda fase do plano? Você disse um mês, e se passou uma semana desde a primeira parte! E olha que semana que vem tem os exames de fim semestre. E depois tem as férias de inverno, e vamos nos ver de novo só em Janeiro. Se quiser perder tudo bem, mas depois o problema vai ser todo seu.

- Certo, certo! - Syaoran exclamou, claramente aborrecido - Está certa. Vou ver se resolvo isso ainda hoje.

- Eu estou sempre certa.

- Claro, claro. - ele comentou, abanando uma mão - Agora estou indo. - concluiu a conversa, saindo da porta e desaparecendo na multidão de alunos no corredor.

Eu franzi a testa, achando aquilo mais do que estranho. Uma semana antes ele estava todo entusiasta pela aposta e agora havia simplesmente esquecido?

Eu tentei me segurar, mas foi inútil; quando percebi já estava correndo na direção que ele tinha tomado instantes antes. Syaoran, por mais que eu não queira admitir, era o único em que eu podia confiar na escola além de também ser meu único "amigo". Eu me preocupava, mas fingia que não era verdade.

Quando eu cheguei ao pátio, já com certa dificuldade para respirar depois de ter descido as inúmeras escadas sem ter comido nada nem mesmo no café-da-manhã, notei a silhueta do Li afastar-se despistadamente até ir atrás do segundo prédio. Lá haviam algumas árvores de cerejeira, mas ninguém costumava ir em tal lugar naquela época do ano pois o vento era muito forte. Aliás, no final de Novembro são poucas as pessoas que vão comer pro lado de fora da escola.

Cheguei perto com cautela, tomando todos os cuidados para não fazer sequer um movimento perceptivel. Escorei-me à parede de frente, deslizando pela mesma até alcançar o chão ajoelhando-me, então espiei disfarçadamente o que ele estava fazendo.

Então, eu vi uma cena desconcertante: Syaoran estava almoçando debaixo de uma das árvores sem folhas com Tomoyo. Pisquei uma ou duas vezes os olhos antes de acreditar no que estes me mostravam. Quero dizer... Tomoyo, Tomoyo Daidouji! Ele estava confraternizando com o inimigo! Era imperdoável.

Tive que usar todo meu auto-controle para não ir até lá e bater nos dois até ficar com as mãos cheias de sangue. Até agora eles não tinham dito sequer uma palavra, portanto eu não sabia se conseguiria ouvi-los. Entretanto, eu estava extremamente curiosa pra saber por que diabos aqueles dois eram "amigos".

- Como está a Sakura-chan hoje? - ela finalmente abriu a boca, e eu me espantei com a pergunta.

- Bem. - ele respondeu enquanto abria seu bentou - Ela me fez umas perguntas antes que eu viesse aqui.

- Do tipo?

- Hm, tipo aonde eu ia. Mas eu simplesmente disse que não era problema dela.

- Mas ela não te seguiu, né?!

Ele fez um semblante sério, quase triste, antes de responder. - Não. Ela nunca se importaria comigo ao ponto de me seguir. Sou eu aquele que sempre sucumbe nessa história.

Eu senti algo atravessar meu peito. Uma dor, talvez. Eu nunca sequer havia notado que ele pensava que eu não ligava pra ele. E, como assim "sucumbe"? Se não gosta de algo simplesmente diga-o, idiota!

- Você fala como se estivesse apaixonado e fosse um amor unilateral. - ela estava com as pontas nos hashis ainda na boca, olhando-o desconfiada.

- Hmpf, não seja ridícula. - Syaoran ficou ligeiramente corado - Mesmo se fosse, e fique bem claro... Não é assim, Sakura só tem olhos pro Tsukishi... - ele mordeu sua lingua antes de terminar, como se tivesse dito mais do que devia. E era verdade, afinal. Apesar do fato que Tomoyo já soubesse daquilo há mais tempo que o Li.

- Yukito Tsukishiro-sensei? Ainda? - Tomoyo não parecia sequer espantada, e eu sabia bem o motivo - Faz uns sete anos que ela gosta dele, eu acho.

Eu odiava o ar de superioridade dela enquanto o dizia. O que ela queria que eu fizesse, que simplesmentes esquecesse o amor da minha vida de uma hora pra outra?!

- S-Sete anos? - repetiu, provavelmente atordoado - Isso é tempo demais! Mas, espera ai... Como diabos é que você sabe disso?

- Eu te disse, éramos melhores amigas. Mas este sempre foi um amor sem chance alguma de funcionar.

- Eu não acho. - Syaoran olhou-a seriamente... Era a primeira vez que eu via aquela expressão - O Tsukishiro-sensei é realmente importante pra ela. E eu prometi que iria fazer ele se apaixonar por ela a qualquer custo.

- Você realmente a ama, certo?

- Pare de dizer besteiras! - o sinal tocou naquele momento, e eu o vi levantar-se. Fui obrigada a correr de volta pra classe, ainda morrendo de fome.

Ela realmente estava dizendo coisas sem fundamento. Syaoran me amando? Por que ele me ajudaria a ficar com o Yukito, então? E éramos rivais! Simplesmente não fazia sentido.

Ela nunca soube interpretar os sentimentos dos outros, de qualquer forma.

Eu sentei-me, exausta. Ah, é assim que ele se sente quando vai me buscar chá gelado perto da escola, pensei ainda tentando recuperar o fôlego. Olhei pro recipiente à minha frente, mas eu nunca conseguiria comer tudo em apenas alguns minutos - o tempo do professor chegar até a classe. Por isso resolvi guardá-lo.

- Não vai comer? - ouvi sua voz ao meu lado e tomei um susto, quase caindo da carteira.

- Ficou doido, garoto? - segurei-me pra continuar em cima da cadeira - Não apareça assim do nada!

- Ah. Aqui está seu chá. - ele colocou a caixinha sobre a minha carteira, abaixando-se - Ué? Você sempre come muito. Está com febre ou algo do tipo? - indagou, colocando uma mão sobre minha testa por baixo da franja. Eu senti meu rosto esquentar-se furiosamente com o leve toque dele. Empurrei-o, gritando que estava bem.

O que foi isso?, perguntei mentalmente, segurando o rosto com as duas mãos. Olhei-o de soslaio sentar-se com um semblante preocupado.

As coisas estavam ficando estranhas.




Naquele dia nem eu nem ele tinhamos basquete, então voltamos pra casa juntos.

- Vai, sobe. - ele resmungou entredentes, subindo em cima da bicicleta branca - Estamos meio atrasados pra pegar o trem.

- Nem morta! - exclamei - Eu não gosto desse veículo de duas rodas.

- Deixa de ser fresca, garota. - ele parecia aborrecido. Desceu, puxando o apoio da bicicleta com um pé e vindo na minha direção - Ou vem, ou vem. Hoje vamos pra minha casa e o trem pra minha estação passa antes.

- Vamos pegar o de sempre e depois vamos a pé até a sua casa, ué.

- Pare com isso agora. - Syaoran puxou meu braço, levando-me até perto daquela coisa perigosa - Quer que eu te leve nos braços como uma princesa?

- Não, não! - eu gritei, vendo que ele falava sério - Ok. Eu vou. Mas pelo amor de Buda, vai devagar.

- Sim. - ele voltou a subir, segurando a bicicleta em pé por conta das pernas apoiadas ao chão. Sentei-me atrás de lado, amedrontada. Quando eu era pequena cai e quebrei um braço tentando aprender a andar, portanto desisti completamente.

Syaoran começou a pedalar, e eu me segurei ao bagageiro com força. Era a primeira vez que eu andava com ele em cima daquela coisa horrenda.

- Vai, segura minha cintura - ele aumentou um pouco a velocidade, e eu me vi obrigada a obedeces-lhe. A aproximação me fez notar que ele tinha um cheiro bom. Prensei os olhos, e o ouvi soltar um leve riso. Antes que eu abrisse os olhos já estávamos na frente da estação.


Chegamos à sua casa por volta de meia-hora depois. Ele abriu a porta com suas chaves estranhamente verdes e me disse pra tirar os sapatos na porta. Pouco mais à frente, saindo da cozinha, estava seu fiel mordomo Wei. Um homem de meia-idade, semblante gentil e cabelos grisalhos.

- Ah, senhorita Kinomoto! Há quanto tempo. - ele virou os olhos pra Syaoran que estava caminhando em direção às escadas - Li-bocchan não me disse que viria, desculpe se não preparei nada.

- Que nada, Wei! - exclamei, logo seguindo meu colega de classe que tinha começado a subir as escadas ignorando nossa pequena conversa - Eu vou ficar pouco tempo. Temos que ver umas coisas pra uma aposta.

Eu vi os olhares do mordomo e de seu senhor se cruzarem, sendo interrompidos por um sorriso do primeiro que despedindo-se polidamente havia voltado aos seu afazeres. Continuei a andar, fingindo que não tinha percebido.

Entrei dentro de seu quarto depois dele; a cama ainda desarrumada, roupas por todas as partes em meio àos livros e à pesos aqui e ali. Nós éramos bem parecidos.

- Senta. - ele apontou pra uma cadeira na frente daquela em que tinha se acomodado - Desculpa pela bagunça, eu não gosto que o Wei toque nas minhas coisas, então acaba assim.

- Não se preocupe. - sorri, falando sinceramente - Vamos às coisas importantes. E a segunda fase?

- Eu estava pensando... - Syaoran levou uma mão ao queixo com o semblante pensativo - Precisamos de um encontro.

- Um encontro?

- Sim, Sakura, um encontro. - ele repetiu, levantando uma sobrancelha - Algo que deixe com que vocês tenham uma intimidade a mais.

- Fácil falar. - eu reprovei a proposta, cruzando os braços - Os exames estão chegando, começa a fazer frio. O que diabos quer que eu invente pra sair com ele?

- Os exames! - o Li exclamou, muito provavelmente tendo uma idéia - Isso! Você tem que pedir pra ele ser seu professor.

- Eu já tentei isso.

- Como assim?

- Lembra quando eu disse que tinha conseguido um professor que me ajudou a ficar em segundo lugar no ranking? - ele assentiu, e eu prossegui - Era ele. Mas não aconteceu absolutamente nada.

- Quer dizer que ele sabe o que te falta no aprendimento. Esta é uma coisa boa. - o vi sorrir de forma maliciosa, o que me assustou um pouco. - Esta etapa se vai se chamar "Bater e correr".

- E o que isto significa?

- Vai saber amanhã. - Syaoran levantou as sobrancelhas com certo ar de superioridade - Deixe tudo com o Syaoran-sensei.

Eu fechei a cara, meio emburrada. Era meio estranho e constrangedor deixar meu futuro nas mãos de meu rival. Entretanto... Pra um amor desesperado como o meu, não havia escolhas.


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Notas finais do capítulo

Gomen pela demora. E vou me desculpando antecipadamente, por que vou demorar bem mais pra postar o 9. Estou em duvida sobre como deixar a historia prosseguir apartir do 10, e queria ter as idéias prontas antes de postar um capitulo importante.
E ai, reviews pra esta pobre ficwriter?