Já estava mais atrasada que o necessário, Killian não aparecia e eu estava começando a ficar aflita, com pensamentos negativos. Via de longe que havia muitos principes e princesas, havia reis e rainhas por todas as partes. Ruby estava lá também e eu me mantinha escondida, para que ninguém me visse, esperando por Killian.

— Woah! - ouvi e me virei - Emma... você está... maravilhosa! - comentou Killian

— Obrigada, você está perfeito de 'príncipe'. - rimos - Vamos, já estamos muito atrasados!

Ele me ajudou com o vestido, não poderia suja-lo e ele meio que atrapalhava andar, junto com o salto, na grama.

— Preciso dar mais uma olhada pra você. - sorriu ele - De uma voltinha.

— Killian, pare com isso! - ri

Entramos no salão e fomos até meus pais, precisava apresenta-lo a eles como o príncipe que havia dito.

— Emma, qual vai ser meu nome? - perguntou quando nos aproximávamos

— Charles. - respondi - Príncipe Charles das Ilhas do Norte.

— Tudo bem.

Nos aproximamos mais e pude sentir o olhar de meu sobre Killian, ele aparentava estar com ciúmes.

— Rei James. - me curvei - Rainha Branca de Neve.

— Princesa, está fabulosa. - disse meu pai dando-me uma olhada - E quem é este?

— Rei, Rainha. - se curvou - Príncipe Charles, das Ilhas do Norte. - sorriu

— Muito prazer Príncipe Charles. E obrigada pela honra de lhe termos neste baile.

Sai de perto dos meus pais e fomos até uma das varandas do salão.

— Então Charles. - sorri - No que está pensando?

— Nos velhos tempos. - suspirou - Apenas nos velhos tempos.

— Como assim? Já foi da realeza? - perguntei meio surpresa

— Quase. - sorriu - Digo, não, mas fui a muitos bailes.

— Posso lhe contar algo?

— Claro. - sorriu

— Já fui a muitos bailes também, mas em nenhum deles eu dancei. Nem com meu pai, nem com qualquer outro príncipe. - disse e abaixei a cabeça

— Uma princesa que não dança em bailes, essa é nova. - riu - Mas por qual motivo?

— Digamos que em todos os bailes que fui, ficava reclusa no jardim até a hora de partir, não tinha amigos e não fazia questão de tê-los. Nenhum deles gostavam de mim.

— E quanto ao Rei?

— Sempre dançava com minha mãe. Ele nunca me chamou para dançar, sinceramente eu sempre estranhei isso, mas nunca o perguntei o real motivos. Provavelmente porque eu sumia e só voltava para ir embora. - eu ri - E na verdade, eu não sei dançar.

A música da valsa começou e eu me encostei na grade da grande varanda. Senti o olhar de Killian sobre mim e então ele estendeu a mão.

— Me concede a sua primeira dança Princesa Emma?

— Com prazer. - disse lhe dando a mão - Mas devo dizer, realmente não sei dançar valsa.

— É simples e só tem uma regra, escolha um parceiro que saiba conduzi-la. - sorriu

Começamos a dançar e ele me explicava como deveria fazer.

— Você poderia parar de rir. - indaguei

— Desculpa, mas devo dizer, você é bem natural. Eu lhe disse aquele dia que você não se igualava a outras princesas... acho que estava certo.

— O que quer dizer?

— Você é decidida Emma. Acho que não parece ser tão durona quando aparenta ser. - ele olhou em meus olhos e então me perdi nos seus olhos de um azul infinito - Avisei que saberia o que fazer.

— Ótimo, meu primeiro 'baile', minha primeira dança e tudo o que pode dizer é 'eu avisei'?

— Não, estou apenas dizendo que você é especial. Por nunca ter dançado, sabe bem o que deve ser feito.

Enquanto dançávamos sentia o olhar de James sobre nós. Killian me olhava, parecia hipnotizado. Seu olhos continuavam a dizer coisas infinitas, nas quais eu não conseguia decifrar.

Fomos interrompidos por James.

— Posso? - perguntou me estendendo a mão

— Claro. - respondeu Killian

Comecei a dançar com James e vi Killian ir para a varanda.

— Então quer dizer que sua primeira dança não foi com seu pai?

— Desculpe, aquele adorável cavalheiro foi mais rápido. - sorri irônica - Afinal, 17 anos e inume-os bailes e em nenhum deles meu pai me chamou para uma dança. - contestei-o brava

— Desculpe Emma, eu realmente quis...

— Não, não quis. Nunca quis nem saber por onde andava quando estávamos nesses malditos bailes. A verdade é que você e mamãe estão loucos para que a maior idade chegue e eu caia no maldito sono profundo. Porque sabem que não tenho nenhum verdadeiro amor. Mas como teria se eu nunca posso sair, não é mesmo?

— Onde conheceu Charles?

— Já disse, quando ele veio acompanhado de sua família para fazer negócios. Há algum tempo! - indaguei

Killian narrando.

Estava apreciando Emma dançar, hipnotizado. Aquele vestido vermelho estava realmente perfeito para ela. Seus olhos estavam alegres e até o momento era apenas isso que importava, ela estar feliz.

Porém, eu não poderia ficar mais tempo. Precisava voltar pro mar, por mais que meu coração não quisesse. Que piada, o pirata se apaixonar pela princesa.

— Então, capitão... o que faz aqui? - perguntou uma voz feminina

Me virei assustado e vi que era Branca.

— M'lady, desculpe. Eu realmente não queria vir...

— Mas veio! - indagou

— Sim, mas eu só vim porque a princesa insistiu muito. Ela me disse que não tinha companhia e que sua única esperança seria eu.

— Qual a relação dos dois?

— Ela é apenas uma grande amiga, Alteza. - respondi - Ela me contou que nunca teve amigos.

— Ela não precisa de amigos, precisa de um amor verdadeiro! - disse praticamente cuspindo as palavras sobre mim - Um pirata não pode ter nenhum tipo de relação com pessoas da realeza, ordeno que saia desse baile, agora!

— M'lady, eu vou zarpar logo. Emma ficará arrasada, deixe-me pelo menos ficar esta noite, para que eu possa faze-la entender que não podemos continuar sendo amigos.

— Não.

— Alteza, por favor, veja como ela está feliz está noite. Não tire isso dela! E por favor, por ela, não conte nada ao Rei.

— Apenas mais está noite.

Sorri e ela deu as costas. Minutos depois vi Emma vir em minha direção.

— Então Charles, podemos dar uma volta?

— Claro. - sorri

Emma narrando.

Senti Killian diferente. Mas mesmo assim não disse nada. Fomos até o jardim que estava todo iluminado, sentamo-nos em um dos bancos que havia ali e decidi contar a ele sobre o que conversei com meu pai.

— Tenho uma coisa pra te contar. - dissemos juntos

— Você primeiro. - pedi

— Não, pode ser você. - sorriu

Contei a ele sobre o que eu e meu pai conversamos, ele ficou meio pasmo mas mesmo assim não comentou nada.

Perguntei o que ele queria falar comigo.

— Eu... - suspirou - não sei como te contar. - disse abaixando a cabeça e fitando o chão

— Killian, pode me contar tudo.

— Eu, só queria que tivesse uma amizade a sua altura.

— Onde quer chegar com isso? - perguntei

— Esquece, depois eu te falo. Vamos conversar sobre outra coisa.

— Killian...

— Por favor. - pediu

Andamos até o chafariz que estava enfeitado com fios de rosas brancas e iluminado, observamos a água cair em perfeita sintonia com o vento. Diminui o espaço que havia entre nós e ele me fitou.

— Swan, já esteve apaixonada?

— Infelizmente não. - abaixei a cabeça - É complicado, passei minha vida atrás de um verdadeiro amor e... nunca o encontrei.

— Qual o motivo da tristeza repentina?

— Nada. - olhei e sorri

Ele pegou em minha cintura e eu enrolei meu braços em seu pescoço, com o som dos bichinhos do jardim, dançamos novamente. Encostei minha cabeça em seu ombro, ele era maior que eu, mas isso não impedia-me de olhar em seus olhos.

Ele beijou minha cabeça e deixei as lagrimas caírem. Por um momento pensei em contar a ele sobre a maldição, mas logo esse pensamento fugiu e continue achando que era melhor manter segredo.

— Emma, por que as lagrimas?

— Não sei. - sorri - Eu só achei que nunca teria um amigo tão bom quanto você.

O tempo passou rapido, ficamos conversando a noite inteira e ele continuava encarar o chão.

— Swan, eu realmente preciso ir agora. - disse finalmente

— Mas por que?

— Eu preciso te falar, não podemos mais ser amigos. - suspirou e pude jurar que havia uma ponta de tristeza em sua fala - Eu realmente não queria isso, mas depois de hoje eu vi que um pirata não pode ter nenhuma relação com pessoas da realeza. - comentou com os olhos lagrimejados - Eu não... eu não queria ter que dizer isso, mas adeus. - disse e me abraçou

— Killian, por que está fazendo isso? - perguntei sem me importar com as lagrimas

— Porque meu lugar não é ao seu lado.

— Mas eu não me importo se você...

— Mas eu me importo! - disse e deu as costas - Obrigada por tudo, Swan.

Apenas fiquei parada ali, no mesmo lugar, observando-o correr e sumir. Corri para meu quarto e pouco tempo depois minha mãe entrou.

— Onde estava com a cabeça de trazer um pirata a festa? E se seu pai descobrisse?

— Como descobriu?

— Seu pai não se lembra, mas eu me lembro. Os negócios com a família das Ilhas do Norte, lembro muito bem. Eles tinham sim um filhos, mas se chamava David, não Charles. - comentou - Um pirata não pode ter qualquer relação com as pessoas da realeza.

Lembrei das palavras de Killian. Então ele não o fazia porque queria, fazia porque estava sendo obrigado.

— Foi você! - gritei - Você que o obrigou a se afastar!

— Ele vai zarpar logo pela manha, não adianta querer fugir, não ira alcança-lo. Emma, abra os olhos, não precisa de amigos, precisa de um verdadeiro amor!

— Você contou a ele? - perguntei incrédula com suas palavras

— Não, claro que não!

— Você é um monstro!

— Não Emma, ele é um monstro, ele é vilão! - respondeu e bateu a porta

— Ele é melhor que você! - gritei alto suficiente para que ela ouvisse

Precisava sair dali, precisava ir atrás de Killian, pedir para que ficasse.

Não havia muitos guardas nos portões laterais hoje, estavam focados na segurança do baile, peguei meu cavalo e corri, o mais rápido que pude até o porto.

Encontrei Killian conversando com Smee.

— Killian. - gritei - Killian, por favor. Precisamos conversar.

— Swan, o que faz aqui? - perguntou assustado e enxugou algumas lagrimas

— Killian, eu sei que quem falou para se afastar foi minha mãe - disse liberando mais lagrimas - Não de ouvidos a ela, por favor, fique.

— Emma, eu preciso partir. - disse - Já estava em meus planos, eu ia te contar mas não pretendia ir tão cedo.

— Killian, por favor!

Ele me ajudou a descer e eu fiquei de frente a ele, fitando seus lindos olhos azuis cheios de lagrimas e tristeza.

— Emma, sua mãe está certa, precisamos nos afastar! - disse - Meu lugar não é ao seu lado.

— Eu já falei que não me importo com isso. Eu já falei que você é o único amigo que eu tenho! Não posso te perder.

— Eu vou te escrever Emma, eu prometo que vou, agora vá... não quero te ver assim.

— Não seja egoísta capitão. - pedi - Eu estou aqui para te impedir que vá, por favor, fique!

Ele me olhou e sorriu, uma lágrima rolou por seu rosto e deixou uma marquinha molhada em sua roupa. Ele estava fabuloso com aqueles trajes.

— Emma, você está linda. - disse - Você vai encontrar alguém que possa ser tudo o que deseja, eu não posso!

— Eu só preciso de um amigo!

Ele me abraçou novamente e enxugou meu rosto encharcado pelas lagrimas, mas foi em vão.

— Eu preciso te pedir, Emma. - disse enfim - Volte ao castelo e esqueça que eu vou embora, fique apenas com nossas boas lembranças, eu te escreverei, todos os dias, eu prometo! - disse e segurou minhas mão - Eu vou voltar, em breve. Em alguns meses estarei de volta.

— E poderemos nos ver?

— Talvez... se você quiser! - sorriu

— Prometa que não se esquecerá de mim, não se esquecerá de me escrever.

— Eu te prometo. Se não o fizer, nem eu próprio me perdoarei.

Nos despedimos com lágrimas nos olhos e eu parti, não cumpri meu juramento, me deitei ainda com o vestido do baile e chorei, chorei até amanhecer. Meu rosto estava inchado e eu só podia pensar que a qualquer momento o único amigo que tive estava partindo.

E tudo por culpa da minha mãe.