A marca da Fênix escrita por Giovana Moysés


Capítulo 8
Reino de Fogo


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é comprido por que na verdade é uma das minhas partes favoritas da história, então espero que vocês também gostem.



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O fato de ser acordado por uma lança rente a seu rosto não foi nada satisfatória. Lirái levantou calmamente com as mãos espalmadas em sinal de que se rendia, não iria atacar, não era louco de fazer algo como isso.
Aurora permaneceu sentada, não tinha muita força para levantar, parecia que a força que o cristal exercera na noite passada tinha sugado toda a sua energia e vigor, o machucado em seu braço também fizera sua parte para extrair sua vitalidade.

Os guerreiros não diziam nada, nem uma palavra para designar ordem. Lirái também não conseguia ver seus rostos direito, os capacetes de metal cobriam as laterais da face deixando mais difícil indentificar quem estava por baixo deles. Mas Lirái era um príncipe experiente na cultura dos outros povos, estudou muito sobre os modos de guerra dos outros Reinos e isso sempre o deu muita vantagem, e fitando corretamente as armaduras dos guerreiros pode identificar de onde eles vinham.

– Eu príncipe Lirái da Floresta Amarela, filho do Rei Lidhrës desejo que abaixem suas armas contra mim e minha companheira. - Em um movimento só todos os guerreiros guardaram suas lanças e fizeram uma leve reverência na direção do príncipe.

– Pedimos desculpas senhor Lirái. Pensemos que fossem espiões das tropas de Abalyn, é que ninguém mais usa essa rota que vocês tomaram. - O primeiro a falar foi aquele que há pouco tempo estava apontando uma lança para Lirái, então ele distinguiu que aquele deveria ser o capitão de pelotão.

– Tomamos esse caminho para fugir de Abalyn, a minha companheira é alguém muito especial senhor. - Lirái falou olhando para Aurora, ele viu que ela não estava bem e estava sendo atendida por um dos guerreiros.

– Eu não sou um senhor. - O capitão de pelotão tirou seu capacete revelando um longo cabelo cor de fogo e as feições de uma mulher forte. ( Então devemos corrigir isso: A capitã de pelotão tirou o capacete revelando um longo cabelo cor de fogo e as feições de uma mulher forte.)

– Me perdoe. - Lirái se redimiu envergonhado, não era comum ver uma capitã.

Ele pediu licença e foi na direção de Aurora, ela estava sentada com o cobertor envolto sobre os ombros e esfregando as têmporas, deveria estar com uma enorme dor de cabeça ele pensou. Um dos guerreiros acabara de lhe dar um liquido azulado para beber, deveria ser algum tipo de estamina que os soldados das montanhas de fogo sempre carregavam junto de si, para possíveis desgastes corporais.

Quando Lirái parou ao seu lado ela já apresentava uma melhora considerável de suas percepções e até seu machucado se mostrava menos inchado, antes ele estava quase inflamando a toxina presente nas garras das mulheres-serpentes era altamente putrefativa. A capitã ficou parada em posição de sentido esperando a conversa dos dois acabar, nisso ela pode fitar com cautela a companheira do príncipe que era alguém muito, mas muito especial.

– Como se sente? Parece melhor e por falar nisso seus olhos não estão mais dourados. - ele falou com um belo sorriso.

– Sim, estou melhor, tenho que agradecer aquele ruivo de olhos azuis, ele foi bem legal comigo. - A voz dela saia falhada em algumas palavras, mas aos poucos voltada a ficar na mesma frequência de outrora.

– Isso é ótimo. - Lirái sorriu esfregando a mão em suas costas e depois se dirigiu a oficial comandante. - Senhorita eu gostaria que me levasse até a Rainha Macärya.

A oficial não prestou muita atenção nas palavras do príncipe a única coisa que chamava sua atenção era a marca que tomava forma no pescoço da jovem por baixo do cobertor, então Aurora moveu o pescoço para o lado e isso fez com que a marca se tornasse mais nítida. Ao ter noção do que aquela marca representada, a capitã se surpreendeu e ao mesmo tempo sentiu uma especie de alivio vindo do nada.

– A filha da Fênix retornou. - Ao proferir isso todos os guerreiros fitaram Aurora e depois se ajoelharam na frente dela. Ela suspirou cansada, odiava aquele tipo de reação que as pessoas tinham.

– Se eu fosse começava a me acostumar com isso, vai acontecer sempre que alguém te reconhecer. - Lirái deu uma risadinha e Aurora se pôs de pé, jogou o cobertor para o chão e se fez ouvir.

– Escutem, não se curvem perante mim, não sou mais nada do que uma simples garota que está mais desesperada do que vocês, então levante-se. - Os guerreiros começaram a se erguer aos poucos.

A capitã voltou a sua posição de sentido novamente, ela não conseguia entender o por que da princesa ter falado tão lisonjeiramente assim, ela deveria ser o oposto da Rainha Macärya, o que seria algo muito bom. Então ela voltou a falar com Lirái e agora ouviu com perfeição o pedido do príncipe e acatou ao seu desejo.
Ela reuniu a tropa e eles partiram rumando a frente, subindo a elevação que é o bosque até o reino da grande Macärya a mestra dos dragões. Aurora não via a hora de passar a noite em um lugar que não fosse o chão duro de uma floresta. Já Lirái almejava a mesma coisa, ele fizera treinamento para passar dias acampado caso fosse necessário em uma batalha, mas não via a hora de se largar em uma cama macia e se enrolar em lençóis finos.

– Como sabiam que estávamos aqui? - Aurora perguntou fitando a capitã que estava a sua frente.

– Na verdade foi por acaso princesa, estávamos em uma patrulha de rotina pelas voltas do reino quando nos deparamos com vocês. - Ela respondeu sem ao menos virar o rosto para Aurora.

Eles seguiram por um longo caminho. A tropa marchando em seu encalço e a capitã seguindo enfrente sem nem olhar para trás para verificar se alguém havia se perdido ou abandonado a companhia, só continuava em frente. Nem Lirái falava nada, estava tudo em um completo e emudecedor silêncio.
Aurora não sabia aonde estavam, então pegou no bolso de seu cinto o mapa que Cyd havia lhe dado, mapa que até agora ela consultara apenas duas vezes. No mapa ela pode ver que eles já haviam utrapassado o lago e seguiam em frente, isso queria dizer que estavam na Região das Montanhas, partindo direto para o Reino das Montanhas de fogo. "Quantas Montanhas" Aurora pensou consigo mesma.

No mesmo bolso viu a pulseira que Cyd havia lhe presenteado, a apertou dentro da mão quando foi guardar o mapa, não a tirou para a luz, só permaneceu com a mão pousada dentro do bolso até que Lirái lhe dirigiu um olhar curioso e ela retirou a mão e voltou a se centrar em seguir em frente.
A sua frente montanhas começavam a tomar forma, desenhando a paisagem a sua volta. Eles caminharam mais alguns metros até ultrapassar um corredor entre uma grande parede rochosa, atrás dela um enorme quenio se estendia e era marcado na entrada por uma enorme muralha com elfos portando lanças e machados, alguns com barbas espeças e alguns com elas trançadas.

A entrada da muralha tinha em pedra um grande dragão que recepcionava quem passava pelo portão. A capitã deu ordens para que o portão fosse erguido e sua ordem foi cumprida de imediato, ela sorriu para Aurora e Lirái indicando que eles entrassem. Ao passar pelo portão e adentrar os domínios do reino Aurora se apaixonou, era um lugar enorme e com a grama mais verde do que ela já tivera visto.
As montanhas na volta impediam qualquer ataque de surpresa, eram altas e enormes. Tinham muitas casas em estilo norueguês antigo com grama crescendo nos telhados, um grande salão que Aurora achou ser onde eles davam os seus baquetes e no centro do vilarejo havia uma árvore robusta com galhos formosos e flores rosas, contendo algumas frutas douradas, era literalmente uma das filhas de yathën. Tinham um tipo diferente de árvore que crescia nas redondezas, elas tinham uma cor parecida com o bege e possuíam apenas três galhos que se alongavam na direção do céu e neles nasciam apenas flores rosas.
As tropas se dissiparam e Aurora e Lirái seguiram junto a capitã, Aurora se sentia envergonhada, não tinha ao menos perguntado o nome da mulher que tinha os achado e dado a ordem para que eles não fossem executados por lanças. Ela sabia o nome daquele que tinha lhe dado a estamina e era só isso.

– Espere, antes de continuarmos preciso saber seu nome. - Aurora perguntou e a moça com os cabelos ruivos balançando a vento se virou com um caloroso sorriso.

– Eu me chamo Elsker ( Els-kâ).

– É um prazer até que enfim saber seu nome. - A mulher deu uma doce risada e Aurora seu cordial sorriso, então elas voltaram a seguir em frente.

Elsker conduzi-os até o palácio da Rainha Macärya, ele era em toda forma muito parecido com as casas da cidade, a diferença era que ele possuía mais de três níveis e cada nível tinha proporção diferente aos outros, isso fazia com que o palácio tivesse um jogo de telhados, dando uma característica única ao edifício.
A entrada do palácio era aberta e uma grande escadaria fazia a recepção, os três subiram a escadaria chegando a um grande salão bem amplo com várias vigas redondas de cor vermelha espalhadas pelo salão, as muitas janelas faziam uma iluminação homogênea do cômodo. O salão se estendia até longos corredores que ramificavam em outros pontos, até a escaria que dava ao segundo nível.

Aurora quase escorregou no piso polido de granito branco, mas Lirái a segurou rapidamente evitando o possível acidente. Eles subiram a elevação da sala que dava até uma pesada porta de mogno entalhada com desenhos de serpentes gigantes, dragões e guerreiros. Aquela porta contava uma história por si só, imaginem a sala que ela mantinha fechada.
Elsker colocou as duas mãos espalmadas na porta e a empurrou revelando uma linda sala com paredes azuis decoradas com pinturas diversas, uma de enormes montanhas rodeadas por neblina, outra de um exercito marchando e etc. Mais a frente havia um trono de madeira vermelha, com um arco de ervas e flores enroscados como uma moldura atrás, e sentada no trono estava o centro da pintura a Rainha Macärya com seus cabelos pretos dando cor a pele branca. Seus cabelos estavam envoltos em coque ornado pela sua coroa fina de ouro e rubis, e alguns fios desgarrados ficavam jogados sobre seus ombros. Ela usava um vestido vermelho e por cima um manto também vermelho mas com desenhos de dragões dourados estampados no leve tecido.

Ela se pôs de pé e caminhou na direção dos dois, Elsker ficou parada em posição de sentido perto da janela esperando alguma ordem ou nova posição. Aurora fitava a rainha e a rainha fitava Aurora, as duas se olhavam como se fossem se matar, então Macärya se voltou para Lirái.

– A que devo a honra de sua visita príncipe Lirái? - Lirái abaixou levemente a cabeça em sinal de respeito perante a Rainha.

– Estamos em uma viagem e acabamos encontrando seus soldados, então decidimos lhe fazer uma visita e pedir para ficar aqui por hora até que estejamos aptos a seguir viagem. - A Rainha assentiu sorrindo e Lirái lhe desviou um outro sorriso.

– E quanto a essa criança, quem é ela? - Macärya olhou para Aurora com desdem e a mesma ia responder a pergunta da Rainha de um modo bem peculiar mas Lirái segurou seu braço interrompendo-a.

– Rainha Macärya eu lhe apresento Aurora, a última descendente de Mirdor. - Lirái olhou para Aurora implorando para que ela fosse só um pouco sociável com o temperamento da Rainha, então ela deu um sorriso meio afetado. Macärya ficou surpresa e fascinada ao conhecer a tão aguardada filha do sol e sorriu abaixando a cabeça em sinal de respeito para Aurora.

– Vocês podem ficar o tempo que desejarem no meu reino e Elsker mande avisar que teremos um grande banquete em homenagem aos nossos convidados, o príncipe Lirái da Floresta Amarela e a Filha de Aristhy que retornou a Elinikäinen depois de todos esses anos. - A rainha gesticulava com as mãos durante as frases, era algo para dar mais ênfase a suas falas. Aurora agradeceu a hospedagem e o banquete que ainda nem tinha sido proporcionado. - E aproveite e leve-os para se fascinarem com nosso reino e depois garanta que eles ganhem roupas limpas, porque essas não são aceitáveis. - Macärya olhou com repulsa as vestes rascadas e enlameadas dos dois.

– É claro minha senhora. - Elsker conduziu os dois para fora da sala do trono e depois para fora do palácio.

Depois que saiu Aurora sentiu um leve desconforto no braço machucado, um latejamento. Ela esfregou o machucado tetando fazê-lo parar de doer, mas sua tentativa foi inútil. Lirái notou que o machucado voltava a tomar uma cor esverdeada, como se a pele estivesse envenenada e ficou apreensivo em relação a isso.
Elsker ai leva-los para que pudessem se lavar e vestir roupas adequadas, mas achou que os dois iriam preferir ver um lugar antes de limparem-se, tinham passado tanto tempo assim, não iriam se incomodar de ficar mais alguns minutos.

– Gostaria de ver uma coisa fabulosa? - Ela falou com um sorriso convidativo nos lábios, algo que incitou Aurora e animou Lirái. - Venham comigo.

Ela conduzi-os até uma descida. Um estreito regato serpenteava pela terra, uma ramificação do rio das nações. Haviam várias crianças correndo de um lado para o outro sobre a rua de pedras brancas, naquela parte do Reino haviam muitas bancas e ferreiros dando formas diversas a pedaços de metais, músicos tocando e donzelas dançando, era o mercado da cidade.
Aurora permaneceu encantada, queria poder ficar ali dançando sobre as pedras brancas, rindo e cantando. Mas eles seguiram a longa rua, até o final dela, onde não haviam mais pedrinhas, eles caminharam mais um bocado passando por várias daquelas árvores contendo só três galhos, Lirái explicou que o nome daquelas árvores eram rosas-do-deserto e elas não tinham nenhum parentesco com as rosas casuais e só nasciam em lugares um pouco secos e montanhosos como ali.

Elsker parou em frente a um grande portão de madeira, ele tinha quase cinco metros de altura. Possuía uma frase entralhada dizendo algo como "santuário de Dragões" . Elsker deu um fino assobio e os portões foram abertos revelando o que o próprio nome já dizia.
A visão fez Aurora estremecer e Lirái se arrepiar, já Elsker sorriu como dizendo "novatos". A sua frente um vale comprido se estendia, com algumas árvores e um pequeno riacho, as montanhas faziam altas fronteiras tornando aquele lugar único em todo o mundo. Mas o mais interessante ali eram os milhares de dragões que estavam parados, dormindo, comendo, e alguns alçando curtos voos e depois pousavam sobre as montanhas a sua volta.

Era lindo ver todas aquelas espécies variadas de dragões. Alguns todo vermelho com chifres saindo da lateral de sua cabeça; Uns de cor preta que por um lado parecia azul-marinho e quando se viravam contra a luz ficavam roxos; Alguns azuis com chifres se projetando para frente lhe dando a aparência de um touro; Outros de tamanho menor e com as cabeças pontudas e as asas curtas, esverdeados ou da cor da terra; Alguns do tamanho de uma casa com o corpo liso da cor branca ou marfim; Muitos de corpo cinza claro e as assas finas de tonalidade verde-metálico; tinha também alguns dourados como ouro com olhos feito rubis.
Mas havia um totalmente negro com as asas como laminas afiadas, capazes de decapitar um rinoceronte em um só golpe, ele não deixou de cuidar os movimentos de Aurora nem por um minuto em sua enorme rocha sobre a cachoeira. Elsker continuou conduzindo-os pelo santuário e contando um pouco da história daquele magnifico lugar.

– Na verdade o que aconteceu foi que quando chegamos aqui, os dragões já estavam, então basicamente foram eles que nos acolheram e nos ensinaram a lutar. - Eles pararam perto de um bando de dragões pequenos de cor verde, que correram para perto deles. - Os dragões vem aqui por causa do calor da terra e da lava dos vulcões, eles acasalam e põem os ovos. Mas outros só vem procurando segurança nos tempos de hoje.

– Eu conheço essa especie é Snel de rabo curto . - Lirái falou depois de os dragões verdes ficarem circulando seu corpo, talvez estivessem sentindo o cheiro da Floresta Amarela em sua roupa. - Li sobre eles em vários livros, eles viviam no nosso reino, até que depois de um acidente meu avó mandou que todos deixassem nossas terras. Estupidez, ele viu perigo onde não existia.

– Eles parecem gostar de você Liri. - Aurora falou rindo dos dragões mordiscando as pernas de Lirái, eram filhotes porque se fossem adultos mordiscariam sua cabeça.

Elsker espantou os Sneus da volta de Lirái e eles correram para mulher perto de uma cabana, deveriam estar querendo comida. Eles desceram mais a diante até uma especie de torre com vários andares, Elsker explicou que ali era onde os dragões costumavam dormir durante as noite frias, como um grande hotel climatizado pelo magma do vulcão que ficava alguns metros abaixo do solo.
Quem estava cuidando do lugar no momento era Brand um ruivo com o cabelo curto que encostava no inicio do pescoço e tinha uma barba rala avolumando-se no rosto, ele usava um tipo de poncho vermelho com preto por cima do peito e uma faixa sobre o olho direito que passava pela cabeça. Ele ficara cego depois de um drástico acidente no ano passado, mas mesmo assim não deixava de colocar um sorriso no rosto.

Aurora gostou muito dele por sua simpatia e amabilidade. Lirái manteve-se cordial como sempre mais sem muita intimidade, ele deveria mostrar ponderação perante os outros, era o que o pai sempre dizia. Brand os acompanhou junto com Elsker em direção ao velho riacho.
Foi quando de cima da enorme rocha o dragão negro desceu em um rasante ficando a frente dos quatro, ele se apoiou nas pernas traseiras e começou a bater suas asas causando uma brisa violenta.

– Se afastem, é perigoso ficar perto quando ele se estressa. - Brand falou ficando a frente dos três. - Ele costuma fazer isso.

Mas o olhar do dragão era voltado diretamente para Aurora e ela pode perceber isso. Então descumprindo as ordens de Brand avançou pela sua esquerda na direção do grande dragão, Brand ia segura-la mas Lirái o impediu, ele sabia que era necessário que ela fosse, o assunto era dos dois agora.
Ela se aproximou cuidadosamente do dragão que começou a se acalmar, ele parou de bater as asas, mas continuava apoiado nas patas traseiras, ele deveria ter ficado com quase três metros e meio de altura. Aurora chegou bem perto dele, ela não sentia medo algum, estava sendo a coisa mais normal para ela até agora. Ela esticou o braço fazendo com que sua mão ficasse na mesma direção do nariz da fera, então ele apoiou a ponta de seu nariz na mão da jovem e respirou fundo e abaixou-se novamente, sua cabeça ficou a uns cinquenta centímetros do corpo dela.

Eles se fitaram como que trocando informações, depois Aurora até se atreveu a lhe afagar o pescoço, coisa que a grande fera adorou. Eles estavam se entendendo muito bem, como velhos conhecidos, então Lirái e Brand se aproximaram ficando a uns cinco passos dos e quando ameaçaram chegar mais perto o dragão bufou como que mandando que eles não continuassem.
Brand foi o único que conseguiu se aproximar, Lirái teve que ficar olhando a distância junto com Elsker. Brand ficou deveras impressionado com o fato de Aurora conseguir acalmar um dragão tão grande e feroz como aquele.

– É a primeira vez que vejo alguém conseguir dominar um asas de prata sem se ferir, acho que devemos chama-la de domadora de dragão agora. - E com essa frase Aurora ganhou seu primeiro titulo durante a viagem.

Aurora se despediu do asas de prata e prometeu voltar para vê-lo, mas agora ela queria muito era se jogar nas águas quente de um bom banho. Então voltou para junto de Lirái e Elsker, Brand ficou para continuar seu trabalho cuidando dos dragões e se despediu dos dois prometendo encontra-los no banquete mais tarde.
Lirái e Elsker ficaram um pouco mais para trás e deixaram Aurora partir na frente, porque ela parava de tempos em tempos para afagar um dragão que lhe aparecia pelo caminho ou cumprimentar algum trabalhador que estivesse parado. Mas não foi só esse o motivo de Lirái ter preferido deixar Aurora ir na frente, ele também gostaria de trocar algumas palavras com Elsker em particular.

– Você vai conduzi-la à sala de banhos? - Ele perguntou fitando os passos de Aurora a sua frente.

– sim, até a sala de banho do palácio, por quê senhor?

– Por que gostaria que pedisse para alguém verificar o machucado no braço dela, ela foi atacada por sereianas no lago e o ferimento está com cara de putrefato. - Lirái encrespou os lábios imaginando o pior.

– Sim, vou pedir para que um médico cuide dela, não deve se preocupar com isso. - Ela sorriu e avançou até Aurora e Lirái assentiu aliviado.

Elsker pediu que ela a segui-se e as duas partiram rumando em direção ao palácio. Lirái ficou sozinho, mas não iria se lavar agora, talvez depois, então decidiu ficar ali vadiando no vale até que sentisse vontade de partir, bem ou mal aquele lugar lhe lembrava sua casa e ele já começava a sentir saudades de casa.
Aurora e Elsker adentraram o palácio, mas dessa vez não para consultar a Rainha. As duas seguiram um amplo corredor até uma sala no segundo andar, aquele nível era úmido e cheirava a chá e quando se abria uma porta podia se sentir o forte vapor de água inundar sua narinas e olhos.

Elsker acomodou Aurora em uma sala de tamanho médio com uma grande banheira redonda no centro. A sala era bem iluminada com um candelabro de lampadas d'água; tinha paredes pintadas com desenho de uma belo céu azul com milhares de nuvéns nas paredes. Elsker disse que ela poderia escolher a roupa que quisesse nos cabides e então a deixou sozinha prometendo voltar quando ela estivesse pronta era só suar o sino que ela viria.
Então Aurora estava sozinha naquela sala e mesmo sozinha olhou em volta antes de despir-se totalmente e entrar na banheira. A banheira era no mesmo estilo da que ela se banheira no reino de Lidhrës a única diferença era que essa era totalmente coberta por pedras em mosaico, tinham muitos desenhos que são relevantes.

Aurora ficou um pouco na água quente, enquanto seus músculos se relaxavam e sua mente se desviava. Ela decidiu se lavar e depois disso ainda não conseguiu sair da banheira, a água quente a deixara sonolenta e por mais que ela não quisesse admitir estava muito cansada ainda, os esforços da véspera sugaram muito de si e ela ainda não se recuperara por completo
Ela adormeceu dentro da água quente e dormiu um doce sono, mas não conseguiu fugir dos pesadelos que ela achava que jamais iriam voltar. No sonho ela se viu na vila e o cheiro podre de sangue seco irrompia em sua narinas, ela desviou o olhar e espalhados no chão jaziam os corpos de todos os elfos do Reino e Aurora tremia estarrecida. Mas ao olhar para o chão viu uma espada com a lamina totalmente ensanguente jogada aos seus pés, depois de olhar de cima à baixo de sua roupa viu os respingos de sangue e notou que ela era a maldita assassina daquela gente.

Aurora acordou de sobressalto com as batidas na porta, não sabia quanto tempo tinha dormido, mas pelo jeito não tinha sido pouco. " a senhora está bem" dizia uma voz atrás da porta, era Elsker que vinha descobrir se ela não tinha se afogado na banheira.
A jovem demorou um pouco para responder porque ainda não estava nem raciocinando corretamente no momento, então sem se vestir enrolou uma toalha sobre o corpo e foi falar com Elsker na porta. O fato era que ela não estava sozinha, trouxera consigo um médico para tratar o ferimento de seu ferimento.

Ela permitiu que eles entrassem e sussurrando contou a Elsker que cochilara durante o relaxante banho e as duas deram risadas baixas enquanto o médico mexia em algumas ervas na mesa ao lado delas. Então ele pediu que ela se senta-se no banquinho a sua frente e começou a examinar o machucado e não fez uma cara muito boa ao fita-lo.
No final ele lavou o ferimento com um liquido que gerou uma leve ardência mas melhorou sua cor esverdeada dando-lhe um aspecto mais avermelhado e vivo. Depois passou uma pasta verde sobre a ferida e a enfaixou com um leve tecido, mandou que Aurora não fizesse movimentos muitos bruscos com aquele braço, receitou também que ela bebe-se um chá de hibisco-roxo três vezes ao dia até que o machucado estivesse cicatrizado.

O médico se despediu delas e saiu deixando as belas donzelas sozinhas na sala. Aurora pediu ajuda para escolher um vestido por que já estava quase atrassado, o banquete a esperava e ela não estava nem vestida. Escondida atrás do biombo da sala, Elsker lhe alcançou um vestido vermelho com branco, que a propósito ficou estupendo em Aurora, ela refez sua pequena transa na lateral do rosto e sorriu se vendo no espelho.

– Elsker, tem como pedir que coloquem esse corpete no quarto onde vou repousar, ele é importante demais para mim, ficaria triste em perdê-lo. - Aurora falou pegando a pulseira de Cyd no bolso e a encaixando no pulso.

– É claro senhorita. E enquanto ao resto da roupa? - Aurora fitou as roupas rasgadas e sujas largadas no piso polido e pediu que as joga-se fora.

As duas foram em direção ao grande salão, lá estavam todos menos a Rainha, acho que era costume ela ser a última a chegar. Estavam todos bem trajados para a solene ocasião e uma bela música tocava no salão de madeira, mas não vai pensar que essa era como uma festa dos povos das florestas ou como uma do Reino da Noite, pelo contrário essa era uma comemoração muito distinta daquelas.
As duas desceram os degraus do inicio do salão e seguiram juntas entre as longas mesas de madeira até um enorme barril de hidromel, lá um jovem estava a disposição de servir as bebidas. Ele serviu uma caneca para Aurora e uma para Elsker as duas ficaram ali quase que escondidas dos outros, mas apreciando tudo. Quando longo acima dos degraus um belo jovem de cabelos amarelos passou pela porta e esperou, logo atrás a Rainha seguia.

Lirái vestia-se com uma túnica vermelha de tecidos finos e um sinto de prata, calças e botas pretas, deixou o cabelo solto, coisa que fazia só em ocasiões muito especiais. Ele veio junto com Macärya pois ela pediu pessoalmente que ele a acompanha-se; Ela estava com um longo vestido vermelho e os cabelos soltos seguros pela sua coroa.
A principio Aurora não se agradou com a visão dos dois juntos, sentiu que a Rainha tinha intensões ocultas e isso não a agradava, mas ela também sentia uma pontada de ciúmes dos dois e não quis admitir de imediato. Algo estava acontecendo com ela e isso passou despercebido até que Elsker fitando a princesa pode ver.

– Aurora, não sabia que seus olhos eram de cor dourada. - Elsker falou se surpreendendo com suas próprias palavras, e Aurora também.

Ela tentou cortar o assunto de um jeito ou de outro, mas foi salva por Brand que estava a duas mesas de distância e ao ver a princesa a convocou para ficar com ele e os demais. Ela caminhou até eles, estavam perto dos músicos que agora tocavam algo bem agitado com seus kanteles, flautas e rabecas.
Se aproximou de todos, alguns estavam envoltos em uma competição de canecas e até agora ninguém conseguira vencer o grande Shaia que já estava com sua barba cheia de espuma de hidromel. Ninguém queria participar porque todos perdiam e shaia está avido por continuar, não tinha caído bêbedo e isso queria dizer que a festa não ia parar. Então Aurora se candidatou para ser sua oponente, ele encrespou um sorriso nos lábios e a competição teve inicio.

A competição funcionava no seguinte, o rapaz enchia duas canecas no barril apoiado na mesa e dava uma para cada um, eles tinham que tomar todo o liquido e depois bater com a caneca na mesa em sinal de que terminaram, quem bate-se primeiro a caneca na mesa ganhava.
Então as canecas foram distribuídas e os dois ficaram aguardando o sinal para começarem. Então o rapaz gritou para que eles começassem e os dois ao mesmo tempo entornaram o hidromel em sua gargantas, Shaia a olhava com um olhar ameaçador mas Aurora não se abalou e virou todo o conteúdo da caneca até a gargante e quando faltava um gole para Shaia bater sua caneca, Aurora em segundos bateu a sua e todos urraram de contentamento, menos Shaia que ficou muito irritado. Brand pegou e levantou o braço dela mostrando a todos a vencedora, todos riam de alegria, batiam palmas ou gritavam em aprovação.

– Nossa vencedora! É desse tipo de Rainha que estamos precisando. - Todos gritaram e urraram concordando. Aurora não deu muita importância à isso, já tinha feito tal coisa só que tinha sido com whisky.

Macärya assistiu de longe e não se alegrou como os outros, pelo contrário achou muito ofensivo, então foi na direção de Aurora, que estava agora um pouco distante dos demais. Estava meio que se recuperando, entornar uma caneca daquelas não era algo tão fácil assim, acabou deixando-a meio zonza.

– Você é uma princesa não é Aurora? - Ela proferiu com injuria as palavras para a pobre Aurora que se sentiu acoada pela Rainha.

– Sim, eu sou. - Ela respondeu sem nenhuma polidez com a Rainha que ainda a olhava com um tipo de repulsa.

– Então deveria se dar ao respeito como uma. - Macärya deu as costas e foi de volta a direção dos que eram mais afortunados, Lirái estava com eles, ele procurava Aurora mas não conseguia encontra-la. Aurora ficou ali parada um pouco envergonhada.

A noite deslizava pelo céu e as estrelas tomavam seu espaço no infinto. Todos estavam acomodados nas mesas quando da cozinha mulheres irromperam na sala trazendo consigo enormes travessas, eram travessas com enormes peixes assados, os peixes deveriam ter um metro de comprimento e as outras travessas continham legumes feitos de diversos tipos ou frutas.
As mulheres colocaram as grandes travessas sobre as mesas e depois elas mesmas se sentaram, e antes que todos pudessem provar da refeição a Rainha se levantou para dizer algumas palavras como era de tradição.

– Esse belo banquete é em homenagem ao nossos convidados. Príncipe Lirái da floresta Amarela e a princesa Aurora filha de Mirdor que depois de tantos anos retornou para casa. - Todos bateram palmas e sorriram felizes, Aurora estava mesmo roubando as atenções naquela noite. - Por que não nos presenteia com suas belas palavras princesa?

A rainha se sentou e Aurora se pôs de pé, Ela estava tentando escolher as melhores palavras para usar naquela ocasião. Lirái estava sentado perto da Rainha na mesa e só agora conseguiu encontra-la, estava mais calmo agora que viu que ela estava ali bem.

– Acho que posso falar por mim e pelo príncipe Lirái que estamos muito felizes e honrados com o banquete que nos foi concedido. E agradeço por terem sido tão adoráveis e hospitaleiros conosco, espero que no dia que for, eu possa retribuir corretamente tudo isso que nos foi proporcionado. - Ela se sentou e todos explodiram em vivas. A Rainha bateu secas palmas em sinal de educação.

Todos começaram a se servir da comida e já comiam aos poucos trocando conversas triviais e histórias. Aurora sentou-se perto de Brand e seus amigos, ela nunca tinha rido e se divertido tanto até aquele dia (mas lembram que eu disse que as festas do povo do fogo não eram festas iguais as festas da floresta? Agora entenderam o porque). Mas durante uma conversa sobre história vividas Brand pulou para cima da mesa e se equilibrando entre travessas e canecas começou a contar sua história.

– Uma tarde eu estava nadando no grande Rio das nações quando me deparei com três enormes serpente. - Brand nem começara sua história e já era interrompido com frases como " essa história de novo" , " todos já ouviram isso" ou "quanta mentira". - Eu estou contando a história a princesa se me dão licença. Voltando: Eu estava lá quando me deparei com as três enormes serpentes aquáticas com suas barbatanas como navalhas.

– Da última vez eram duas. - Um voz abafada veio do fundo do salão, mas não interrompeu o animo de Brand.

– Então eu estava cercado por elas, tentando me atacar. - Continuou ele. - Então peguei minhas espada, mas fui puxado mais para dentro da água, golpei uma delas atingindo sua barbatana e fazendo-a recuar. As outras me atacaram e foram feridas por minha lamina, mas chegou uma hora que minha espada foi inútil e tive que partir com as mãos vazias para cima delas. Então cravei minha mão no peito da serpente e puxei seu coração para fora, fiz isso com cada uma delas.

– Já chega dessas história infames Brand. - Falou um homem corpulento se pondo de pé.

– Se não gosta da minha história conte uma, há não espere você não tem. - Suas últimas palavras irritaram tremendamente o homem e o mesmo partiu para cima dele.

Em uma investida cruel ele abraçou Brand com força mas o mesmo conseguiu se soltar. Logo os dois já se socavam na mesa e os golpes secos não demoraram a atingir espectadores curiosos, que em meio a tudo se embrenharam na briga. Quando foi se ver todos já estavam brigando menos a Rainha, Aurora e algumas outras donzelas. Até Lirái se envolvera, um homem caíra pôr cima dele e depois um lhe atingira um soco o que fez com que ele entrasse na peleja.
Estava tudo em alvoroço de um lado para o outro, quando Brand conseguiu se liberar e pulou ao lado da princesa que se afastara da mesa. Primeiro ela o olhou e riu, ele estava todo desengonçado e um pouco sujo, mas com umas esfregadinhas e uns puxõezinhos já estava novo em folha.

– Pelo visto isso acontece sempre. - Disse Aurora ainda sorrindo.

– Brigas são sempre boas para extravasar a raiva e a irritação com os outros, já as batalhas são boas para mostrar o verdadeiro intuito que se tem no coração. - A resposta dele queria dizer que sim, acontecia quase sempre.

– Gostaria de dar uma volta?

– Sim adoraria, é ruim ficar vendo-os brigando e não poder me juntar. - Ela respondeu com uma melancolia peculiar.

– Por que não? - Brand perguntou fitando sua expressão triste.

– Por que como princesa tenho que me dar ao respeito. - Respondeu com deboche.

Os dois riram e saíram sorrateiramente do salão enquanto todos ainda brigavam, só um pouco mais calmos agora. Os dois foram em direção ao mercado, afastando-se do rebuliço da festa. Eles se sentaram na borda de uma fonte, as estrelas se refletiam na água da fonte tão belas quanto no céu.
Aurora segurou apertado a pulseira como que querendo absorver tudo que ela continha, todo sentimento que ela possuía e mantinha oculto. Os dois se fitaram antes que começassem qualquer tipo de assunto.

– Fiquei impressionado com o jeito que acalmou aquele asas de prata hoje. - Suas palavras surtiram um sorriso em Aurora. - Ele é sempre tão impassivo, é difícil controla-lo.

– Acho que eu sou impassiva também, por isso consegui essa proeza. - Ela desviou um pequeno sorriso. - Mas me diga, arrancou mesmo o coração daquelas serpentes?

– Não, na verdade cortei a barbatana de uma uma vez e só. - Os dois riram como crianças. - Mas arrancar corações é mais emocionante que cortar uma barbatana.

– Cortar a barbatana de uma serpente gigante é melhor do que nada.

– Mas quando tive que enfrentar o perigo de verdade ele me marcou para nunca esquecer. A primeira vez que fui tentar acalmar aquele asas de prata lá, ele me deu um lembrete para que eu nunca mais importuna-se um dragão. - Ele retirou a faixa do olho, revelando uma cicatriz horrível que cortava do olho até a testa, suas pálpebras permaneciam fechadas. Aquela imagem mexeu com Aurora, ela ficou um pouco desconfortável. - Sabe você deveria leva-lo junto consigo. Nunca o vi tão alegre como hoje.

– Acho que vou leva-lo sim, mas antes disso acho que você vai ter que me ensinar a montar em um dragão. - Os dois riram.

Ficaram ali por mais algum tempo conversando trivialidades enquanto fitavam o céu acima de suas cabeças. Brand a levou devolta para cidade mas o banquete já tinha terminado a algum tempo. Os dois se despediram e ele prometeu encontra-la amanhã. Aurora tentou ajudar as mulheres na cozinha mas ela insistiram que não precisavam de ajuda e mandaram que ela fosse se deitar, então ela partiu para o palácio, subiu até o andar dos quartos.

Lá em cima passou perto de uma sala de descanso que era o ponto favorito da Rainha, onde ela conversava com seus convidados. Uma das portas estava aberta e Aurora pode ver sem chamar atenção, que Lirái e a Rainha estavam lá. Ela chegou no meio do assunto então basicamente não entendeu sobre o que se tratava a conversa, até esse ponto.

– Pensei que estava noiva de um dos meus primos nas montanhas do norte? - Essa ela pode ver que era a voz de Lirái.

– Na verdade eu estava, mas ele não era o que uma Rainha como eu necessitava. - Essa ela pode distinguir que era a da Rainha. - Eu preciso de alguém forte Lirái, um homem que saiba quando é hora de levantar uma espada.

– Estou entendendo aonde quer chegar, mas acho que não seria certo. - Lirái deu uma leve risada.

– Lirái, pense bem nisso. O coração dela ainda pensa em outro, você pode acabar se machucando com isso.

– Eu gosto de me arriscar, e prometi segui-la e ajuda-la no que fosse preciso. - Aurora suspirou e sorriu.

– Eu entendo, mas no final se ver que isso não deu certo, estarei esperando você aqui. - Com essas palavras Aurora se afastou.

Ela seguiu fundo no corredor até uma sacada e se escorou sobre a pedra do guarda-corpo, apertou o cristal no peito e uma velha canção lhe veio a mente, uma canção que ela não lembrava de quem tinha escutado. Então sozinha ela entou a canção.

Minha pequena flor, que desabrocha no jardim,
Me diga enfim o que vou fazer, não quero ficar aqui para morrer;
A dor pode ser tão ruim assim? Diga pra mim então o que vou fazer.
O sol vai nascer amanhã e eu não sei que caminho seguir.

É bom estar contigo, quando ainda é meu amigo.
Mas sinto medo, por ser pequeno e tão fraco,
Podia ficar e ser meu soldado. Ó flor como eu queria,
Ficar e te ajudar a lutar, mas ainda sou tímida, não consigo desabrochar.

– Eu nunca tinha ouvido essa música antes. - Era Lirái falando, ficou ali durante todo o tempo desde que ela saiu de perto da sala. Ela virou só o rosto, mas permaneceu com o corpo apoiado.

– Eu lembro de ter ouvido-a quando era criança, acho que minha mãe cantava. - Lirái assentiu com a cabeça concordando e se pôs ao lado dela. Era uma noite fresca e cheia de estrelas.


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