A marca da Fênix escrita por Giovana Moysés


Capítulo 2
Conhecendo a Floresta Amarela


Notas iniciais do capítulo

Aqui esta o segundo capítulo, o próximo será postado pela quinta ou senta da semana que veem, espero que gostem!!



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Lirái a olhou com o canto dos olhos, arrumando o arco nas costas. Quando ao longe vinham cinco pessoas, trajadas com armaduras não muito fechadas e na frente uma mulher com cabelos brancos compridos, dava as ordens. Ela estava vestida parecida com Lirái, sem ser pelo fato de que não usava armadura peitoral e sim um corpete de couro muito duro, que flecha alguma podia perfurar.
Ela se aproximou dos dois e fez uma leve reverência com a cabeça em direção a Lirái, os dois começaram a conversar na língua deles, Aurora entendeu algo haver com ela, por que a mulher olhou em sua direção.

– Senhorita Aurora, seja bem-vinda ao Reino da Floresta Amarela, ou o que ela já foi. - Ele olhou em volta rapidamente e depois voltou seu olhar à ela, que estava cuidando os cinco soldados parados em posição de guarda. - Que pertence ao nosso mundo, Elinikäinen.


O nome suava bonito aos seus ouvidos, ela olhou para ele e sorriu, cuidadosamente como fazia de costume a todos. A mulher dos cabelos brancos a olhou com nojo e indiferença, se virou para Lirái novamente e disse algo que o surpreendeu. Os cinco soldados e a mulher começaram a marchar na direção de onde vieram.

– O que aconteceu? - Aurora estava um pouco receosa com a atitude da mulher.

–Meu pai quer ver você, incrível como as coisas chegam rápido a ele. - Ele deu um sorrisinho de canto e os dois seguiram em frente.

Os soldados marchavam sobre as folhas secas do chão fazendo um barulho abafado e repetitivo. Aurora caminhava lado a lado com Lirái, aquela floresta lhe causava calafrios aterradores pelo corpo, o breu e a neblina não permitiam que nada fosse visto. Eles chegaram a uma trilha parecendo uma ruazinha e seguiram nela, até que uma luz amarela pode ser vista a frente, eles chegaram a um ponto da floresta que não havia escuridão.

Aurora fitava as árvores que agora pareciam mais vivas e alegres. Ela voltou sua atenção para frente e se deparou com uma enorme muralha de pedras brancas, e um regato que corria em sua frente. Ela vasculhava o lugar com os olhos, até que longe ela avistou uma parte aberta da muralha que era onde desaguava as águas para o regato, era lindo ver que as águas nasciam dentro do reino.
Eles atravessaram a ponte para chegar aos portões, haviam vários guardas nas balaustradas da muralha, todos com armaduras de prata. Os portões eram enormes e verdes, trepadeiras se espalhavam sobre ele, como sobre toda a muralha.

Lirái recitou algumas palavras e os portões se abriram revelando uma linda cidade, os guardas permaneciam focados no lado de fora, inertes, não parecendo se abalar com nada. Aurora estava fascinada com a cidadela, ela olhava de um lado a outro impressionada e Lirái notara isso.
A cidadela era composta por várias habitações, algumas maiores outras menores, algumas contendo dois níveis de altura, outros um só. O rio serpenteava dentre a cidade, haviam muitas pontes para ligar um lado a outro dos córregos, bem no alto do lado norte ao longe, era onde o rio nascia, havia uma bela cachoeira que levava as águas aos córregos. Tinham muitas árvores em vários pontos até apoiadas na muralha, como se estivessem dando sustentação a mesma, outras ficavam em frente as habitações e calçadas.

Aurora contemplava tudo, o sol iluminando os telhados, se refletindo nas águas que pareciam espelhos; as pessoas caminhando entre as vielas; crianças apanhando frutas das árvores. Ela estava tão distraída que quase caiu da ponte quando fora atravessá-la, mas Lirái a segurou impedindo que ela caísse, Lirái deu um sorriso de canto, já a mulher olhava-a com insatisfação, ela queria que aurora tivesse caído na água.
Eles atravessaram e agora estavam em uma das ruas principais da cidadela, os cinco soldados se dissiparam e voltaram pelo caminho. Agora só estava Lirái, Aurora e a mulher seguindo sobre a rua, eles caminharam mais uns cinco metros, até que se depararam com o castelo, ele era enorme, todo feito de pedras brancas , não havia portão, tinha só algumas janelas grandes para iluminação.

A rua se dividia em duas, uma que dobrava a direita e ia reto e a outra a esquerda que dava para uma enorme escadaria no lado de fora do castelo. Eles pegaram a esquerda e subiram a escadaria, ela era grande e com degraus largos, no topo havia uma passagem com dois guardas de espadas em punho, eles se afastaram para que os três pudessem passar.
Lá dentro era bem iluminado, as parede e o chão branco refletiam a luz dos candelabros, nos pilares de madeira, cuja longas trepadeiras se espalhavam, elas exibiam lindas flores. A frente haviam três degraus que davam para uma parte um pouco mais elevada da sala, nessa parte havia um lindo trono feito de mármore branco com grossos ramos de videira e visco crescendo em sua volta.

Sentado no trono estava um homem, com uma coroa como a dos reis medievais, só que a dele era de galhos de carvalho escuro que faziam voltas na sua cabeça e as pontas eram galhos pequenos e aredondados. Ele tinha os cabelos loiros e longos, tão lisos quanto um rio, seus olhos eram azuis e sua beleza não era comparada a de nenhum mortal, suas vestes eram longas que chegavam até o segundo degrau, eram verdes com detalhes como folhas marrons.

– Syph ai tüth Lirái? - Seu rosto era sereno, mas com expressões fortes, não deixando passar nada.

Todos se curvaram perante o rei, a mulher deu uma cotuvelada em Aurora, para que ela também se curvasse, e ela fez. Lirái e a mulher ficaram de pé novamente, mas não foi permitido que Aurora ficasse também, ela começava a se incomodar com aquilo.

– Manthri, tüth ai känz, ifh uëny. - Pela primeira vez até agora, Lirái parecia demonstrar desconforto.

– Você disse, Humana? Bem que eu senti um cheiro ruim - Aurora não aprovou a anedota. O Rei se pôs de pé e desceu os degraus um a um, com a leveza de uma pluma, seu manto se arrastando pelo chão atrás dele, ele era bem alto, suas orelhas pontudas lhe caiam como mais um atrativo em seu rosto. Ele se aproximou de aurora que ainda permanecia ajoelhada e olhou fundo em seus olhos. - A quantos anos não vejo uma humana com traço tão élfico.


O Rei a fitou por instantes preciosos, que pareceram eternos, ele se endireitou novamente e deu a volta em seu corpo, até seus olhos alcançarem a marca em seu pescoço, ele se afastou como em um susto e sua expressão era de perplexidade, ele olhou para Lirái e depois para a mulher.

–Lïah, deixe-nos a sós, seus serviços não nos são mais necessários, retire-se . - Ele estava austero.


Lïah deixou a sala com uma reverencia, o rei fez um gesto breve e um dos guardas que estavam na porta, se aproximou e ficou parado ao lado de aurora, inerte, esperando novas ordens. Lirái estava igual, mas sua mente estava perdida em devaneios. O Rei ficou parado na frente dela novamente, ela tinha que esticar bem o pescoço para vê-lo.

– Nós, ensinamos tudo que vocês mortais sabem, mostramos a arte do fogo, como se vestirem, fazer moradias dignas e se alimentar, mas vocês não respeitavam o equilíbrio de nada, travavam guerras entre si mesmos e se alimentavam da carne dos seres. - Ele fez uma pausa e se virou de costa para os dois, o seu tom era rígido porém calmo, ele se virou novamente para os que estavam na sala, como se agora tivesse lembrado deles. - Vocês se esqueceram de suas próprias raízes, esse foi um dos motivos que levaram a guerra e a nossa separação, vocês são gananciosos.


Aurora não entendia, só queria sair dali, ao mesmo tempo que o Rei parecia calmo e atraente, ele parecia cruel e horrendo, e ela não queria ver o Rei se transformar em nenhum monstro e engoli-la, como nas histórias de terror.

– Olha, eu não pedi para vir, eu só desejo ir embora. - Lirái a olhou com a expressão como "Eu salvei sua vida e é assim que você me agradece". - Então se o senhor puder pedir para o Lirái me levar de volta, seria lago extremamente gratificante.

– Meu filho acho que esqueceu de perguntar a ela se queria vir . - Ele falava sarcasticamente olhando para Lirái, Aurora se surpreendeu ao descobrir que o pai de lirái era o rei, ela o olhava abismada, mas ele continuava parado fitando o pai. - Você nunca mais poderá ir embora, é uma das regras do meu reino, mortal algum que chega pode partir.

–Não pode me prender aqui. - Ela se levantou bruscamente, mas o guarda a empurrou de volta para sua posição inicial, ela o olhou irratada, mas ele continuava olhando para frente e agora com a mão em suas costas. - VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!

–Eu Lidhrës , Rei da floresta amarela, sobre a Terra de Elinikäinen, tenho todos os direitos e dou as ordens que quiser. - Ele deva a impressão de ficar mais alto ao final das palavras, como se crescesse junto com o tom da voz. - E digo a minha sentença à você Aurora, nunca mais poderá sair das terras da floresta, está confinada aqui e a você Lirái meu filho, ocupou de cuidar dela, já que a trouxe, terá que achar onde ela vai ficar e tudo que ela fizer, a culpa cairá sobre você.


Lirái assentiu enquanto o pai, subia os degraus de volta ao trono, ele se sentou e acenou com a mão indicando que todos estavam dispensados, Aurora o fitava esbravecida, se pudesse decapitá-lo faria, Lirái fez uma reverencia e depois pegou ela pelo braço e os dois desceram a escadaria.

– Pode me soltar agora. - Aurora desvencilhava o braço da mão de Lirái, ela estava brava. - Não acredito que vou ter que ficar aqui.

–Se eu fosse você eu ficava, se fugir pode ser morta ou pior . - Ele também não parecia muito contente com a sentença do pai. - Espere um pouco, pode ser que ele revogue e você volte para sua casa ou não.


Eles já tinham chegado de volta a rua principal e depois entraram por uma ruela, Lirái caminhava com as mãos nas costas e olhando sempre para frente. Aurora odiava a ideia de ficar, queria partir agora, imagina o que a tia ia pensar, provavelmente ela achava que Aurora tinha fugido novamente.
Eles dobraram a esquerda e se depararam com um parque, cujo o chão era de pedra lisa, contendo apenas uma árvore no centro, ela tinha um tronco largo e folhas amarelas, como a da floresta perto da escola. Lirái fez um gesto com a cabeça indicando que fossem em direção a árvore, já começava a escurecer e o que pareciam ser grandes "cogumelos" começavam a brilhar, como uma iluminação natural. Os dois ficaram perto da árvore, um de cada lado.

– Essa é um das filhas de yathën, a árvore da vida, a uma em cada respectivo reino de Elinikäinen. - Lirái olhava a árvore com um belo sorriso no rosto. - Posso contar a história dela e junto a de nosso mundo para você, aceita?

– Claro. - Ela jamais iria recusar um ato de tanta simpatia vindo de alguém que parecia não temer nada.

– A muitas eras, antes mesmo da guerra de homens e elfos, foi travada uma batalha pelo nosso mundo, nela estava Tehöa as Trevas e Sirthry a Luz. Eles travaram uma luta que durou três dias e três noites, no final Sirthry derrotou Tehöa, mas não conseguiu mata-la, pelo fato deles serem opostos, um jamais poderia subjugar o outro.Então, portando a sagrada espada Celestial, ele a feriu e tirou-a de sua forma física, aprisionando sua aura nas colinas de sangue, onde jamais poderia sair. - Ela prestava muita atenção nas palavras proferidas pelo elfo, que tocava o tronco da árvore suavemente. - Mas Tehöa era tão cruel que até seu sangue era venenoso, e o mesmo havia espirado nos olhos de Sirthry, ele adoeceu e quando estava quase partindo para as moradas eternas, caminhando pela floresta rogou aos Deuses que não o levassem, mas sim o transformassem em algo que continuasse aqui à ajudar, assim dividiram sua aura em duas, uma parte transformaram em Yathën a árvore da vida, cujos frutos curam qualquer ferida da mente e do corpo, e a outra parte, junto com os primeiros raios do sol a tocar a terra, transformaram no primeiro elfo. Mirdor que deu origem aos filhos do sol, outros elfos nasceram dos elementos da terra pelo uso dos poderes que ele possuía.

–Isso é incrível. - A fascinação estampada no rosto dela era exuberante, jamais ela ia pensar que poderiam existir histórias tão belas. - O seu mundo está sempre me encantando.

– Mas não trouxe você aqui só para contar-lhe uma velha história. - Ele apanhou um dos frutos da árvore, parecia um pêssego bem gordo e dourado, era um pouco maior que a mão dele. - Aonde vou levá-la para passar a noite, a anfitriã não fala a língua dos mortais, então é necessário que você aprenda a dela.


Ele esticou a mão com a fruta e deu à Aurora, ela fitou interrogativa a fruta em mãos, pensava o que iria fazer com aquilo, ou se era só uma brincadeira de Lirái, por que ele se mostrara mais sociável agora.

– O que eu faço com isso? - Lirái a olhou rindo.

– O que você faria com uma fruta, a não ser comer? - Aurora se sentiu muito burra naquela hora e ele continuava sorrindo. - As filhas de Yathën são ligadas ao pai e isso quer dizer ligadas a todo o nosso mundo, comer de uma dessas frutas ligará você também, fará parte da terra, mas a um problema ao comer de uma dessas frutas, jamais conseguirá se alimentar de comidas do mundo humano novamente, poderá comer só do que nasce aqui, mas acho que você não vai embora mesmo.


Ela encarou a fruta e suspirou, passou em sua mente as inúmeras memórias de sua vida, ela tinha medo de nunca mais poder voltar e se voltar nunca mais poder comer uma pizza vegetariana de novo. Ela suspirou novamente e mordeu a fruta, uma lágrima escorreu do lado esquerdo de seu rosto enquanto ela engolia. Lirái acompanhou todo o movimento com um pouco de receio, viu que ela não apresentava satisfação.
Ao engolir o pedaço, Aurora desfaleceu e deixou a fruta cair, que rolou até a outra ponta das pedras. Ela se apoiou na árvore e a outra mão levou ao fronte, em sua mente passava como em um filme, cenários diferentes como de florestas; cidades ; montanhas. Até que chegou a uma enorme árvore com uma copa robusta e verde, o seu tronco era torcido, como se representasse velhice. Depois ela sentiu um enorme peso, como se ela tivesse sido enterrada viva, sentiu dor também, como se fosse atravessada por raízes, sua visão ficou turva e ela estava para tombar quando Lirái a segurou.

–Calma, isso acontece com todos os que nunca viveram aqui. - Ele expressava um sorriso doce , para acalmá-la. - Agora quando alguém falar, você entenderá, é o jeito mais fácil de aprender a língua, se ligando a Terra.


Ele a pôs de pé novamente e sua visão voltou ao normal, mas ela ainda respirava ofegante, demorou um pouco para que ela se acostumasse com a sensação de uma nova vida.

–Não sabia que outros humanos haviam vivido aqui. - Ela sentia-se feliz, mas não sabia com o que.

–Sim, e foram bastante, o último a morar aqui, já morreu, mas foi ele que nos ensinou o sistema de aquedutos, meu pai ficou feliz de aprender novos conhecimentos com ele, o mesmo teve filhos que ainda vivem aqui. - Eles voltaram a caminhar em direção a uma ponte, sobre o caminho haviam vários dos "cogumelos" que agora com o cair da noite brilhavam muito mais forte iluminando muito bem como postes. - Ele viveu cem anos conosco, e jamais quis ir embora.

Eles cruzaram a ponte e se depararam com dois soldados levando um rapaz, ele estava tão bêbado, que tropeçava sobre os próprios pés. Lirái o reconheceu e virou o rosto para evitar o homem que passava ao seu lado.

–Príncipe Lirái ! - As suas palavras saiam lentas e disformes.

–Não deveria beber demais a essa hora da noite, isso pega mal para você Cyd. Sabe disso - Lirái voltou o olhar arrogante ao homem que mal prestava atenção nele, estava concentrado fitando Aurora, que não parecia muito confortável.

–Não se esqueça que somos iguais, Líri. - Ele sorria meio torto para Lirái, que não estava nada alegre.

–Não me compare, você é desprezível . - Cyd não se abalou, (afinal ninguém que está bêbado quase caindo, deve se abalar com esse tipo de coisa.) os guardas continuaram o empurrando em frente.

E Aurora e Lirái continuaram seu percurso em silêncio, ouvindo o tirilintar das águas do córrego contra as pedras. Até que Aurora quebrou o silêncio mortal que se fazia entre eles.

–Me diga, quando me apresentou o reino disse "Bem-vinda ao Reino da floresta Amarela ou o que ela já foi", o que quis dizer com isso? - Os seus olhares se cruzavam em meio as palavras.

–O Reino não tem mais a exuberância de outrora, nenhum reino tem mais. Uma peste assolou nosso mundo. - Sua expressão era de tristeza e melancolia. - Essa peste se chama Drakenüs, um tirano que quer afundar nosso mundo nas trevas.

Aurora o fitava apreensiva, pensava por que ninguém da um fim nele. Ela ia dizer algo quando foi interrompida por Lirái.

–É aqui, a casa onde passará a noite, é de Mirdha Rosa-Azul, irmã mais velha de Lïah. - Ele parecia satisfeito com sua escolha de hospedagem. Já aurora nem tanto.

–Ela é irmã de LÏAH? a mesma que veio conosco. - O desespero estampado no rosto, ela passara pouco tempo com Lïah, mas fora o suficiente para ver que ela não gostava de mortais.

–Não tenha medo, Mirdha tem o temperamento divergente ao da irmã. - Lirái sorriu e estendeu a mão para bater na porta.

Aurora corou instantaneamente. A residência dos Rosa-azul era bonita, possuía dois níveis e era feita de pedras, tinha um telhado de barro um pouco torto, mas dava certo ar aconchegante a morada, como em todos os lugares, haviam trepadeiras em sua volta. Lirái bateu e uma mulher com cabelos castanho bem claro abriu, ela tinha traços finos e fortes, estava com um vestido longo, branco e verde e um corpete marrom, que insinuava suas belas curvas.

–Príncipe no que posso ser útil, já estava indo para o meu posto. - Ela era amável.

–Mirdha, gostaria que recebesse uma convidada do Reino em sua casa. - Ele esticou o braço a Aurora que deu dois passos a frente. - Será possivelmente só por essa noite, amanhã já terei achado um lugar para que ela fique e quanto ao seu posto, não se preocupe, ficarei com ele, só acomode-a.

– Será com um enorme prazer. - Mirdha deu um largo sorriso e fez sinal para Aurora entrar.

Antes de entrar, ela dirigiu o olhar a Lirái, como em uma forma de agradecimento, ele fez um gesto tocando a testa com a ponta dos dedos em direção a ela e partiu. Aurora entrou na residência, ela era até bem grande, tinha muita coisa em madeira por dentro: Uma mesa com seis cadeira na sala em frente; os balcões da cozinha; a escada para o segundo andar.

Mirdha deu-lhe a volta e foi para a cozinha, que era ao lado da porta, atravessou os balcões e começou a mexer uma panela de ferro no fogão a lenha, Aurora se sentou em um dos bancos feitos de tronco, aquela cozinha lembrava à de sua casa.

– Está com fome?- Mirdha virou só o rosto em sua direção, enquanto ainda mexia a panela.

–Um pouco talvez. - Era mentira, ela estava morta de fome, não parecia fazer muito tempo desde que saiu de casa, mas aqui já estava noite e ela só tinha comido no dia anterior.

–Espero que goste de risoto de alcachofra. - Ela se virou, limpou as mãos na saia do vestido e foi até a bancada, pegou um copo e uma bela jarra, toda entalhada, serviu um pouco de água e solveu um gole.- Me diga, vem de onde?

–Eu sou da Holanda. - Aurora sorria, via que havia uma diferença entre as irmãs. Mirdha sorriu com um ar de surpresa.

–Que incrível, meu pai também vem de lá. - Agora a surpresa estava no rosto de Aurora.

–Então você é a filha do mortal ?

–Sim, meu pai ensinou os sistemas de aquedutos ao rei, que ficou feliz de aprender com ele, e repassou aos outros reinos. Agora não é mais necessário sair e pegar água nas vertentes, só se abre as torneiras e pronto. Depois ele se casou com a minha mãe, uma elfa. - O sorriso no seu rosto se dissipou. - Mas eles já não estão mais entre nós.

Aurora virou a cabeça pensando, como Lïah sendo irmã de Mirdha e filha de quem era, podia odiar tanto os mortais. Ao se virar deixou o pescoço a mostra, que revelou sua marca, Mirdha deu grito e deixou que o copo caísse, e espalhasse água por boa parte do chão. Aurora a olhou assustada e ela estava parada, incrédula com a mão na boca.

– O que foi? - Mirdha balbuciava algo, enquanto Aurora a olhava com medo de que algo ruim estivesse acontecendo.

– A marca, a marca - Ela continuaria repetindo aquilo, se Aurora não a interrompe-se.

– É de nascença, pode se acalmar, não é nada. - Ela bufou e mirdha se recompôs. Juntou o copo e com um pedaço de pano velho enxugou o chão. As duas se fitaram por alguns segundos até Aurora se lembrar de que Lïah ainda morava ali.

– Me diz, acho que sua irmã não vai receber muito bem a minha visita. - ela olhava as outras casas pela janela da cozinha.

–Sei que ela pode não ser muito dócil com estranhos, mas ela é uma boa menina, meu pai a achou quando ela era apenas um bebê, estava procurando por troncos petrificados na floresta, quando ouviu o choro de um recém-nascido. Me lembro bem daquele dia, eu e meu irmão mais velho ganhamos uma nova irmãzinha. - Mirdha expressava um sorriso terno no rosto, lembrava com afeto a ocasião. - E não se preocupe, provavelmente ela ficará com Lirái, isso sempre acontece quando ele fica com o posto da noite, e depois ela fica no nosso irmão.

–A quanto tempo eles estão juntos? - aurora pareceu desconfortável com o que disse, parecia ter caído nos encantos do jovem príncipe.

–Eles não estão, a muito tempo estavam, nutriam um grande amor, mas o rei descobriu e proibiu imediatamente o relacionamento, mediante a tudo isso, eles se separaram, mas ainda pode se ver traços do amor neles. - Mirdha voltou sua atenção a panela no fogão novamente.

Aurora imaginava tia Lúcia, provavelmente iria pensar que ela fugiu novamente, mesmo depois de ter prometido não fazer mais. Aurora por incrível que pareça, tinha uma mania irritante, desde os dez ano de idade, começara a fugir de casa, na primeira vez ela fugira para a casa da avó, depois foi indo para lugares mais distantes, no principio tia Lúcia quase morria de preocupação, mas depois de um tempo, notara que ela sempre voltava e parou de se preocupar, mesmo com o fato dela voltar com cada machucado ou cicatriz nova. Mas depois que fez 22 ela prometeu nunca mais fugir de novo, acho que isso foi revogado.
Mirdha serviu o risoto em uma travesa de madeira petrificada azul, muito bonita e depois a levou para a outra saleta. Aurora a seguiu e sentou-se a mesa, haviam dois pratos do mesmo material da travessa, colocados sobre a mesa, com talheres de prata e taças do mesmo material, Mirdha serviu um pouco no prato de aurora, depois no seu. Elas comeram algumas garfadas e tomaram um pouco do vinho que Mirdha servira.

–Sabe, esses belos pratos são meu irmão que faz, meu pai o ensinou. - Aurora sorria entre as garfadas. - Até o rei tem exemplares como esses.

As duas jantaram e depois Aurora subiu com Mirdha para um quarto no andar de cima, era o quarto de Lïah, Aurora agradeceu e Mirdha a deixou só. Ela se despiu do casaco e da bermuda, ficando só com a blusa de baixo, ela retirou o colar que mantinha por baixo da roupa e se deitou, segurou o colar contra o peito, era a única lembrança que tinha dos pais e adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Eai curtiram? se não gostaram de alguma parte me falem, ficarei grata de responder! até semana que veem.



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