Depois de amassar suas roupas dentro das malas de uma forma que quase explodissem, Koala descontou toda a raiva nos panos. Esfregava cm força o mesmo pedaço do corredor, imaginando o rosto do amigo ali.

Planejava um milhão de maneiras de destruir o amigo, murmurando para si mesma frases que só fariam sentido para aqueles que lessem seus pensamentos assassinos:

–-Hunf... Se ele aparecer (aqui)... (falando) “cade o jantar”... Hunf... Eu (mando ele longe)... Com um soco...- Parando algumas vezes para dar risadinhas malignas.

–-Dadan-batchan? – Shiro se virava para a mais velha enquanto espiavam o momento de loucura da revolucionária.

–-O que foi baixinha?

–-O Ossan vai morrer...

–-Bem que merece.

___________________________________________________________________________________-

–-Psst. Koala. Acorda Koala.

Aquela voz tentando fazer com que acordasse causava uma sensação de Deja-vu na revolucionária. Mas dessa vez ela sabia exatamente o que fazer.

–-IDIOTA!- Ela se levantava com um pulo, amassando a cartola de Sabo ainda na cabeça com um soco. Se arrependendo ao sentir as feridas dos nós dos dedos abrirem, soltando um chiado de dor.

–-AI! Fala mais baixo! Vai acordar todo mundo!- Ele tentava endireitar o chapéu.

–-FALA BAIXO O CARAMBA! QUE IDEIA FOI ESSA DE ME DEIXAR SOZINHA NA FLORESTA E SUMIR POR UM DIA TODO?

–-Mas...

–-Cala a boca.- Ela cruzou os braços, diminuindo o tom de voz.- O que você quer?

–- Quer ir em um piquenique comigo?

–-PIQUENIQUE? É SÉRIO ISSO? VOCÊ VAI LÁ, BAGUNÇA COM OS MEUS SENTIMENTOS E SUA BRILHANTE IDEIA DE DESCULPA É UM PIQUENIQUE?

Sabo suspirou. As oscilações de humor da garota ficavam mais fortes quando estava zangada.

–-Só fala se vai ou não.

–-Hunf.- Isso queria dizer sim.

__________________________________________________________________-

–-Vai ficar me encarando com essa cara por quanto tempo?- Sabo perguntava para a amiga que o seguia quieta e fazendo bico.

–-Até você dar um jeito milagroso de consertar tudo.

–-Senta aqui.- Ele se sentava no chão de uma das clareiras da floresta.

–-Cadê a toalha? Piqueniques usam toalhas.

–-Esqueci.

–-Besta quadrada.- Ela se sentou de frente para o companheiro.

–-Essa é nova.

–-Hunf. Fala logo a sua desculpa esfarrapada pra eu fingir acreditar como uma idiota só porque me deixaria feliz.

–-Tá, eu mereci essa.

–-Ainda nem comecei.

–-Então antes que comece eu posso me explicar?

–-Tem 15 segundos.

–-Então... sabe... errr...

–-8 segundos.

–-No fundo eu... é...

–-Três. Dois...

–-EU SÓ QUERIA FAZER TUDO DIREITO!- Ele jogou os braços pra cima.

Koala fez uma expressão confusa, torcendo o nariz.

–- Explique-se.- Ela encarava o rosto do amigo.

–-É só que... Eu demorei dois anos pra perceber... E um ano pra admitir pra mim mesmo o que eu sentia. E mais dois pra tomar coragem e te beijar. Só... queria fazer tudo certo, que fosse especial.

–-Ah, claro, e sair correndo depois de me beijar ajudou muito com isso.

–-Ahn... Eu sei que não. E é por isso que eu estou aqui, tentando pedir desculpas por isso.

–-Ainda não ouvi elas.

Ele deu um sorriso arrependido.

–-Me desculpa... Me dá mais uma chance pra começar de novo e consertar tudo?

Ele soprou a franja que caía pelos olhos, colocando os braços na lateral do corpo e amaldiçoando a si mesma mentalmente.

–-E alguma vez eu disse não ?

Ele sorriu, suspirando aliviado.

–-Só não faz outra burrada desse tamanho está bem? Minha paciência tem limite, e minha idiotice também.

–-Sei disso. Já estou enchendo as duas a cinco anos.

–-Estão a ponto de estourar, então é bom não errar de novo.- Ela deu um sorriso de canto.

–-Não se preocupe, eu não vou.

–-Pode começar.

–-Espera, o que?

–-Pode começar a consertar as coisas- Ela cruzou os braços novamente, olhando no fundo dos olhos do amigo.

–-Agora?

–-Está querendo perder a sua chance?- Ela lançou um olhar desafiador.

–-Ahn... Tá bem, tá bem. Cadê o meu discurso?- Sabo começou a revirar os bolsos.

–-Você fez um discurso?

–-O que acha que eu estava fazendo ontem? Não disse que ia escrever uma coisa?

–-Achei que era mais uma das suas desculpas esfarrapadas.

–-Bom, não era. Ah achei!- Ele puxou um papel dobrado, transformando-o em cinzas.

–-AH, ME...

–-Sabo.

–-...lancia. Dizem que melancia faz bem pra pele.

–-Vou fingir que não ouvi isso.

–-Obrigado.

–-Mas parece que perdeu seu dia de trabalho- Koala riu.

–- Porcaria... Vou ter que improvisar...

–- Seu tempo está passando.

–-Ahn... Bããã... Éhhhhh...

–-Não precisa ficar nervoso.

–-Falar isso só faz eu me sentir mais nervoso!

–-Eu sei. Não pense vou deixar as coisas fáceis pra você.

–-Acredite, elas já não são.

–- Tic-Tac.

–-Ahn... Certo... Vamos lá.... Agora.... Só mais um pouco...- Ele suava frio.

Koala revirou os olhos.

–-Para de enrolar.- (Sabo feeling like ChopperChan :v )

–-Okay... Ahn... Então... “Nós dois somos companheiros na frota revolucionária a cinco anos... Com passados diferentes mas que...” Éhhh... “Tem em comum o fato de sofrermos nas mãos dos Nobres mundiais e...”

–-Percebeu isso sozinho?

–-Mais ou menos. Agora, onde eu parei...

–-Espera, vamos aproveitar esse momento de iluminação e perceber também que a grama é verde e o céu é azul.

–-Fica quieta, eu estou tentando causar um clima aqui!

–- Continua então.- Ela revirou os olhos novamente.

–-“... E desde o começo já tivemos uma relação diferente das outras, mais forte, como melhores amigos e...”

–-Me diz que não vai soltar o clichê do “Quero que sejamos mais que amigos”.

–-AH PELO AMOR DE DEUS!- Ele explodiu- SERÁ QUE DÁ PRA TER UM POUCO DE SERIEDADE AQUI?

–-Nunca achei que te ouviria dizer isso!- Ela riu

–-Deixa eu continuar aqui. “... E mesmo com o Dragon dizendo pra eu me manter distante eu não cosi...”

Ele sentiu as abas da cartola serem puxadas para baixo, seguido por um beijo rápido que o fez calar a boca.

–-Esquece o texto. É claro que aceito ser sua namorada, idiota! Não tinha deixado isso claro?

Sabo soltou um suspiro aliviado, puxando a garota para o próprio colo.

–-Foi mais fácil do que eu pensei.

–-Ah, então eu falhei.- Koala deu risada.- Mas chega de enrolação. Saí sem tomar café! Me passa a cesta!

–-Ah, espera... O quê?

–-Porque ela está tão leve?- Ela balançou a palha trançada

–-Bom...

–-Deixa eu adivinhar: ficou tão ocupado com o discurso que, além da toalha, esqueceu que pessoas comem em piqueniques?

–-Tá, eu não digo.

Ela revirou os olhos pela terceira vez em quinze minutos.

–-Então vamos pra casa logo. Ainda tem que fechar sua mala.- Ela se levantou, puxando o companheiro e se virando para um dos lados da clareira- Vocês devim ir também.

Dadan e alguns dos bandidos surgiram por detrás das arvores.

–-Como sabia que estávamos ali?

Sabo deu um sorriso convencido.

–-Somos treinados pra acham campers a 10 metros de altura. Em comparação a isso ver um bando de bandidos de segunda não é nada.

–-Mais respeito meu jo...

–-OSSAN!- Shiro correu, pulando no colo do mais velho- Você parou de enrolar a Nee!

Sabo sorriu para Koala, puxando-a para mais perto pela cintura.

–-Chega de Ossan e Nee. Daqui pra frente, que tal Papai e Mamãe?