Every Breaking Wave escrita por Coutclara


Capítulo 9
Say Yes


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou mais uma vez haha
Então não vou prendê-los, curtam esse capítulo.
Boa leitura!



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Dois dias sem ela e o vazio em meu peito se tornava maior a cada segundo, vê-la e não poder tocá-la simplesmente porque eu escolhi assim, mas hoje quero que seja um dia para recordar, um dia em que depois dos beijos proibidos e desejosos se consagrarão em algo mais puro e complexo que exige amizade e confiança, e sentimentos que o mundo desconhece, mas sente. Quando acordamos de manhã e temos por quem sorrir há algo dentro de nós que se acende, quando nossas vidas fazem sentido por outras pessoas estarem nelas e a completarem, Savannah é simplesmente isso para mim, isso e mais um turbilhão de inexplicáveis confusões que resultam em um amor antigo e que pede para continuar até onde pudermos, e espero que tenhamos tempo para mais.

A noite havia sido quieta, porém longa, onde em pequenos rascunhos de papel eu havia sem resultado tentado escrever algo para Savannah, mas qualquer coisa parecia boba, então em certo momento simplesmente adormeci e esperei pelo momento em que eu teria que improvisar.

Eram aproximadamente cinco e meia da manhã quando não contive a ansiedade dos sonhos inquietos e me pus já para fora da cama, os pés descalços sobre o piso acarpetado de frente para o grande espelho na pia do banheiro, ‘’é hoje ‘’, pensei, então simplesmente fui até o velho armário puído e pus minhas melhores roupas, as mesmas que eu geralmente usaria na colheita, mas hoje simplesmente seria um dia mais especial, não um em que sou obrigado a ir.

Coloquei a melhor calça jeans de todo aquele maravilhoso armário e a camisa azul xadrez que Savannah tanto amava, com a fiel regata branca por baixo, calço os tênis gastos, meus favoritos, e abro o compartimento secreto que há embaixo de minha cama, tiro de lá a sacola uma sacola com os produtos que adquiri dias atrás e observo a estrada por alguns segundos, constatei que não havia qualquer pacificador por perto então pulei a janela de meu quarto caindo nas caixas de papelão vazias de meu pai e vaguei me escondendo entre os carvalhos até o velho farol.

Me arrisquei, pela primeira vez em anos subir até o ultimo andar daquele farol, o lugar estava relativamente limpo, porém com meus toques pessoais ficaria ainda mais lindo, abri a sacola e dispus as velas pelo local, uma grande quantidade devido a troca que fiz das duas garrafas de whisky por algumas velas, as coloquei em alturas diferentes para que o local ficasse razoavelmente iluminado e por fim estiquei o tapete vermelho no chão e uma quantidade de pequenas margaridas que encontrei coloquei em um vasinho que havia roubado de um armário lá de casa.

Ficou bem simples, mas eu sabia que Savannah gostaria, por fim retirei da bolsa a camisa social branca que havia pego de meu pai e a deixei esticada ali no chão, escondi a bolsa e os fósforos e sai para pode começar a primeira parte do plano.

Horas depois...

– Garota o que você pensa que está fazendo?

– Beijando você ué, achei que não haveria problema agora que não está mais com a Savannah.

– Quem disse isso?

_Ora, eu não sou boba, você deve ter se tocado que merece algo melhor, e eu estou aqui para isso. – A raiva começa a ficar maior dento de mim, mas tenho meus argumentos e sei a hora de usa-los:

_Eu continuo com Savannah, e se tem uma coisa que ninguém aqui merece é você Lacey pelo amor de Deus agora me dê licença que eu preciso falar com ela e fazer uma coisa que ninguém jamais faria por você. – disse, eu estava confiante demais, dizendo que estava com a Sav e agora passava pela minha cabeça a possibilidade de ela não me querer.

Me viro para ir embora, mas não consigo deixar de ouvir Lacey gritando e atraindo todas as atenções do centro de treinamento:

– Eu sou mais bonita que ela!

Cerro os punhos pela raiva então me viro com um sorriso sarcástico para Lacey, e começo a falar para que todos ouçam:

– Bom, eu ia deixar quieto, mas já que você pediu, quero que todos aqui ouçam tudo que eu tenho para dizer! – Respiro fundo e continuo, improvisando, era a hora:

– Sabe, a quase DEZ anos atrás, eu conheci uma garota, ou melhor, uma garotinha - sorrio ao me lembrar dos cabelinhos loiros de Savannah – e eu me lembro do primeiro dia de aula dela, com um vestidinho azul e os cabelos loirinhos balançando em suas costas, e a mão delicada que carregava aquela bolsinha , fiquei curioso com a aluna nova, e quando ela deixou sua bolsa cair no chão e encostei em sua mão as vibrações mudaram, mudaram quando eu era apenas um pirralho de quatro anos que não sabia de nada, e então meu olhos encontraram os olhos azuis dela, e eu enxerguei o mar, o mar infinito, que foi o que o nosso amor se tornou no decorrer dos anos. Fui descobrindo uma nova garota, Savannah foi mudando e eu também, tivemos anos sombrios nos jogos, onde meu pai matou o dela cruelmente, e eu juro que nesse dia, achei que não tínhamos mais futuro, como poderia amar alguém que meu pai frequentemente desgosta e rejeita, Savannah sabe disso, eu sei disso, em minha casa o simples ato de falar seu sobrenome é castigado, mas Savannah já era tudo para mim , as minhas tardes, as noites, as manhas, quando estávamos juntos eu pensava nela, e quando não estávamos também, foram anos e anos construindo uma amizade quando vimos recentemente que passava disso, sabe Lacey, você nunca saberá como é se sentir assim tão completo. Ambos temos nossos defeitos, nossas provações, mas quando estamos juntos somos um só , um amor e pronto, e quando nos beijamos pela primeira vez, foi louco apaixonado e insaciável, e sim, nós queríamos mais, e eu ainda quero – dou uma risada e olho para Savannah que está boquiaberta mas sorridente – e eu já sabia a algum tempo que não era uma simples amizade, e eu cuido dela assim como ela me faz ser melhor, e ela é linda, linda demais, Lacey você nunca vai entender oque vejo nela, nunca mesmo, eu.. eu simplesmente não sei explicar, mas essas coisas bobas não nós separar, eu a amo, e sei que ela é louca por mim, e sei também que esse amor vai durar anos e mais anos, porque ela me completa e as coisas mais simples sem ela nem sentido tem. Eu posso não ser poeta, nem nada do gênero, mas eu tenho coragem de estar aqui e falar tudo isso para o mundo ouvir, e se não quiserem aceitar não aceitem porque tudo isso não depende da aprovação de ninguém, eu não vou ficar infeliz, eu quero ela e ela me quer, já somos um do outro, e quem tentar nos separar vai levar o mal em dobro. Afinal, o que é que eu to falando! – me viro para Savannah novamente – eu simplesmente sou louco por você garota! É isso, e pode não ser um grande presente para o seu dia de hoje, seu aniversário, mas acredito que receber o amor que merecemos é gratificante. E eu te amo pra valer.

Um silêncio mortal reinou no recinto, observei Lacey indo ao encontro de suas amigas para um consolo maior e fitei Savannah, as lágrimas lhe molhavam a bochecha e a garota sorria radiante, senti que todos ainda olhavam buscando ver o final da história, uma história em que Savannah corresponderia e nos beijaríamos ali mesmo, mas ela nem se quer saiu do lugar, respirei fundo, a raiva ainda se esvaia aos poucos enquanto eu falava de meu amor por Savannah. Por alguns segundos não soube o que fazer, eu não poderia beijá-la porque se ela não se pronunciou isso significava rejeição, mas será possível? Depois de tantos anos e desses últimos beijos eu estar enganado sobre tudo isso? O amor pelo qual sofrerei em vão, ela sorria, então se não tivesse gostado não estaria assim, mas eu estava confuso e um pouco frustrado, e não ia ficar ali com aquela cara de bobo esperando por uma decisão, então simplesmente me virei e fui embora, corri sem direção por alguns momentos até ouvir Savannah me chamando, mas eu sabia onde ela iria, alguma hora ela voltaria lá, e lá eu estaria.

POV Savannah

– Jared! Jared não! – mas ele já havia sumido e eu não sabia para onde ir, o cais seria obvio e ele não iria pra lá então corri pra casa, eu precisa da minha mãe, abri a porta em caos, chorando e ao ver a expressão assustada dela eu chorei ainda mais, cai de joelhos em seus braços e após estar em meu quarto e já ter me acalmado consegui falar, falei tudo, cada palavra que Jared disse e ela me acalmou, e me fez ir para debaixo do chuveiro enquanto esperava em meu quarto, ao sair do banho ainda meio grogue e com um soluço convulsivo vesti minhas roupas intimas e então minha mãe levantou o vestido verde água que eu usaria na colheita deste ano, o melhor vestido que eu tinha que usaria.

– Vista-se, vou pentear seus cabelos.

– Não estou com vontade de comemorar mamãe.

– Não iremos comemorar, você irá, mas eu não estarei junto. – então vesti o vestido de alça fina e com marcação na cintura, a cor deixava o tom da minha pele mais vivo e me fazia lembrar de Jared, já que aquela era sua cor preferida, me sentei na cadeira disposta no centro de meu quarto e minha mãe secou meus cabelos e penteou eles devagar, colocou penas flores neles, as quais eram raras devido o quatro não ter tanta terra assim pra vegetação, e então eu estava pronto, calcei as sapatilhas pretas que ela havia me instruído a colocar e então fiquei me encarando no espelho.

– Mãe, porque?

– Quero que você vá para o cais, está no por do sol, e é um momento bom, hoje é seu aniversário e você deve estar mais bonita que de costume, vá para o cais e pense, reflita e faça de seu aniversário uma data memorável, eu te amo Savannah. – sem entender fui, andei até o cais girando o anel que mamãe havia me dado pela manhã no dedo, e então fiquei em pé sobre a madeira gasta do cais observando o por do sol.

POV Jared

Segui até o cais e escalei desconsolado o farol, agora tão vazio e abafado. Peguei os fósforos e acendi as velas, era esplendoroso o lugar com essas velas acesas que se refletiam nos vidros das grandes janelas, sem saber ao certo quando ela viria, troquei a camisa xadrez pela camisa branca social e desci calmamente os degraus do farol, em pouco menos de alguns minutos lá estava ela usando um vestido verde água, minha cor preferida, seu cabelo caia em pequenas ondulações com flores dispostas em volta, Savannah estava em pé na ultima madeira frouxa do cais, então a alguns passos dela não contive a emoção de vê-la ali:

_Savannah. – Ela se virou imediatamente e sorriu, sorri para ela e então nos beijamos como nunca antes, nossas bocas se moviam em um fluxo ritmado e incitante, éramos só nós dois ali outra vez e tudo dependia apenas de mim. Afastei nossas bocas mas continuei com as mãos em sua cintura:

– Vamos.

– Para onde? – vi em seus olhos que mesmo feliz ela estava nervosa e sabia que lá dentro também havia medo, tudo aquilo era novo para a Sav, para mim também, mas eu conhecia ela melhor do que nunca e sabia que mesmo com a força que tinha ela ainda era insegura.

– Surpresa. – Puxo ela até o farol e paro em frente as escadas e a olho:

– Consegue subir?

– Por Deus Jared! Claro que consigo. Mas você vai primeiro.

– Porque eu? – fui pego de surpresa e não entendi o que ela quis dizer com aquilo.

– Porque eu estou de vestido.

– E daí? – brinquei entendendo o que ela queria dizer enfim.

– Vai logo Jared. – Sav ficou vermelha e reprimi a vontade de rir.

– Tá bem.

Não consigo conter a risada por alguns segundos e então começo a subir com Savannah em meu encalço, logo depois que adentro o local ela entra também, posso ser a surpresa em seus olhos, as velas tremulam causando um ar romântico ao ambiente. Me abaixo e retiro uma das pequenas margaridas amarelas e ponho em seu cabelo, ela me olha e sorri, segue para as janelas que dão a vista para o mar. Ela posta suas delicadas mãos do parapeito da janela e observa a vista. Chego por trás dela passando as mãos em sua cintura e beijando seu pescoço delicadamente, posso sentir seus pelos se ouriçando, como eu disse, somos um só:

– Achei que você não gostasse mais de mim, que tinha me rejeitado.. E.. eu só quero você comigo independente de tudo.. – Falei.

– Jared como eu não poderia gostar de você? Você esteve sempre ao meu lado, quando ninguém mais ligava pra mim você estava ali, você se arriscou pra fazer com que nossa amizade durasse, e eu não tenho palavras para explicar o quanto estou grata por tudo, você me traz felicidade. Mas o que eu posso lhe dar em troca? Só tenho amor para lhe oferecer, e eu sou louca por você, eu te amo e quero te ter ao meu lado até quando nos for possível.

– Então namora comigo.

– Você demorou a dizer isso. – Então ela virou e nos beijamos, agora era oficial.

(...)

– Jared? - acordo e vejo apenas o sol escaldante e a água do mar, a areia arranha minha pele e me levanto, noto que minha pele ficou queimada com o formato da blusa em meus ombros busco por Jared em toda a praia mas não consigo vê-lo, resolvo então me levantar, tiro a blusa e deixo-a com meus chinelos e vou direto para a água, mergulho e nado por alguns instante até ouvir algo se aproximar de baixo da água e então um Jared sorridente aparece na minha frente.

– Bu!

– Jared! Ai meu Deus que susto, você enlouqueceu? Para de rir! – quanto mais falo mais ele se contorce e então nota que estou séria e para. Esses momentos gostosos tem se repetido a dois anos, dois anos de namoro, eu e Jared estávamos cada vez mais apaixonados um pelo outro e tudo está bem em nossas vidas e eu não pediria para mudar em nada.

– Desculpa pequena, mas sua cara foi ótima! Ok. Parei.

– Onde você foi?

– Buscar o café da minha sereia.

– Dormir na praia foi uma péssima ideia, porquê não me acordou?

– Você estava tão linda e tranquila. – ele coloca uma mecha de meus cabelos atrás da orelha e me dá um beijo rápido. – Péssima ideia? Vai me dizer que não gostou de dormir agarradinha comigo?

– Não é isso... Para de rir... É que a areia arranha e olha só o caos que ficou meu cabelo!

– Pra mim você continua linda.

– Vamos comer. – nadamos lado a lado até a areia e então exploro o que ele trouxe frutas, pão e suco, comemos em silêncio lançando olhares um para outro e ao terminarmos visto minha blusa e levanto calçando os chinelos, de repente Jared me puxa pela cintura e segura meu rosto, ele me beija lentamente sem nenhuma pressa de me largar, sua mão passa pela barra de minha blusa e para nas minhas costas nuas, minha pele fica toda arrepiada a sentir sua mão fria, ele me aproxima mais me beijando com mais urgência e então nos separamos com um suspiro.

– Vou te levar em casa.

– Não precisa, você vai dar muita volta e...

– Não vou deixar você sozinha pequena, vamos? – ele me oferece a mão e eu pego, caminhamos conversando até minha casa onde minha mãe conversa com Aldara Butler na varanda, ao nos ver ambas se levantam e sorriem para nós.

– Mamãe, meu pai sabe que está aqui?

– Não filho, e Rilary está treinando uns jovens no complexo.

– Olá Cameron. – faz tempo que minha mãe proibiu Jared a chamar ela de senhora, minha mãe sorri e beija minha testa.

– Eu e Aldara imaginamos que já estariam voltando, como foi a noite de vocês?

– Ficamos na praia mãe, desculpa por não avisá-la.

– Não se preocupe Savannah, eu disse que vocês estavam juntos e ela ficou mais calma.

– Obrigada Senhora B... digo, Aldara. – fala, sabendo que se a tratasse com formalidade ela trataria de me lançar um olhar de advertência.

– Nos vemos a noite, vamos mãe. – Jared me dá um selinho e vejo ele e Aldara se afastarem da minha casa.

(...)

A noite demorou a chegar, mas logo estávamos novamente juntos no cais, faltava 3 dias para colheita e eu precisa conversar com Jared, mas ele não gostava quando eu mencionava os Jogos então eu ficava adiando.

Após um beijo demorado nos sentamos e então resolvi falar.

– Andei pensando na colheita. – Jared bufou. – Eu não queria, mas estou com medo. – seus olhos ficam mais alerta e então ele me aperta mais em seus braços.

– Ainda têm pesadelos? – suspiro.

– Tenho, acho que nunca deixarei de ter, mas meu medo não é esse, estava pensando se eu fosse sorteada.

– Se você for eu vou também.

– Não quero que você se arrisque por mim, se você morrer eu não sei o que farei.

– Savannah um mundo sem você é o mesmo que estar morto. Mas eu preciso que me prometa uma coisa.

– O quê? - pergunto com os olhos cheios de lágrimas.

– Se por algum motivo eu for sorteado você não irá se oferecer.

– Mas Jared...

– Me prometa.

– Eu prometo.

– Escuta, não a nada no mundo que irá me separar de você, se eu for quero que fique segura aqui, se você for eu irei junto.

– Eu te amo.

– Eu também pequena. – Jared entrelaçou nossos dedos e juntou nossas bocas selando nossa promessa, eu sentia a dor de ter que prometer aquilo e medo de que uma dessas coisas acontecessem ainda mais que na manhã seguinte nós saberíamos o que iria acontecer conosco, com apenas 15 anos e ele 16 nós prometíamos amor eterno o que muitos faziam chacota pois diziam que nossos pensamentos poderiam mudar, que os desejos do mundo seriam mais fortes que essa paixão e que nos deixaríamos levar, mas eu não acreditava nisso e sabia que Jared também não.

(...)

POV Jared

Acordo e encontro um mar de olhos lindos, abro um sorriso preguiçoso ao vê-la levantar a cabeça para me ver melhor.

– Bom dia olhos lindos. – ela havia tirado as palavras de minha boca como de costume, seu rosto macio e delicado estava um pouco marcado pelos lençóis e tê-la agarradinha em mim me fazia ficar aliviado, pois ela estava segura enquanto estivesse em meus braços.

– Bom dia, pequena. – hoje enfim era o dia tão temido por Savannah, todas as noites antes da colheita eu passava em sua casa e dormia com ela, sabia que isso não afastaria os pesadelos, mas eu estaria ali para acalmá-la, vê-la tão apavorada e chorando, me corroía por dentro, mas eu precisa ser forte se quisesse protege-la, toda vez que a via parecia que iria desabar se não fosse segurada com firmeza em meus braços, Savannah tinha medos, medos que eu não conseguia controlar.

– Vou para casa me arrumar, estarei aqui às 14:30 para te buscar. – dou um beijo em sua testa e sento-me em sua cama para vestir minha camisa e calçar meus tênis e então saio. A manhã no quatro está relativamente fresca, o sol dava seus indícios de que traria um dia muito quente hoje, pessoas andavam em todas as direções se preparando para colheita e para a comemoração da noite quando seus filhos tivessem se livrado de mais uma colheita, caminho pelas ruas de meu distrito em silêncio, não sinto vontade de cumprimentar ninguém, passo pelas padarias, peixarias e lojas de suvenires feitos com materiais encontrados na praia e então chego da rua de pedra, na qual o portão de ferro polido marca a aldeia dos vitoriosos, passo pelas belas casas vazias até chegar na única com aparência de habitada, ao subir as escadas e parar em frente a porta suspiro pensando que poderia trazer Savannah e sua mãe para morar conosco, se não fosse por Rilary e meu pai. Meio hesitante coloco a mão na maçaneta e giro, a porta está destrancada como de costume e o cheiro do almoço exala por toda a casa indicando que Dona Aldara está na cozinha, a casa parece estar vazia e então passo pela sala e o corredor podendo ver minha mão a frente do fogão e Rilary arrumando a mesa, com certa relutância, adentro mais a cozinha podendo ficar em seu campo de visão.

– Ah lembrou que tem família? – Rilary diz revirando os olhos e me encarando com completo desgosto, ao dizer isso minha mãe se vira e abre um sorriso vindo até mim e me dando um beijo na bochecha evitando encostar as mãos com comida em mim.

– Olá filho, como está Savannah?

– Bem, desculpe-me por não dormir em casa é que...

– Não se preocupe. – Rilary rosna parecendo irritada.

– Ele nem ao menos se preocupa com a senhora e ainda lhe dar amor, ele desonra está família ao passar os dias com ela.

– Rilary afinal de contas o que te faz odiar tanto Savannah? O que ela fez para você? – pergunto me irritando com a postura de minha irmã mais velha, sua irritação é tão evidente que até incomoda Hedwid que até então estava empoleirado em seu ombro e agora voa até o batente da janela.

– O pai dela tentou matar o nosso se você não lembra.

– Mas ele está vivo! – me estresso ao ouvir novamente a explicação fajuta de minha irmã. – Ela perdeu o pai no final, ela que deveria odiar a nossa e nós que deveríamos nos sentir culpados, se você não lembra aquilo são os jogos, e quanto nosso pai, Joe também tinha família, e estava tentando voltar para ela, assim como nosso pai, que conseguiu afinal, destruindo a vida de um amigo! – Rilary entorta a boca e posso ver que a fiz pensar na hipótese, mas então a mascara de impotência retorna e ela olha nos meus olhos com o semblante frio.

– Eu não tenho nada a vê com isso, a minha família é esta aqui e não aquela, eu sigo as ordens de meu pai e não dos Fitz, eu sou filha de um Butler e seguirei a linha de pensamento de um Butler. – ela larga os pratos na mesa e sai andando, posso ouvir seus pés batendo na escada.

– Não se preocupe com ela Jared, você conhece sua irmã, ela tem uma ferida, ela tem medo de perder o pai e o segue a qualquer custo, Rilary perdeu a capacidade de ter opinião própria, mas eu sei que minha filha não está perdida, algum lugar lá dentro ela ainda existe.

– Tudo bem mãe, e meu pai?

– Bem você sabe, está quase no hora da colheita, ele não irá almoçar, já deve estar no Edifício da Justiça esperando pelo momento de ir logo para a Capital.

Termino de arrumar a mesa que Rilary deixou para trás e sento-me com minha mãe para almoçar, depois subo para meu quarto e tomo meu banho, vejo em cima de minha cama uma camisa de botões branca e calças pretas com sapato de mesma cor, visto-me e penteio meu cabelo que se encontra molhado devido ao banho, vejo no relógio na parede que já são 14:10 e então saio de casa indo em busca de Savannah, chegando em sua casa vejo-a com o vestido que havia lhe dado em seus 15 anos, de um vermelho que deixava o tom de sua pele ainda mais belo e a cor de seus olhos ainda mais intensos, abro um sorriso e vou até ela notando que sua mãe não aparece na porta para nos ver.

– E Cameron?

– Minha mãe já foi, ela ajuda a organizar os pequenos.

– Você está linda.

– Não mais que você. – ela insistia em depreciar o quanto era linda usando minha aparência, mas eu não deixava isso me abalar, eu sabia que ela era linda e o resto do distrito também. – Vamos?

Andamos em silêncio lado a lado, próximos à praça passamos pela escola que nos conhecemos e vivemos por muitos anos, noto que Savannah encara a escola com certa tristeza e aperto mais minha mão na dela.

– Passar por aqui me deixa feliz. – digo contrariando o pensamento que estava se formando em sua mente ainda, mas que seu rosto já demonstrava.

– Me traz lembranças boas, sempre lembro do momento que nossas mãos se tocaram quando minha bolsa caiu. – disse ela com um sorriso meio torto.

– Gosto dessa lembrança. – logo estamos na praça e antes de deixa-la sair de meu campo de visão beijo-a em meio a todos e então nos separamos, sigo a fila de garotos, informo meu nome e deixo que o pacificador tire um pouco de meu sangue como todos os anos e então me coloco em meio aos jovens de minha idade, Terence já se encontra no pódio em frente às câmeras e com um sorriso exagerado ele começa seu tão memorizado discurso.

– Boa tarde Distrito 4, é com prazer que anuncio a colheita da 39° Edição dos Jogos vorazes! – ninguém ousa a bater uma palma ou comemorar e então ele retorna a falar. – como de costume primeiro as damas. – ele anda até a urna de cristal e dali retira um papel com o nome da garota, seco minhas mãos na calça e tento puxar ar para meus pulmões quando ele anuncia.

POV Savannah

– O tributo feminino é... Savannah Fitz. – Não! Todos abrem caminho e então sigo devagar para o pódio, sei o que vem a seguir e sinto meu coração parar ao ver Jared correr para o corredor que separava a gente. – Agora o tributo masculino.

– Eu me ofereço.

– Não. – tento gritar, mas minha voz sai abafada pelo choro, Jared vem até o pódio com os olhos tristes.

– Como se chama meu rapaz?

– Jared Butler.

– Distrito 4, esses são seus tributos! Cumprimentem-se. – me viro para Jared em pânico e ele me agarra e me beija na frente de todos, pacificadores nos separam e somos levados para sala de visitas.

Ao ver minha mãe em prantos abraço ela.

– Não se esqueça do anel. – e então ela se vai, ninguém mais vem me ver e então somos levados com Terence e o Sr. Butler que era o único vencedor do 4, na estação de trem não largo a mão de Jared, ao entremos no veículo Terence começa a falar com Jayden e escuto só de relance.

POV Jared (visitas)

Ando de um lado para outro até que minha mãe entra com uma Rilary furiosa.

– O que você fez? Você enlouqueceu Jared? – Rilary grita comigo.

– Eu não vou deixa-la sozinha!

– Não me importo com aquela imunda, você não devia ter feito isso, não devia! – Rilary avança em mim, mas minha mãe a puxa jogando ela contra a porta.

– Cale a boca Rilary, estou farta de você, fique quieta! – minha mãe grita com ela e então ela para.

– Por mim chega. – Rilary sai e bate a porta atrás de si, minha mãe me olha com o rosto inchado e vermelho pelas lágrimas e me abraça.

– Ah meu filho. – ela solta a frase como se estivesse presa dentro de si a tempos. – por favor proteja-se e não importa qual a sua decisão se te fizer feliz eu irei apoia-lo.

– Obrigada mãe. – e então ela se vai, minutos depois meu pai entra furioso na sala e me soca pelo estômago me fazendo cair no sofá, levanto depressa preparado para mais um golpe, mas ele fica ali parado me fuzilando com os olhos.

– Você passou dos limites garoto!

– Pai se acalme.

– Me acalmar? Você trouxe sofrimento para essa família e desonra por aquela garota Jared! E você terá que fazer muito para protegê-la porque se depender de mim ela sairá morta daquela arena!

– Você não faria isso com seu filho... – digo horrorizado com a ideia.

– Se for para te trazer de volta a realidade, te fazer entender qual é a sua família é exatamente o que farei.

– Pai, não!

– Vamos. – ele abre a porta e espera que eu passe.

– Ande Jared!

POV Savannah

O caminho até a estação de trem é estressante, somos escoltados e então obrigados a sorrir para as câmeras. Nos juntamos no compartimento do trem em que se forma uma sala, me recuso a falar qualquer coisa, estou com medo e me mantenho calada a todo momento sabendo que Jared está preocupado, mas ignoro me fechando e ouvindo por alto algumas coisas do que Terence fala.

Parece que a presidente está gravida e fico realmente surpresa pelo fato de alguém amá-la, ouço algo sobre o novo idealizador, um cara assustador e então Jared me carrega para um de nossos compartimentos preocupado com que eu desmaie em seus braços ele me deita e então senta ao meu lado fazendo carinho em meus cabelos.

– Savannah? Pequena fale comigo.

– Não quero falar Jared.

– Eu irei te proteger lembra? Você é minha, está segura comigo.

– Não quero te perder.

– Você não vai.

– Eu te amo Jared.

– Amo você Savannah.

–A


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Notas finais do capítulo

Então é isso meus queridos, espero que tenham gostado do capítulo, peço que deixem seus comentários com suas críticas, dicas e elogios, vou adorar ler o que você têm a dizer, obrigada pelos views!
Até semana que vem.
—A



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