Paixões Opostas escrita por Lua


Capítulo 12
Capítulo 11 – Provas, Café e Campeonato


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece, né non? Tia Lua voltou com mais um capítulo fresquinho para vocês ♥ Não vou me alongar muito agora, nos vemos nas notas finais õ/



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“Hoje eu preciso tomar um café

Ouvindo você suspirar

Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia”

(Jota Quest - Só Hoje)

 

Acordei desnorteada na manhã seguinte, e ao olhar no relógio, o qual marcava 09:30h, percebi que havia perdido a aula. Completamente exausta devido à festa no dia anterior, concluí que minha mãe havia percebido o meu cansaço e por isso não me chamara, mesmo após perceber que eu não havia escutado o alarme. Apesar da indisposição, levantei-me e desci para a cozinha, necessitada de um bom café para conseguir aproveitar o restante do dia.

 

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Após me abastecer e confirmar com a minha mãe o motivo de eu estar em casa em plena segunda de manhã, decidi estudar um pouco de Física, com todos os meus pensamentos voltados novamente para as provas, agora que a euforia do aniversário havia passado. Tendo faltado à escola, podia muito bem recuperar o tempo perdido.

Contudo, não seria tão fácil quanto eu imaginara. Por ter dificuldade com essa matéria especificamente, eu não conseguia focar de jeito nenhum. Enquanto tentava entender como funcionava o Princípio de Pascal, minha mente dispersa lembrou-se de um acontecimento do dia anterior, ocorrido um pouco antes das meninas tocarem a campainha.

 

Eu havia acabado de escovar os dentes após o almoço, já pensando no que faria a seguir, quando ouvi um barulho vindo do meu notebook. Fui conferir e, ao perceber que era um pedido de vídeo chamada do meu pai, atendi rapidamente.

— Pai! – exclamei, assim que seu rosto sorridente apareceu na tela – Estou morrendo de saudades, sabia?

— Oi, minha princesa – ele respondeu, sorrindo ainda mais – Também estou, mas em breve voltarei para casa. Como você está?

Júlio, meu pai, havia sido chamado para passar 3 meses na capital do nosso estado, à trabalho. Ele vinha nos visitar quando dava, mas era tudo muito corrido, ou seja, fazia um tempo que eu não o via pessoalmente.

— Tudo bem, e com o senhor? Como estão as coisas por aí?

— A correria de sempre, estou acostumado. Mas não podia deixar de ligar hoje, já que infelizmente não pude estar presente. Parabéns, minha filha! Te desejo muita paz e saúde nessa vida, que você continue sendo essa garota maravilhosa, cheia de luz e que encanta a todos. Te amo muito – Após isso, ele me jogou um beijo no ar, como costuma fazer sempre comigo e com minha irmã.

— Obrigada, pai. Também te amo muito, estou ansiosa pelo seu retorno – agradeci, jogando outro beijo para ele.

— Diga à sua mãe e à Vicky que mandei beijos, e que estou com saudades.

— Pode deixar.

— Agora preciso ir. Curta bastante o seu dia, você merece.

— Até mais, pai.

Dito isso, ele desligou.

 

Essa curta chamada de vídeo já havia alegrado o meu dia, e eu nem imaginava que ele ficaria ainda melhor. Foi um aniversário memorável, sem dúvidas. Ainda levemente imersa nas lembranças, voltei aos exercícios de Física: uma nota baixa era tudo o que eu não precisava.

 

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1 semana se passou e finalmente chegou o primeiro dia de provas finais. Como as áreas de conhecimento escolhidas eram Linguagens e Humanas (minha zona de conforto), fui bem e não me cansei tanto. Por outro lado, quando chegou a vez de Naturais e Matemática, terminei os testes completamente esgotada. O dia parecia combinar com o meu estado de espírito, nublado e sem sinal de luz solar. Fui uma das últimas a sair da sala, e não encontrei as meninas enquanto caminhava pela escola. Assim que cheguei no pátio, Leo me alcançou.

— Como foram as provas? – perguntou, enquanto me beijava na bochecha.

— Prefiro nem pensar nisso – respondi, já temerosa com os resultados que teria.

— Eu já sei o que você precisa: relaxar, e eu sei o local ideal para isso.

— Onde? – questionei, enquanto ele já me puxava pela mão, em direção à saída.

— Você verá.

Conhecendo bem meu namorado e sabendo que não receberia uma resposta mais esclarecedora, apenas me deixei conduzir.

 

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Durante todo o percurso, os meus pensamentos insistiam em se voltar para as provas. Além disso, a fase inicial do campeonato de skate estava se aproximando, o que só aumentava a minha ansiedade. Aquela era a chance de mostrar o meu talento, e eu não queria desperdiçá-la.

— Chegamos – a voz do Leo me trouxe de volta à Terra. – Você vai adorar, o café daqui é ótimo.

Entramos na cafeteria e me senti imediatamente aquecida. O local era reconfortante e lindamente decorado, todo em tons terrosos que faziam eu me sentir em uma cabana. Escolhemos uma mesa e logo fomos atendidos.

— O que desejam?

— 2 cappuccinos, por favor – Leo fez o pedido.

— Sabe que vocês dois me lembram muito um casal que veio aqui há algum tempo? Estou até hoje traumatizada com aquele encontro.

— Por que? O que houve? – questionei.

— A louca da garota virou um copo de café em mim, tudo por ciúmes do rapaz que a acompanhava... tá certo que eu derramei cappuccino no colo dela, mas juro que foi sem querer – a garota explicou, em um tom de voz carregado de cinismo. Além disso, percebi que ela encarava Leo descaradamente, o que deixava claro suas verdadeiras intenções.

— Sem querer, claro... mas não se preocupe, somos bem diferentes daquele casal. Nos garantimos, não precisamos de ciúmes – afirmei, olhando para meu namorado e piscando levemente – Certo, amor?

— Com certeza – ele respondeu, sorrindo para mim.

Com uma expressão extremamente azeda, a garçonete se retirou.

— Toda essa autoconfiança me deixa ainda mais apaixonado por você, sabia?

— Sabia.

— Ela é tão modesta, gente – ironizou, me fazendo rir de sua expressão.

Conversamos um pouco enquanto aguardávamos nossas bebidas e, quando elas finalmente chegaram, trazidas por outra moça muito mais simpática que a primeira, eu já me sentia leve, enquanto as preocupações iam se dissolvendo naquele ambiente tão agradável. Terminei meu café primeiro e levantei-me para pagar nossa conta. A fila do caixa estava um pouco grande, fazendo com que Leo conseguisse me alcançar antes que eu concluísse o pagamento. Senti-o me abraçando pelas costas e coloquei meus braços sobre os dele. Balançamos de um lado para o outro e, em uma simulação de dança, dei um leve rodopio, mantendo-nos de mãos dadas. Ainda unidos, saímos para o dia chuvoso que nos esperava.

 

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Mais uma segunda-feira se iniciava, e como era de se esperar, a maioria dos alunos estava desanimada e sem disposição para as aulas. Por obra do destino, o professor que deveria lecionar nos 2 primeiros horários precisou faltar, e fomos liberados para relaxar durante aquele período de tempo. Sendo assim, a turma se espalhou pela escola, em busca de algo para fazer durante os 100 minutos livres que tínhamos. Eu, Mari e Mila sentamos em um banco no pátio e colocamos em prática nossa especialidade: conversar.

Os mais variados assuntos foram percorridos por nós, coisa que sempre ocorre em nossos papos. Por fim, caímos no assunto “livros”. Mila estava falando sobre uma obra que ela havia lido, cuja protagonista havia sido abusada durante a infância e crescia traumatizada. Fatalmente, isso nos fez lembrar do ocorrido de 1 ano atrás, o qual eu nem gostava de lembrar.

— É melhor mudarmos de assunto – Mila sugeriu.

— Também acho – Mari concordou – Mas antes... Nanda, se importa se eu fizer uma pergunta?

— Claro que não, vocês têm carta branca comigo.

— Você não se lembra de mais nada a respeito daquele homem, além do fato de que ele estava bêbado? Eu sei que estava escuro e que você estava abalada, mas talvez sua mente tenha registrado algo mais sem você perceber...

— Sim, eu me lembro. Era uma característica marcante, tanto que me ajudou na hora de descrevê-lo para a polícia: Ele tinha olhos azuis, frios e penetrantes.

Após esse breve momento desanimador, continuamos debatendo obras literárias, de Harry Potter a Dom Casmurro. O tempo voou, tanto que nos surpreendemos quando o sinal tocou e não tivemos escolha a não ser voltar para a sala. Mesmo enquanto eu pegava meu caderno e copiava os exercícios matemáticos do quadro, uma pequena fração do meu cérebro se questionava: onde estaria o dono daqueles olhos que tanto me assombravam?

 

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Aos olhos da maioria, era uma manhã de sábado, como qualquer outra. Contudo, para mim, aquele dia não tinha nada de comum: nele, eu entraria para o campeonato de skate que tanto ansiava, ou falharia completamente. Diante disso, não era de se admirar que eu estivesse nervosa e com as emoções à flor da pele. Por conta da ansiedade, acordei mais cedo do que costumava e fiquei deitada, sem conseguir pensar em algo que não fosse a competição. Por volta das 8h, minha mãe veio me chamar e me encontrou já vestida, sendo que meu compromisso começava às 09:30h. Entendendo a causa desse fato raro, ela apenas me chamou para tomar café, argumentando que eu precisava estar forte para me sair bem nas manobras. Sabendo que ela tinha razão, concordei, apesar de estar sem apetite. Toda ajuda era bem-vinda, e uma boa refeição poderia melhorar meu estado de espírito. Sendo assim, segui Dona Vanessa até a cozinha.

 

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Após me alimentar, o que realmente me animou um pouco mais, decidi me distrair, considerando que ainda eram 08:30h e a rampa ficava próxima à minha casa, apenas 10 minutos de caminhada. Liguei a tv e, quando me dei conta, já havia dado 9h e eu precisava ir. Respirando fundo, peguei meu skate e saí, rumo ao desafio do dia.

 

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Enquanto caminhava sozinha (minha família e amigos chegariam mais tarde), relembrei todo o meu processo de preparação para o campeonato. Eu vinha treinando há dias, tanto sozinha quanto com a ajuda de Leo, e minha técnica melhorara muito.

Pouco tempo depois, cheguei ao local da competição. Alguns competidores já se encontravam lá, mas percebi que não eram a maioria. Sendo assim, deduzi que não estava atrasada, e decidi tentar acalmar meus nervos antes que o grande momento chegasse. Enquanto segurava meu pingente de skate (que usava para dar sorte, ideia de minha mãe), uma ideia me passou pela cabeça: e se eu usasse minha outra paixão para relaxar? Não poderia dançar, já que devia guardar minhas energias para as manobras, mas nada me impedia de pensar nos meus momentos com o ballet. Me concentrei nas lembranças de minha última aula e, como imaginava, alguns instantes depois eu já me sentia melhor. A dança me deixava confiante, pois era um hobby que me acompanhava há anos, e no qual eu era realmente boa.

Enquanto estava imersa em pensamentos, não percebi que o tempo passava, por isso fiquei surpresa quando minha torcida se aproximou para desejar boa sorte. Quando todos já estavam acomodados nas arquibancadas e os skatistas haviam se reunido, o locutor começou a falar.

— Sejam muito bem-vindos às seletivas do 1° Campeonato de Skate realizado em nossa cidade! Antes de mais nada, desejo boa sorte aos competidores, e que a sorte esteja sempre ao seu favor. As apresentações serão por ordem alfabética, e serão iniciadas nesse exato instante. Peço a todos que, enquanto aguardam sua vez, se mantenham na área dedicada aos skatistas, por questões de organização. Dito isso, vamos ao nosso primeiro competidor: Alexandre Dias!

Voltei minha atenção para os competidores. Um rapaz de pele negra se adiantou em direção à rampa, enquanto era aplaudido entusiasticamente pela multidão. Acompanhei atenciosamente sua apresentação do início ao fim, e pude perceber que ele era bom. Contudo, estava determinada a não me deixar abater. Tinha que confiar em mim mesma, ou nada daria certo.

— E essa foi Estela Santos! – a voz do locutor tornou a soar, após algum tempo. Eu havia lido a lista de inscritos, e sabia que eu era a próxima. Respirei fundo enquanto ele continuava – Fiquem agora com Fernanda Macedo!

— É um belo dia para salvar vidas... digo, para arrasar no skate – pensei comigo mesma.

Levantei-me e, sorrindo para meus amigos e família, que acenavam para mim da arquibancada, segui em frente, decidida a dar o meu melhor.

 

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Eu me encontrava no topo da rampa, com o pé direito sobre o skate, pronta para começar. Todos aguardavam ansiosamente, e apesar do barulho que permeava o local, minha mente estava silenciosa. Sabia que precisava de concentração e foco, ou me acidentaria e, consequentemente, perderia minha chance. Respirando fundo, inclinei-me para a frente e fiz um drop in, movimento básico em rampas. A partir desse instante, minha mente se desligou totalmente do que estava acontecendo ao meu redor. Era como eu fosse a única no local. Em meio a todos os flips, kickturns e ollies, apenas me deixei levar pelos meus instintos, como uma Jedi usando a Força para se guiar.

Ofegante, desci do skate e segurei-o embaixo do braço, ainda sem acreditar no que acabara de fazer. Quando dei por mim, estava sendo aplaudida pela multidão, enquanto o locutor anunciava:

— Fernanda Macedo termina suas manobras! Vamos agora às notas dos jurados – a voz dele soou por todo o local, tirando-me de meu estupor.

Olhei na direção dos responsáveis pela minha classificação na competição e aguardei.

— E a primeira nota é... – ele fez uma pausa para que a placa fosse levantada - ... 10!

De fato, um enorme “10” estampava o papel, enchendo-me de alegria e esperança. Eu acreditava que me classificaria para a próxima etapa, mas definitivamente não imaginava que logo de cara receberia uma nota máxima.

Enquanto eu ainda me recuperava da surpresa, a voz do apresentador soou novamente:

— 10 foi a nota do nosso júri artístico! E agora, as avaliações dos jurados técnicos.

Ambas as placas foram erguidas ao mesmo tempo. O segundo jurado exibia "7.5", e o terceiro, "7". Tentei não deixar a decepção transparecer em meu rosto, enquanto sorria para o público.

— Temos as notas atribuídas à Fernanda Macedo. E agora, nosso próximo concorrente... - enquanto me afastava da rampa, o locutor continuava falando. Eu, entretanto, já não escutava. Toda a minha concentração estava voltada para um único questionamento: diante dessa pontuação, eu ainda tinha chances de ser classificada? Só me restava esperar. Resignada, sentei-me num banco reservado aos participantes e aguardei o término das apresentações.

 

 

 

No próximo capítulo...

"O locutor já anunciara 5 selecionados, e a cada nome a minha esperança diminuía. Sentia-me frustrada, e mal conseguia conter as lágrimas ao vê-lo erguer o microfone novamente.

— Fernanda Macedo, com 8.2 pontos, classificada em 6º lugar!

Respirei fundo e deixei as lágrimas escorrerem, sabendo que dessa vez elas eram de felicidade."


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Notas finais do capítulo

Olá novamente, meus amores ♥
Lembram-se do que significam as frases em negrito ao longo dos capítulos? Quem não lembra, é só passar nas notas iniciais do cap. 6. Quero ver se teremos um novo ou uma nova Sherlock Holmes que desvendará esse mistério. Boa sorte a todos, novamente õ/
Espero que tenham gostado desse capítulo, e das referências espalhadas por ele (tem livros, séries e filmes, para todo mundo ficar feliz).
Beijos da Lua ♥



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