How to Be Free escrita por Mia Miatzo


Capítulo 4
What doesn't kill you...


Notas iniciais do capítulo

Bom aqui está o quinto capítulo (finalmente). Minhas sinceras desculpas pelo meu desaparecimento, mas o chamado da vida real estava muito convincente. Posso resumir o que aconteceu para eu não conseguir postar em três tópicos:

1) Eu estava viajando, meu aniversário está chegando (é no dia 25 desse mês, não se esqueçam) e como presente meus pais me deram uma viagem para Cancun no final das minhas férias.

2) A escola. Preciso falar mais? Na verdade sim, porque eu mudei de escola agora e tenho que me acostumar com o período integral e fazer minhas aulas de dança de segunda e quarta, além de ter toneladas de lição pra fazer logo nas duas primeiras semanas O.o

3) Quando eu voltei de viagem descobri que meu computador tinha pifado. Caiu um raio e queimou a placa de rede, o que me fez esperar duas semanas no processo entre descobrir o que tinha acontecido e conseguir comprar uma nova placa.

Então foi isso o que aconteceu. Mas durante o meu afastamento escrevi mais quatro capítulos pra vocês meu amores. Desculpem de novo e espero que gostem do novo capítulo.
Boa leitura.



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Corra.

Esse foi meu primeiro pensamento assim que Bocão soltou o Nadder de sua jaula.

E foi o que eu e todo o resto fizemos. Corremos para a parede de madeira mais próxima. A arena estava cheia delas. A aula de hoje era sobre ataque. O dragão avançava sobre nós com uma agilidade impressionante e o fogo mais letal e quente que eu já vi. Sem contar os espinhos venenosos que a criatura lançava de sua cauda.

Todos nós nos separamos e acabamos de um jeito ou de outro nos perdendo no meio do labirinto de madeira. Segundo Bocão isso nos daria mais vantagem sobre o oponente, porque haveria mais de um alvo móvel escondido e o surpreendendo.

Com nossas armas e escudos em mãos, como na aula passada, tentávamos nos defender enquanto nosso instrutor observava tudo de cima, na grade acorrentada da arena. E o pior, quando levantei meus olhos não somente vi Bocão nos assistindo, como também a anciã, Gothi. Ótimo, só pra piorar meu dia não posso vacilar na frente dela e ela assiste a todos os nossos movimentos com interesse e precisão.

O Nadder se move por cima das paredes enquanto Bocão nos instrui:

– Os Nadders são rápidos e ágeis. – é, percebi – Vocês têm que ser mais rápidos e mais ágeis.

Escuto um grito quando o dragão atira seus espinhos mortíferos e presumo ser Perna-de-Peixe. Ele se esquiva enquanto fala:

– To começando a questionar seus métodos de ensino.

Corro mais um pouco e percebo que Melequento está atrás de mim. Nos movemos juntos e eu nem me importo. Queria saber onde está Soluço. Espera, por que eu me importo?

– Encontrem o ponto cego. Todo dragão tem um. – diz Bocão – Encontrem, escondam-se nele e ataquem.

Ouço o bicho se calar, mas uma briga começando entre os gêmeos. Usando isso como referência, escuto o dragão cuspir uma rajada de faíscas em sua direção.

– Ponto cego sim. Mas ponto surdo? Nem tanto.

Finalmente vejo Soluço correndo conosco enquanto desviamos da criatura. Mas logo em seguida ele para distraído e pergunta mais alguma coisa pra Bocão. O que será que está acontecendo com ele hoje? Ele não para de fazer perguntas sobre o Fúria da Noite. Por que o interesse repentino?

– Volta já pra lá! – adverte Bocão.

Eu e Melequento nos abaixamos contra uma parede quando percebemos o bicho vindo silenciosamente em nossa direção.

– Eu sei. – diz ele – Mas hipoteticamente.

– Soluço. – o chamo, ele olha em minha direção – Se abaixa.

Não o deveria estar avisando-o. Mas não o quero morto. Dou mais uma olhada na direção do dragão e vejo que ele se aproxima. A cabeça levantada. O ponto cego vai ser nossa saída.

Uso meu escudo para me apoiar enquanto dou uma cambalhota e chego na parede oposta. Melequento faz o mesmo. Quando chega a vez de Soluço ele idiotamente se atrapalha com o escudo e volta à posição deitada. Isso atrai a atenção do Nadder e nós corremos, assim como ele.

O dragão sobe em uma das paredes e pula na nossa frente. Estou pronta para o que der e vier. Vamos à batalha. Ergo meu machado, mas Melequento entra na minha frente.

– Chega pra lá gata. Eu cuido disso. – diz enquanto exclamo em protesto e ele atira sua maça, errando por muito a cabeça do dragão.

Olho para ele com desgosto e ele tenta:

– O sol me atrapalhou, Astrid! – o Nadder atira em nossa direção e nós corremos – Que que você quer que eu faça? Que eu tape o sol? Até poderia, mas to meio enrolado agora.

Nos dividimos quando a criatura nos persegue, ele para o lado e eu corro na direção de Soluço. Grito quando o bicho quase nos atinge, mas ele parece não ligar. Ele é louco? Bom, só sei que ele está me tirando do sério. Desperdiçando o tempo de Bocão enquanto poderia estar nos instruindo e nos tirando a atenção com suas perguntas idiotas sobre o dragão idiota.

Acho que nunca corri tanto como agora. O dragão está atrás de mim em alta velocidade e derruba todas as paredes enquanto me persegue. Em um dos momentos sou obrigada a pular em cima de uma parede e correr por cima delas.

Meu coração dispara. A parede em que estou encima começa a desmoronar e Soluço está bem embaixo. Grito sem pensar.

– Soluço!

Tudo depois é um borrão preto quando a última coisa que vejo são seus olhos esmeralda. Quando abro os meus percebo que estou encima dele, meu machado fincado em seu escudo e nossas pernas entrelaçadas.

Faço força para me tirar do embaraço que são nossos corpos. Só para me irritar mais Cabeçadura brinca:

– Hum, as brutas também amam.

– Ela merece melhor. – completa sua irmã.

Não consigo. Deuses, o que fiz pra merecer isso? Nossos pés estão presos, tento me levantar mas não consigo.

– Por que que... Por que que você não... Peraí, deixa eu...

Nossos rostos estão a centímetros de distância e quero me afastar o mais rápido possível. Não penso enquanto enfio a mão em seu ombro e o uso como suporte para finalmente soltar meu machado e conseguir ficar de pé. Soluço ainda está estatelado no chão.

Sinto os olhos da anciã nos assistindo, divertidos. Mas a única coisa que consigo pensar agora é na surpresa que sinto quando percebo o Nadder se levantando e vindo em nossa direção.

Machado. Machado. Preciso do meu machado. Ai, que ótimo. O machado ainda está preso ao escudo de Soluço que ainda nem se moveu. Esse garoto tem minhoca na cabeça?

Meu primeiro instinto é tentar tira-lo de lá. Mas quando não consigo a única coisa que faço é utilizar meu pé para dar impulso no rosto de Soluço e arrancar o escudo dele, com machado e tudo.

Viro bem na hora em que o monstro vai atacar e quebro o escudo de madeira em sua cara. Ele vai embora infeliz e eu respiro profundamente enquanto tento processar tudo o que aconteceu. Olho para o machado e penso de novo em como poderia tê-lo matado se quisesse. Como em meu pesadelo. Sou tirada de meus pensamentos quando Bocão diz:

– Muito bem, Astrid.

Poderia me sentir elogiada, se não fosse pelo fato de algo que está se coçando para sair de minha boca. Todas as perguntas, as distrações, as falhas. Não consigo conter a raiva.

– Você tá achando que isso aqui é brincadeira? – pergunto séria enquanto me viro para Soluço, encolhido contra o chão e ele olha duvidoso para mim – A guerra dos nossos pais vai se tornar a nossa. – aponto o machado para ele para lhe dar mais razão a me temer - Decide logo de que lado está.

Me viro para a saída, sem se importar com ele, com Bocão, com meus amigos ou mesmo com a anciã. Meu dia já está bem ruim.

*****

Mais cedo, naquela manhã.

Acordo sentindo o frio da manhã entrando pela janela e percebo que joguei o cobertor pra fora da cama outra vez. Levanto-me para fechar as portas de madeira e assim que respiro o ar gelado um espirro se forma.

Ótimo. Devo ter ficado resfriada depois de ter ido dormir com as roupas molhadas pela chuva. Mas não vai durar mais que meia hora, tenho imunidade forte a doenças. Coisa que adquiri ao longo dos anos em que vivi na ilha mais congelante do arquipélago.

Coloco minhas botas e armadura e tranço meu cabelo enquanto a fogueira esquenta sopa que acabei de fazer. Não gosto de cozinhar, mas é um sacrifício pequeno em relação ao que meus pais devem estar fazendo agora.

O pensamento sobre eles me faz esvaecer quando lembro que tenho treino hoje. Poucas pessoas sabem, mas sou muito apegada à família. Ainda mais depois que meu tio Finn morreu por causa daquele Pesadelo ridículo. Não sou a primeira pessoa que já perdeu um membro da família para a ameaça dos dragões. Soluço mesmo perdeu a mãe. Mas com certeza sou uma das que mais se importam.

Soluço. Mais uma coisa da qual não deveria estar me lembrando. O que me deu hoje? Concentre-se Astrid. Foco no objetivo. Vou derrotar o dragão e honrar o nome da minha família. É isso. Os Hofferson vão voltar ao topo da lista de guerreiros mais temíveis. Eu vou garantir isso.

Meus pés vão involuntariamente para a porta assim que termino meu café da manhã. Pego meu machado e saio no frio, já me sentindo um pouco melhor do resfriado.

*****

Agora.

– E num só golpe, ele arrancou a minha mão e a engoliu inteira. Eu vi a expressão dele. Eu era uma delícia. Ele espalhou por aí, porque em menos de um mês outro deles comeu a minha perna.

Escuto parcialmente interessada enquanto Bocão nos conta como os dragões o desmembraram. Um dos poucos de nossa aldeia que não tem um ou dois membros do corpo. Berk pode ser um lugar onde se é matar ou morrer, mas, por favor, não somos bárbaros.

– Não é esquisito pensar que a sua mão está dentro de um dragão? Tipo, se a sua cabeça ainda controlasse ela você poderia matar o dragão por dentro. Esmagando o coração dele ou sei lá. – sonha acordado Perna-de-Peixe.

Olhamos meio confusos pra ele. E volto minha atenção para meu frango que está sobre a pequena fogueira. Viro meus olhos um pouco para o lado e vejo Soluço abstrato de tudo isso, divagando, nem mesmo prestando atenção a seu peixe que está prestes a queimar.

– É sério. To muito revoltado. – começa Melequento, trazendo minha atenção pra ele – Eu vou vingar sua linda mão e perna cortando as pernas de todo dragão que eu enfrentar. E com os dentes! – ele enfatiza.

– Hum, hum, hum. Não. – diz Bocão – Vocês vão querer as asas e os rabos. Se eles não podem voar, não podem fugir. Um dragão abatido é um dragão morto.

Meus colegas parecem gostar da ideia de arrancar membros de nossos inimigos, mesmo que seja um pouco repugnante pra mim. Bocão boceja, desviando nossa atenção novamente.

– Então tá. Eu vou dormir. E vocês deviam ir também. Amanhã vamos encarar os barra pesada. Devagar, mas firme, até chegar no Pesadelo Monstruoso. Quem será que vai ter a honra de matar ele?

Meus olhos sondam meus amigos um por um e percebo que Soluço não está mais lá. Não vá atrás dele, Astrid, não vá. Mas minha curiosidade fala mais alto e me levanto para checar enquanto Cabeçadura e Cabeçaquente discutem sobre sinais de nascença ou coisa parecida.

Meus pés o seguem até o começo dos degraus da torre. Vejo-o descendo rapidamente, mas me advirto quanto a segui-lo além. Forço-me a voltar para meu assento enquanto os outros mudam o assunto para a casa que os gêmeos deixaram em chamas na última semana Bork.

Mas não ligo mais para o que falam. Como meu frango sem interesse e com gosto de papel na boca, enquanto minhas pálpebras começam a pesar.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Espero que tenha compensado o atraso, mas já dei meus motivos.
Fico muito feliz em saber que estão gostando e espero que esteja correspondendo às expectativas de vocês. Continuem com os comentários, têm me ajudado muito na escrita da história e a me tornar uma escritora melhor.
Por favor, comentem, sigam, favoritem. Recomendações? Alguém? Ficaria muito feliz se tivesse alguma.
Bom, beijinhos e até semana que vem (espero).
Mia.