Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 123
A professora assustadora


Notas iniciais do capítulo

Coloco uma foto atualizada do Cris.
Boa leitura e bom domingo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/578641/chapter/123

– Bom dia alunos! Sejam bem-vindos à segunda série do Ridgeway. Meu nome é Senhorita Arckeman. Vamos às apresentações. Quero que cada um se levante, diga o nome completo, a idade e lugar de origem – determinou a professora.

As crianças obedeceram. Chegou a vez de Isabelle:

– Meu nome é Isabelle Puckett Benson, tenho 8 anos e nasci em Los Angeles.

– Puckett Benson? Acho que já tive alunos com esses sobrenomes – falou a professora.

– Minha mãe e meu pai estudaram aqui – explicou Isabelle.

– Entendi. Próximo.

Foi a vez de Alisson:

– Meu nome é Alisson Clark Lewis, tenho 8 anos e nasci em Seattle.

Na sequência, Cris:

– Meu nome é Cristopher Shay, tenho 8 anos e nasci em Fresno.

– Shay??? Não me diga que é filho de Spencer Shay?! - perguntou a professora, surpresa.

– Não, sou sobrinho. Sou filho de Carly Shay – explicou Cris.

– Vá agora mesmo fazer 30 flexões no fundo da sala!

– Por que? O que eu fiz?

– Não me desobedeça, se não vai passar seu sábado na dentenção.

Isabelle interveio:

– Não pode falar assim com ele! Cris não fez nada. Não pode brigar com ele.

– Quer ir para o castigo junto com ele, senhorita Benson? A propósito, agora me lembrei onde já tinha ouvido seus sobrenomes, você é filha de Sam Pcukett e Freddie Benson, os amigos inseparáveis de Carly Shay, que viviam no apartamento do Spencer.

– Com muito orgulho.

– Então pegue seu orgulho e vá fazer companhia para o seu amigo. Quero os dois lá no fundo, fazendo 40 flexões.

– Não eram 30? - questionou Isabelle.

– Se perguntar mais uma vez vai para 50.

No final do dia, Isabelle contou aos pais o que havia acontecido.

– Eu vou acabar com aquela maluca! Quem ela pensa que é pra fazer isso com a minha filha? Minha meia de manteiga vai voltar à ativa – disse Sam, nervosa.

– Calma Sam. O melhor a fazer é falar com diretor Ted. Essa professora tem antecedentes criminais. Lembra que ajudamos o Spencer a mandá-la para a cadeia? - recordou-se Freddie.

– Agora entendi por que ela me odeia e odeia o Cris – comentou Isabelle.

– Ela não tem o direito de descontar em cima de vocês. Quero que ela venha me encarar, descontar em crianças é covardia – disse Sam.

A campainha tocou. Nick, que assistia desenho na televisão ao lado de Eddie, foi abrir:

– Oi, tia Carly.

– Oi querido – cumprimentou Carly, fazendo carinho na cabeça do menino.

Sam gritou:

– Na cozinha Carls!

Carly entrou, nervosa:

– Já souberam o que aquela doente da Senhorita Arckeman fez com as nossas crianças?

– Belinha acabou de nos contar – falou Freddie.

– Cris chegou nervoso em casa, pobrezinho. Vontade de arrancar os cabelos daquela idiota!

– Eu tenho vontade de acertá-la com a meia de manteiga. Já sei: eu bato com a meia enquanto você a arrasta pelos cabelos – propôs Sam.

Freddie interveio:

– Muito legal a ideia de tortura de vocês, mas temos que agir como adultos e resolver as coisas de forma racional.

– E qual a sua ideia, senhor da razão? - indagou Sam, com ironia.

– Já disse, vamos falar com o Diretor e exigir a saída da senhorita Arckeman, podemos pedir o apoio de outros pais se for o caso.

– Parece uma boa ideia – concordou Carly.

– Pode ser, vou ligar para os pais da Alisson – disse Sam, pegando o celular.

No dia seguinte, Sam, Freddie, Carly, Gibby, Claire e Vicent foram falar com Diretor Ted sobre a conduta de senhorita Arckeman.

– Senhorita Arckeman esteve presa, é verdade, mas todo mundo merece uma segunda chance. Se um ex-presidiário não puder ser reintegrado à sociedade, voltará a comenter delitos. Além disso, quem aqui nunca baixou uma música da internet em violação a direitos autorais? Nem é tão grave assim – disse Ted.

– Ela baixou várias músicas, além disso, eu não tenho preconceito com presidiários, afinal, tenho vários na família... - explicou Sam.

Vicent e Claire arregalaram os olhos ao ouvir Sam falar. Ela prosseguiu:

– Acontece que ela quer se vingar nas crianças e isso é inadmissível!

– É dever do senhor, enquanto Diretor proteger as crianças desse colégio – falou Freddie.

– O que aconteceu com os nossos filhos é inadmissível! - disse Carly, nervosa.

– E nós temos medo que atos como esse venham a acontecer com as outras crianças também – expôs Claire.

– Eu me comprometo a conversar com a senhorita Arckeman e ficar de olho, se ela reincindir na conduta, tomarei providências – comprometeu-se Ted.

Todos saíram sem entender a postura de Ted, mas Vicent esclareceu:

– O colégio está passando por problemas financeiros, descobriram uma sonegação de impostos que acontecia há anos. Diretor Ted está de mãos atadas, porque os pais da senhorita Arckeman são donos de um banco e fizeram um empréstimo com bom prazo e taxas de juros, sob a condição de que a filha voltasse a lecionar aqui.

– Como sabe de tudo isso? - perguntou Freddie.

– O pai da senhorita Arckeman esteve internado no meu hospital, eu mesmo o atendi e conversávamos muito, então ele me contou essa história quando eu disse que minha filha mais nova estuda no Ridgeway.

– Isso é um absurdo! Vão impor uma mulher maluca às crianças pro colégio não falir? - indagou Sam.

– É o que parece – respondeu Carly.

– Pessoal, o que acham de um almoço no Gibby's? - convidou Gibby.

Todos gostaram da ideia e assim que pegaram as crianças, partiram para o restaurante.

No dia seguinte, Carly foi buscar Cris e Isabelle no colégio, mas teve uma surpresa desagradável.

Sam conversava como uma cliente em uma das mesas do restaurante quando Carly entrou, trazendo Cris pela mão, pálida:

– Amiga, eu fui buscar as crianças no colégio...

– E onde está a Belinha? - perguntou Sam, preocupada.

– Esse é o problema, eu não sei! Quando eu cheguei lá aquela desvairada da senhorita Arckeman falou que já tinham ido buscá-la.

– Como assim? Cris, você viu quem foi? - perguntou a loira ao garoto.

– Não. Foi na hora do recreio. Quando o sinal bateu a senhorita Arckeman mandou a Belinha sair porque tinham vindo buscá-la – explicou Cris.

– Eu mato aquela desgraçada se algo de mal tiver acontecido com a minha filha! Como ela deixa a menina sair com qualquer pessoa? E se ela foi sequestrada?

– Fica calma Sam. A Belinha é esperta e não sairia com alguém que ela não conhecesse.

– Já ligou para a Senhora Benson?

– Já, Belinha não está lá.

– Eu vou avisar o Freddie, precisamos encontrar a Belinha – disse Sam, pegando o celular.

Freddie teve a ideia de ligar para Pamela e, enfim, puderam respirar aliviados.

Na casa de Pamela, Sam discutia com a mãe:

– A senhora não tem o direito de pegar minha filha do colégio, no meio da aula, e ainda sem me avisar!

– Eu sou a avó dela, oras!

– A senhora é minha mãe e nunca deu a mínima pra mim, muito menos para a Belinha. Durante 8 anos, nunca quis pegá-la para passear, então por que resolveu fazer isso agora?

– Eu estava com saudade da minha neta.

Isabelle interveio:

– Vovó Pam me inscreveu num concurso de miss mirim.

– Era nosso segredinho Isabelle – falou Pam.

– A senhora o que? - perguntou Sam, indignada.

– Eu estava andando no shopping, tinha ido ao cabeleireiro. De repente, vi uma faixa bem grande, escrito: “Concurso Miss Mirim Seattle”. As inscrições terminariam em uma hora e a candidata tinha que comparecer pra fazer a foto. Então, fui correndo ao colégio da Belinha – explicou Pam.

– Ela é minha filha! Tinha que me perguntar se eu autorizo – falou Sam, indignada.

– Está bem Sam, você autoriza? - perguntou Pam.

– Não! - respondeu Sam – Eu sei o que é passar a infância sendo embonecada para concursos de miss. Isso não é legal, não é saudável e eu não quero minha filha no meio disso.

– Se destestou tanto sua infância em concursos de beleza, por que se inscreveu voluntariamente quando tinha 15 anos? E ainda ganhou!

– Eu queria uma revanche por cima daquela LeAnn! Fui parar no reformatório aos 7 anos, porque ela se desiquilobrou na escada e pensaram que fui eu – justificou Sam.

– E não foi? - perguntou Pam.

– Se você, minha própria mãe, não confia em mim, não há nada que eu possa falar em sentido contrário pra te convencer. Agora chega dessa conversa, vem Isabelle – pegando a filha pela mão.

A menina puxou a mão e disse:

– Eu quero participar do concurso de beleza.

– Você não sabe o que está dizendo. Isso é muito chato, acredite em mim.

– Você participou, eu também quero. Por favor, deixa – implorou Isabelle.

– Não quero você nesse universo de futilidade, já tem tendência a ser patricinha.

Freddie falou:

– Sam, não seja tão radical. A Belinha pode encarar isso como uma brincadeira.

– Não quero que ela sofra se não vencer. Sei o que é ficar em segundo lugar várias vezes.

– Eu não me importo se não ganhar, mamãe. Só quero participar, acho que vai ser divertido – disse Isabelle.

– Está bem. Mas, eu quero a senhora fora disso – falou a loira para a mãe – Eu mesma vou acompanhar minha filha no concurso.

– Isso não é justo Samantha! Você sabe o quanto eu amo esse universo de concurso de beleza. Sempre sonhei em ser mãe de miss e quando você finalmente ganhou aos 15 anos nem me chamou pra acompanhar. Uma filha muito ingrata! Agora, pelo menos, tem que me deixar ser avó de miss para se redimir.

– Não quero a senhora pressionando a minha filha. Sei o quanto fica enlouquecida no treinamento. Eu te deixo ir assistir – decretou Sam, saindo com o marido e a filha.

Nos dias seguintes, Sam simplesmente pirou na preparação da filha para o concurso.

Isabelle caminhava com um livro em cima da cabeça pela sala. Acidentalmente, o livro caiu.

– Que inferno Isabelle! - gritou Sam – Já é a segunda vez que o derruba. Como quer ganhar o concurso desse jeito? Anda direito menina! Coluna reta, equilibrando o livro, não quero vê-lo no chão mais nenhuma vez.

– Mamãe, eu tô cansada – reclamou Isabelle.

– Pensa que o concurso não cansa? Isso leva horas! Agora chega de corpo mole. Livro na cabeça e caminhando!

Freddie observava tudo sentando no sofá, enquanto bricava com bonecos de super-heróis com Eddie e Nick.

– Papai, eu tô atacando seu boneco – reclamou Nick, vendo que o pai não de defendia.

– Só um minuto filho, continua brincando com seu irmão - pediu ele, levantando-se do sofá e puxando Sam pelo braço.

– O que é isso nerd? Estou ocupada, não vê? - reclamou Sam, puxando o braço.

– Precisamos conversar Sam, agora! Vem.

– Você não manda em mim.

– É importante. Por favor.

– 5 minutos de descanso Isabelle – disse Sam à menina, que respirou aliviada e foi brincar com os irmãos, pegando um dos bonecos de super-herói.

No quarto do casal, Freddie falou:

– Você tem que pegar mais leve com a Belinha. Ela é só uma criança. É maldade o que está fazendo com ela.

– Maldade é o que vão fazer com ela no concurso se eu não a prepará-la como se deve.

– Belinha só quis entrar no concurso por diversão. Deixe-a se divertir.

– Ela é uma Puckett e vai honrar esse nome – concluiu Sam, saindo do quarto.

No dia seguinte, na aula, Senhorita Arckeman falava sobre o feminismo:

– Feminismo é um movimento social, filosófico e político que tem por objetivo o empoderamento feminino. Em 7 de setembro de 1968, quando nem a mãe de vocês deveriam ser nascidas, aconteceu em Atlantic City, EUA, o episódio conhecido como a queima de sutiãs. Naquele momento, queimaram também espartilhos, maquiagens, spays para cabelo, faixas de miss e qualquer outra coisa que simbolizasse a beleza feminina. O recado delas era claro: queriam deixar de ser objeto da sociedade patriarcal, na qual os homens mandam. Não queriam mais ser bonecas de porcelana, mas assumir o seu papel na sociedade. Até hoje ainda se reproduzem estereótipos de beleza com o fim de menosprezar mulheres, as quais crescem pensando que têm que fazer de tudo para se enquadrar e atrair a atenção dos homens. Isso é a maior mentira! Nós somos fortes e independentes e não precisamos de homens para nada, podemos ser lindas do nosso jeito, sem qualquer padrão. Homens são seres desprezíveis que merecem ser tratados como nos tratam há milhões de anos.

Cris levantou a mão:

– Eu não acho que todos os homens sejam desprezíveis Senhorita Arckeman.

– É claro que não acha, afinal, vai crescer e se tornar mais um deles. Ainda por cima é um Shay. Cris, terá dever de casa extra.

O sinal do recreio bateu, Isabelle foi conversar com Cris.

– Eu estou cansado de ser castigado todos os dias, Belinha. Vou pedir pra minha mãe me trocar de turma, ou até de colégio.

– Não faça isso, por favor.

– Por que? Vai sentir a minha falta?

– Não. Só acho que é melhor pra você estudar no Ridgeway. Podemos dar uma lição na senhorita Arckeman se você quiser.

– Iríamos para a detenção e você tem o seu concurso no sábado, lembra?

– Pior que é. Estou cada vez com menos vontade de participar. Minha mãe está me enchendo a paciência. Ela surtou! Além disso, fiquei pensando sobre a luta feminina contra os padrões de beleza.

– Senhorita Arckeman só fala besteiras, não ligue para ela. Tenho certeza de que vai arrasar no concurso. Eu vou lá pra torcer por você.

Isabelle sorriu, mas ficou séria ao ver a mãe entrando no colégio e tentou se esconder atrás de Cris.

– Eu estou te vendo Isabelle Puckett Benson. Vim te buscar. Temos que fazer a sua prova do vestido agora. Marquei horário com a costureira. Ela tem que aprontar logo, porque o concurso já é nesse final de semana – disse Sam, puxando a filha de trás de Cris.

– Mas você não gosta que eu perca aula.

– É por uma boa causa.

As duas despediram-se de Cris e saíram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!