Pov. Elise 

Os dias continuavam se passando, um após o outro e Eric e eu permanecíamos ali, naquele lugar. Sem resgate, poupando a comida, desidratados e perdendo cada dia mais um pouco das nossas forças. 

Assim que me despertei naquele dia, notei que minhas roupas já não eram mais as mesmas. Acho que de pescar e andar na mata elas foram ficando velhas e rasgadas. 

Caminhei pela casa sentindo o vazio no estomago, a procura de Eric. Onde ele estava? Encostei- me na pia da cozinha e procurei algo não sabia exatamente o que era. Acho que a fraqueza estava tomando conta de minha cabeça também. 

Avistei um pequeno papel esticado em cima da mesa preso por algo. Peguei esse papel. Parecia estar escrito algo. 

"Elise, a maré está sem peixes hoje, fui atrás das frutas nas árvores altas para comermos, o horário está em baixo, se eu demorar muito, por favor, vá atrás de mim."

Procurei o horário escrito no papel e lá em baixo estava ele "06:10h". Olhei para o relógio e eram 09:05. Corri imediatamente para o lado de fora para ver se Eric estava lá. 

—Eric!-Gritei. -Eric! 

De vez em quando eu costumava ficar visualizando as árvores altas onde tinha bons frutos, mas nunca tivemos coragem de subir lá. Mas sabia exatamente onde ficava! 

Entrei na mata e corri a procura de Eric. Os pensamentos enchiam minha cabeça, mas eu orava, pedia a Deus com minhas forças pra que não deixasse que Eric corresse perigo. 

Avistei perto de mim Eric sentado, machucado e encostado numa das árvores grandes. Ele estava cortado e sangrando. 

—Eric! -Corri para socorre- lo. 

—Elise! Graças a Deus. -Disse ele. -Eu to me sentindo mal. 

—Eric, o que aconteceu? 

—Eu cai. -Falou ele. -Por favor, me ajude a sair daqui. 

Eric se apoiou em mim e caminhamos para fora da mata até chegar na casa, mas Eric caiu na praia. 

—Eric... -Falei me ajoelhando perto dele. 

—Eu vou ficar bem. 

—Me diga o que eu faço agora. 

Eric parecia muito tonto, delirando. Talvez tivesse batido a cabeça também. 

Encostei minha testa nele e chorei. 

—Deus... por favor. 

—Deus é bom. -Ele disse. 

Eric estava morrendo e me dizia que Deus era bom. Esse não era o Eric que eu conheci na escola. Eric estava tão próximo de Deus que me fazia ficar um pouco mais calma. 

—Eu te amo, por favor, me desculpe, Eric. Resista!

Enquanto eu chorava e Eric puxava seu ar, avistei carros chegando e entrando na praia. Pessoas correndo até nós. Eu também estava tonta, mas notei um rosto, era meu pai!