Elsa entrou no antigo quarto de Anna e observou Hans dormir. Ele estava machucado, ferido, mas dormia placidamente e ela não conseguiu conter a vontade de se aproximar dele. Sentou ao seu lado na cama e estendeu a mão, preocupada. Acariciou seu rosto delicadamente.

– Oh Hans... por quê tinha que ser justo você?

Ela pousou sua mão no peito de Hans e sentiu os cortes e ferimentos. Uma lágrima teimou em escapar e descer por seu rosto.

–Elsa? – Hans abriu os olhos, surpreendendo-a.

– Como você se sente?

– Melhor – ele tentou se levantar – Ah!

– Não, fique quieto. Você ainda não está bem.

– Elsa, eu...

– Não, EU preciso falar com você. Você realmente está arrependido?

– Já disse que sim...

Elsa levantou a sobrancelha e revirou os olhos.

– E quanto ao que você me disse antes, quando eu achava que você era Victor? Você realmente se sente sozinho?

– Você viu em meus olhos a única coisa que não pude esconder. Fui criado com 12 irmãos mais velhos que mal notavam minha existência, minha mãe morreu quando nasci e meu pai se foi três anos depois. Acho que meus irmãos sempre me culparam por isso... eu sempre me senti um monstro, como você. Durante toda minha infância fui criado pelos serviçais e professores, jamais tendo alguém apegado a mim. Se há algo real na minha vida é a solidão.

– Hans eu... – ela ficou surpresa e apoiou a mão em seu braço, instintivamente. O toque frio da rainha em sua pele nua fez Hans sentir um arrepio bom.

– É por isso que falou aquilo para Anna, aquela frase maldita... foram seus irmãos que disseram a você?

– “Se houvesse alguém aí fora que te amasse”? Ah não... foi uma garota. Eu tinha meus 15 anos e ela 18. Foi meu primeiro beijo... mas um dia meu irmão Harold a apresentou como sua noiva. Eu fiquei irado, disse que namorávamos mas ela negou e ninguém acreditou em mim. Saí da mesa enquanto meus irmãos me criticavam e fui chorar na biblioteca. Depois de um tempo ela me encontrou. Eu a questionei, com esperança que ela dissesse que me amava mas ela apenas riu. “Seu menino tolo... é claro que não te amo! Você não tem nada a me oferecer, o décimo terceiro na linha de sucessão...” Foi aí que Edith segurou meu rosto e disse “Você me dá pena. Se ao menos houvesse alguém que te amasse de verdade...”

– Eu não acredito... Edith... oh, eu lamento muito, Hans! Eu não sabia disso. Quando eu lhe disse, apenas queria me vingar por Anna...

Ele segurou as mãos de Elsa.

– Você foi a primeira pessoa que conheci que teve o direito de usar essa frase.

– Mas ela foi seu primeiro amor, seu primeiro beijo... e seus irmãos...

– Eu nunca soube o que é amar antes de você.

– Eu... não sei o que fazer. Você me confunde. Às vezes te odeio, outras te quero perto de mim. Eu não sei o que sinto...

– Vamos descobrir...

Ele sorriu e agarrou Elsa, beijando seus lábios ternamente. Não houve tempo de ficar nervosa, de fazer nevar. Ela simplesmente se envolveu, retribuindo o beijo que seus lábios esperavam há muito tempo, que nem ela sabia que necessitavam tanto daquele calor.

– Ah! – gritou Hans, interrompendo o beijo, enquanto Elsa, temendo tê-lo machucado, se afastou – Volte, por favor.

– Não, você precisa descançar.

– Por favor...

Ela sorriu, encabulada, tocando os lábios.

– Descanse, eu ordeno.

– Estou perdoado?

– Não, terá que pagar. Mas acho que seus irmãos não vão se importar se tiver que cumprir sua pena aqui.

– E seus gentis guardas?

– Sob meu controle.

Elsa andou até a porta, saindo.

–Você já sabe que te amo, mas e você?

– Descanse, Hans!

Ela fechou a porta e sorriu.

– Eu também te amo.