Garota Camaleão escrita por Aurora


Capítulo 4
Leveza


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todas que comentaram, fiquei muito feliz! Espero que gostem.



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Alison,

Naquele dia você disse que precisava ir e foi com a promessa que iríamos nos encontrar mais vezes. Promessa que eu pensei que você não cumpriria nas duas semanas que se passaram depois daquilo.Te dei meu endereço e número de telefone imaginando que no dia seguinte você bateria em minha porta e cumpriria o que havia falado. Eu me lembro bem da sensação ruim que me preencheu quebrando com toda aquela aura esperançosa. Tão fraca, tão sentimental. Eu que era acostumada com a solidão ganhei um dia de atenção e quebrei toda aquela barreira que me impedia de sentir, me segurei em você sem nem perguntar se estava a fim de aguentar todo o meu peso. Mas tudo que eu precisava era de alguém pra estar do meu lado, seja essa pessoa sorrindo, chorando, ou nem gostando de mim, sendo essa pessoa quem quer que fosse, eu me contentava apenas com a sensação de que eu não era só mais um corpo a toa no mundo. Mas foi essa sensação que eu recebi quando você não me ligou e nem foi até mim naquelas duas semanas que se passaram. Tão pouco tempo e eu estava te deixando me dominar.

Mas aquelas semanas foram o tempo que você me deu para pensar, o tempo em que você deu para eu poder absorver as informações ou o tempo em que me deu para eu decidir se realmente queria você em minha vida, mas eu usei aquele tempo para imaginar o que eu tinha feito de errado para você não aparecer, eu entendi isso naquele dia em que você apareceu em meu jardim com um sorriso duvidoso, mas que me fez sorrir também.

– Tenho um lugar para ir hoje, quer ir comigo? – Uma pergunta que não precisava ser feita pois estava estampado em minha cara um enorme ‘’ SIM! ‘’. Mas o sim que eu dei a seguir não era a resposta para só essa pergunta, foi a resposta para todas as outras também.

Foi assim que eu entrei em um carro de um amigo seu, com roupas que você tinha escolhido e uma formigação no pé que me mostrava o quanto eu estava eufórica. Mas eu pouco me importava aonde estávamos indo ou que iriamos fazer lá, porque eu estava te achando mágica, havia me prendido em uma bolha onde só você e eu existíamos e esqueci de todo o resto, esqueci que aquilo iria ser uma má escolha e esqueci que eu poderia me arrepender, eu só queria me lembrar de você.

Daquela festa eu não lembro muita coisa, exceto uma memória forte, a primeira vez que me levou para experimentar sua ‘’ magia ‘’, foi assim que disse. Tirou algo do bolso e se virou para trás, acho que não queria que eu visse. Depois olhou para mim e acendeu aquele cigarro, foi estranho e ao mesmo tempo foi bonito, várias coisas se passaram em minha cabeça, eu pensei em como aquilo era errado, se aquilo era o que eu estava pensando e em como você fazia aquilo parecer algo natural.

– Não precisa experimentar se não quiser. – Você disse.

Mas eu queria, eu queria provar algo que você já havia provado, eu achava que aquilo me faria mais próxima de você, aquilo era errado, era feio, mas me parecia tão bonito e eu queria, era bobeira minha, era só uma droga mas naquele momento aquilo se pareceu com muitas coisas. E eu coloquei na boca, imitando seus movimentos, e suguei.

– Cuidado. – Você disse rindo. Rindo, você estava rindo, rindo de mim? Rindo de que? Não sei, não lembro, eu fiquei leve, soprei para fora e senti uma ardência incomoda, você riu de novo e daquela vez eu ri junto, não estava mais preocupada, tinha passado, eu havia feito, iria repetir, era só uma droga, afinal. Não era tão mal, não iria me fazer tão mal, errado. Iria sim, mas eu não me importava porque você estava rindo, rindo comigo, rindo de mim, rindo. E o som da sua risada misturado com aquela leveza que eu sentia no corpo foi uma obra de arte, uma obra de arte que foi pintada e repintada várias vezes e que eu queria apreciar com a maior calma do mundo.

Droga nenhuma no mundo iria me fazer mais mal do que você me fez, Alison. Mas eu ainda te amo.

Com saudades, dúvidas, confusão e leveza,

Lúcia.


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Notas finais do capítulo

Obrigado a quem leu.