Atrasada ou não, lá vamos nós. Plataforma 9 3/4. Desde o último ano letivo, que terminou no ano passado, tiveram mais um outro ano de aulas. Lily e Hugo estão, então no último ano - principal coisa pela qual devemos ter cuidado. Infelizmente a única pessoa que me fez perceber que cheguei antes da hora foi - eu devo ter atirado molho nas barbas de Merlin - Scorpius Malfoy com um corte de cabelo e olhos diferentes. Ele não estava irreconhecível. Longe disso, na verdade. Mas, como ele tinha daqueles cabelos que caíam na testa e olhos bem azuis, as garotas que ele ficou que, na época, eram do quinto ano com certeza não vão reconhecer ele sem seu maior charme.

– Olha só quem está de cabelo grande. - Foi sua primeira frase à mim. É claro que foi a primeira coisa que ele reparou também, porque Rose Weasley tinha cabelo curto desde o segundo ano. Nada que uma poção Cresce-cabelo não resolva. Além disso, eu estava de olhos pretos e uns óculos antigos do tio Harry que minha mãe arranjara. O cabelo era a maior diferença, mas Lily me conhecia melhor do que eu mesma.

– Olha só quem cortou o cabelo. - Disse num tom de voz inexpressivo, mas ele riu, passou a mão no cabelo novo. - Nunca perde o charme, não é mesmo? - Ironizei.

– Nunca. - Não sei se ele estava brincando ou se aquilo já era parte do grande ego de Scorpius. Depois disso eu não disse mais nada. Nem ele. Foi quando uma menina de cabelo rosa e, tipo, uns três piercings na sobrancelha entrou pelo portal. Ela enrolou o cabelo de lado, o que foi um gesto muito familiar pra mim. E que me assustou.

– Lauren? - Arregalei os olhos e ela sorriu timidamente.

– O seu cabelo. - Ela apontou, mas eu franzi a testa.

– O seu. – Ela olhou para Scorpius confusa. - Tá rosa.

– Ah! Isso... Eu disse para minha mãe que não precisava disso tudo mas tudo bem. Mães... Eu estou loucona, né?! - Eu afirmei com a cabeça. Foi quando um Albus sem olhos verdes chegou com uma garrafinha d'água.

– Cara, eu nunca mais me atrevo a ir no banheiro daqui. Será que nem no mundo mágico os banheiros são limpos? - E pôs a garrafinha na boca. Mas então seu olhar encontrou Lauren e a água começou a cair. Até Scorpius o trazer de volta ao mundo atual.

– Aí, quem é a gata? - Ele cochichou para o amigo. Lauren corou.

– Aí, qual é a do cabelinho Justin-Bieber-Com-Dezesseis-Anos? - Seja lá quem seja essa pessoa, o cabelo de Al estava numa versão castanha do que era o antigo cabelo de Scorpius, só que um pouquinho mais "lambido".

– Cabelinho de quê? - Scorpius franziu a testa.

– É um... Nada. Mas você ficou estranho com o cabelo desse jeito. - Ela disse para meu primo.

– Você pode falar muita coisa, hein, cabelos rosa?! - Ele retrucou.

– Al, querido, acabou de me chamar de gata. - As brigas deles eram quase tão constantes quanto as minhas e de Scorpius. Depois dessa, Albus Potter calou a boca. Então não demorou muito para Rollins chegar.

– Quase na hora, turma. Desculpem a demora e tudo mais. Cadê a srta. Walsh? - Ele ergueu uma sobrancelha. Lauren levantou a mão, prendendo o riso. - Ah, sim. Ótima caracterização. Escuta, Potter, consegui um óculos antigo do seu irmão também. Põe aí. - Rollins jogou-lhe um óculos quadrado. - Pronto. Ótimo. Hm... Ah! Vocês estudam aqui desde o ano passado. - Ele acrescentou.

– Os quatro? - Perguntei, tentando entender a história.

– Já que são de casas diferentes, ninguém vai desconfiar. Aliás, quem sabe disso, da missão, é só a McGonagall e o prof. Longbotton. - Rollins falava tudo rapidamente. - Ele vai tentar proteger ao máximo você, Walsh. Mas mudem seus nomes e avisem Minerva.

– Mudar os nomes? - Lauren arqueou as sobrancelhas.

– Lembrando que eu sou horrível com nomes. - Adverti.

– Ponham nomes dos quais vocês lembrem. - Rollins ajudou e eu assenti.

– Tá beleza. - Malfoy ergueu uma sobrancelha com um sorriso malicioso.

– Nem vem, seu ridículo. - Eu protestei e ele riu.

– Me arranje um nome que se aproxime de Scorpius então. - Ele ergueu os ombros.

– Invente, oras. - Cruzei os braços e ele semicerrou os olhos.

– Tá. - Rollins se estressou. - Vão ter tempo para isso. No trem. - Ele parecia bravo. - Agora vão e... Boa sorte!

– Sorte é coisa de otário. - Lauren andou na frente, com cara de tédio.

– Tá perfeito, Lau. - Sabia que ela estava brincando. Lauren-Lauren não falaria assim com o auror-chefe.

– Ah, valeu. - Ela sorriu.