Capitulo Quatro

O aniversário de 31 anos de Peter é naquela semana, quarta feira. Eles decidem fazer no fim de semana que então poderão todos da família comparecer. Peter diz que vai fugir, que ele não vai aparecer e que ele não quer uma festa. Sábado chega e ele vai buscar Isaac e Cora no aeroporto, deixando sua irmã, familiares e amigos terminando de preparar a casa para a festa. Ele está no aeroporto quando ele vê Cora e Isaac, mas há outras pessoas com eles. Peter se lembra de Tália comentar que eles pediram para trazer companhia e ela deixou. Os quatro entram no Toyota e Peter os dirige de volta para casa. Quando eles chegam lá, todos estão animados pelos convidados.

Um deles é uma garota ruiva, baixinha com sardas no rosto e olhos verdes; ela se chama Natasha e é colega de Cora; ela também é um lobisomem. O outro é amigo de Isaac, Nate, um rapaz alto e forte, moreno dos olhos negros e bastante humano. Peter os leva para se instalarem nos quartos de hóspedes e assim que ele deixa Natasha, Cora está na porta de seu quarto. Ele não entende o olhar que ela dá então a menina suspira e volta para dentro. Só quando Lydia e Stiles chegam com o bolo, a comemoração pode finalmente iniciar. Há churrasco, piscina, drinks e cerveja. Na hora dos parabéns, Erica canta “quando Isaac se formar!”, mas só lobisomens escutam.

[...]

É tarde da noite, aparentemente era para todos estarem dormindo. Mas Peter, com dois visitantes indesejados, estava alerta. Sua audição era boa, ele conseguia escutar o barulho do chuveiro onde Isaac estava tomando banho, dos passos de Nate pelo corredor indo até o quarto de Cora. E ainda os batimentos cardíacos acelerados de Natasha. Peter não sabe o que está a deixando nervosa, mas ele suspeita que seja por causa do jeito que ela ficou atrás de Isaac o dia inteiro e o fato dela estar nesse momento no quarto de Isaac.

Peter se levanta e vai para a porta do proprio quarto que estava meio aberta e sente vontade de ir até o quarto de Isaac de arrancá-la de lá, mas ele decide tentar dormir, seria uma longa noite. Ele fecha a porta e é como se todo o barulho que o incomodasse deixasse de existir. Ele pensa que deveria ter feito isso mais vezes, principalmente quando Isaac não estava dormindo com ele, faria com que ele conseguisse descansar de alguma forma. Ainda sentindo-se frustrado, ele tenta dormir e consegue cochilar por um momento antes que a porta seja aberta; seus olhos brilham azul reluzente e Isaac mostra os dourados em troca. Peter não é uma criança, muito longe disso, na verdade; mas quando Isaac fechou a porta do quarto o lobisomem mais velho só conseguia sentir o cheiro de Natasha.

— Você está sendo ridículo... — Isaac diz, caminhando para a cama e ganhando um rosnado de Peter. — Se você não quer que ela dê em cima de mim, faça o seu movimento...

Isaac diz, indo para o seu lado da cama e entrando debaixo das cobertas. Peter só olha para ele ainda bravo. Isaac se senta ao lado de Peter e com a mão esquerda ele procura a perna do outro lobisomem, arranhando para frente e para trás, nesse momento sem encará-lo.

— Eu não sei o que nós somos. Eu gosto de você. E eu quero fazer mais com você do que só dormir... Mas você nunca faz nada!

— Você é uma criança...

— Por favor, Peter! Porque você acha que eu continuo vindo? Você tem que decidir o que você quer... Porque se você não me quiser... — Isaac olha nos olhos de Peter — Eu vou seguir em frente...

— Com Natasha? — Peter rosna e Isaac também.

— Eu estou falando para você tomar uma atitude e você ainda está falando dela?! — Isaac bufa — Quer saber, que se foda!

Isaac joga as cobertas para fora de seu corpo e se levanta, irado.

— Eu estou cansado de você me tratar como criança!

— Isaac, não. — Peter segura o braço dele antes que fosse para longe.

Isaac ri e agarra a nuca de Peter e o beija, puxando os lábios do lobisomem mais velho, estimulando-o a devolver o beijo. Peter não demora nem um segundo para responder e sente na língua de Isaac um gosto amargo estranho. Isaac morde sua boca com força, arrancando sangue no processo. É um beijo selvagem, mas curto.

— Eu beijei Natasha antes de vir aqui, foi da mesma forma que eu fiz com você. — Isaac ficou de frente para Peter — E eu não quero mais saber de você se você não me quer da mesma forma que eu te quero.

Quando ele sai do quarto de Peter, ele quase bate a porta. Peter cai na cama e olha para o teto, um braço cobre os olhos enquanto a boca tenta recuperar o toque, o gosto, o beijo de Isaac.

[...]

Peter abre a porta do quarto de Isaac e o lugar está escuro, exceto pelo abajur ao lado da cama. Peter se lembre daquele abajur, ele mesmo comprou. Na cama de casal que eles compraram juntos estava Isaac sentado, em seu colo, o primeiro livro que eles leram juntos. Peter quase riu na ironia, mas não era lugar aqui, não agora. Ele olhou para Isaac e a expressão neutra do jovem, esperando que Peter fizesse o seu movimento, para fora ou para dentro do que quer que eles fossem. Peter realmente não sabia o que queria, mas ele sabia que não queria ficar longe do menino. Peter sobre na cama e se deita ao lado de Isaac, que desliga o abajur e vira para o lado oposto.

— Você é muito jovem...

— Eu sei... — ele diz quando sente Peter abraçando-o — Eu só... Eu me sinto seguro com você e eu não gosto de ficar o tempo todo na universidade longe de todo mundo. Nós nos falamos todo dia e eu só fico pensando que... Que se nós fossemos mais... Eu não quero ser só um travesseiro fofo pra você...

— Você não é um travesseiro fofo, Isaac. Muitos músculos... — Peter brinca, cutucando-lhe na barriga e fazendo o menino rir um pouco — E eu não estou dizendo que eu não gosto de você...

— Então?

— Dorme, filhote. — Peter diz, dando um beijo na nuca do menino. — E nunca mais beije aquela garota.

— Não seja ciumento, Peetah!

— Me chame assim mais uma vez que eu te mordo!

— Promete, Peetah? — Isaac implica ele virando o rosto para Peter.

Peter sorri e morde o ombro de Isaac, fazendo-o rir e se debater quando Peter começa a morder as costas. Depois de alguns segundos de brincadeira, Peter para.

— Vai dormir, filhote, quando acordar eu estarei aqui. — Isaac fecha os olhos na mesma hora.

[...]

Quando ele acorda, há braços enrolados na sua cintura e um corpo alto, masculino e bem formado de músculos abraçando-o. Ele não consegue segurar o sorriso e puxa o corpo de Isaac mais para perto, fazendo o menino resmungar quando Peter vira para frente. O lobisomem mais velho esfrega o nariz no nariz de Isaac e fecha os olhos. Ele não abre quando escuta a porta o seu quarto ser aberta ou o coração de Natasha pular uma batida quando olha para dentro, na verdade, ele pode sentir o seu próprio ficar mais acelerado. A menina lobisomem fecha a porta e Peter dá um pequeno sorriso.

— Não seja presunçoso, Peter. — Isaac diz, ainda meio dormindo.

— Eu nunca sonharia. — Ele mente.

Peter pode escutar a risada da sua irmã no andar de baixo. Quando os dois finalmente descem, juntos, Natasha está olhando para Peter preparando o café enquanto Cora continua a conversar com ela. Todos os lobisomens conseguem sentir o ciúme da menina quando ele serve Isaac e parece crescer quando Peter se senta ao lado dele e começa a falar sobre o romance que está escrevendo. Tália só olha divertida e espera não ter uma briga no quintal.

[...]

Peter percebe que, depois de beijar o menino pela primeira vez, ele quer outra, mas Isaac não parece muito inclinado a isso no outro dia. Nate e Natasha estão no carro de Peter junto com Cora e Isaac. Ele os está levando para o aeroporto. Cora e Nate são os primeiros a descer, pegando suas malas, logo depois é Natasha que olha entre os dois do banco da frente que ainda não se moveram. Ela bufa e bate a porta, fazendo Peter rir. Isaac o repreende com o olhar. Diferente do normal, Isaac não mostra o olhar debochado, mas ele estica a mão e faz carinho no rosto de Isaac, Peter quer beijá-lo.

— Eu vou sentir sua falta... — Isaac diz.

— Eu também, filhote...

— Você poderia vir me visitar? Eu iria gostar...

— Eu vou... — Peter promete dando um beijo rápido nos lábios dele — Vá, antes que você perca o voo.

Peter suspira, jogando a cabeça no volante e lamentando toda a sua vida. De repente a porta se abre e Isaac está lá de volta, dizendo que esqueceu algo. Ele sorri para Peter e agarra o rosto do lobisomem mais velho, dando-lhe um beijo de verdade. Isaac foge tão rápido quanto chegou e Peter sorri.

— Bye, Peter. — Isaac diz de longe.

— Seu merdinha...

[...]

Isaac está saindo da universidade, acompanhado de Natasha e Nate, quando ele pega um cheiro muito familiar. Ele sai do prédio e encontra ninguém menos que Peter Hale, usando uma calça jeans negra, uma blusa em corte V cinza e uma jaqueta de couro; ele está escorado no camaro de Derek olhando diretamente para eles. Isaac engole em seco e vai até ele, observando como o outro lobisomem sorri.

— O que você está fazendo aqui? — Isaac pergunta. — E ainda parecendo um badboy!

— Cara! Que carro! — Nate louva do lado enquanto Peter ri.

— Entra no carro. — Peter chama, entrando no carro e ligando o motor.

— Espera! — Isaac diz assustado — Pra onde você vai?

— Nós estamos indo para NY. Se apresse, eu marquei um compromisso no alfaiate para você.

— De novo não! — Isaac resmunga, mas entra no carro, dando apenas um aceno de despedida para os seus amigos.

Peter dá a partida e corre para fora dali. Isaac está deixando os livros no banco de trás quando diz:

— Você fez um show de si mesmo... — repreende Isaac — O que nós vamos fazer em NY?

— Há um evento da empresa e eu gostaria de levá-lo.

Isaac só olha para ele em choque enquanto Peter ri.