De volta do luto escrita por Laren


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Jujubs, sua lindona, quando te tirei fiquei me perguntando quem era. E quando você entrou no grupo e mandou seu tt, eu fiquei tipo "noossa, MINHA AMIGA SECRETA", e descobri que você era uma autora que gostava muito. Quando a gente conversava eu pensava se você iria gostar e tal UHAUHAUHAUHUHS

Aqui, feita com muito amor e carinho, viu? Espero que goste! ♥



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Gray se rendeu ao cansaço num suspiro. A Fairy Tail estava passando por problemas, ele estava passando por problemas — por mais que fossem internos. Isso o fazia pensar em como tudo mudou tão de repente, mal o permitindo acompanhar tais fatos. Não diria que estava acostumado, mas aquilo lhe fazia um bem inexplicável.

Porque antes, era tudo negro, tudo o deixava cego, por mais que não se importasse. E agora estava de volta, tinha se libertado dessa prisão em que esteve durante muito tempo. Antes, estava longe. Agora, perto.

Ele voltou inteiramente.

Em determinado momento da sua descoberta, pensou ligeiramente em Juvia. A maga da água era irritante, sempre tentando puxa-lo para perto. E mais irritante ainda por te-lo feito perceber isso tarde demais. Aquele sorriso, aquele jeito, tudo… Incomodava-o. Porque era bom. Porque, com o tempo, ele começou a gostar.

E veio o baque.

A última batalha, a única lágrima. O estado crítico da mulher chuva, o brilho do seus olhos oculto e diminuído por uma simples maca. Era difícil, sim. Era uma sensação de luto.

Com o tempo, Gray passou a visita-la, sem saber direito o que sentir. Tristeza? Culpa? Arrependimento? Ele não sabia. E não era como se fosse importante dar um nome a tal sentimento.

Todo dia, ele ia vê-la. E permaneceu assim por muito, até que algo a mais desabrochou dentro dele. Gray viu uma oportunidade para se aproximar, para sair desse estado infernal. Ele passou a viver de um modo único, e muitos o julgaram. Isso não lhe era conveniente, não interessava quem reclamasse: ele não deu ouvidos. Continuou vivendo na sua particularidade, os olhos fechados para a realidade, e muito bem fixados no universo alternativo que era seu por direito.

Foram tempos difíceis, principalmente para adaptação. Entretanto, Gray não demonstrava. Não queria se sentir fraco e, por muitas vezes, resistiu contra a vontade de saber notícias dela. De ver aquele rostinho pálido e cansado.

Resistiu bravamente.

Não tardou a perceber seu erro. E naquela noite, Gray chorou — pela primeira vez, por sua própria culpa. Notou o óbvio, e correu atrás para consertar isso. A liberdade que criara era tão falsa quanto a noiva de Jellal.

E então veio a surpresa. Acompanhada de uma pontada generosa de esperança, essa foi fatal. Olhos azuis o perseguiam, analisando-o da cabeça aos pés. Um sorriso fraco era para ele, tão puro quanto o azul dos seus olhos. Um gesto puro para um alguém corrompido. Ah, se ela soubesse!

— Gray-sama… — Ouviu, por mais que a rouquidão tentasse impedi-lo. Havia clara felicidade ali, só com sua presença. Gray sentiu algo próximo de culpa. — O médico disse… que a Juvia vai ficar bem… As duas vão ficar bem…

Gray esboçou um leve sorriso, deixando-se levar. Até aquele momento, nada nunca teve tamanha importância para ele. Mas família era seu ponto fraco. Talvez sempre tivesse sido, e só então percebeu. Fora tão cego.

No entanto, estava feliz. Feliz com a notícia, aliviado pelo bem-estar da sua família. Do ser vivo que carregaria seu nome dali a poucos meses.

Uma das melhores fases de sua vida, que ele gostava de lembrar com gosto: o alívio. A recuperação de Juvia. A festa na guilda. Os risos, os brindes, a agitação — até mesmo por parte de sua filha. Um clima alegre ao extremo brotou, como se viesse para ficar. E foi bem recebido. E permaneceu ali.

E todos felizes por Juvia, enquanto Gray refletia. Não podia dizer que a amava, suas ações deixavam isso bem claro. Gostava dela de um jeito só dele, talvez melhor do que amor. Também não diria estar disposto a aprender a amá-la, mas estava bem consigo mesmo. Porque aquele sentimento era forte o suficiente para ser desconfortável de um jeito bom. Amor doeria. Ele se sentia anestesiado. E, confessou, um pouco exausto por todo esse salto em sua vida.

Gray se rendeu ao cansaço num suspiro. A Fairy Tail estava passando por problemas, pois Natsu fazia questão de quebrar tudo ali. Ele estava passando por problemas, pois não tinha a mínima experiência com crianças. Mas todos estavam felizes, e era isso o que realmente importava.

De volta do luto? Sim. Mas de maneira totalmente diferente.

Omake •

Nunca imaginou que bebês poderiam ser tão bem complicados. Gray já não tinha experiência com crianças, então um dia inteiro cuidando da filha problemática era a visão do inferno. Ainda mais porque a menina era muito mais amável com a mãe. Já Gray tinha que tomar bastante cuidado, pois a pequena Yui adquiriu a mania dolorida de puxar seu cabelo. E com uma força que o irritava muito.

Mas a pior parte, definitivamente, era trocar a fralda. Não se acostumaria àquilo nem em mil anos, simplesmente não suportava. Juvia também não ajudava nem um pouco argumentando que ele precisava aprender, afinal era o pai da menina. Ok, mas ele considerava colocá-la para dormir e aguentar os puxões como tarefa excluisva de pai, e bastava. Não nasceu para essas coisas.

— Fica quieta! — reclamava com a filha, inutilmente, claro. Era apenas um bebê, não o entenderia, muito menos obedeceria, tornando as coisas mais dignas de sua raiva. Juvia chegou com aquele papo de que a filha precisava de um tempo só com o pai, mas a verdade era só uma: a menina gostava apenas de atormentá-lo.

Com muito custo — e nojo — retirou a fralda suja, enquanto a criança de quase 4 meses o encarava, como se achasse aquilo tudo muito engraçado. Balançava suas perninhas no ar, por vezes acertando o peito do pai. As mãos estavam firmes na toalhinha, e seus lábios se contorciam num sorriso desajeitado. Fofo, se não fosse de dar nos nervos.

Os olhinhos azuis como os da mãe e caídos como os do pai olhavam tudo ao seu redor, curiosos. Alguns tufos ousados de cabelo preto se bagunçavam em sua cabeça. Yui soltava algumas reclamações em forma de berros forçados, afinal não tinha um vocabulário ainda. A não ser que existisse um idioma só para bebês.

O Fullbuster pegou a fralda limpa, ao mesmo tempo em que tentava manter as duas pernas dela em pé sem levar chutes nas mãos. Mesmo quando ainda estava na barriga, sua filha demonstrava uma vontade de chutar as coisas. Claro, em 99% das situações, sobrava para ele.

Bom, agora não era diferente.

Depois de muito tentar — e desviar — enfim conseguiu pôr. A menina insistia em apertar seu rosto, com as duas mãos ainda por cima. Gray soltava grunhidos toda vez que sentia a mão dela em seu nariz.

— Pronto. — Sorriu vitorioso, havia conseguido. — Venha cá — disse, pegando-a em seus braços. A menina apontava freneticamente para a janela atrás dele, o que o deixou levemente curioso. Só havia neve lá fora, estavam no ápice do inverno.

Yui se esticava mesmo assim, como se quisesse tocar a janela. Isso o deixou tão curioso que resolveu acatar à ordem da filha, mesmo só uma vez.

E se aproximou da parede de vidro embaçado com ela, passando a mão para que pudessem enxergar a rua coberta pela neve.

Yui encostou sua mão pequenina no vidro frio, e sorriu. Parecia feliz ao ver os flocos caindo lá fora, o que fez uma dúvida brotar na cabeça de Gray, mas resolveu não se prender muito a isso. Havia grande chance de estar errado.

Sua filha se ajeitou em seus braços novamente, deitando em seu ombro. Ficou naquela posição por um tempo, até ter certeza de que ela pegou no sono.

Ser pai era difícil, ainda mais para um homem como ele. Pior ainda era aguentar Erza e Gajeel fazendo a cabeça de Juvia com seus conselhos, e sempre sobrava para ele. E, para aumentar a avalanche, a bebê não colaborava nem um pouco.

Mas fazer o quê? No fundo, ele gostava disso tudo. Não se arrependia, por mais que passasse vergonha. Poderia ser pior: Juvia poderia passar a ouvir as coisas que Natsu dizia. Aí sim, ela estaria completamente paranoica. E ele? Bom, completamente perdido.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ Eu sei que a Jujubs curte muito SasuSaku e tal e estava disposta a me desafiar por você. Mas não consegui, me desculpe! Gruvia pra compensar, foi a primeira fic de FT que escrevi depois de 1 ano e nossa UHAUHUAHUAS