POV Matthew Davis

Como passou a noite? Conseguiu dormir? Perguntei para Sophie, sentado ao seu lado, enquanto segurava sua mão.

Consegui... Ela sussurrou. Mas você está com uma cara péssima... Ela esboçou um sorriso.

Essa poltrona não é das mais confortáveis. Sorri também e fiquei calado, receoso. A cirurgia seria em poucas horas e ela ainda não sabia que iria ser operada. Sabe... Comecei a falar. Eu só queria te dizer que eu amo muito você. Ela sorriu mais abertamente, mas era um sorriso que não tinha mais vida. Ela estava com uma aparência tão cansada e pálida... E eu queria me desculpar, também. Ela franziu a testa.

Se desculpar? Pelo o quê? Por autorizar uma cirurgia que você não queria, sem você saber. Apenas por isso.

Por... Bem... Você sabe... Falei tenso. Tudo que eu possa ter feito que te decepcionou de alguma forma. Desconversei.

Você quer dizer por ficar ao meu lado sempre e me fazer sentir amada e feliz? Ela disse com diversão e eu sorri. Eu te desculpo, pode ficar tranquilo. Levantei e sentei na beira da cama com ela.

Richard esteve aqui ontem.

Luke me contou... Ela falou séria. Ele não veio falar comigo.

Você estava dormindo e ele não quis te acordar. Expliquei e ela ficou pensativa.

Isso tudo é muito irônico... Ela riu com sarcasmo. Eu só tinha Luke, mais ninguém se importava comigo e eu sempre fui saudável, nunca sequer gripava. Agora que todo o mundo resolveu gostar de mim...

Você vai se recuperar. Falei convicto do que estava dizendo. Vamos para nossa casa e viver com nossa família, como planejamos.

Tanto eu, como você, sabemos que isso não é verdade. Ela falou desanimada. Eu sinto que meu corpo não aguenta mais e todos vocês já devem estar conscientes disso também.

Sophie... Alguma vez, desde que nos conhecemos, eu desisti de você? Perguntei e ela cerrou os olhos.

Ter esperanças é uma coisa, não querer ver a verdade já é burrice. Você sabe disso...

Acontece que ainda existe uma esperança.

Para mim?

Para nós. Disse e ela me olhou confusa. Estão te dando uma medicação diferente agora.

Medicação diferente? Eu só estava tomando remédio para as dores.

Dr. Hayden me explicou que essa medicação vai fazer com que seu tumor diminua de tamanho por um determinado tempo.

Isso não faz sentido... Ela franziu a testa. Para quê diminuir o tumor apenas por um tempo?

Para que eles possam operar. Falei e ela me olhou incrédula. Nesse momento, tem toda uma equipe medica preparando a sala onde vão fazer a sua cirurgia.

Não... Ela encheu os olhos de lágrimas. Está me mandando para a forca, você sabe dos riscos!

Eu só sei que é a única chance que eu tenho de ter você de volta para mim e eu quero correr esse risco.

Mas eu não quero! Ela me olhou perplexa. Você não pode simplesmente aceitar os fatos e me deixar aqui pra morrer?

Não. Falei chocado. Não pode simplesmente aceitar o fato de que não vou abrir mão de você?

Já está abrindo... Ela revirou os olhos e fez uma careta de dor. É uma ida sem volta, eu não vou conseguir sair daquela cirurgia, você sabe disso.

Está falando isso porque resolveu desistir de viver, mas eu não desisti de você. Eu sei que você vai conseguir, você é forte, teimosa e cabeça dura, não vai deixar que uma doença qualquer derrote você!

Acontece que não é uma doença qualquer, é um tumor! Eles vão operar meu cérebro! Ela falou com a voz firme. Se por algum milagre eu conseguisse sair bem, ainda podia ter sequelas.

A autorização já foi assinada, Sophie.

Você ousou assinar uma autorização sem ao menos vir falar comigo?

Não. Seu pai assinou a autorização. Falei e ela me olhou surpresa. Ele acredita em você, assim como eu acredito.

Meu pai quer que eu morra Matthew! Ela gritou e pôs a mão na garganta.

Nós dois sabemos que isso não é verdade. Do jeito estranho dele, Richard se importa com você. Falei e ela respirou fundo.

Eu não vou conseguir.

Você vai. Tirei a pequena caixa preta de veludo bolso.

O que é isso?

Sua motivação. Esbocei um sorriso, mas não estava conseguindo conter o meu nível de nervosismo aquela altura. Eu fui buscar ontem na joalheria... Ajoelhei-me ao seu lado na cama e peguei sua mão, que estava tremendo agora. Sophie Marie Evans Trammer... Falei e ela sorria e ao mesmo tempo não conseguia conter o choro. Abri a caixinha revelando o anel que havia escolhido para ela. Eu gostaria de te pedir a honra de tê-la como esposa, namorada, companheira e amiga pelo resto das nossas vidas, por todos os anos que ainda vamos ter, porque eu sei que vamos. Eu acredito em você, acredito na sua força e na sua vontade de viver e por isso te peço duas coisas. Entre naquela sala de cirurgia e não desista de você, nunca. E quando voltar... Tirei o anel de dentro da caixa e coloquei em seu dedo. Aceite casar comigo, por que eu não imagino mais um dia da minha vida sem você.

Sophie limpou as lágrimas e me abraçou. Ela me prometeu que não iria desistir, que iria voltar sim e iria cumprir o que eu havia pedido. Iríamos casar e ter nossa família. Eu me senti mais aliviado por ela saber da verdade e ter aceitado a ideia da cirurgia, mas ao mesmo tempo estava com medo, sabia que era um procedimento complicado e mesmo tendo total confiança em Dr. Hayden e em sua equipe, já que Eleanor me contou tudo sobre eles e aparentemente eram os melhores médicos do país, ainda não podia ignorar a minha preocupação com o bem estar da minha noiva. Sim, por que agora éramos noivos, o que me dava um certo alivio, já estava ficando velho demais para ser chamado de namorado no fim das contas.

Alguns momentos depois, todos entraram no quarto, junto de Dr. Hayden. Ele explicou como seriam os procedimentos, como a cirurgia iria ocorrer e se colocou a disposição para tirar qualquer dúvida que tivéssemos. Nós ouvimos tudo atentamente, incluindo Sophie que eu conseguia ver, de vez enquanto, olhando para o anel em sua mão. Após nos despedirmos, ela o tirou e devolveu para mim.

Guarde ele para mim, por favor. Eu pego com você mais tarde. Ela disse sorrindo e eu o peguei de volta a beijando.

Vai ser a primeira coisa que você vai ver quando abrir esses seus olhos lindos. Beijei sua testa e os enfermeiros a levaram para fora do quarto, para onde não poderíamos mais entrar.

Não nos restava mais nada a fazer, apenas ficar sentados, orando e esperando que a cirurgia acabasse, mas era um procedimento longo. Nós tentávamos conversar sobre outras coisas, afim de que o tempo passasse mais rápido, mas parecia inútil, nenhum de nós estava com cabeça para outra coisa que não fosse Sophie ali naquele momento e eu só esperava que ela ficasse bem, que ao fim daquela terrível cirurgia pudéssemos comemorar todos juntos a volta e a recuperação dela. Eu só queria que aquele dia acabasse logo e com boas noticias.

POV Sophie Trammer

Acordei deitada em uma grama, debaixo de um céu azul lindo. Pisquei algumas vezes, tentando me adaptar a claridade e sentei. Olhei pra os lados e reconheci onde estava. Minha casa. Como eu vim parar aqui? Ela já está pronta? Fiquei de pé e percebi que estava descalça, usando um vestido rosa claro. Coloquei as mãos na cintura tentando me lembrar de como eu tinha chegado em casa, mas a única memória que eu tinha era de estar em um hospital, cortando um pouco do meu cabelo e sendo sedada para entrar em cirurgia.

Ouvi uma música clássica vindo de dentro da casa e comecei a caminha em direção à ela.

Matthew? É você? Perguntei e não obtive resposta.

Parei na sala ao ver uma moça dançando, aparentava ter uns 14, 15 anos e eu não tinha ideia de quem era.

Olá! Ela olhou para mim sorridente.

Oi... Respondi desconfiada. Essa casa aqui é minha.

Ah, eu sei. Ela riu e voltou a dançar, tinha algo muito familiar nela, eu só não sabia dizer o que era.

Eu acho que você não deveria estar aqui. Disse confusa.

Como não? Ela parou de dançar ainda rindo. Eu estou sempre aqui.

Aqui? Nessa casa?

Não bobinha... Ela se aproximou ficando na minha frente. Aqui com você.

Quem é você? Perguntei impaciente.

Confesso que não estou muito surpresa que não me reconheça... Ela andou até o som e o desligou, fazendo a música parar. Sou Annelise Trammer. Ela sentou em cima da mesa me observando. Mas eu gosto mais quando você me chama de Annie.

Annie? Falei emocionada e a puxei em um abraço. Por isso ela me parecia familiar, ela era igualzinha a mim quando tinha aquela idade. Isso é impossível... Você está... A soltei com os olhos cerrados.

Morta. Ela falou calmamente. Se ela estava morta e eu estava ali com ela, isso só significava uma coisa.

Então é isso... Disse desapontada comigo mesma. Eu morri.

Não, você não morreu.

Eu estou sonhando? Por que do contrário, como posso estar aqui com você?

Eu não faço ideia. Ela deu de ombros.

Devo estar no purgatório... Vim pagar meus pecados e é claro que iria começar com você... Bufei e sentei no chão.

É isso que você acha que eu sou? Uma espécie de castigo? Annie disse ofendida.

Não Annie, não acho que você é um castigo. Acho que teria sido a coisa mais linda da minha vida, mas você não sobreviveu por minha culpa, esse é o meu castigo.

E mesmo depois de todos esses anos, você ainda não conseguiu superar essa história... Ela sorriu.

Se por Não conseguir superar você quer dizer Se arrepende amargamente, então sim, não superei. Annie sentou no chão de frente para mim.

Você precisa conseguir seguir em frente e deixar o passado onde ele deve estar. Ela disse séria.

Para que eu possa ter paz?

Não, para que eu possa ter paz. Ela falou e eu a olhei surpresa. Eu sei que você se culpa ainda por tudo o que aconteceu, mas olha só para mim. Ela abriu os braços. Eu pareço estar sofrendo? Ela sorriu. E na verdade eu sofro, sofro muito quando a vejo triste por minha causa. Isso me dói muito.

É que eu queria poder ter sido uma mãe melhor para você...

Você foi a mãe que poderia ser.

Não Annie, eu não fui a mãe que eu poderia ter sido para você.

Naquela época sim. Hoje você pensa dessa forma por que mudou, não é a mesma mulher e muito menos a menina de antes.

Então você me perdoa? Por tudo? Perguntei receosamente.

Eu não tenho que te perdoar, muito pelo contrário. Ela riu e segurou minha mão. Você é quem precisa se perdoar. Ela se colocou de pé e continuou me encarando. Vem comigo, vamos dar uma voltinha.

Fiz como ela disse e saímos andando para fora da casa, de volta para o jardim. Ela sentou em um balanço e eu sentei no balanço ao seu lado.

Você é tão bonita... Passei a mão em seu cabelo. Tem os olhos do...

Do meu pai. Ela me interrompeu rindo. Um bom homem também. Sabia que em todo aniversário ele coloca flores para mim? E me faz visitas, frequentemente.

É... Ele deve ser mais presente nesse aspecto do que eu. Só acho triste demais ver o lugar em que você foi enterrada.

Não deveria. Você deveria querer enfeitar, encher de vida, para que quem visse, pudesse saber que ali tem uma pessoa que foi muito amada. Ela disse e eu parei pensativa.

Sabe que eu nunca tinha pensado dessa forma?

Eu sei que não tinha e eu entendo o seu receio de ir ao meu tumulo... Não costumam ser lugares muito animados. Mas se você voltar, eu iria gostar de ver flores suas para mim um dia. Eu assenti sorrindo, mas depois parei séria.

Se eu voltar? Perguntei. Acha que eu não vou conseguir sobreviver?

Isso só depende de você. Ela respondeu tranquilamente.

Tenho medo do que vai acontecer se eu voltar.

Por que?

Se der algo errado na cirurgia eu posso ficar com alguma sequela e eu sei que isso iria fazer todos que se importam comigo sofrer e eu não quero mais decepcioná-los.

Engraçado você falar isso... Annie disse e olhou para frente começando a se balançar. Todos que se importam com você, nesse exato momento, só pedem que você sobreviva. Eles não estão preocupados se você vai ficar com alguma sequela, só esperam poder ver você de novo. Inclusive meu avô...

Richard? Disse com ironia e revirei os olhos. Ele me odeia e eu o odeio, sempre foi assim, não seja tão ingênua.

Isso não é verdade. Você o ama, sempre quis ser boa o suficiente para que ele tivesse orgulho de você.

Mas nunca consegui isso.

Ele sofreu muito quando soube a verdade sobre a Beatriz... Ele a amava e muito. Da mesma forma que você ama o Matthew, talvez até mais. Como você ia se sentir se Matthew te decepcionasse dessa forma? Annie falou e eu lembrei de quando achava que ele tinha me traído. Foi devastador.

Eu não sei... Não consigo imaginar uma traição dessa magnitude.

Eu não estou o defendendo, por que sei que todas as coisas que vieram a acontecer entre vocês dois, acabou sendo culpa dele, mas é que é compreensivo, entende?

Pra quem não está querendo defender, até que você está dando uma ótima advogada do diabo. Fiquei observando ela se balançar com os cabelos ao vento.

Sabe que eu estou certa, no fundo você sabe. Ela riu triunfante, me fazendo ver muito de mim nela.

Mas o que acontece se eu não voltar? Perguntei e ela parou de se balançar, me olhando um pouco confusa. Se eu não conseguir, o que acontece comigo? Encontro a luz, a paz divina...? Como funciona?

Eu realmente não sei como responder a isso... Ela riu.

Eu não entendo. Levantei e fiquei de frente para ela. Porque eu vim para cá? Porque eu estou vendo você? Eu deveria estar acordando da cirurgia, não deveria? Se bem que nem sei quanto tempo passou... Argh, isso é muito frustrante.

O motivo de você estar aqui, de eu estar aqui e para todas as suas perguntas, acho que só você vai conseguir dar a resposta.

Eu tenho assuntos não acabados? É isso? Falei debochando, por que isso só acontecia em filmes.

Eu não sei... Você tem?

É, tenho. Cruzei os braços. No caso eu acabei de ficar noiva, então seria interessante estar viva no meu casamento. Meu irmão também vai casar e eu sou madrinha, também seria legal poder ver isso. Sem contar meus amigos, que são minha família, não quero não poder nunca mais vê-los.

E o Richard?

Vai voltar nesse assunto de novo? Bufei.

Acho que você precisa de uns momentos de reflexão... Ela disse com divertimento. Feche seus olhos. Fiz como ela disse. O que vem primeiro a sua cabeça quando você pensa no seu pai?

Que ele não é meu pai. Dei de ombros e ouvi sua risada.

E depois disso?

Lembro dele me humilhando, me fazendo chorar quando era mais nova, seus gritos, seus tapas...

Não tem nenhuma recordação boa? Nenhumazinha? Nem se você se esforçar bastante? Ela perguntou e tentei fazer um esforcinho.

Teve uma vez... Parei de falar quando lembrei. Eu tinha uns 6, 7 anos e cheguei em casa do colégio, chorando por que em menino de uma série acima da minha tinha puxado meu cabelo. E quando contei para o meu avô, ele ficou com muita raiva e ligou no colégio para reclamar, Richard apena ficou na dele e saiu. Mais tarde eu ouvi quando ele chegou e corri para escada, meu avô estava brigando com ele por que ele tinha ido até o colégio e puxou a orelha do menino que puxou meu cabelo. Percebi que estava rindo e abri os olhos, Annie me olhava sorrindo também. E aprendi com ele como comandar uma empresa, como ter pulso firme e não abaixar a cabeça para ninguém. Ele custeou todos os meus estudos, se não fosse isso, não sei onde estaria agora.

Acho que da forma dele, de um jeito meio torto, ele sempre cuidou de você.

É... Talvez seja verdade... Senti uma pontada no coração, que me fez cair de joelhos no chão. Olhei para Annie assustada, mas ela não se moveu. Senti de novo a mesma dor. O que é isso?

Estão tentando fazer seu coração voltar a bater. Ela respondeu tranquilamente.

Meu coração parou de bater? Perguntei e gritei sentindo a dor outra vez.

Sim, você está morrendo.

E o que eu faço? Ela sentou ao meu lado e me deu um beijo no rosto.

Seja feliz mamãe. Annie sorriu. Nós vamos nos ver em breve, eu prometo.

O que quer dizer com vamos nos ver em breve? Eu não quero morrer, eu não vou morrer. Falei decidida. Eu vou lutar pela minha vida até o último minuto.

Eu sei disso. Ela se levantou e após mais uma pontada, caí do chão perdendo os sentidos.

POV Matthew Davis

Depois de terríveis e intermináveis 14hrs, quando todos estávamos exaustos, sem forças para mais nada, vi Dr. Hayden vir em nossa direção com Eleanor. Ela havia acompanhado toda a cirurgia. Ficamos de pé e tentei decifrar o que a expressão deles dois queria dizer, mas era impossível.

E então? Luke perguntou. O médico e Eleanor se entreolharam e ela assentiu para que ele começasse a falar. Isso não está parecendo nada bom...

Ela foi realmente muito forte, isso ninguém poderá negar. Ele falou e Richard se aproximou, ouvindo atentamente como nós.

O que aconteceu? Perguntei com medo de ouvir a resposta.

Sabíamos desde o começo que não seria uma cirurgia fácil, mas tivemos várias complicações ao longo de todo procedimento.

O que quer dizer com complicações? Ethan perguntou e olhou para Eleanor, que se manteve em silêncio.

Ela teve uma outra parada cardiorrespiratória e uma hemorragia. O médico falou e eu senti meu mundo desabar. Mas ela lutou, bravamente, eu tenho certeza.

Isso quer dizer que... Brian começou a falar, mas perdeu a voz.

Quer dizer que fizemos o que podíamos para ajudá-la e com certeza ela fez de tudo também. Dr. Hayden respirou fundo e olhou para Eleanor assentindo e ela sorriu.

A cirurgia foi um sucesso. Ela disse e todos nos olhamos perplexos.

É sério? Ela está bem? Onde ela está? Perguntei nervoso enquanto os outros comemoravam, exceto por Richard, que apenas estava com uma expressão de alivio no rosto.

Bom, nossa parte nós fizemos. O médico falou. Retiramos o tumor, ela está bem agora, mas agora é com ela.

Como assim? Falei confuso.

Temos que esperar ela acordar para saber se houve alguma sequela ou não, se ela está bem realmente e fazer todos os exames.

Quando ela vai acordar? Richard perguntou.

Não sabemos quando. O efeito da anestesia vai passar em algumas horas, então só dependerá dela e de ninguém mais.

Era como um dejá vu... A cena dela após o acidente de carro estava se repetindo. Mas ela aguentou a cirurgia e eu sei que foi por nós, por todos nós, não somente por mim. Eu não tinha dúvidas de que saber que estávamos todos ali, esperando por ela tinha feito a diferença em tudo isso, ela tinha algo pelo o quê lutar agora, da mesma forma que eu tinha.

Dr. Hayden se retirou e Eleanor foi ficar com Ethan, eu apenas fiquei observando a todos. A animação inicial tinha sumido e dado espaço para a preocupação de não saber como ela estava.

Sabia que ela ia conseguir. Richard disso ao meu lado.

Eu também. Falei sem olhar para ele. Ela vai voltar logo. Disse e ele apenas concordou. O que mudou Richard? Perguntei e o encarei. Ficou aqui todo esse tempo, parecia estar realmente preocupado... O que tem de diferente dessa vez? Richard se manteve calado por uns momentos.

Tive contato com a mãe dela, um pouco depois que ela voltou de viagem. Ele cruzou os braços. Sabia que ela propôs para a Sophie acabar com a empresa e consequentemente me deixar na miséria?

Não conversamos mais sobre isso...

Pois é. Mas ela se manteve fiel a minha família... A nossa família, aliás. Richard disse. Ela é uma legitima Trammer e um Trammer não dá as costas para o outro. Sophie é a única família que me resta.

Sua esposa não ia ficar contente em saber disso. Falei e Richard riu.

Ex esposa. Ele disse e eu o olhei surpreso. Quero dizer, ela vai ser ex daqui uns dias quando assinarmos os papéis, mas para todos os efeitos...

Brian sabe?

A pergunta certa é: Brian liga? Ele disse enquanto tirava o celular do bolso. Preciso ir. Ligue-me qualquer novidade, Brian tem meu número pessoal. Richard começou a se afastar em direção a saída.

Richard! O chamei e ele virou o rosto em minha direção. Eu pedi sua filha em casamento e ela aceitou o pedido. Achei que deveria saber. Ele me olhou sério e se aproximou, colocando a mão em meu ombro.

Bem vindo a família. Ele falou e voltou a fazer o caminho para a saída.

Eram muitas coisas bizarras acontecendo em poucas horas. Eu torcia que esse arrependimento de Richard fosse sincero, ia fazer bem para Sophie acordar e descobrir que ganhou um pai. Dessa vez um que realmente se importava e se preocupava com ela.