Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 81
Se não fosse amor - Cap. 38: Os 30.


Notas iniciais do capítulo

Boa noiteeeee!!!!
Espero que gostem meninas,
Beijão!



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POV Sophie Trammer

“Como? Onde? Quando?” Luke perguntou exasperado e Matthew me olhava em choque. “É sério isso? Não né? Não pode ser sério!”

“Infelizmente é sério Luke.” Disse. “Eu vou explicar tudo para vocês...” Suspirei derrotada e eles dois continuaram me encarando, esperando que eu me explicasse. “Quando houve toda aquela história sobre o Richard, aquela criatura que se dizia minha mãe e tudo mais, eu realmente precisava de um tempo. Eu sei que vocês nunca iriam me apontar o dedo e muito menos me dar as costas, mas eu não ia conseguir encarar vocês depois de tudo aquilo, foi realmente muito humilhante. Mas os planos originais era apenas passar algumas semanas fora, sabe? Só tentar esquecer o que aconteceu, ter um tempo para mim e acreditem, eu nunca, jamais, em hipótese alguma, iria querer passar mais de um ano sem ver vocês.”

“Mas então...?” Matthew perguntou e eu desviei o olhar deles.

“Eu estava em Londres. Deixei Baby no hotel e saí para comprar algumas coisas, quando estava a caminho do shopping mais próximo que tinha do hotel, senti uma dor horrível na minha perna, era como se tivesse alguém a arrancando fora a sangue frio de mim, sabe? Foi realmente assustador.” Voltei a olhar para eles. “Eu me sentei um banco, torcendo para que aquilo acabasse e demorou alguns minutos, mas passou. Porém eu percebi que estava com uma vermelhidão onde estava doendo e eu decidi procurar um médico, para saber o que estava acontecendo. Fui no mesmo dia, estava em pânico que aquilo acontecesse de novo e foi quando eu descobri que o músculo da minha perna estava necrosando. Eu queria apenas tentar melhorar um pouco e voltar para cá, mas eu precisava da cirurgia com urgência, então não tinha o que fazer...”

“Porque não entrou em contato conosco? Eu poderia ter ido para lá. Aliás, eu iria na mesma hora!” Luke falou.

“Eu estava em um hospital especializado, com profissionais excelentes e disseram que podia parecer assustador, mas era uma cirurgia tranquila. Eu não quis preocupar vocês. Mas o real problema é que, antes de ser operada, eu tive que fazer vários exames. Eles não tinham meu histórico médico, então não sabiam como eu estava depois do acidente e precisavam ter certeza de que estava tudo em ordem antes da cirurgia.” Parei um pouco e respirei fundo. “Foi quando eu descobri.” Matthew e Luke se entreolharam. “Por causa do impacto do acidente na minha cabeça, esse tumor se formou.”

“Como não souberam disso antes?” Matthew me perguntou.

“A teoria é que quando eu fiz o último exame, ainda estava com um pouco inchaço e isso não permitiu que os médicos daqui vissem. Como esse inchaço desapareceu, foi possível identificá-lo.” Expliquei.

“Mas e o tratamento? O que você está tomando para se tratar?” Luke falou nervoso.

“Esse é o problema maior...” Esbocei um sorriso. “Não é um tumor grande, é o que eles chamam de tipo um, mas não tem uma cura para isso. Eu tentei vários tipos de tratamentos experimentais. Quando me recuperei da cirurgia na perna, viajei por todo o mundo, onde eu lia que existia algum possível tratamento, eu ia atrás.”

“Por isso viajou para tantos lugares...” Matt disse e eu assenti.

“Mas acontece que todo tratamento tinha um efeito colateral diferente e nenhum resolvia o meu problema. Até que eu comecei a tomar uns comprimidos que basicamente ‘desaceleravam’ os sintomas que eram causados por esse tumor.”

“E quais exatamente são os sintomas?” Luke perguntou receosamente.

“Ele afeta meus neurônios, logo, todos os sistemas do meu corpo. É como se fosse uma doença degenerativa. Futuramente eu não vou mais ser capaz de andar, escrever ou falar.” Engoli o nó que se formava em minha garganta.

“Mas você está tomando esses remédios, eles estão fazendo algum efeito. Tem que estar fazendo efeito!” Luke disse nervoso.

“Eles estavam. Quando comecei a tomá-los me senti melhor.” Falei.

“E todas essas coisas que você vem sentindo esses dias?” Matthew falou.

“Todos esses tratamento tem efeitos colaterais, são drogas experimentais, podem reagir de formas diferentes em organismos diferentes. Eu não sabia se o que eu vinha sentindo era uma reação aos remédios ou sintomas por causa do tumor. Fui ao médico e ele sugeriu que eu suspendesse os medicamentos para ver se eu ficava bem, mas continuei a me sentir mal...” Parei os olhando.

“E o que isso quer dizer?” Luke perguntou receoso.

“Quer dizer que eu estou piorando.”

“Então você vai morrer?” Ele olhou para Matthew e depois para mim de novo.

“Tecnicamente, todos nós vamos um dia.” Dei de ombros e ele me olhou incrédulo. “Sim Luke, eu vou morrer.” Revirei os olhos.

“E quando especificamente iria contar sobre isso?” Matt me olhou com raiva.

“Eu não tinha pensado em uma data... Só queria adiar o máximo que eu conseguisse.”

“Adiar Sophie?” Matthew levantou e gritou. “Se soubéssemos antes poderíamos ter procurado ajuda de outros profissionais, poderíamos ter tentando te ajudar!”

“Eu já procurei ajuda em vários lugares, países e com profissionais diferentes. Não tem o que fazer Matthew!” Gritei também.

“Então você só vai ficar sentada esperando piorar?”

“Claro que não!” O olhei perplexa. “Posso esperar deitada também.” Disse com ironia, ele bufou, pegou o envelope com meus exames e saiu batendo a porta com força.

Luke apoiou a cabeça nas mãos e começou a chorar. Levantei e sentei ao seu lado, o abraçando.

“Foi justamente prevendo essa situação que eu não queria contar...” Suspirei e Luke me olhou.

“Pode achar exagero da parte dele, mas Matthew tem completa razão. Não tinha o direito de esconder isso de nós!”

“E como você queria que tivesse sido?” O olhei. “Eu deveria ter voltado e simplesmente dito: ‘Oi, nossa, que saudades de vocês! A viagem foi ótima, conheci vários países e a propósito, descobri recentemente que vou morrer por causa de um tumor causado por um acidente de carro, que olha só que curioso, foi causado pela minha mãe. Não é fenomenal?!’”

“Eu não sei Sophie...” Ele se levantou com as mãos na cintura. “Só sei que não deveria ter sido desse jeito.”

“É, mas agora não importa mais... Não tem mais volta, as coisas são assim e ponto final.”

“Não, nada de ponto final. Tem que ter uma saída, uma solução... Quem é seu médico? Eu quero vê-lo, quero conversar com ele, ter uma explicação de um profissional, quero saber de tudo nos mínimos detalhes.” Conforme ele ia falando, sua voz ia ficando mais falha e eu levantei ficando de frente para ele.

“Tudo bem, eu vou marcar um horário com ele, você pode ir comigo. Matthew também se ele quiser, se bem que...” Olhei para a porta. “Ele deve estar querendo me matar agora... O que é bem irônico, porque...” Olhei para Luke rindo.

“Não ouse fazer nenhuma piadinha sarcástica com o fato de você estar morrendo, eu juro que não respondo por mim.” Ele cerrou os dentes.

“Vai fazer o quê, Lu? Vai me matar?” Gargalhei e ele me encarou com raiva. “Relaxa, eu já estou me acostumando com a ideia, é questão de tempo vocês se acostumarem também.”

“Eu não vou me acostumar com o fato de você estar morrendo!” Ele berrou irritado. “Você tem um tempo? Um prazo?”

“Não...” Sentei no braço do sofá. “Pelo menos até a última vez que eu me consultei, não era nada previsível. Eu posso ter mais uma semana de vida, como também posso ter mais um mês, um ano...” Cruzei os braços.

“Vai contar para o resto do pessoal, não vai?”

“Vou.” Assenti. “Não dá mais pra ficar escondendo isso... É melhor encarar tudo de uma vez.” Luke concordou e segurou minha mão.

POV Matthew Davis

Ok Matthew, mantenha a calma, mantenha a calma... Quer saber? Que se foda a minha calma! Isso tudo era surreal... Eu sabia que tinha algo errado, mas até então achei que poderia ser alguma doença, algo mais simples de se resolver. Um tumor. Um tumor no cérebro. Como ela iria sobreviver a isso e como eu iria aguentar ver ela, dia após dias, ficar mais fraca e piorando? Ela não merecia isso, nós não merecíamos depois de tudo, passar por mais essa dificuldade.

Cheguei em meu condomínio e entrei praticamente correndo, mas não subi para o meu andar rotineiro.

“Matt?” Eleanor abriu a porta e disse surpresa. “Está tudo bem?”

“Não.” Falei e ela me olhou preocupada.

“Entra.” Ela disse e entrei em seu apartamento. “O que houve?”

“É a Sophie...” Sentei em seu sofá e ela se abaixou de frente para mim. A entreguei o envelope com o exame de Sophie.

Eleanor o pegou e quando abriu e olhou contra a luz, voltou sua atenção para mim, mas ela não parecia estar tão surpresa.

“Eu sinto muito.” Ela disse. “Também fiquei em choque quando soube e é que nem a conheço direito.” Franzi a testa e a olhei sem entender nada. “Quando encontrei com ela, ela estava no hospital. A vi saindo do consultório do neurologista e ela estava chorando, sabia que tinha algo errado. Conversei com o médico que está acompanhando o caso dela e ele me contou o que aconteceu.”

“Mas... Você disse que esbarrou com ela quando estava indo para casa.”

“Se eu dissesse que a vi no hospital, você iria querer saber o que ela estava fazendo lá e isso só a Sophie tinha o direito de lhe contar.” Ela sentou ao meu lado.

“Você me precisa me ajudar Lenny...”

“Eu queria, acredite, eu queria muito ajudar. Mas eu não entendo muito dessa área, eu sou cardiologista.”

“Mas você deve saber de alguma maneira, algum remédio, alguma coisa que consiga fazer ela melhorar!” Falei desesperado e ela suspirou derrotada.

“Olha...” Ela disse e parou por um momento. “Existe uma possibilidade...”

“O quê?” A interrompi e ela olhou novamente para a radiografia.

“O médico dela me disse que era um tumor do tipo um.”

“E o que isso quer dizer?” Perguntei.

“É o único tipo que é operável.” Ela me devolveu o envelope e eu sorri.

“Então... Você está dizendo que ela pode operar?! Mas se tirarem o tumor ela vai ficar bem? Vai sobreviver?”

“Sim, mas...” Ela me olhou com receio. “Matthew é uma cirurgia de risco. Toda cirurgia é complicada e no cérebro então...”

“Ela correria risco de vida?” Perguntei e ela assentiu.

“Sim Matt, infelizmente... Eu não tenho muita experiência com isso, mas o tumor está em um local de difícil acesso.”

“Argh...” Recostei-me no sofá. “O que eu faço Lenny?” A olhei. “Só fico de braços cruzados a observando e nada mais?”

“Bom, primeiro de tudo, não era para você estar aqui comigo.” Ela sorriu.

“Eu sei... Eu só... Sei lá...”

“Precisava de uns minutos para digerir isso tudo, não é?”

“É a Sophie!” Falei incrédulo. “Ela não vai morrer, ela não pode morrer assim... Não desse jeito, não tão nova, não quando a gente tá começando a recomeçar nossa história!”

“Matt, você está em negação e isso é normal.”

“Não é negação...” Levantei do sofá.

“Você não está conseguindo aceitar o fato de que sua namorada está muito doente. Isso é negação até onde eu saiba.” Ela se levantou também, ficando na minha frente. “Você me ouviu por horas falando do meu ex marido, da mesma forma que eu te ouvi falar sobre a Sophie, quando ela estava fora. Você sempre falava dela como se ela fosse algum tipo de ser indestrutível, uma mulher forte e eu acredito realmente que ela seja, mas ela não é essa santidade que nada pode abalar Matt. Eu a vi no hospital, ela chorava muito... Ela precisa de você lá agora, precisa que dê forças para ela passar por tudo isso.”

“E eu Lenny? De onde eu tiro forças?” Falei sentindo a maldita vontade de chorar de novo.

“Ow meu amigo...” Ela falou e me abraçou. “Não que seja grande coisa, mas sempre que precisar conversar com uma amiga, minha porta está sempre aberta para você.”

“Obrigado, significa muito.” Disse e o telefone começou a tocar.

Eleanor se afastou de mim e o atendeu.

“Alô?! Ah sim... É que o celular está na bolsa e eu não ouvi.” Ela olhou para o relógio em seu pulso. “Não, eu tive um imprevisto, mas já estou a caminho. Chego aí em 15 minutos. Tudo bem, obrigada.” Ela desligou e se voltou para mim.

“Desculpe, vim sem avisar e acabei te atrasando para o seu compromisso.” Falei me sentindo sem graça.

“Não tem problema, eu já estava atrasada se te faz sentir melhor.” Ela sorriu. “Eu vou dar meu grito de liberdade, oficialmente.”

“Como assim?”

“Estou indo assinar meus papéis do divórcio Matt.”

“E isso é bom, não é?” Perguntei receoso e ela sorriu mais abertamente.

“É mais do que bom, é ótimo!” Ela disse animada. “Antes eu achava que o divórcio era o fim do mundo, mas é uma nova oportunidade para que eu possa escrever uma história diferente para mim.”

“Eu fico feliz por você Lenny. Ele não sabe a mulher que perdeu.” Disse e nos abraçamos novamente.

“Ele é um imbecil mesmo...” Ela riu me fazendo rir também. “Vá para a casa da Sophie, converse com ela sobre a cirurgia, pode ter uma chance ainda.”

“Eu vou e boa sorte com o imbecil.” Disse e ela me deu um beijo no rosto.

Nos despedimos e eu voltei para o carro, desanimado, indo de volta para o condomínio de Sophie.Estacionei e subi, quando entrei no apartamento, estava tudo em silêncio, não tinha ninguém na sala. Sentei no sofá, apenas tentando por os pensamentos no lugar. Ouvi uma porta abrindo, mas não virei na direção, continuei o olhando para o teto, até que vi Sophie parada em pé ao meu lado.

“Oi.” Ela esboçou um sorriso e sentou no braço do sofá.

“Oi.” Coloquei minha mão em sua perna.

“Sinto muito por tudo isso...” Ela falou.

“Eu que sinto muito por você ter que ter passado por isso tudo sozinha.”

“Eu que quis assim Matt.” Ela segurou minha mão. “Como poderia me despedir de vocês? De você principalmente. Eu sei que o certo, desde o inicio era ter falado com vocês, mas... É muito aterrorizante ter que dizer adeus.”

“Não diga adeus então.” Virei sentando de frente para ela. “Sei que pode ficar brava pelo o que eu vou dizer, mas eu estava com a Lenny e...”

“Lenny?” Ela franziu a testa.

“Eleanor.” Disse e ela assentiu. “Ela é médica e no desespero, só pensei em pedir alguma orientação dela e ela me falou que o seu tumor é operável.”

“Eu sei que é.” Ela disse calmamente. “Mas ela te falou dos riscos?”

“Sim, eu sei que é uma cirurgia de risco, mas eu acho que vale a pena tentarmos e...”

“Matt...” Ela me interrompeu. “Eu teria apenas 12% de chances.”

“De cura?” 12% não era muito, mas já era alguma coisa.

“Não. De sair com vida da cirurgia.” Sophie disse e eu a olhei em choque. “Sem contar nas sequelas que eu posso ficar, mesmo que sobreviva a isso.”

“Mesmo assim, eu quero conversar com o seu médico, sobre essa possibilidade. Se tem 1% de chances de que você fique boa, eu quero arriscar.”

“Mas eu não quero Matthew.” Ela falou firmemente.

“Existe uma possibilidade de você se curar e você se recusa? É isso mesmo?”

“Isso não é possibilidade de cura, é assinar minha sentença de morte!” Ela gritou. “Eu não vou passar o resto dos meus dias em uma cama de hospital e...” Ela parou e respirou fundo, ficando de pé na minha frente. “Matthew eu não estou pronta pra dizer adeus. Ainda não.” Eu a olhei e apoiei a cabeça em sua barriga, colocando meus braços o redor da sua cintura e comecei a chorar, descontroladamente. “Amor...” Ouvi sua voz falha, ela manteve uma mão em meu ombro e a outra em minha cabeça. “Eu não vou deixar vocês agora. Eu sou a cabeça dura, lembra? Isso tem que me servir de alguma forma.” Permaneci calado e ela soltou meus braços, para que pudesse olhar meu rosto. “Abre os olhos amor, eu estou aqui ainda e ainda vou encher muito o seu saco.” Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi o seu sorriso para mim.

Fiquei de pé e a beijei, não saberia dizer por quanto tempo, mas tudo agora tinha ficado mais intenso.

“Eu te amo. Muito.” Disse quando nossos lábios se separaram e ela sorriu.

“Bom... Quem não me amaria, não é?” Ela deu de ombros me fazendo rir. Sophie, sendo Sophie.

3 meses depois

POV Sophie Trammer

“Eu gosto mais do branco...” Matthew falou encostado de braços cruzados, da porta do meu closet.

“O azul é mais bonito.” Luke disse sentado no chão.

Eu estava literalmente no meio deles dois e não sabia qual dos dois vestidos usar na minha festa de aniversário.

“Não posso usar os dois, entrem em um consenso, vocês estão me deixando doida!” Joguei os dois vestidos em cima do balcão.

Era a primeira vez que iria usar um vestido na frente de todos desde a minha cirurgia na perna. Todos já sabiam sobre os problemas de saúde que eu estava tendo, tinham sido dias bem dramáticos. Eu passava mal sempre, quase todos os dias e todos eles sempre estavam dispostos a me ajudar, Matthew principalmente. Ele esteve comigo durante esses meses nos meus melhores e piores momentos.

A maioria das roupas do closet já estavam guardadas em caixas para levar para a casa nova, nós ainda não tínhamos nos mudado por que a reforma atrasou, mas pretendíamos ir o mais rápido possível. Aproveitar o máximo de tempo que tivéssemos juntos, tinha se tornado nosso lema.

“Usa o branco.” Matt disse.

“Porque não o azul?” Luke perguntou para ele.

“Olha o tamanho do decote do azul!” Matt disse e eu tentei não rir.

“Mas só vamos ser nós aqui, só um jantar em família!” Luke disse.

“E só por que é família ela tem que mostrar os peitos?”

“Ok, rapazes.” Disse rindo. “Desisto desses dois vestidos. Tem que ter algo aqui que os dois aprovem e que não esteja guardado para a mudança.” Comecei a procurar entre as cruzetas e achei um vestido verde de alças, que eu nunca tinha usado. “E esse aqui?” Coloquei na minha frente.

“Gostei.” Matt disse e Luke sorriu.

“Também gostei. Embora prefira o azul, que é muito mais sexy, esse está lindo.” Luke disse e eu revirei os olhos.

“Agora vê se você se troca rápido, daqui a pouco o pessoal está chegando.” Matthew falou olhando para o relógio.

“Querido, não se apressa a perfeição.” Passei por ele voltando para o quarto e o beijei rapidamente.

“É, mas nisso eu tenho que concordar com o Matt, não é todo dia que se faz 30 anos.” Luke veio atrás de mim junto com Matthew e eu parei olhando os dois.

“30 anos...” Repeti. “Jesus, estou ficando velha mesmo.”

“Velha, mais pegável ainda.” Matthew falou debochando de mim e eu bati em seu braço.

“A Lenny vem?” Perguntei para Matt e ele assentiu.

“Quem diria que eu ia viver para ver você ser amiga de uma ex do Matthew.” Luke disse rindo e eu ri também.

“Eu gosto dela ué.” Dei de ombros.

“É que seu histórico com exs minhas não é dos melhores...” Matt disse com diversão.

“Não é culpa minha se você namorava uma vadia demoníaca.” Sorri docemente. “E a Lenny passou por um divórcio horrível, me ajudou com o bonitão aí...” Pisquei para Matthew. “E é uma ótima amiga, convenhamos.”

“Isso é verdade.” Luke concordou e tirou o celular do bolso. “Eu vou ver se o Kenny já está pronto.” Percebi ele e Matthew trocando alguns olhares .

“Ok...” Falei desconfiada. “Só vou me vestir e saio.” Luke me deu um beijo na testa e saiu.

Tirei o roupão que estava usando e o coloquei em cima da cama, ficando só de calcinha e sutiã. Matthew sentou na cama e ficou observando eu me vestir.

“O que foi?” Sorri ao perceber ele olhando demais.

“Nada...” Ele sorriu também. “Adoro essa sua tatuagem. Andei pensando que podíamos fazer uma, eu e você.”

“É?” Perguntei surpresa. “O Sr. Matthew Certinho Davis, quer fazer uma tatuagem?”

“Muito engraçadinha...” Ele cerrou os olhos rindo. “Mas toparia?”

“Claro que sim.” Disse animada. “A gente pode pesquisar alguns desenhos ou frases... Acho que vai ficar lindo e você vai ficar muito sexy de tatuagem.”

“Eu também acho que vou.” Ele disse se vangloriando.

“É, mas vai ser em um lugar que só eu possa ver.” Sentei em seu colo. “Talvez eu te obrigue a tatuar meu nome na sua bunda, que tal?”

“Ah é? Talvez eu te obrigue a tatuar o meu nome na sua.” Ele falou rindo.

“É um nome bem grande...” Disse e ele me levantou, me virando de costas e mordeu minha bunda.

“Tenho certeza que cabe aqui e ainda sobra muito espaço.” Ele me puxou para seu colo de novo e deitamos na cama rindo.

Todos os convidados da noite já haviam chegado. Isso incluía Black, Emily e Eleanor. Tinha contratado o Buffet que sempre contratava para jantares assim, todos estávamos rindo e conversando tranquilamente. Éramos apenas um grande grupo de amigos, comemorando o meu aniversário. Alguns minutos depois, quando já íamos para a mesa jantar, ouvi a campainha tocar e como ninguém se manifestou para abrir a porta, eu fui. Levantei e quando a abri, quase caiu para trás de susto.

“Ethan?!” Disse em completo estado de choque.

“Parabéns, velhinha!” Ele falou rindo e me abraçou me rodando no ar.

“Mas como?” Olhei ainda incrédula para Luke e Kenny.

“Negociei minha transferência para a sede daqui.” Ethan falou sorrindo.

“É sério?” Disse. “Isso é incrível!” Falei animada e o abracei de novo, dano espaço para Kenny que veio o abraçar também, seguido de Luke, Black, Emily, Brian e Mabel. Vi Matthew ao lado de Eleanor e me aproximei dele. “É um problema pra você?” Perguntei para ele, que suspirou e fez que não com a cabeça.

“Não é minha pessoa preferida no mundo, com certeza, mas faz parte da família.” Ele disse e eu sorri orgulhosa dele.

Depois de Ethan cumprimentar a todos, ele se aproximou de onde nós estávamos e estendeu a mão para Matthew, que a apertou e os dois sorriram.

“Bem vindo de volta soldadinho.” Ele disse com diversão.

“Obrigado Davis.” Ethan falou e eu percebi Eleanor dando uma secada em Ethan.

“Ah, Ethan...” Falei ficando ao lado dela. “Essa é a Lenny, quero dizer...” Nós duas rimos. “Eleanor Griffi.”

“Prazer, Ethan...?!” Eleanor disse sorrindo.

“Cross. Ethan Cross.” Ele respondeu sorrindo também.

“Capitão Cross.” O corrigi. Os dois apertaram as mãos. Eu percebi o olhar que eles trocaram e Matthew estava me olhando boquiaberto

Quando dei por mim, Lenny e Ethan já estavam muito a vontade conversando enquanto Matthew e eu estávamos sobrando. O puxei pelo braço para um canto mais afastado e ficamos observando eles dois.

“Acha que...” Ele perguntou para mim.

“Sim...” Sorri maliciosamente e ele riu. “Não é muito bizarro a gente juntar nossos exs?”

“Olha... Eu acho que é muito inteligente da nossa parte.” Matt disse e me beijou.

Jantamos todos juntos, Ethan e Lenny sentaram ao lado um do outro e quase não pararam de conversar, só deram uma pausa quando Brian trouxe o bolo para cantar parabéns para mim e na hora de apagar as velas, não tive que pensar muito sobre o pedido que eu queria fazer. Fechei os olhos com força. Mais tempo. Pensei e pedi com toda a vontade e força que eu tinha e assoprei as velas em um sopro só. Após esse momento embaraçoso de cantar parabéns, pedi que Emily cortasse o bolo e fui ao banheiro rapidamente. Quando voltei, parei me encostando na parede da sala e vi todos os meus amigos, minha família ali juntos, rindo, comendo e celebrando o meu dia. Os meus 30. Ethan tinha razão, não tinha maneira melhor de passar o meu aniversário que não fosse com as pessoas que eu amava e que me amavam de volta. Eu só queria poder aproveitar mais, viver mais e poder ter mais momentos como esse. Eu me lembrei de quantos anos eu perdi sem querer comemorar meu aniversário, me remoendo pelas coisas ruins que tinham me acontecido e agora eu só conseguia pensar que eu queria poder viver mais um ano para ter uma noite tão incrível e maravilhosa como aquela que eu estava tendo.


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