Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 77
Se não fosse amor - Cap. 34: Um novo lar.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!!!
Tô sendo super boazinha postando rápido né? hahaha
Beijão!!!



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POV Matthew Davis

Sophie e eu ficamos conversando ainda por mais uns minutos, mas ela caiu no sono um pouco depois. A cobri com o lençol e voltei para cozinha, organizando tudo e lavando o que tínhamos sujado, depois coloquei mais ração para Baby e Cristal e fui para o closet dela ver se ainda existia alguma roupa minha ali que eu pudesse usar para dormir. Vasculhando um pouco, achei uma calça de moletom antiga e peguei a minha camisa que ela costumava usar para dormir. Tomei um banho rápido, tentando ser o mais silencioso possível e quando sai do banheiro, ela ainda estava dormindo na mesma posição. Deitei ao seu lado me cobrindo com o lençol, com cuidado e dormir. Em algum momento da noite, acordei e ainda sonolento, percebi que estava com a cabeça deitada nas costas de Sophie, com os braços ao redor dela e sua mão estava em cima da minha. Eu estava com sono demais para pensar em como isso tinha acontecido, em como eu tinha parado ali e estava muito confortável, confortável até demais, então apenas recostei-me, a puxei para mais perto e voltei a dormir.

Acordei com um susto, Sophie tirando meu braço de cima dela e se levantando correndo, indo em direção ao banheiro e fechando a porta. Pisquei algumas vezes e percebi que já estava de manhã, olhei para o relógio, eram 6h30min e ouvi um barulho vindo do banheiro. Ela está vomitando? Levantei e quando tentei abrir a porta do banheiro, estava trancada.

“Sophie? Abre aqui!” Falei batendo na porta e a ouvi vomitando de novo.

“Não vai entrar aqui agora.” Ela disse com a voz falha e eu comecei a tentar forçar a porta para que abrisse.

“Está passando mal, deixa de besteira e me deixa entrar ou eu vou por essa porta abaixo!” Gritei.

“Eu estou bem.” Ouvi o barulho da torneira e logo depois, ela parecia estar escovando os dentes.

“Corrija-me se eu estiver errado, mas se você estivesse bem mesmo, não estaria vomitando.” Disse com ironia e ela abriu a porta de uma vez, quase me fazendo cair por estar encostado nela.

“Eu devo ter comigo alguma coisa que não fez bem, apenas isso.” Ela deu de ombros e saiu entrando em seu closet.

“Então ontem você passou mal por que não comeu e hoje passou mal por que comeu?” Falei a seguindo e ela me olhou assentindo.

“Quer saber? Ainda é muito cedo pra lidar com suas esquisitisses...” Voltei para a cama e deitei, estava sentindo uma moleza no corpo, como se estivesse ficando doente. Em todo caso, só queria conseguir dormir mais meia hora, pelo menos.

Quando acordei de novo, estava me sentindo pior. Fazia muito tempo que eu não ficava doente e não era algo que eu sentia falta, com toda certeza. Senti minha garganta doendo e levantei indo para a cozinha, Sophie estava sentada no balcão da cozinha, de óculos, com uma xícara na mão e lendo uma revista de economia. Abri a geladeira pegando uma garrafa de água e sentei no banco ao lado do balcão.

“Você está com uma cara péssima.” Ela disse me observando. “Está doente?”

“É, acho que deve ser uma gripe, nada demais.” Vi que a sua caixa de medicamentos estava ao seu lado. “Não dá pra me arranjar nenhuma dessas suas droguinhas pra eu ficar bom?” Disse com diversão e ela pegou a caixa, a agarrando e rindo.

“Nunca se meta entre uma mulher e suas droguinhas.” Ela falou e eu comecei a rir. “Mas você precisa se cuidar.”

“Não sou eu quem estava colocando o pulmão para fora mais cedo...”

“Eu já falei que não foi nada demais.” Ela revirou os olhos. “Eu fiz café, se você quiser. E tem aquele bolo que você gosta.”

“Se você está tentando me conquistar pelo estomago.” Levantei e a olhei sério. “Saiba que está indo por um caminho muito sábio.” Sorri e ela sorriu também.

Estávamos comendo juntos, quando a porta se abriu com Kenny e Luke. Kenny veio correndo na direção de Sophie, que desceu do balcão e o abraçou.

“É tão bom ter você de volta!” Ele disse a soltando. “E você está incrível! Adorei o cabelo mais longo!”

“É muito bom estar de volta também!” Sophie sorriu e Luke veio a abraçar também. “A propósito Ken, eu trouxe umas coisas que o Ethan pediu para te entregar.” Engasguei com o café ao ouvir a última frase e todos olharam para mim.

“Desculpem...” Falei limpando a boca com um guardanapo. “Você disse Ethan?”

“Sim, ele e Sophie se encontraram têm umas semanas.” Luke disse e eu olhei para Sophie.

“Não diga...” Falei com sarcasmo. “Onde se encontraram?”

“Paris. Um pouco antes de voltar para cá.” Ela respondeu e voltou sua atenção para Kenny.

“E como ele estava?” Ken perguntou.

“Incrível, como sempre.” Ela sorriu e eu torci o nariz. “Ele está sendo muito reconhecido pelo trabalho que vem fazendo, está viajando por toda a Europa e morrendo de felicidade.”

“Awn, eu fico tão feliz em ouvir isso!” Kenny a abraçou de novo.

“Ele disse que vai tentar achar uma brechinha pra conseguir vir aqui nos visitar.” Sophie disse. Eba! “Mas vem, estou louca pra te dar os presentes que ele mandou e tem presentes pra você também Luke.” Ela foi andando em direção ao quarto com Kenny, mas Luke ficou.

“Achei desnecessário comentar isso com você.” Luke se apoiou no balcão, tentando se explicar.

“Claro, não tem importância...” Disse ironicamente e percebi uma coisa. Desmaios, vômitos e Ethan... “Ah não... Só pode ser brincadeira.” Falei e Luke me olhou confuso. “Eu sou o cara mais azarado desse mundo! Devo ter cometido algum crime muito sério nas vidas passadas e estou pagando agora!” Falei exasperado.

“Eu não estou entendendo nada, do que você está falando?”

“Ela passou mal ontem, desmaiou na empresa e hoje cedo, estava vomitando.” Disse e Luke parou pensativo e me olhou incrédulo.

“Acha que ela está...?”

“Grávida? Bom, é uma possibilidade. Principalmente sabendo agora que o soldadinho estava com ela e logo onde, Paris, só a merda da cidade mais romântica do mundo!”

“Mas ela disse que tem problemas para engravidar e toma pílula faz anos!” Luke disse pensativo.

“Ela está tomando muitos remédios ainda, Lindsay me disse uma vez que tem medicamentos que anulam o efeito da pílula e ela nunca disse que era impossível ficar grávida, só que era bem difícil disso acontecer. E se tiver dado certo dessa vez?”

“Será?” Luke falou animado e eu o fuzilei com os olhos. “Quero dizer...” Ele limpou a garganta. “Temos que falar com ela para saber se essa sua teoria está certa.”

“Eu não quero nem ouvir, melhor eu ir embora.” Levantei e Luke me puxou pelo braço.

“E vai me deixar sozinho aqui com ela? Não senhor, a ideia foi sua, trate de ficar sentando aí.”

“Alguém me mate, por favor...” Resmunguei e terminei de tomar meu café.

Alguns minutos torturantes depois, Sophie e Kenny voltaram para a sala rindo e Ken segurando várias sacolas de presentes.

“Tem umas lembrancinhas aqui para você!” Kenny entregou algumas sacolas para Luke que esboçou um sorriso.

“Sabem como me comprar mesmo.” Ele falou com diversão.

“Bom, vamos para casa? Preciso de um banho e de umas horas de sono.” Ken disse e Luke assentiu.

“Eu já vou indo, pode ir na frente se quiser.”

“Está bem.” Ken lhe deu um beijo no rosto e se despediu de Sophie e de mim, ele saiu e fechou a porta. Luke e eu trocamos olhares, um querendo que o outro falasse primeiro.

“O que foi?” Sophie falou com os braços cruzados.

“Nada...” Luke deu de ombros.

“Então por que estão se olhando assim? Tá rolando um clima e eu não sei?” Ela perguntou rindo e eu suspirei.

“É que... Bem... Baseado no seu mal estar de ontem e no de hoje mais cedo...” Comecei a falar. “E na recente descoberta de que você e Ethan estavam juntos...”

“Onde estão querendo chegar?” Sophie franziu a testa e eu olhei para Luke.

“Sophie...” Luke disse receoso. “Você está grávida?” Ele disse e Sophie gargalhou.

“É sério?” Ela falou quando percebeu que nós não estávamos rindo. “Não, não pode ser uma pergunta séria.”

“Você desmaiou, teve enjoo...” Falei. “São sintomas normais de gravidez.”

“Vocês beberam?” Ela disse com ironia.

“Ok, se você não quer responder ou não sabe, vamos fazer um teste. Tem uma farmácia aqui perto, eu compro lá.” Luke disse e eu concordei.

“Espera aí!” Sophie disse exasperada. “Eu não vou fazer teste nenhum, eu não estou grávida!”

“Se você tem tanta certeza, não custa nada fazer o teste. Só vai nos provar que estamos errados.” Disse e Luke assentiu.

“Vocês sabem que eu tenho problemas de fertilidade, não é possível que estejam cogitando isso.”

“Então explique o desmaio e o vomito.” Luke falou e Sophie respirou fundo.

“Eu tenho 150% de certeza de que eu não estou grávida.” Ela disse.

“E porque não poderia?” Perguntei.

“Por que eu não...” Ela gritou impaciente e se calou. “Eu não fiquei com ninguém desde que eu fui embora.” Ela disse visivelmente constrangida.

“Como não?” Luke falou confuso. “Você e o Ethan não...?”

“Vocês acham mesmo que eu e o Ethan...” Ela disse incrédula e bufou. “Saímos algumas vezes, apenas como amigos, só isso. Não aconteceu nada!” Ela disse com raiva. “E já que a última pessoa com quem estive foi você...” Ela apontou para mim. “Então sim, talvez eu esteja mesmo grávida, mas como já faz mais de um ano, deve ser um filhote de elefante que eu carrego dentro de mim.” Ela falou com sarcasmo.

“É que achei que...” Disse e me calei, nem sabia o que falar.

“Bom, achou errado.”

“Como aguentou um ano sem sexo?” Luke falou perplexo.

“Eu tinha coisas mais importantes para fazer...” Ela deu de ombros.

“Coisas mais importantes? Tipo o quê? Compras?” Luke falou e ela assentiu.

“Leva-se muito tempo para fazer compras, é uma arte.” Ela falou. “Os dois patetas tem mais alguma ideia brilhante que queiram compartilhar comigo?” Luke e eu fizemos que não com a cabeça. “Ótimo!” Ela saiu andando para o seu quarto e fechou a porta.

“Porque está rindo?” Luke perguntou e eu percebi que estava sorrindo de orelha a orelha.

“Alivio, eu diria.” Falei.

“Alivio por ela não estar grávida ou por ela não ter tido uma recaída pelo ex namorado?” Luke falou rindo.

“Eu diria que os dois.” Disse rindo também.

“Eu vou sair para deixá-los mais a vontade...” Luke riu maliciosamente e saiu fechando a porta.

Voltei para o quarto e Sophie estava olhando algo no computador, deitei ao seu lado.

“O que está fazendo?” Perguntei e ela continuou com os olhos fixos no notebook.

“Vendo uns sites de decoração...” Ela disse distraída.

“Vai redecorar aqui?”

“Quase isso...” Ela me encarou séria. “Sabe o que eu estou sentindo agora?”

“O quê?”

“Desejo de comer sorvete de chocolate com abacaxi e calda de caramelo.” Ela disse debochando.

“Muito engraçada...” Falei irônico.

“Não é isso que as grávidas fazem? Tem desejo de comer um monte de coisa. E se você não trouxer, nosso filho vai nascer com cara de abacaxi.”

“Nosso bebê elefante, você quer dizer.”

“Isso mesmo.” Ela concordou e voltou a atenção ao seu computador.

“Então...” Comecei a falar. “Não conheceu ninguém nesse tempo que esteve fora?”

“Conheci várias pessoas. Precisa ser mais especifico...” Arqueei a sobrancelha e ela me olhou rindo. “Sim, recebi alguns convites para sair de alguns psêudos-pretendentes. Mas ninguém que me interessasse.”

“Hum...” Falei pensativo e comecei a tossir.

“Olha só, dá pra manter uma distância segura?!” Sophie disse séria. “Você claramente está gripado e eu não posso sequer pensar em ficar doente no meu estado atual.”

“Que estado atual?” Perguntei e ela desviou o olhar de mim.

“Me recuperando de uma cirurgia ué, já esqueceu o que conversamos ontem?”

“A cirurgia que você fez meses atrás e que já se recuperou, também, há meses atrás?” Disse e ela bufou fechando o computador.

“Você me deixa confusa.” Ela levantou e começou a arrumar suas coisas.

“Vai sair?”

“Vou.”

“Pra onde?”

“Resolver umas coisas.”

“Que coisas?” Disse e ela se virou me olhando impaciente.

“Minhas coisas.”

“Ok, eu vou também.” Levantei e ela pegou sua bolsa em cima da cadeira.

“Não vai não. Está doente e está me enchendo. Vai ficar deitado.” Ela caminhou até a porta e eu a segurei pelo braço.

“Alguma hora você vai ter que contar o que aconteceu nessa viagem.”

“Eu já contei o que aconteceu.” Ela se fez de desentendida.

“Contou o que aconteceu em metade dela. Você não queria ficar fora e não queria ficar sem mim. Então por que não voltou antes?”

“Você tá sendo um pouco convencido demais Matthew.”

“Sophie você estava fora e terminou comigo, se queria mesmo essas duas coisas, então por que não ficou com outra pessoa?” Disse e ela ficou calada. “Nunca deixou de gostar de mim, só não entendo por que insistiu em me deixar longe de você.”

“Eu tenho que ir. Vou levar os cachorros comigo.” Ela se soltou de mim e abriu a porta. “É melhor você ir para casa.” Ela falou e saiu.

Sophie Trammer, a mulher mais frustrante desse mundo.

Não vi Sophie durante todo o fim de semana, em partes por que eu não tinha saído de casa, a gripe realmente tinha me pegue de jeito e ela não ligou, ou mandou alguma mensagem. Também não fiz isso. Eleanor tinha vindo para meu apartamento no sábado, ao domingo ela estava de plantão, por isso não tínhamos nos visto, ela sempre ficava muito cansada depois de um plantão no hospital. Já era segunda e eu me sentia péssimo, tudo doía, estava suando mesmo com frio e minha cabeça estava latejando de dor. Eu não tinha condições de sair hoje, não tinha como isso acontecer, mas ainda precisava terminar vários documentos e eles não podiam esperar até que eu ficasse bom.

“Presidência da Trammer’s, bom dia.” Jason atendeu ao telefone com a saudação rotineira.

“Jason é Matthew...” Falei rouco.

“Sr. Davis, tudo bem?” Ele perguntou preocupado.

“Sim é apenas uma gripe ou algo do tipo, vou sobreviver, embora ache que estou já estou vendo a luz no fim no túnel.” Falei e Jason riu.

“Imagino que não venha hoje ao escritório...”

“Não vou, mas tenho que trabalhar, por isso liguei. Tem duas pastas em cima da minha mesa, peça para virem deixar aqui para mim. Veja se Brian pode, se não puder peça para qualquer outro que venha, por favor.”

“Tudo bem senhor, vou cuidar disso agora.”

“Obrigado Jason, eu ligo qualquer coisa.”

“Ok, melhoras Sr. Davis.” Ele falou e eu desliguei voltando a me cobrir com o lençol.

Eu estava com fome, mas me sentia enjoado ao mesmo tempo e eu não sabia como isso era possível. Apenas virei de lado e dormi de novo. Ouvi a campainha tocando e só podia ser Brian com os documentos que eu havia pedido para ele trazer. Levantei depois de muito sacrifício e quando abri a porta, Sophie estava lá com as minhas pastas na mão e olhando de cima a baixo com a testa franzida.

“Nossa...” Ela disse e me olhou nos olhos. “Você está horrível.” Bufei impaciente e peguei as pastas da sua mão.

“Obrigado.” Falei e fechei a porta, jogando as pastas no sofá e voltando para a cama, deitando de bruços.

Ouvi a porta abrindo de novo e quando abri um olho, Sophie estava parada ao lado da minha cama de braços cruzados.

“Muito educado da sua parte, fechar a porta na cara de quem veio te fazer um favor.” Ela disse com ironia e eu coloquei um travesseiro em minha cabeça.

“Sophie, você podia fazer um outro favor e não ser você só por um dia? Só por hoje você pode fingir ser uma mulher normal, sem ironias e sem sarcasmo?” Falei quase sem voz. “Era para Brian ter vindo, ou qualquer outro ser vivo. Por que você veio?”

“Porque eu estava na empresa, Brian estava cheio de coisas para fazer e eu me ofereci gentilmente para trazer esses papéis que você pediu.”

“Ok, já entregou, obrigado. Sabe o caminho da saída.”

“Você tomou algum remédio ou sequer comeu alguma coisa?”

“Não Sophie...” Resmunguei e ela tirou o travesseiro de cima da minha cabeça.

“E você pode não ser você só por hoje também?” Ela disse irritada. “Eu não sei se deu pra notar, mas eu quero ajudar.”

“Eu não preciso de ajuda, é só uma gripe, ninguém morre de gripe.” Disse impacientemente, por que eu só queria dormir e descansar em paz, o que não estava sendo possível.

“Na verdade dá pra morrer de gripe sim, se você não cuidar uma hora você morrer, com certeza.” Ela sentou ao meu lado. “Só pela sua cara dá pra ver que está com febre, provavelmente não comeu nada... Deixa eu te ajudar.” A olhei e ela parecia preocupada de verdade, então apenas assenti em silêncio e ela estendeu a mão para que eu sentasse e assim o fiz.

Ela tirou minha camisa e saiu, voltando com uma camisa limpa e uma toalha, se abaixou na minha frente e secou meu suor do rosto, pescoço, ombros, barriga e costas, me deu a camisa limpa e saiu voltando um pouco depois com um comprimido e um copo com água.

“É para febre e dor muscular.” Ela disse e eu tomei o remédio. “Pode deitar, eu vou fazer alguma coisa pra você comer.”

“Sophie eu não quero dar trabalho, posso ligar para algum lugar...”

“Não é trabalho.” Ela sorriu de uma forma tão doce que não tinha como recusar. “Só descansa e deixa o resto comigo.” Ela pegou meu copo e saiu do quarto.

Deitei me enrolando e dormi rapidamente.

“Matt?” Ouvi a voz de Sophie e abri os olhos, me sentindo com menos frio do que estava sentindo antes. Sophie estava com os cabelos presos e sem o casaco que estava usando quando chegou, ela pôs a mão em minha testa e sorriu. “Passou sua febre, ainda bem. Agora só falta comer.” Ela saiu e voltou com uma bandeja com um prato de sopa e um copo com suco.

“Você que fez isso?” Perguntei sentando.

“Sim, eu ainda lembro como se usa um fogão.” Ela falou rindo e colocou a bandeja em minha cama.

Peguei a colher e tomei um pouco da sopa, a minha garganta não doeu quando eu engoli e estava muito gostosa, percebi que estava realmente com fome.

“Nossa...” Sorri. “Muito boa.” Disse, ela sorriu abertamente e eu continuei comendo.

“Essa sopa é receita da enfermeira que ficou cuidando de mim quando eu me operei.”

“É? Ela devia cozinhar muito bem.” Falei.

“Sim, ela era ótima.”

“Dos lugares que você foi, qual gostou mais?”

“Ah depende...” Ela cruzou as pernas em cima da cama. “É tudo muito diferente, as culturas são diferentes e aí acaba que cada lugar te conquista de alguma forma.”

“Então pensa rápido, só vale dizer o nome de um lugar.” Falei e ela assentiu. “Clima?”

“Inglaterra.”

“Arquitetura?”

“Grécia.”

“Culinária?”

“Itália, com toda certeza.” Ela sorriu. “Eu não sei a mágica que eles fazem, mas a massa de lá... Meu Deus!” Ela suspirou e eu ri bebendo o suco. “Sabe que eu tenho uma queda por massa.”

“E como sei...” Sorri também.

“Inclusive, lá tem uma franquia de restaurantes por todo o país que é incrível, super conhecido por lá. Eu falei com o gerente de um deles e ele pareceu bem animado com a ideia de ter um estabelecimento em Nova Iorque, acho que ia valer a pena o investimento.”

“Claro, só me passe o contato e a gente negocia.” Falei e seus olhos brilharam de animação. “Sabe que eu fiquei até com um pouco de inveja de você...”

“De mim? Por quê?” Ela perguntou surpresa.

“Sempre tive essa vontade de sair por aí viajando, conhecer outros lugares...”

“E por que você não faz isso?”

“Porque eu vivo no mundo real em que eu tenho que trabalhar.” Disse rindo, mas ela ficou séria.

“Sabe que...” Ela ficou pensativa. “Uma das coisas que eu percebi nesse tempo fora, é que a vida é muito curta, curta até demais. Ás vezes você só precisa tirar um tempo e apreciar tudo, entende?” Eu assenti. “Eu acho que você deveria sim viajar, passar um tempo fora indo pra onde quisesse... Não se preocupar tanto com o trabalho. Eu mesma sempre achei que se saísse dali, tudo ia desmoronar. Mas fui despedida, fui embora, passei um tempo fora e quando voltei, tudo estava no seu devido lugar.”

“Então está me dando permissão, como minha chefe, para que eu tire férias?” Falei com diversão e ela riu.

“Não, estou te dando um conselho, como sua amiga e companheira. Tire férias.”

“É...” Segurei sua mão. “E se você quiser ir...” Antes que eu conseguisse terminar a frase, ouvi alguém batendo na porta e abrindo.

“Matt?” Era a voz de Eleanor. Puta merda... Sophie soltou sua mão da minha e Eleanor surgiu no meu quarto e me olhou sem graça quando viu que eu estava acompanhado. “Eu vim ver se você está melhor, desculpa, atrapalhei algo,não é?”

“Não, de forma alguma.” Sophie ficou de pé.

“Eleanor essa é Sophie Trammer, Sophie essa é a Eleanor Griffin.” Disse tentando não parecer tão constrangido como eu estava. Um buraco para eu enfiar minha cara, por favor...

“Prazer.” Eleanor estendeu a mão para Sophie e elas se cumprimentaram.

“Bom, eu estava de saída já, só vim trazer uns documentos do trabalho para o Matthew.” Sophie disse.

“Eu posso ir embora, não tem problema.” Eleanor falou esboçando um sorriso.

“Não precisa, eu realmente já estava indo.” Sophie me olhou. “A gente se fala depois.”

“Tudo bem e obrigado. Por tudo.” Disse e ela assentiu sorrindo e saiu.

“Eu atrapalhei mesmo, não atrapalhei?” Eleanor me disse envergonhada.

“Não atrapalhou não, relaxa.” Sorri e ela sentou na cama, ao meu lado.

“Ela que fez isso tudo?” Assenti. “E você como está? Sinto muito não ter vindo antes, o plantão foi bem puxado.”

“Imagina Lenny... Eu estou melhor, tomei um remédio e a febre passou.” Coloquei a bandeja no chão. “Chega a ser ridículo um homem deste tamanho de cama por causa de uma gripezinha.”

“Para com isso...” Ela riu e ficamos conversando mais um pouco.

Eleanor ficou me fazendo companhia o resto da tarde, mas eu fiquei pensando em Sophie o tempo todo... Tinha que conversar com ela depois. Mesmo com essa história de cirurgia e a minha raiva por ela não ser completamente sincera sobre as coisas, mesmo sem ter reatado um relacionamento, eu ainda sentia que devia uma explicação para ela, porque Eleanor e eu éramos amigos. Sim, dormimos juntos algumas vezes, mas nada demais, no fundo nós só servíamos para tampar os espaços vazios que o outro tinha.

No dia seguinte, eu me sentia melhor, com um pouco de dor na garganta e na cabeça, mas já dava para ir ao trabalho e eu ficava inquieto demais em casa sozinho. Cheguei ao escritório e depois de algumas horas, li alguns e-mails e um deles me chamou atenção. Não era para mim, eu estava sendo apenas copiado em um contrato de um imóvel, no valor de um pouco mais de 7 milhões de dólares. Abaixei para ver de quem era o endereço original e era o e-mail de Sophie, como ela retirou esse valor da conta da empresa, eu era copiado automaticamente. O imprimi e saí indo em direção ao seu apartamento.

Estacionei e subi para o seu andar, quando abri a porta ela pulou de susto quando me viu, estava de calça jeans e camiseta, comendo cereais com leite no sofá da sala, enquanto assistia televisão e Baby e Cristal vieram correndo em minha direção.

“Você podia avisar quando está vindo, no mínimo...” Ela disse com sarcasmo, limpando a boca com um guardanapo. “Sua namorada vai aparecer aqui de surpresa também?”

“Eu não tenho namorada.” Bufei. “Comprou um imóvel de 7 milhões de dólares?”

“Comprei.” Ela disse tranquilamente.

“Eu não deveria ser avisado disso?”

“Não, o dinheiro é meu.” Ela deu de ombros.

“O dinheiro estava na conta da empresa.”

“Empresa essa, que é minha.”

“Empresa essa, que eu administro.”

“Não vai me convencer a voltar atrás e nem dá mais tempo também, já assinei o contrato e já está tudo no nome da nova proprietária.”

“Então vai se mudar?” Sentei na poltrona.

“Essa é a intenção...”

“Mas porquê? Achei que gostasse daqui! Vai se desfazer desse apartamento?”

“De forma alguma. Tenho lembranças boas demais aqui para vender isso a um estranho qualquer.” Ela colocou sua vasilha em cima de mesa. “Mas eu encontrei a casa dos meus sonhos.”

“A casa dos seus sonhos?” Repeti confuso, ela concordou, se levantou pegando um casaco e estendeu a mão para mim.

“Vem.” Ela disse sorrindo.

“Pra onde?”

“Quando você ver a casa, você vai entender.” Segurei sua mão e levantei também.

Ela chamou Baby e Cristal e eles vieram animados conosco.

“Eles vão também?” Perguntei.

“Eles adoram lá.”

Descemos no elevador com os dois cachorros e quando chegamos ao estacionamento, Sophie abriu a porta traseira e os dois entraram. Sentei no banco do passageiro e Sophie entrou no carro também e saímos. Não dissemos muitas coisas ao longo do caminho, nem tocamos no assunto Eleanor, a viagem não foi tão longa também, logo chegamos a um condomínio fechado e os portões se abriram, nos permitindo entrar. Sophie parou em frente a uma enorme casa, toda branca e assim que estacionou e abriu a porta para os cachorros desceram, eles saíram correndo pela propriedade.

“Uau...” Falei perplexo e ela pegou minha mão me puxando para dentro. Eu tinha vindo pronto para brigar por ela ter gasto tanto em uma casa, mas ela estava tão animada que eu não tinha como brigar por aquilo.

Entramos na sala principal, que era enorme. Tinha um lustre pendurado, lareira... Algumas coisas estavam sendo reformadas, mas no geral era de tirar o fôlego.

“Eu quero te mostrar a melhor parte.” Ela disse e me guiou até o jardim dos fundos.

Baby e Cristal estavam correndo de um lado para outro lá e ainda tinha uma piscina mais a frente. O lugar todo era incrível, era como ter uma floresta particular. Tinham árvores, tudo muito verde, cheio de vida e quando o vento batia, um cheiro maravilhoso das flores vinha com ele. Sophie tirou as sandálias e caminhou para o gramado, tirei os sapatos e o paletó e a acompanhei.

“Quanto tempo fazia que você não sentia a grama nos seus pés?” Ela perguntou e era realmente muito difícil raciocinar quando ela estava tão linda com os cabelos ao vento e sorrindo daquela forma.

“Muito tempo.” Admiti e ela começou a correr brincando com Baby e Cristal e eu a segui, correndo também.

Eles dois com certeza estavam mais felizes aqui do que trancados em um apartamento, talvez esse tenha sido o principal motivo para ela querer se mudar. Mas o fato é que, além de fazer bem para os dois monstrinhos, aquele lugar fazia bem para ela também e ele me fazia bem. Eu esqueci completamente que estava doente, era como se ali tivesse algum anestésico que nos fizesse esquecer de tudo. Corri atrás de Sophie e a abracei por trás, a levantando, enquanto ela ria como nunca a tinha visto rir, ela ria com vontade e depois de perder o equilíbrio, caímos os dois na grama rindo.

“Entendeu agora porque eu comprei?” Ela perguntou deitando de barriga pra cima e eu deitei de lado a olhando.

“Acho que valeu a pena cada centavo...” Ela olhou para mim e eu tirei o cabelo de seu rosto. “Você está tão bonita agora.”

“Sua namorada não iria gostar de você chamando outras mulheres de bonita.” Ela falou e eu levantei a sobrancelha.

“Ela não é minha namorada.” Falei sério e alisei seu rosto. “Só tem uma mulher nesse mundo que eu queria namorar... E ela não tem ideia de como eu estou com vontade de beijá-la agora.”

“Talvez você devesse beijá-la se está com tanta vontade assim...”

“E correr o risco de passar gripe para ela? Jamais!” Disse rindo e ela riu também colocando uma mão em meu rosto.

“Tem uns riscos que vale a pena correr.” Ela falou e foi o suficiente para me fazer beijá-la.

Não era nada calmo e delicado, era um beijo desesperado. Me amaldiçoei cada segundo por não conseguir ser forte o suficiente para ter raiva dela, mas não dava... Ela mexia comigo de uma forma que não dava para explicar, só sentindo para conseguir entender. Lembrei-me do que Lindsay me disse quando conversamos, ‘Se não fosse amor, você teria desistido’. Então vai ver era isso, toda essa loucura, essa falta de bom senso, esse desejo todo era apenas e simplesmente amor. Na sua forma mais pura e forte possível e nada mais me importava, porque só ela me fazia agir feito um louco como eu agia, só ela conseguia despertar o pior e o melhor de mim e a quem eu estaria tentando enganar? Eu amava sentir essa emoção, a adrenalina, amava todos os sentimentos que vinham juntos, não só os bons, mas os ruins também, eu simplesmente amava. Amava Sophie Trammer.


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Notas finais do capítulo

Quem curte #Mophie levanta a mão!!!