Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 70
Se não fosse amor - Cap. 27: Uma Trammer desempregada.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!!!
Muito obrigada as lindas que comentaram no capítulo anterior,
Boa leitura meninas,
Beijos!!!



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POV Sophie Trammer

“Você está louco? Ou é a idade que já está afetando os seus neurônios?” Disse. “Não vou pedir demissão e muito menos ser demitida!”

“Eu espero que saiba que não tem nada demais rasgar esse papel, eu tenho outra cópia aqui comigo, já prevendo essa sua reação dramática e patética.” Ele riu cínico tirando outro papel do bolso. “Respondendo a sua pergunta, não eu não estou louco, nunca estive com as minhas faculdades mentais tão em ordem como agora. Retire seus pertences pessoais do escritório e desça no RH para dar baixa na sua ficha.”

“Eu acho que você não tá entendendo...” Respirei tentando me manter calma. “Eu não vou sair daqui. Essa empresa é minha também, você não pode me demitir!”

“Na verdade eu posso, já que eu tenho a maioria das ações... Não precisa se preocupar em relação ao dinheiro vai continuar sendo depositado todo mês na sua conta, você só não vai mais poder entrar aqui.”

“Por que isso agora?” Falei confusa. “É pelo o que eu disse na festa? Isso já foi resolvido, você não me ouviu?”

“Ah pode ficar tranqüila...” Ele sentou na cadeira e cruzou a perna. “Foi algo bem pior. Você por acaso já ouviu falar no nosso código de ética?”

“Se eu ouvir falar?” Disse com ironia. “Eu que redigi o novo código de ética.”

“Ótimo, então você saberia me dizer o que está intitulado no item 6 desse código?”

“O item 6 fala sobre a política de não-confraternização entre funcionários...” Parei de falar, percebendo onde ele estava querendo chegar. “Você só pode estar de brincadeira.” Ri com sarcasmo.

“Eu confesso que fui pegue de surpresa e se não fosse a Amy, talvez eu nunca iria perceber isso.” Ele me olhou e eu andei ficando de frente para ele, que se levantou. “Há quanto tempo está fudendo com o Davis-Filho?” Richard perguntou calmamente e eu levantei a mão, lhe dando um tapa em seu rosto.

“Não ouse faltar ao respeito comigo!” Falei sentindo a minha mão formigar e ele me olhou arrogantemente. “Eu não estou fudendo com o Davis-Filho, eu sou namorada do Matthew Davis então cuidado com a sua escolha de palavras.”

“Tem uma mão forte...” Ele deu as costas para mim e começou a andar pela sala, observando tudo. “Infelizmente, não posso fazer nada por vocês dois.”

“Richard nós dois somos adultos e perfeitamente capazes de separar o profissional do pessoal, nunca deu problema e não vai dar, eu não aceito essa sua decisão de demissão por um motivo fútil desses!” Disse coma voz levemente alterada.

“Não posso aceitar isso só por que é você, o que os outros funcionários iriam pensar de mim? Que tipo de chefe eu seria?”

“Você nem pode ser chamado de chefe, Richard, me poupe dessas suas ironias!” Gritei. “Agora eu acho que temos assuntos mais sérios para tratar do que com quem eu estou namorando.”

“Por exemplo?” Ele me olhou.

“Por exemplo...” Cruzei os braços e apoiei-me na mesa. “Uma moça chamada Beatriz.” Richard mudou sua expressão arrogante e autoritária, para completa surpresa e choque.

“Eu não sei do que você está falando.”

“Tem certeza? Por acaso não é ela que estava tentando acabar comigo?” Richard se aproximou de mim, me puxando com força pelo braço.

“Quem te disse sobre a Beatriz? Quem?” Ele gritou me apertando cada vez mais.

“Não é da sua conta!” Gritei de volta. “E me larga agora, se não eu não respondo por mim!”

“Presta bem atenção, fica longe dessa história, eu estou mandando! Ao invés de ficar se metendo onde não deve, devia se preocupar sobre estar indo pra cama com um cara que trabalha para você!”

“Ele não trabalha para mim...” Cerrei os dentes e puxei o meu braço, me soltando. “Ele trabalha comigo.”

“Foda-se!” Ele levantou o punho fechado e eu não consegui me mover, o medo me travou ali, naquele lugar. Richard acertou em cheio a parede atrás de mim, bem próximo ao meu rosto e eu consegui voltar a respirar quando ele deu uns passos para trás, se afastando e colocou o maldito papel em cima da mesa, pegando uma caneta minha e voltando a ficar na minha frente. “Assina. Agora.”

“Não vou assinar nada, você não pode me proibir de trabalhar aqui.”

“Experimente. Hoje mesmo a ordem para que você não entre mais aqui já vai ser repassada para toda a segurança.”

“Acontece que eles obedecem a mim!”

“Eles obedecem a quem é o dono de tudo, você é a dona do prédio? Que eu saiba não. Então assina essa porra.”

“Por que você não diz a verdade? Essa historinha de me demitir por causa do Matthew não convenceu!” Falei impaciente.

“Essa é a única verdade. E se você não assinar esse papel, quem vai assinar é o próprio Matthew.” Franzi a testa. “A carta de demissão dele.”

“O quê?” Falei perplexa. “Está me ameaçando de demitir ele se eu não assinar a minha demissão?”

“De forma alguma. São as normas, apenas isso.” Ele deu de ombros. “Você não disse que foi você quem redigiu o código de ética? Deveria saber que nesses casos...”

“Um dos dois é desligado da empresa.” O interrompi.

“E se eu fosse você, usava o cérebro. A partir de amanhã não vai mais poder entrar aqui, de qualquer forma. Deveria ao menos preservar o emprego do seu namoradinho.”

“Tudo bem...” Peguei a caneta de suas mãos. “Eu assino, se você me disser quem é Beatriz.”

“Não vou te dizer quem é Beatriz.”

“Então eu não assino nada.” Levantei a sobrancelha. “Ela tentou acabar comigo, eu tenho direito de saber quem é essa mulher!”

“Ela não estava tentando acabar com você, sua imbecil, ela estava tentando chamar minha atenção.” Ele disse já impaciente.

“E por quê? Quem é ela?”

“É uma ex-namorada, de muitos anos.”

“Ex? E porque ela queria chamar sua atenção?” Falei confusa.

“Porque é uma idiota, igual você.” Ele se virou sentando novamente na cadeira.

“Isso não faz o menor sentido. Você falou que meu acidente de carro não foi acidente e só podia ser essa Beatriz também. É assim que ela queria chamar sua atenção? Me matando?”

“Não temos provas de que foi ela, pode ter sido realmente um acidente.”

“Richard, você mesmo foi na minha casa dizer que não foi um acidente.”

“E eu estou dizendo agora pra você calar essa sua boca e fazer o que eu estou mandando.” Ele falou exaltado.

“Você está sendo injusto comigo. Fui eu quem manteve essa empresa em pé durante todos esses anos, eu dei meu sangue por tudo isso aqui e é isso que eu ganho em troca?”

“Você deveria estar me agradecendo, isso sim.” O olhei incrédula.

“Agradecer? E por que mesmo? Por estar me fazendo passar uma humilhação pública sendo demitida pelo meu próprio pai?”

“Qualquer pessoa no mundo iria querer ganhar dinheiro sem trabalhar, viver de férias. Aproveite a oportunidade.”

“Não quero viver de férias, quero trabalhar, ser útil pra alguma coisa.”

“Ainda vai ser útil pra alguma coisa. O Davis ainda deve te querer pra passar o tempo...” Ele disse com desdém.

“Qual a sua aversão pelo Matthew? Você é amigo do pai dele, não devia estar feliz por nós dois estarmos juntos?”

“E eu ligo pra quem você namora ou deixa de namorar, Sophie? Poupe-me desse seu sentimentalismo.”

“E o que você vai dizer para as pessoas? Vai falar que me demitiu por que eu durmo com o vice-presidente? A imprensa vai amar essa versão!” Ri irônica.

“A versão oficial é que você se demitiu para poder ter mais tempo para cuidar da saúde. Fim de conversa.”

“Eu não posso acreditar que você vai fazer isso comigo...” Falei chocada.

“E não posso acreditar que está tão surpresa.” Ele se levantou. “Assine logo para que eu possa ir embora, finalmente.” Ele falou e eu peguei o papel, o apoiando na mesa.

“Não vai mexer com o Matthew.” O olhei séria.

“Ele vai ter o emprego dele até quando ele quiser ter.” Ele disse e eu apenas assenti. Assinei onde estava marcado com um X e devolvi a ele o papel. “Gostaria de dizer que foi um prazer trabalhar com você, mas isso não será possível.” Richard sorriu triunfante.

“E eu gostaria de dizer que vou aceitar suas ordens, mas não será possível.” Sorri também e ele me olhou sem entender, andei ficando em sua frente e cruzei os braços. “Acha que isso aqui não vai ter volta?” Falei entre os dentes. “Você vai me pagar Richard e vai pagar muito caro por ter feito isso comigo.”

“Aguardo ansioso.” Ele debochou e saiu da minha sala, fechando a porta.

Eu me sentia péssima... Richard sempre me ameaçava de perder o cargo da empresa, mas nunca acreditei que ele faria algo de verdade. Achei que pelo comodismo de não ter que se preocupar com nada e tudo ficar por minha conta, ele não teria coragem de me mandar para fora, mas parece que eu estava errada. Tudo culpa da Amy... Vadia imunda. Se bem que... Richard não ia me demitir só por que eu estava com Matthew, isso não era a cara dele, ele nunca se importou com quem eu namorava, por que iria se importar agora? Só por que era funcionário da mesma empresa? Não, isso não está certo, tem alguma coisa escondida nessa história.

“Eu trouxe o almoço para nós dois.” Matthew entrou e eu sequer me assustei com ele invadido o escritório. “Emily disse que Richard veio aqui. Está tudo bem?” Ele colocou as sacolas em cima do sofá e andou ficando de frente para mim.

“Não...” O encarei e ele me olhava com preocupação. “Eu acabei de ser demitida.”

“O quê?!” Ele gritou perplexo. “Ele não pode fazer isso! Você tem uma porcentagem dessa empresa também!”

“Ele pode Matthew, ele tem a maioria das ações. Eu não vou deixar de receber meu dinheiro, eu só estou proibida de vir para cá.”

“E você diz só?” Ele me olhou incrédulo. “Não vai fazer nada a respeito?”

“E o que você quer que eu faça? É ele quem manda!”

“A única mulher que eu conheci que não abaixa a cabeça e não obedece ninguém, resolveu que justo hoje, ela se tornaria uma pessoa passiva.” Matthew falou com decepção.

“Até a mulher mais atrevida e autoritária tem que perceber quando é uma luta perdida.” Desviei o olhar dele, que respirou fundo.

“Desculpe. Só estou surpreso que tenha aceitado essa decisão assim tão tranquilamente.”

“Não foi tranquilamente, tivemos uma discussão, mas por fim... Não tinha mais o que fazer.” Dei de ombros.

“Que motivos ele deu? Só existe o ato demissional quando se tem um motivo cabível.” Ele perguntou e eu fiquei de pé.

“Amy contou para ele que estamos juntos.”

“E...?”

“Política de não-confraternização.”

“Você tá me zoando? É esse o motivo?” Ele riu ironicamente e começou a andar em direção à porta.

“Espera! Aonde você vai?” O puxei pelo braço.

“Aonde você acha que eu vou?” Ele parou se voltando para mim. “Fazer ele engolir a minha carta de demissão, pessoalmente.”

“Você não vai fazer isso.” O virei de frente para mim.

“Acha que eu vou ficar aqui sem você?” Ele segurou minha mão. “Olha... A gente pode começar de novo em outro lugar, talvez abrir uma empresa nossa. Não vamos começar sendo uma multinacional, mas o seu avô também não começou assim. Esse surto de estupidez do Richard talvez sirva como um impulso para nós dois.” Coloquei a outra mão em seu rosto.

“Isso tudo que você falou... Você não existe.” Esbocei um sorriso. “Mas eu preciso de você aqui...” Falei séria. “Richard não tem conhecimento sobre nossos negócios, Brian não vai conseguir lidar com essa pressão sozinho, a empresa iria a falência em menos de um ano e eu não quero ver tudo que eu trabalhei tanto para construir, desmoronar dessa forma.”

“Eu não quero ficar aqui se você não estiver.”

“Mas eu vou estar em casa, esperando você chegar, todos os dias eu vou ajudar vocês com tudo daqui, vou ter um tempo livre pra me cuidar mais e ficar recuperada o mais rápido possível...”

“Por que você está tão conformada?” Ele me olhou confuso.

“Matthew eu não vou negar, foi um choque. Eu não esperava por isso, definitivamente... Mas eu sou a única herdeira legal, Richard não vai viver para sempre e eu vou assumir tudo isso novamente e dessa vez, a escritura vai estar no meu nome.” Ele parou por um momento, pensativo.

“Não vou agüentar Richard me dando ordens o dia todo.”

“Eu conheço meu pai, ele mal vai pisar aqui... Para todos os defeitos, você é quem vai ser o presidente Matthew.”

“Não. Eu sou o vice-presidente, só uma pessoa merece sentar nessa cadeira e ocupar essa sala e não sou eu, muito menos o Richard.” Sorri e o abracei.

“Obrigada, por tudo.” Disse e ele beijou meu pescoço. Não conseguia imaginar como seria passar por tudo aquilo sem Matthew.

“O que você vai fazer agora?”

“Bom, o que eu posso fazer?” Sorri com pesar. “Ir para casa.”

Peguei minhas coisas, apenas o que tinha levado no dia e o que tinha meu no escritório eu mandaria levarem para mim depois, no momento eu só queria sair dali, ir para minha casa e passar o resto do dia deitada, sem fazer absolutamente nada. Meu corpo precisava disso, eu o sentia exausto, mesmo sem ter motivos para estar tão cansada, era assim que eu me sentia.

“Vai se despedir de Emily?” Matthew perguntou com as sacolas e minha bolsa na mão.

“Não... Eu não quero me despedir de ninguém.” Suspirei. “Prefiro que ninguém saiba. Eu vou pedir que mandem os documentos que eu preciso assinar por e-mail, só quero sair logo daqui.”

“Tudo bem.” Ele concordou e saímos da sala.

Emily não estava na sua mesa de sempre, andamos para os elevadores e entramos quando a porta se abriu. Matthew tirou o celular do bolso lendo algumas coisas, mas me olhou em choque depois de poucos momentos.

“O que foi?” Perguntei preocupada e ele me mostrou o celular.

Richard havia mandado um e-mail para todos os funcionários informando do meu desligamento da empresa. Ótimo... Matthew guardou o celular no bolso e segurou minha mão.

“É melhor soltá-la, já estamos chegamos a recepção e alguém pode ver.” Falei tentando soltar minha mão da dele, mas ele me impediu de fazer isso.

“A intenção é que todos vejam.” Ele disse sem olhar para mim e eu segurei sua mão com mais força.

As portas se abriram e um mar de gente estava na nossa frente, como se estivessem nos esperando. Todos olhavam para nós e nós continuamos andando em direção à saída, onde o carro de Matthew já estava estacionado para podermos ir embora.

“Sophie!” Ouvi a voz de Black e virei na direção dela. “Eu sinto muito.” Ele falou se aproximando de mim e eu apenas assenti, então ele me entregou uma folha de papel. “É a minha carta de demissão.”

“O quê? Mas você não pode...” Disse confusa.

“Posso. Já deveria ter feito isso, mas permaneci aqui por você, agora esse motivo não é mais importante.”

“Black... Eu não posso...”

“Eu me demito também.” Alguém me interrompeu, Emily estava parada de frente para mim e gritou.

“Eu também me demito!” Um dos rapazes da equipe de Black disse e todas as pessoas que estavam ali, uma a uma, gritaram os seus pedidos de demissão.

Eu os olhei perplexa, em completo estado de choque, assim como Matthew. Eu não esperava toda essa comoção, eu pensei que ficariam felizes com a minha saída, eu era uma chefe chata, que gritava, que exigia resultados e brigava quando eles não atingiam as metas que eu queria. Como eles podiam estar se manifestando dessa forma por minha causa?

“Eu... Eu não sei o que dizer.” Olhei para eles todos, que estavam em silêncio, apenas me observando.

“Apenas aceite a demissão de todos.” Black falou. “É a forma mais sincera de demonstrarmos nosso respeito por você, como pessoa e como profissional.” Olhei para Matthew e ele beijou minha mão.

“Não estava esperando isso, na verdade não estava esperando nada.” Comecei a falar, calmamente. “Reconheço que não fui a mais delicada ou a mais gentil com vocês todos esses anos, mas se eu cobrei ou exigi mais de vocês, é por que sei da capacidade da minha equipe. Eu só trabalho com os melhores e vocês são os melhores.” Parei por um momento. “E é por isso que recuso todos os pedidos de demissão e proíbo que façam isso sem um motivo decente.”

“Mas...” Emily disse e eu levantei a mão, a impedindo de continuar.

“Vocês tem suas responsabilidades, famílias e eu jamais iria aceitar algo que possa prejudicá-los, embora ver todos se mobilizarem por minha causa aqui, agora... Foi o gesto mais bonito que já fizeram por mim.” Esbocei um sorriso. “E se vocês querem demonstrar o seu respeito por mim, eu peço que continuem cuidando dessa empresa como se fossem de vocês. Desde o momento em que eu coloquei meus pés aqui eu soube que aqui era o meu lugar, mas infelizmente, imprevistos acontecem e eu preciso me afastar por uns tempos, eu conto e confio em vocês e principalmente...” Olhei para Matthew. “Em você.”

“Eu posso falar em nome de todos aqui...” Matt disse. “Que você não vai precisar se preocupar, sua empresa vai ficar em boas mãos.”

“Eu tenho certeza disso.” Sorri. “Bom, já chega de ficar enrolando, né? Todo mundo pode ir voltando para as suas mesas, tratem de ir trabalhar.” Falei com diversão e eles riram. “E obrigada pelos incríveis anos que passamos.” Olhei para Matthew. “Vamos?” Disse e ele assentiu.

Virei em direção à saída e comecei a ouvir palmas, olhei por cima do ombro e todos estavam me aplaudindo, agradeci silenciosamente, apenas acenando com a mão e continuei a fazer meu caminho.

“Para quem não queria se despedir de ninguém...” Matthew sorriu e abriu a porta do carro para mim. Parei ao lado dela e olhei para cima, para o alto do prédio onde tinha escrito em enormes letras prateadas: Trammer&Trammer’s Enterprises.

“Eu vou voltar Matthew.” Disse e olhei para ele. “Isso não é um adeus, é um até logo.” Sorri abertamente e ele me beijou.

Entramos no carro e Matt dirigiu até meu apartamento, quando entramos, Baby veio correndo nos recepcionar e Luke, que estava na cozinha, nos olhou surpreso.

“Não sabia que vinham almoçar em casa.” Ele falou vindo para a sala, sentei-me no sofá e Matthew sentou ao meu lado.

“Eu vou passar um bom tempo almoçando em casa daqui para frente Luke.” Disse esboçando um sorriso.

“Eu acabei de ver um e-mail...” A porta da frente abriu de uma vez e Brian entrou furioso. “Isso é sério?”

“Infelizmente.” Matt disse e Luke me olhou preocupado.

“O que aconteceu?” Ele me perguntou.

“Você não fez nada contra isso? Vai aceitar calada?” Brian me perguntou incrédulo.

“O que queria que eu fizesse? Que eu o jogasse pela janela?” Pior que vontade não faltou... Respondi.

“Alguém pode me dizer o que está acontecendo?” Luke perguntou impaciente.

“Richard demitiu a Sophie.” Matthew falou e Luke sentou na poltrona, de frente a nós.

“Mas ele não pode! Ou ele pode?”

“Ele pode, tem a maioria das ações.” Suspirei pesado. “Não tem nada que eu possa fazer agora Brian, eu sei que está preocupado comigo e agradeço, mas não posso fazer nada.”

“É um filho da mãe mesmo!” Brian bufou. “Se ele ou minha mãe acham que eu ainda volto ali...”

“Você vai voltar Brian.” O interrompi. “Já expliquei a Matthew que preciso de vocês dois lá. Não confio no Richard assumindo tudo sozinho e não vou permitir que ele acabe com tudo que eu demorei anos para construir.”

“Acredite, por mim também não voltava.” Matt disse para ele. “Mas é o que ela quer.”

“Vai ficar bem com tudo isso?” Brian perguntou para mim mais calmo.

“Vou.” Assenti.

Se eu estava mentindo? Um pouco. Não ia me desesperar, por que era isso que Richard queria, me incomodar. Eu não ia dar esse prazer para ele. Mas por outro lado... Era a minha empresa, é óbvio que eu ia sentir falta.

“Está com fome?” Matthew me perguntou e eu fiz que sim com a cabeça. “Nosso almoço já está gelado agora... Vou naquele restaurante aqui do lado comprar comida para nós.” Ele olhou para Luke. “Kenny vai vir comer aqui?”

“Não, ele vai passar o dia fora.” Luke respondeu.

“Tudo bem, eu vou lá.” Matt beijou meu rosto e se levantou.

“Eu vou com você.” Brian disse e eles dois saíram.

“Quantas emoções...” Luke riu vindo sentar ao meu lado.

“Nem me fale.” Respirei fundo.

“Que motivos o Richard deu pra te demitir?”

“Disse que era por que Matthew e eu estamos juntos, mas eu sei que não foi por isso.”

“Como assim?”

“Ele está mentindo, eu tenho certeza, só não sei o por quê... Eu juro que não entendo todo esse ódio por mim.” O olhei séria. “Eu sei que não nos damos bem, mas eu sou filha dele. Sangue do mesmo sangue. Como ele pode ser tão cruel assim?”

“É... É difícil entender.” Ele desviou o olhar de mim e ficamos em silêncio por uns momentos. “Sophie, eu preciso te contar uma coisa.”

“Que coisa?” Recostei-me no sofá. “Espero que seja noticia boa, por que não agüento mais receber as ruins.” Disse e ele ficou calado, pensativo. “O que foi?” Perguntei começando a me preocupar.

“É que...” Ele me olhou sério e depois sorriu. “Eu conversei com o Kenny e ele concordou em não nos mudarmos.”

“Ufa!” Respirei aliviada. “Graças a Deus! Isso significa que a raiva dele está um pouco menor, não é?”

“Está sim.” Ele sorriu e me abraçou.

Então tinha pelo menos alguma coisa a menos com o que se preocupar, Luke ainda ficaria comigo por um bom tempo e Kenny estava esquecendo aos poucos essa briga sem sentido. Tinham sido longos dias, eu não tinha engolido a explicação de Richard sobre quem era Beatriz, mas eu não tinha mais informações sobre ela e só me restava acreditar. Mesmo gostando de Black, não podia negar que tinha ficado um pouco receosa por ele ter escondido tudo isso de mim então eu não sabia se ia poder confiar nele, mas de qualquer forma, decidi me dar ao menos alguns dias de folga e apenas tentar me importar comigo mesma.

1 SEMANA DEPOIS

Estava caminhando pelo parque, por que Mabel disse que isso me faria bem e eu gostava, principalmente quando o tempo estava tão agradável como tinha estado ultimamente. Entrei em uma cafeteria, pedi um capuccino e comprei um jornal para passar o tempo. Ouvi meu celular tocando e o tirei do bolso, era Matthew.

“Ora, ora... O Sr. Davis resolveu me dar bom dia!” Falei com diversão.

“Não quis te acordar quando saí, Srta. Reclamona Trammer.” Ouvi sua risada. “O que está fazendo?”

“Vim caminhar um pouco, agora estou tomando um café e lendo o jornal, como toda boa desempregada faz.”

“O que toda desempregada milionária faz, você quis dizer.”

“Isso mesmo.” Falei rindo. “E como está tudo ai?”

“Tudo tranqüilo. Richard não apareceu ainda e eu espero que não apareça.”

“Ele não consegue acompanhar essa rotina de ficar trancado em um escritório, raramente vai aparecer aí, você vai ver.” Comecei a folhear o jornal e vi uma manchete que me chamou atenção.

Após anos no cargo de presidência, Sophie Trammer se afasta da organização para tratar de problemas de saúde.

Olhei mais embaixo e vi uma declaração de Richard.

‘Conversamos muito e mesmo contra minha vontade, foi melhor assim. Minha filha ainda sofre com os traumas causados pelo acidente que teve e precisa desse tempo para se cuidar, sua saúde sempre vem em primeiro lugar’.

Acho que vou vomitar...

“Sophie? Está me ouvindo?” Matthew disse e eu voltei a atenção para ele.

“Sim, estou sim, desculpe... Você dizia?”

“Luke me mandou uma mensagem, está fazendo uma campanha aqui por perto e me convidou para almoçar com ele. Quer ir conosco?”

“Não... Acho que prefiro comer em casa, estou com preguiça de me arrumar.” Disse e ele riu.

“Está certo, eu compro o seu almoço e deixo ai antes de voltar para cá.”

“Assim está ótimo.”

“Mais tarde nos falamos então amor.”

“Até mais tarde amor.” Disse e desligamos.

Percebi que estava sorrindo igual uma demente, mas fazer o quê? Era o efeito Matthew Davis... Olhei novamente para a noticia impressa no jornal, incrédula com a cara de pau e o cinismo de Richard. Não tínhamos mais nos falado desde o dia em que saí da empresa, ele não tinha me procurado e eu muito menos iria atrás dele, na verdade por mim, eu não olharia mais para ele, ignoraria por completo a sua existência.

Saí da cafeteria e fui caminhando de volta para o meu condomínio, ia devagar, sem pressa alguma, apenas sentindo a leve brisa que soprava e aproveitando a vista da correria que era a cidade.

“Sophie!” Ouvi alguém me chamando e virei de costas. Uma mulher, um pouco menor que eu, cabelos castanhos na altura dos ombros, olhos verdes... 40 e poucos anos.

“Oi?!” Falei e ela se aproximou, ficando de frente para mim.

“Uau... Você está... Crescida.” Ela falou sem graça e eu esbocei um sorriso.

“Desculpa, mas nos conhecemos? É que eu não lembro da senhora, sinto muito.”

“Ah sim, onde estão meus modos...” Ela riu. “Me chamo Beatriz, muito prazer.” Ela falou sorridente e eu a olhei completamente perplexa.

A famosa Beatriz... Finalmente frente a frente.


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Notas finais do capítulo

Acho que esse encontro da Sophie com a Beatriz promete heim????



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