Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 56
Se não fosse amor - Cap. 13: Apenas um bom pai.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite lindas!
PATY MUITO OBRIGADA PELA SUA RECOMENDAÇÃO, SÉRIO MESMO! AMEI MUITO *-*
Só digo uma coisa, ESTÁ PERDENDO QUEM ESTÁ DE FORA DO GRUPO DO WHATS hahaha Melhor coisa que já fiz nessa vida!

Boa leitura meninas,
Beijos!!!



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POV Sophie Trammer

Acordei ouvindo um barulho vindo da minha sala. Ah não, já estão brigando de novo? Revirei os olhos e me virei de lado na cama, Baby estava dormindo no chão, próximo a mim. Sentei na cama e peguei minhas muletas, andei devagar até meu closet, onde peguei uma calça de moletom cinza e uma camisa do bob esponja, troquei-me, me atrapalhando um pouco na hora de colocar minha calça, mas consegui e preparei-me psicologicamente para a discussão que iria ouvir quando saísse do quarto. Era demais para eles conseguirem entender que eu só queria que eles se dessem bem? Saí do meu quarto e quando cheguei à sala, fiquei em choque quando vi o que estava acontecendo.

“Eu só estou tentando explicar os fatos, você tem que concordar que o Superman é o homem mais forte do universo e mesmo assim, não tem relatos de que ele deixou a Louis Lane toda roxa depois de levar ela para a cama, então isso não é desculpa!” Matthew falou olhando para Kenny.

“Ele é um vampiro Matt. Edward é um ser imortal e super forte que tem que controlar sua sede pelo sangue da pobre Bella! É tão romântico.” Ken se defendeu.

“Não é romântico, é chato. E Edward é gay.” Ethan disse sério.

“Ele não é gay!” Luke falou impacientemente.

“Ele não é gay... Ele é super gay!” Brian disse estralando os dedos.

“Eu entendo de gays, vai por mim, ele não é um. Só é um homem sensível e com sentimentos...” Ken falou.

“Ou seja...” Matt olhou para Ethan e Brian.

“Gay!” Os dois responderam.

“Fala sério olha isso...” Matthew apontou para a televisão.

“A mulher tá seminua, deitada do lado dele, só falta implorar: ‘Por favor, me come!’ e o cara simplesmente cobre ela e se vira pro outro lado!” Ethan disse perplexo.

“Tudo bem... Essa cena foi meio gay...” Luke disse cruzando os braços.

“E o que vocês esperavam? Um Christian Grey?” Ken falou irônico.

“Cara, aquilo é homem de verdade.” Brian disse e todos olharam para ele. “Ele fala pra mulher que só quer foder com ela e encher ela de porrada e ela aceita... Sou fã dele!” Ele começou a bater palmas.

“Que tipo de filme você anda assistindo Brian?” Matt perguntou incrédulo.

“Você aprende muita coisa com o Grey meu amigo.” Brian falou.

“É... A como foder duro.” Luke disse.

“Então você precisa de um filme pra aprender a foder? Sua situação é pior do que eu pensava.” Ethan disse debochando de Brian e todos começaram a rir do coitado.

“O que está acontecendo aqui?” Finalmente falei, por que não agüentava mais ouvir tanta bobagem. Eles se viraram em minha direção e Ethan pegou uma caixa de DVD mostrando para mim.

“A gente está assistindo A Saga Crepúsculo – Amanhecer, parte 1.” Ele leu o título e franziu a testa. “É realmente um nome muito grande para um filme...”

“Ethan, Brian e eu ainda não tínhamos assistido nenhum dos filmes da franquia, mas resumidamente, tem um vampiro meio viado que se apaixonada por uma humana muito sem graça e tem um cara que vira um cachorro enorme e que vive sem roupa.” Matthew explicou e todos riram.

“Não é um cachorro enorme, é um lobisomem!” Kenny o corrigiu.

“Não mesmo. Lobisomens são metade lobos, metade homens. Ele é só um cachorro muito grande.” Brian falou sério.

“Tá, mas por que raios vocês estão assistindo isso?” Perguntei sem conseguir conter meu riso.

“Por que o Ken enganou a gente, dizendo que era um filme muito legal.” Ethan disse olhando com reprovação para Kenny.

“Olha só, não me culpem se vocês não assistiram os outros filmes e não entendem a essência da história. Mas a parte dois vocês vão amar, eu tenho certeza!” Ken falou animado.

“Parte dois?” Matt e Ethan disseram ao mesmo tempo.

“Ah não... Não vai fazer a gente assistir mais duas horas de viadagem explicita!” Ethan se recostou no sofá emburrado.

“Mas é claro que eu vou! Vocês têm que assistir a continuação!” Ken falou.

“Vem pra cá Sôsô, ser torturada com a gente!” Brian disse e eu me dei conta de que estava com um sorriso muito patético no rosto.

Andei até eles e sentei no sofá, olhei para o chão e vi uma garrafa de whisky, vários copos e petiscos.

“Vocês beberam?” Olhei séria para eles.

“Pode ser que a gente tenha bebido um pouquinho...” Luke falou receosamente.

“Eu realmente não ligo...” Dei de ombros. “Prefiro vocês bêbados do que se matando!”

Continuei rindo durante as mais de duas horas que se seguiram entre o fim do primeiro filme e todo o segundo. Eu literalmente quase chorei de rir por diversas vezes pelos comentários deles para cada segundo do filme, eles sequer estavam assistindo direito, só faziam conversar o tempo todo tentando decidir se o Edward era gay mesmo ou ele só se esforçava muito para parecer gay. Foram momentos mais do que alegres para mim e eu consegui entender o que Dr. Harper quis dizer com ‘O psicológico influencia 100% na sua recuperação’, por que eu definitivamente me sentia muito melhor aqui, rindo com eles e vendo que eles estavam se divertindo, apesar de tudo, eles tinham colocado as diferenças de lado e por minha causa, isso significava muito, principalmente por Matthew e Ethan... Que eu sabia que jamais se entenderiam por motivos bestas e idiotas e uma competição de quem era o macho alfa, mas até que eles estavam indo bem.

Kenny ligou pedindo pizzas para eles e uma salada para mim, por que eu estava proibida por enquanto de comer coisas muito gordurosas, que contenham glúten, ou beber alguma coisa que tenha álcool, ou respirar, ou viver...

“Isso é por pouco tempo, seus remédios são fortes, tem que ter esse cuidado com alimentação.” Ethan disse e beijou minha testa.

“Eu sei.” Suspirei.

“Está gostosa a salada, pelo menos?” Matthew perguntou sentando no chão com um prato contendo suas fatias de pizza.

“Está sim, bem mais gostosa que a do hospital, com certeza!” Sorri.

“Suquinho para meu amor...” Luke me entregou o copo com suco de laranja.

“Eu vou ficar muito mal acostumada desse jeito, é serio.” Disse com diversão e dei uma garfada na minha salada, o frango estava tão delicioso, a comida que serviam no hospital não era muito salgada ou temperada, era basicamente, sem graça, sem cor e sem gosto algum.

“O que nós vamos assistir agora?” Brian sentou ao lado de Matthew.

“Nada de filmes de vampiros frescos, por favor.” Matt disse.

“Nada de filmes de terror, por favor!” Reivindiquei.

“Eu tenho boas recordações sobre filmes de terror...” Ethan falou e eu sorri, a primeira vez que dormimos, mas só dormimos juntos, foi quando estávamos nos Hamptons e eles tinham inventado de assistir filme de terror. Óbvio que eu fiquei em pânico depois que o filme acabou e não consegui dormir.

“Eu não tenho recordações assim tão boas...” Falei rindo e ele beijou meu rosto.

“Medrosa.” Ele sussurrou em meu ouvido.

Olhei para Matthew e ele estava entretido conversando com Brian, sobre alguma coisa. Ele estava diferente hoje, não tinha cedido em nenhuma provocação do Ethan, que estava se esforçando para arranjar confusão com ele. Uma parte de mim ficava mais tranqüila por causa disso, é claro, mas não podia negar que a outra parte também se preocupava... Será que ele não sente mais nada por mim? Se ele sentia, ou não, isso não era da minha conta e eu não tinha nem direito de questionar sobre isso, afinal eu tinha conversando com ele, apenas um dia anterior dizendo que queria ficar com Ethan, então o normal é que ele não se importasse. Mas ele parecia se importar ontem... Não estava mais conseguindo entender nada. Depois dizem que mulher é que é difícil de se lidar!

“Olha só quem voltou para você!” Luke estava parado ao meu lado, eu me assustei por que não o tinha notado ali, ele tinha a mão estendida e o meu celular nela.

“Sério?” Perguntei animada.

“É, já está na hora de você voltar para a vida né?” Luke sorriu e eu peguei meu celular de sua mão.

Liguei ele e coloquei a senha de desbloqueio, estava realmente animada sobre ter meu celular de volta, era como se voltasse a vida mesmo, todos estavam com suas atenções voltadas para mim. Ativei o Wifi e minha alegria acabou em poucos segundos, várias mensagens começaram a chegar, junto com e-mails, ligações perdidas e do nada, o celular travou, desligou e não ligou mais.

“Só pode estar brincando comigo...” Bufei.

“Quebrou?” Ken pegou meu celular e começou a mexer nele.

“Acho que pode ser a memória... Você recebeu tanta coisa de uma só vez que deu problema.” Brian explicou.

“Mas então o que eu faço?” Disse. Eu era terrível com tecnologia, sabia ligar e desligar e só, apenas o básico.

“É só você comprar outro.” Ethan deu de ombros.

“Ou você manda consertar.” Luke disse.

Olhei para Matt, por que aquele aparelho tinha sido presente dele, um pedido de desculpas de uma das várias discussões que tivemos, ele me encarava sério e eu desviei o olhar dele.

“Eu prefiro que consertem, gosto desse celular.” Disse pegando ele de volta de Kenny.

“Eu conheço um lugar que faz esses serviços, posso levar hoje lá, talvez amanhã de tarde já esteja funcionando.” Brian falou e eu entreguei o celular para ele.

Percebi um leve sorriso, bem discreto no rosto de Matthew, ele tinha entendido por que eu queria que o celular fosse consertado ao invés de apenas comprar outro e no fim das contas, eu poderia sobreviver mais um dia sem celular. Uau, essa frase em outros tempos seria impossível de sair da minha boca. O telefone começou a tocar, Luke pulou o sofá e o atendeu.

“Pois não?” Ele atendeu educadamente. “Quem?” Luke olhou para mim. “Está bem, eu aviso para ela, obrigado.” Ele afastou o telefone do ouvido e se aproximou de mim. “Richard está subindo.” Como assim Richard está subindo?

“Ele está vindo me ver? Mas como ele sabia que eu estava em casa?” Disse confusa e olhei para Brian.

“Eu não disse nada!” Ele levantou as mãos em forma de rendição.

“Ele deve ter ido ao hospital te ver...” Ethan falou.

“Isso... E lá falaram que você já tinha recebido alta.” Ken completou o raciocínio.

“Sei não...” Matthew se levantou. “Richard foi uma vez no hospital e quando ela estava inconsciente... Ai tem.”

“O que acha que ele pode querer comigo? Não acredito que ele vai vir aqui só pra brigar, eu acabei de receber alta!” Falei incrédula, mas eu sabia que isso seria bem normal para Richard.

Ele tinha vindo pouquíssimas vezes ao meu apartamento e sempre que vinha, nunca era com noticias boas, sempre era alguma coisa de errado que eu fiz ou nem cheguei a fazer, mas ele sempre tinha que vir reclamar comigo e dessa vez, com certeza, não seria diferente. Ouvi uma batida na porta e ele entrou antes que eu pudesse dizer ‘Entre’ e encarou a todos ali naquela sala.

“É... Não estou surpreso.” Richard disse secamente fechando a porta, se referindo obviamente a eu estar sempre acompanhada pelos rapazes.

“Eu estou surpresa... Muito surpresa, aliás.” Falei e tentei me pôr de pé, Ethan me ajudou com essa parte e deixou sua mão envolta de mim, me o dando suporte necessário para eu me manter firme.

“Eu não sei por que estaria, um pai preocupado vindo visitar a filha.” Ele falou e a sua ironia era palpável.

“Fala sério Richard...” Revirei os olhos. “Não foi nem me visitar enquanto eu estava internada.”

“Eu fui sim.”

“Quando eu estava em coma.” Disse impaciente. “O que você quer aqui?” Richard olhou para os rapazes, que estavam todos de braços cruzados, parecendo uns guarda-costas e tive que me conter para não rir da cena.

“Eu preciso falar com você...” Richard começou a falar.

“Isso é óbvio, se não você não estaria aqui.” O interrompi e ele me fuzilou com os olhos.

“A sós.” Ele disse entre os dentes.

“O que tiver para falar para ela, pode falar na nossa frente.” Luke falou.

“Não, não posso. Por que vim falar com minha filha, o que no caso, nenhum de vocês é, agora podem sair.” Richard falou rispidamente.

“Você está na minha casa Richard, é melhor respeitar quem está dentro dela.” Disse séria.

“É... Sua casa, comprada com meu dinheiro.” Ele debochou.

“Comprada com o meu dinheiro, que eu trabalhei duro para ganhar e economizei cada centavo para comprar o apartamento que eu queria.”

“Você não tem que ouvir essas coisas Sophie.” Matthew ficou ao meu lado.

“Sabe que é só você querer e eu expulso ele daqui em segundos.” Ethan disse, fazendo questão de ser em um tom alto o suficiente para Richard ouvi-lo.

“Não precisa disso.” Falei sem tirar os olhos do meu pai. “Ele quer falar comigo a sós, tudo bem então.”

“Tá louca?” Luke gritou perplexo e Richard riu. “A última vez que soube de você sozinha com ele, voltou para casa com a cara inchada. Não saiu daqui mesmo!”

“Calma Lu...” Ken pôs a mão em seu ombro.

“E ele não é nenhum monstro também Luke.” Brian falou. “É pai dela.”

“Pai dela?” Luke repetiu com ironia.

“Eu concordo com o Luke, não vou te deixar sozinha com esse daí.” Ethan falou me puxando para mais perto dele, se é que era possível.

“Sem pressa, eu tenho o dia todo...” Richard falou sarcástico.

“Podem ficar tranqüilos, eu sei me cuidar ta?” Disse.

“Não é certo você ficar sozinha com ele, quando não consegue nem ficar de pé sozinha.” Ethan sussurrou dessa vez.

“Acho que cabe a ela decidir o que quer fazer.” Matthew se manifestou. “Vai obrigá-la a deixar que a gente fique aqui?” Ele olhou para Luke. “Ela já é de maior e sabe o que faz, se o pai dela quer falar com ela, temos que dar o espaço que querem e não cabe a nós decidir isso.”

“Muito bem Davis.” Richard disse sorrindo orgulhoso.

“Não se engane Trammer, faz muito tempo que quero socar sua cara cínica.” Matt disse e entregou seu celular para mim. “Vamos ficar ali fora, uma ligação ou um grito seu, a gente entra e vai ficar feia a situação pra ele.” Ele disse me olhando e depois encarou Ethan que assentiu em silêncio.

“Só aviso que vou em protesto!” Luke bateu o pé e saiu andando até a porta. “Abre teu olho Richard!” Ele disse tentando parecer ameaçador, mas soou muito engraçado.

Kenny foi saindo também, seguido de Brian e Matthew. Ethan me ajudou a sentar, me beijou rapidamente e saiu, esbarrando propositalmente em Richard, que riu da cena e fechou a porta.

“Sempre muito bem acompanhada.” Ele falou sorrindo ironicamente.

“Eu escolho bem minhas companhias.”

“E como você está?” Richard perguntou sério.

“E desde quando você se importa?”

“Sempre me faz de vilão...”

“E você não é o vilão, pai? Por que sempre fez questão de fazer esse papel, acho que adora até.”

“E você se acha a mocinha da história então?” Ele riu.

“Definitivamente não.” Franzi a testa. “Mas também não sou nenhuma vilã.”

“Isso depende muito do ponto de vista.” Ele começou a andar pela minha sala examinando tudo.

“O que você quer Richard?”

“Como aconteceu esse seu acidente?” Reviravolta no assunto... Ok. Ele disse sem me olhar e eu fiquei calada sem conseguir entender nada. “Está surda?” Nossa, delicado como sempre... O olhei feio.

“Eu estava dirigindo, o carro derrapou, capotou, um caminhão bateu em mim... Fim.” Sorri irônica.

“Você tem certeza disso?” Ele parou na minha frente.

“Baseado que, no caso, eu estava dentro do carro na hora do acidente... Então acho que tenho certeza sim.”

“Sabe que... Você nunca foi lá grande coisa como motorista...”

“Eu sou uma ótima motorista!” O interrompi me sentindo ofendida.

“Você fez mais testes de direção do que eu possa lembrar.”

“Foram só alguns poucos...” Falei sem graça.

“Foram quatro!” Ele disse impaciente. Na verdade foram cinco, mas eu não vou dar esse gostinho para ele. “Francamente, quem em sã consciência, não sabe distinguir os lados?”

“Não é que eu não sei, eu apenas confundo ás vezes... Mas enfim, onde você tá querendo chegar com isso mesmo?”

“Voltando ao pensamento. Você nunca foi uma grande motorista...” Ele disse e eu torci o nariz. “Mas também nunca foi imprudente, isso é um fato.”

“Acidentes acontecem com todo mundo Richard, pode ser com o melhor dos motoristas... Vários fatores podem causar uma tragédia dessas e comigo não foi diferente.”

“Também pensei assim no começo, quando soube do acidente. Mas depois que Nicholas me contou como tinha acontecido, ou como você lembrava que tinha acontecido... Alguma coisa não batia.” Ele tirou um envelope de dentro do bolso detrás da sua calça e me entregou. “Estive trabalhando com Black nisso, achei que deveria saber.” Franzi a testa e peguei o envelope de sua mão.

O abri e tinham algumas poucas fotos do meu carro, o quê tinha sobrado dele... Pelo visto, tinha sido perda total.

“O que isso significa?” O olhei confusa.

“Tinha um resto de tinta vermelha na traseira do seu carro.”

“E...?”

“Como assim ‘E...?’”

“Não quer dizer nada pai, alguém pode ter batido no meu carro antes e eu não notei, isso não muda os fatos sobre meu acidente.”

“Ok, mas como você explica esse enorme amassado na parte traseira do seu carro?” Ele puxou uma foto das minhas mãos e mostrou os amassados.

“Você lembra que eu disse que o carro capotou não é? Como esperava que ele fosse ficar?”

“Os peritos disseram que você capotou de lado, claro que amassaria a parte traseira, mas não dessa forma.”

“Richard... O que você está querendo dizer?” Cerrei os olhos.

“Não acho que tenha sido acidente o que aconteceu naquela noite, muito pelo contrário.” Ele sentou de frente para mim. “Alguém tentou te matar, isso não é claro para você?” Alguém tentou me matar? Como assim? Fiquei calada por uns momentos tentando digerir isso tudo.

“Me matar? Por que alguém iria me matar? Eu não tenho inimigos... Pelo menos, não inimigos que queiram me matar... Isso que eu saiba.”

“Não sei... Não lembra de absolutamente nada?”

“Não pai... Tente bater a cabeça contra um caminhão e você vai ver se consegue se lembrar de alguma coisa ainda...” Revirei os olhos.

“Está abusando da minha paciência e boa vontade.”

“Por que isso tudo mesmo?” Coloquei o envelope ao meu lado, no sofá.

“Como assim?”

“Por que resolveu se preocupar comigo agora? Está com alguma doença terminal e quer me recompensar pelos anos de descaso?” Disse e ele se levantou.

“Nos odiamos...”

“Sim, nos odiamos.” Assenti.

“Não significa que eu deseje que alguém mate a única família que restou.” Ele se levantou. Uau pai... “Eu comecei essa investigação, mas daqui é por sua conta, eu tenho mais o que fazer do que ficar sendo sua babá.” Ah, o bom e velho Richard grosso de sempre havia voltado.”Só garanta que quem quer que seja, não vai interferir na minha empresa, ou na minha vida.”

“Claro, as duas únicas coisas que importam para você. A empresa e você mesmo.”

“Fala como se você fosse muito diferente... Quer acreditar que é melhor do que eu, mas você não é Sophie.” Ele riu debochado e andou até a porta. “Realmente acredito que você é uma versão piorada de mim.” Richard falou antes de bater a porta.

Segundos depois todos entraram de volta para a sala e começaram a me examinar, procurando por novos hematomas que meu pai poderia ter me causado e levou nada menos do que 20 minutos para eu conseguir convencê-los de que, de fato, eu estava bem.

“Ele queria só ver se você estava bem?” Luke perguntou surpreso.

Olhei para as fotos do meu carro e percebi que não tinha contado para todos eles sobre os atentados que havia sofrido nos últimos meses.

“Vocês têm sido incríveis para mim...” Comecei a falar e fiquei pensativa. “Precisamos conversar.” Respirei fundo.

Eles me olharam assustados, mas não recuei. Contei toda a história desde o começo, com detalhes que Matthew já sabia, outros que Luke ou Ethan sabiam... Mas nenhum deles sabia da história por completo e muito menos sabiam que existia a possibilidade de terem batido no meu carro de propósito afim de causar uma acidente em que eu morreria. Quando enfim terminei, eles começaram a falar muito alto, muito rápido e ao mesmo tempo, eu não estava conseguindo entender nada, mas eu podia ver pelos rostos deles que estavam bravos por eu ter escondido certos detalhes. Mas eu não conseguia lembrar de mais nada da noite do acidente, além do que eu já tinha contado para Richard, ela como se tivesse apagado minha memória e isso não era culpa minha.

O que realmente me preocupava era que, se existia alguém querendo me prejudicar mesmo, quanto tempo levaria para que ela percebesse que a forma mais forte de me machucar, seria fazendo mal a alguma dessas pessoas que me cercam e que me amam? Como eu poderia proteger eles, quando eu não estava conseguindo proteger nem a mim?


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