Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 51
Se não fosse amor - Cap. 8: Uma pobre mente confusa.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas!!!!!!!!!!
Tenho novidades, estou fazendo o trailer para a segunda temporada! Êhhhhh!
Mas eu estou sofrendo horrores pra achar cenas dos atores :( Porém, prometo que vai sair sim!

Espero que gostem do capítulo lindas,
Beijos,
Suy.



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POV Sophie Trammer

“Como você está se sentindo agora?” Dr. Harper perguntou. Pisquei algumas vezes tentando ver direito, mas tudo estava embaçado.

“Bem... Eu acho... Só estou me sentindo meio drogada... Isso é normal?” Disse mais devagar do que o normal.

“São os remédios para dor, não se preocupe, você vai se sentir assim por um tempo, talvez um pouco de náusea também... Mas são efeitos colaterais normais.” Ele explicou calmamente.

“E o que é isso aqui no meu rosto?” Peguei um tubo transparente que saia do meu nariz.

“Isso é um cateter nasal, vai te ajudar a respirar melhor.”

“Respirar melhor?” Franzi a testa. “Eu estou com problemas de respiração?”

“Não, isso ocorreu pelo sangramento em seu nariz, estava impedindo que você respirasse direito, esse cateter vai ficar só por hoje, enquanto você está em observação. Amanhã de tarde vamos refazer os exames e se estiver tudo bem, eu tiro e você volta a respirar sem ele.”

“Tudo bem...” Assenti me sentindo muito sonolenta. “Eu vou dormir um pouco então...”

“Ér... Na verdade eu prefiro que você fique acordada, pelo menos por mais uma hora. Assim podemos monitorar você melhor, só para ter certeza de que você está estável.” Ele pôs a mão em meu braço.

“Tá, mas os rapazes podem entrar pelo menos? Se eu ficar sozinha aqui não vou conseguir ficar acordada.”

“Podem.” Ele sorriu. “Eu vou dizer para eles entrarem aqui e não permitir que a senhorita ouse fechar os olhos.” Esbocei um sorriso.

“Vou me esforçar, prometo.”

“Vamos Laisa.” Ele disse para a enfermeira, que assentiu. “Qualquer coisa...”

“O botão. Pode deixar, vi como ele é muito útil.” Falei. Ele acenou com a cabeça e saiu, acompanhado de Laisa.

Poucos minutos depois, Luke, Brian e Ethan entraram no quarto.

“Oi!” Luke disse sorrindo se aproximando de mim. “E então? Está tudo bem agora não é?”

“Está sim.” Peguei sua mão. “Estou meio bêbada, mas vai passar logo... Eu espero, pelo menos.”

“Você deu um baita susto na gente!” Brian sentou em minha cama.

“Eu sei, sinto muito por isso.” Disse envergonhada.

“Não tem por que se desculpar. Você está bem e é só isso que importa.” Ethan beijou minha testa, me fazendo sorrir e se afastou um pouco, ficando atrás de Brian.

“E Matthew e Kenny? Foram para casa?” Perguntei.

“Kenny foi.” Luke disse. “Ele tem um trabalho logo cedo de manhã, queria ficar até você acordar, mas eu o convenci de que ele precisava ir descansar. E o Matthew só está trocando o curativo da mão, parece que um dos pontos se abriu...”

“Pontos?” Perguntei confusa. “Como ele conseguiu aquele machucado na mão mesmo?”

“Fazendo cosplay de Hulk.” Brian disse com diversão.

Tentei sorrir, mas não tinha entendido... Ele tinha brigado com alguém? Era isso? Olhei para Ethan, que permanecia um pouco atrás de Brian e cerrei meus olhos tentando o ver melhor.

“Por que está tão longe Ethan? Fica aqui do meu lado amor.” Disse. Ele olhou para Luke e se aproximou receosamente de mim, sentando ao meu lado.

“Assim está melhor?” Ele perguntou sorrindo.

“Sim, bem melhor.” O olhei e percebi um machucado em sua boca. “O que foi isso?” Coloquei a mão em seu rosto e o dedo em cima do machucado, bocejei de sono.

“Ér... Não foi nada não... Uma besteira.” Ele disse tirando minha mão do seu rosto, a beijou e ficou a segurando.

“Como nada?” Tentei sorrir. “Você se machucou?”

“Sim, mas foi besteira, como já disse. Fui morder um sanduíche e acabei mordendo a boca, daqui a pouco fica bom.”

Ouvi Brian tentando conter uma risada e Luke se afastou indo para a janela.

“Então você estava com muita vontade de comer esse sanduíche...” Disse voltando a analisar sua boca. “Olha só amor, arrancou um pedaço. E o seu queixo vermelho? É normal isso?”

“Meu queixo não está vermelho. Deve ser o remédio que você tomou...”

“Sim, na verdade eu estou vendo tudo embaçado.” Fechei os olhos com força e voltei a abri-los. “Deve ser efeito dos remédios mesmo, daqui a pouco vou ver um elefante cor de rosa, flutuando pelo quarto.”

“No caso, te deram analgésicos e não maconha mofada, quanto ao elefante, não precisa se preocupar.” Brian falou, Ethan e eu começamos a rir.

“O médico conversou com vocês sobre algum cuidado que eu deva ter?” Perguntei. Ele deveria ter dado mil e uma recomendações para os rapazes e eu queria saber quais eram, já que era a mais interessada em ficar boa o mais rápido possível.

“Ele disse que era melhor tentarmos evitar fortes emoções.” Luke se virou em minha direção e parou ao meu lado. “Nessa fase atual sua, você precisa ficar o mais calma e relaxada possível, nada de aborrecimentos, estresses ou algo tipo.”

“Isso significa que não vou poder trabalhar?” Perguntei receosa.

“Trabalhar?” Luke, Ethan e Brian disseram ao mesmo tempo.

“É... Acho que isso quer dizer um não.” Falei derrotada.

“As coisas na empresa estão indo bem, Matthew consegue dar conta de tudo e eu vou o ajudar também.” Brian falou.

“Você? Trabalhando? Caramba... Isso sim que é surpresa.” Ele me deu língua e eu sorri.

Ouvi a porta se abrindo, olhei para o lado e vi Matthew entrando no quarto. Ele me olhou rapidamente e desviou sua atenção para Luke.

“Eu vou ao banheiro.” Ethan disse se levantando, beijou-me rapidamente e saiu.

“Está tudo bem mesmo? Tem certeza?” Matthew perguntou para Luke.

“Está, pode ficar tranqüilo.” Luke pôs a mão em seu ombro. “Essa cabeça dura não dá o braço a torcer assim tão rápido.” Ele me olhou sorrindo e eu sorri de volta. Matthew não olhou para mim sequer uma vez e eu comecei a achar isso estranho.

“Que foi Matt? Vai fingir que eu não estou aqui?” Perguntei com divertimento.

“Claro que não...” Ele falou, mas mesmo assim não me olhou.

“Então por que você não olha para mim e me dá um pouco de atenção? Você sabe, não que eu seja uma pessoa carente, mas eu acabei de ter uma experiência de quase morte, faz bem a companhia de vocês.” Falei me sentindo um pouco mais ‘sóbria’. Ele respirou fundo e andou em minha direção, parando em pé ao meu lado. “O que foi isso no seu olho?” Disse perplexa. Estava avermelhado e começando a ficar roxo. Isso não pode ser só efeito do remédio...

“O que tem meu olho?” Ele se fez de desentendido e eu o olhei impaciente. “Ah, isso aqui?” Ele apontou para o machucado.

“Sim. Primeiro a mão machucada e agora isso. Está se metendo em alguma briga com uma gangue ou o quê?” Ele gargalhou.

“Não... Claro que não... Foi uma história engraçada até...”

“Engraçada?” Repeti confusa. “Então me conta, por favor.”

“Eu... Bem... Eu... Eu escorreguei e bati o olho na maçaneta da porta.” Matthew falou. Olhei para Luke e Brian que o olhavam com diversão.

“Tá falando sério?” Perguntei.

“Muito sério.” Ele assentiu e tudo começou a fazer sentido, eu só não queria acreditar que tinha acontecido o que eu achava que tinha.

“Luke...” Olhei para ele. “Pode fazer um favor para mim?”

“Claro que sim, o que quiser.” Ele respondeu sorrindo.

“Diz pro Ethan que eu estou mandando ele entrar aqui. E quero que deixem Matthew, ele e eu a sós.” Disse. Luke, Brian e Matthew se entreolharam. “Eu estou pedindo com jeitinho...” Falei ironicamente. A essa altura o que restava de sono, tinha ido embora.

“Está bem...” Luke disse e puxou Brian pelo braço, que se levantou rindo. “Só lembre do que eu acabei de falar, a parte sobre ficar calma, relaxada...”

“Ah, pode deixar, eu estou calmíssima.” Disse irônica.

“Você tá ferrado meu amigo.” Ele disse para Matthew, que o olhou feio.

Os dois saíram me deixando sozinha com Matt.

“O que está fazendo?” Ele cruzou os braços.

“Não posso falar com vocês dois?” Falei me fingindo de inocente.

“A sós? Vai fazer o que? Alguém vai entrar e atirar em nós dois?”

“Olha só, vontade não falta.” O olhei séria.

Ethan entrou no quarto e fechou a cara quando viu Matthew.

“Que palhaçada é essa?” Ele disse com raiva.

“Cala a boca e senta.” Falei firmemente. “Os dois.”

Eles puxaram as cadeiras e sentaram ao meu lado.

“Não estou entendendo nada...” Ethan falou, Matthew apoiou seu queixo na mão.

“Já vai entender.” Falei. “Primeiro deixa eu ver se eu entendi.” Franzi a testa. “Você escorregou e bateu com o olho na maçaneta da porta.” Olhei para Matthew e depois desviei o olhar para Ethan. “E você, mordeu a boca enquanto comia um sanduíche.” Eles permaneceram em silêncio. “Agora me responde uma coisa... O quão burra vocês dois acham que eu sou?”

“Escorregou e bateu na maçaneta da porta. Sério isso?” Ethan disse com sarcasmo para Matthew.

“A sua desculpa foi muito melhor realmente... Quem arranca um pedaço da boca enquanto come?”

“Calem a boca os dois!” Falei o mais alto que conseguia. “Então eu basicamente estava aqui, morrendo de dor e vocês dois se matando ali fora. Foi isso mesmo que aconteceu?”

“Foi ele quem começou...” Ethan disse cinicamente.

“Não interessa quem começou Ethan. Você tem 10 anos de idade? Aliás, vocês dois tem 10 anos de idade, já que agem como duas crianças.” Falei com raiva.

“Não foi nada de importante, um desentendimento, apenas.” Matthew falou.

“Um desentendimento?” Coloquei as mãos em meu rosto. “Vocês não podem fazer essas coisas... Não podem fazer isso comigo. Por que quando vocês se machucam, eu me machuco também.” Olhei para eles. “Os dois são importantes para mim. Como se sentiram quando me viram aqui toda machucada?”

“Péssimo.” Eles disseram juntos e pela primeira vez se olharam, mas logo desviaram a atenção para mim.

“Pois é. É exatamente desse jeito que eu estou me sentindo agora.”

“Eu sei que não agimos certo, mas honestamente Sophie... O que espera da gente? Não é segredo nenhum e para ninguém que simplesmente não nos suportamos.” Matthew falou e Ethan assentiu.

“Quer que a gente saia pra beber juntos e viremos melhores amigos, é isso?” Ethan disse irônico.

“Se os dois não melhorarem o tom de voz comigo, juro por Deus que dou um jeito de terminar de quebrar a cara de vocês.” Disse impaciente. “Vocês, melhor do que ninguém sabem, que agora eu preciso me focar no meu tratamento. O próprio Dr. Harper falou que eu não posso ter estresses ou emoções fortes, que eu preciso ficar calma e relaxada. Como eu vou ficar calma sabendo que vocês estão se batendo ali fora?” Falei incrédula. “Eu preciso focar toda a minha atenção na única coisa que me importa nesse momento. Ficar boa e sair desse hospital. Será que dá pra me ajudar com isso?”

“O que você quer, exatamente?” Ethan perguntou cerrando os olhos.

“Eu quero dizer que ou vocês começam a se acertar e não estou pedindo que sejam amigos e que saiam para beber juntos... Só quero que se suportem, que não tentem se matar sempre que se virem. Ou...”

“Ou o quê?” Matthew disse.

“Eu prefiro que passem um tempo sem vir me ver.”

“Você não pode estar falando sério...” Ethan disse perplexo.

“Eu estou falando sério, muito sério. Vocês vão ter que escolher o que é mais importante... Essa rixa ridícula entre vocês dois, ou eu.” Apelo emocional, muito bem... Isso sempre funciona. Matthew e Ethan se olharam, Ethan desviou o olhar dele e Matthew bufou.

“Isso é golpe baixo...” Ethan resmungou.

“E põe baixo.” Matthew falou.

“É, mas eu não jogo limpo e a essa altura vocês já deviam saber disso.” Nem eu sabia de onde tinha tirado forças pra falar e me impor daquele jeito, mas devo admitir que o cateter nasal ajudava muito na respiração, só esperava não precisar dele por muito mais tempo. “Não precisa responder agora, melhor vocês irem pra casa e pensar no que vão querer fazer amanhã.”

“Tá expulsando a gente agora?” Matthew perguntou em choque.

“Na verdade estou sim. Estou com raiva demais de vocês dois e como eu não posso ter raiva... Vaza.”

“Tão sutil, como sempre.” Ethan disse rindo.

“Eu sou a sutileza em pessoa.” Dei de ombros.

“A gente se vê amanhã...” Matthew se levantou.

“O quê? Vai fazer o que ela quer?” Ethan perguntou para ele.

“Um conselho de utilidade pública: Não adianta discutir com ela...” Ele olhou para mim e depois para Ethan. “E não discutir, te economiza tempo.” Ele segurou minha mão. “Até amanhã.” E saiu andando para a porta, me deixando com Ethan.

“Aquilo que você falou sobre eu e esse cara... Não é pra valer não é?”

“É pra valer Ethan. Eu entendo perfeitamente que vocês não gostem um do outro, eu me ponho no seu lugar, sei que é difícil por que eu e ele já tivemos algo... Mas querendo ou não, você precisa aceitar que ele é presente na minha vida. Além de sermos amigos, ele trabalha na mesma empresa que eu.”

“Mas isso você poderia mudar rapidamente...”

“Como assim?”

“Por que você não demite logo ele de uma vez? Eu tenho certeza que você encontra alguém mais competente que ele em dez minutos, não tem por que suportar esse cara na sua vida, aliás, nas nossas vidas!” Ele se aproximou mais de mim.

“Ethan... Não acredito que tá me falando isso.” Falei perplexa. “Não vou demitir o Matthew só por que você quer.”

“Eu acho que você não demite ele por que ainda sente alguma coisa por ele.”

“É e com qual dos dois eu estou?” Disse e ele voltou a se recostar na cadeira. “Amor, vai querer ter crise de ciúmes logo agora? Sério? Quando eu sequer consigo falar direito!”

“Você apela Sophie... Sabe que falando desse jeito eu faço o que você quer.”

“Eu uso as armas que eu tenho... Por isso você me ama.” Esbocei um sorriso.

“Amo. Mas você não me ama, nós dois sabemos disso.” Ele ficou sério.

“Não me coloca contra a parede Ethan...” Olhei para baixo. Eu adorava estar com ele, ele era tudo o que eu precisava, mas eu não conseguia dizer que o amava. “Não tem nada a ver com você, tem mais a ver comigo.”

“Vai usar o velho clichê de ‘O problema é comigo e não com você.’”

“Sim, por que é verdade.” Estendi minha mão para ele e ele a pegou. “A gente tá tão bem... Não tenta ver problema onde não tem.” Ele suspirou e sorriu.

“É, acho que você está certa...”

“Diga-me uma novidade.” Sorri triunfante e ele riu mais abertamente.

“Quer que o Luke entre?”

“Quero sim, por favor.” Falei. Ele se levantou e se aproximou para me beijar, mas eu o afastei e ele franziu a testa. “Não com esse negócio ridículo no meu rosto...” Falei apontando para o cateter.

“Acontece que esse negócio ridículo...” Ele beijou meu nariz. “Foi o que manteve você respirando, sua mal agradecida. Acho que amanhã eles já tiram isso de você...”

“Espero mesmo.” Revirei os olhos. Ethan colocou a mão em meu rosto e me beijou rapidamente me fazendo sorrir.

“Te vendo assim, aqui nessa cama... Acho que não tinha notado o quão frágil você é. Você sempre mostra ser tão forte e indestrutível... Mas agora eu só penso que quero cuidar de você.” Ele disse alisando meus cabelos.

“Não estou acostumada a ser cuidada.”

“Eu sei, mas vai se acostumar.” Ele beijou minha testa. “Até amanhã.” Ele saiu do quarto e em poucos segundos, Luke entrou de novo.

Luke e eu ficamos conversando sobre os detalhes do casamento. Ele me mostrou no celular algumas fotos da decoração e disse que estava animado por eu poder estar compartilhando essas coisas com ele de novo. Faltavam poucos meses para o casório e eu comecei a preocupar, não sabia se eu iria estar bem para o casamento. Luke me tranqüilizou dizendo que ele e Kenny já haviam conversando e que não tinha problema algum eles adiarem a cerimônia um pouco, para que eu pudesse ir. Eu agradeci, era um grande gesto para mim, mas prometi que iria me esforçar para estar bem até lá. Depois de um tempo, a enfermeira veio verificar como eu estava e finalmente me liberou para dormir. Depois de discutir a relação com Matthew e Ethan, conversar com Luke me deixou mais calminha e com isso o sono começou a bater. Luke sentou ao meu lado na cama e ficou fazendo carinho no meu cabelo até que eu conseguisse dormir.

Acordei me sentindo bem melhor, consegui tomar meu primeiro café da manhã, mingau de aveia e suco de goiaba, nada de café para a minha tristeza. Luke ainda estava comigo, ele tinha dormindo no meu quarto, Dr. Harper entrou acompanhado de outro rapaz, um pouco maior que ele, cabelos pretos, aparentava ser bem jovem.

“Como estamos hoje?” Dr. Harper perguntou.

“Bem melhor!” Sorri.

“Estou vendo! Sua voz está mais alta, estou vendo que comeu seu café da manhã...”

“Ela reclamou um pouco mais cedo de dor nas costas doutor.” Luke disse para ele.

“É de se esperar, baseado no tempo em que ela está deitada na mesma posição, mas eu trouxe alguém para te ajudar com isso.” Ele pôs a mão no ombro no rapaz ao seu lado. “Esse é o Dr. Phillips. Vai ser seu fisioterapeuta.”

“É um prazer Srta. Trammer.” Dr. Phillips se aproximou de mim, ficando ao meu lado.

“Só Sophie, por favor. E o prazer é meu.” Falei educadamente.

“Eu vou deixar você trabalhar Drew.” Meu médico disse para Dr. Phillips. “Mas pode me ligar qualquer coisa.”

“Tudo bem, pode deixar.” Ele assentiu e Dr. Harper saiu do quarto esbarrando em Matthew.

“Desculpe doutor.” Ele disse rindo. “E bom dia!”

“Bom dia Matthew. Grande dia para Sophie hoje!” Ele bateu no braço de Matthew e saiu.

“Grande dia?” Ele perguntou confuso.

“Esse é o fisioterapeuta da Sophie, Dr. Phillips.” Luke disse, Matthew e o médico apertaram as mãos.

“É o namorado, eu suponho.” Dr. Phillips perguntou.

“Não...” Eu sorri. “O namorado só Deus sabe onde está, somos amigos.”

“Amigo heim...” Luke me cutucou e eu o olhei feio.

“Parece que você decidiu de que lado está então Matthew.” Falei para ele. “Você e Ethan se entenderam ontem?”

“Tentamos. Vamos tentar manter uma convivência mais saudável para você. Satisfeita?” Ele perguntou irônico.

“Muito satisfeita.” Sorri. “Bom, vamos começar então doutor?”

“Só Drew, por favor.” Ele piscou para mim. Matthew o fuzilou com os olhos e eu me segurei para não rir.

Drew me ajudou a alongar os braços e as pernas, dando uma atenção maior para a minha perna imobilizada.

“Vamos te ajudar a sentar agora.” Ele pegou um controle em cima da mesa. “Vou levantar sua cama aos poucos, é normal você se sentir um pouco tonta ou com náuseas, se você sentir algum desses sintomas ou outro qualquer, você me avisa e paramos.”

“Certo.” Assenti e olhei animada para Luke e Matthew. Nem acredito que vou sentar!

A cama começou a se mover devagar, levantando meu corpo um pouco, franzi a testa por que comecei a ver tudo rodar.

“Tonta?” Drew perguntou. Fiz que sim com a cabeça. “Feche os olhos...” Eu obedeci e ele começou a massagear ao redor do meu pescoço. “Agora respire devagar e fundo, sem pressa... Quando começar a se sentir melhor você me fala.”

Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas comecei a me sentir melhor e abri os olhos devagar.

“Continuamos ou paramos?”

“Continuamos.” Falei para Drew.

Ele voltou a pegar o controle e a cama ficou quase em 90°, me deixando sentada e eu sorri animada e orgulhosa de mim. Luke já estava chorando como sempre e Matthew com o um sorriso maior que o meu.

“Está sentindo alguma coisa?” Drew me perguntou.

“Só um pouco de enjôo e uma dor nas costas, abaixo da coluna.”

“Mas é uma dor forte ou suportável? Dê uma nota de 0 à 10.”

“Eu diria que... Nota 5.”

“Tudo bem, nota 5... Podemos lidar com isso.” Ele sorriu. “Com o tempo, conforme você for melhorando, nós vamos trabalhar melhor suas costas. Vamos trabalhar sua coordenação motora agora.”

Ele pegou papel e caneta e disse algumas frases para eu escrever. Eu fiquei surpresa em perceber que não tinha forças para segurar a caneta. Olhei assustada para Drew e ele sorriu tentando me acalmar.

“Não precisa se desesperar, em uma semana já vai estar escrevendo cartas e mais cartas.”

“Se eu conseguir assinar meu nome, já está mais do que suficiente.” Olhei para o papel examinando minhas tentativas de escrever, não passavam de rabiscos horríveis.

Drew fez mais alguns exercícios comigo, entre eles, apertar uma bolinha pequena de borracha, ele explicou que isso iria me ajudar a recuperar a força em minhas mãos. Ele ensinou para Luke uma massagem para quando eu sentisse meu pescoço dolorido e como alongar meus braços corretamente.

“Por hoje é só Sophie, amanhã de manhã eu volto para continuarmos os exercícios.”

“Certo, muito obrigada.” Sorri educadamente.

“Posso falar com você um minuto?” Luke perguntou para ele.

“Sim, algum problema?”

“Não, só quero saber que cuidados nós devemos ter com ela agora. O que pode ser feito ou não... Não quero que ela se exceda.” Luke explicou.

“Eu entendo. Vamos ali fora e eu vou lhe explicar tudo.” Drew falou calmamente. “Até amanhã!" Ele acenou para mim e Matthew e saiu com Luke.

Fiquei tentando escrever meu nome no papel de novo, os garranchos estavam até um pouco menos piores. Matthew sentou ao meu lado e ficou observando enquanto eu escrevia.

“Sua letra está até mais bonita assim.” Ele disse com diversão e eu o olhei rindo.

“Tá querendo dizer que minha letra é feia?”

“Feia? De forma alguma. Só digamos que sua ortografia é digna de médico, daqueles que ninguém consegue entender nada.”

“Ha ha ha... Engraçadinho.” Disse sarcástica.

“Essa aqui ficou boa.” Ele apontou para a última assinatura do meu nome que eu tinha feito e eu reparei em um detalhe em seu braço.

“Está usando o relógio do meu avô.” Falei e coloquei a mão em cima dele.

“Eu sempre usei, desde que você me deu.” Ele sorriu.

“É? Acho que eu não tinha reparado...” Disse pensativa ainda olhando para o relógio.

“Eu entendo, não sou a pessoa que você mais repara ultimamente.” Ele ficou sério.

“Não fala assim...” O olhei e voltei minha atenção para o relógio.

“Se você quiser de volta é só me avisar.”

“Por que eu iria querer de volta?”

“Por que você me deu quando estávamos juntos e agora você está com outra pessoa, acho que deveria estar com ele e não comigo.”

“Foi um presente...” Franzi a testa. “Se eu for usar essa sua lógica, eu devo te devolver o Baby então?” Esbocei um sorriso. “Fica muito bem em você e o Ethan não costuma usar relógio.”

“Tenho boas recordações sobre esse relógio, até comecei a entender por que seu avô não tirava.”

“Ah é? Explique-me sua teoria então.”

“Sua avó que deu para ele, pelo o que você me disse.” Assenti com a cabeça. “A mulher que ele amava o deu de presente e a mulher que eu amo me deu.” Ele falou e eu comecei a me sentir sem graça. “Toda vez que levanto o braço para ver que horas são, você me vem a cabeça... De alguma forma, sinto que está perto de mim. Acho que seu avô se sentia assim também.”

Nos olhamos por uns momentos em silêncio, eu não tinha o que falar e acho que ele já tinha falado o suficiente. Ele começou a aproximar seu rosto. Essa é a parte em que você se afasta, sua tapada. Minha consciência me olhou feio, repreendendo-me, mas eu a ignorei. Matthew colocou a mão em meu rosto, receosamente e quando estávamos a centímetros de distância da maior besteira que eu ia fazer na vida, um barulho nos interrompeu. Ele se afastou tirando o celular do bolso e fez uma careta vendo quem era.

“O que foi?” Perguntei.

“Nada... É Marissa, quer saber como você está.” Ele respondeu guardando o celular.

“Ah... Ela já voltou para a Califórnia?”

“Sim, já tem umas semanas. A propósito, ela fez uma ultrassom e já descobriram o sexo do bebê.”

“E o que é?” Perguntei animada.

“Você não vai acreditar...” Ele disse com pesar e eu entendi qual era a resposta.

“Eu sabia que era menina!” Falei rindo.

“Mais uma para dar dor de cabeça e cabelos brancos...” Ele riu. “Como tinha tanta certeza que ia ser menina?”

“Não tinha, só estava torcendo que fosse para ela te encher o saco!” Ele gargalhou quando eu disse. “E Megan? Como ela está?”

“Está bem, se adaptou rápido ao colégio... Ela veio te visitar algumas vezes, enquanto você ainda estava dormindo, se você quiser posso trazê-la aqui.”

“Claro que eu quero, sabe como eu gosto dela.” Recostei-me na cama, estar sentada era muito mais confortável. “E as coisas em casa com seus pais, estão bem?” Perguntei e ele ficou sério.

“Faz um tempo que não vou na casa dos meus pais, na verdade...”

“É mesmo? Por que?” Até onde eu sabia, ele era bem próximo da família... Isso foi por minha causa?

“Acho que você sabe o motivo...” Ele disse. Eu sei? Mas... Ah, espera. A não ser que... Será? “Luke me mostrou sua pesquisa sobre a vida da minha ex.”

“Matthew, eu não... Quer dizer... Eu queria te falar, mas...”

“Eu sei, não se preocupa.” Ele sorriu. “Isso é coisa do passado.”

“Mas o que aconteceu?”

“Mason e eu cortamos qualquer relação e como ele está na casa dos meus pais, evito ir lá. Quando querem me ver, eles vão ao meu apartamento.”

“Eu sinto muito por isso...” Falei me sentindo envergonhada por ter causado tudo isso.

“Não foi culpa sua, você sabe disso.”

“Fiquei com receio de te contar e você me odiar por eu ter mandado Black fazer a investigação.” Disse e ele segurou minha mão.

“É... Como se eu fosse capaz de te odiar.” Ele sorriu e eu sorri também.

A porta se abriu de uma vez, olhei na direção dela e vi Ethan em pé com cara de poucos amigos.

“Atrapalho alguma coisa?” Ele disse irônico.

Soltei minha mão de Matthew, ele se levantou e andou em direção a porta.

“Bom dia.” Ele disse secamente para Ethan.

“Bom dia.” Ethan respondeu e Matthew saiu do quarto.

“Trocaram um ‘Bom dia’ sem nenhuma ofensa, já é um começo.” Disse ironicamente e voltei minha atenção para o meu papel.

“As idiotices que eu faço por sua causa.” Ele se aproximou de mim. “Já está sentada, escrevendo... Perdi alguma coisa?”

“Perdeu várias coisas... O fisioterapeuta esteve aqui. E você? Onde estava?”

“Fui treinar.” Ele sentou em minha cama.

“Por que tanto apego a academia agora?” O olhei séria.

“Não sei do que você está falando, sempre treinei...” Ele deu de ombros.

“Não dessa forma. Passávamos dias sem ir para a academia.”

“Exatamente e isso é errado. Só estou voltando a ter mais disciplina.”

“Pra quê tanta disciplina? Para quando voltar a se meter no fim do mundo, armado até os dentes brincando de morrer em alguma guerra estúpida?”

“Você tem uma idéia muito ruim do meu trabalho no exercito, não foram só coisas ruins...”

“Eu imagino que não. Mas da última vez que teve um pesadelo sobre o seu trabalho no exercito, quase morri sufocada.” Falei e ele arregalou os olhos em surpresa, nunca tínhamos tocado nesse assunto. “Desculpa... Falei sem pensar.”

“Eles me ofereceram algo diferente dessa vez, apenas treinar as equipes. Vai ser como se eu estivesse indo para a academia e ganhando bem pra isso.”

“Então continue indo para a academia. É por causa do dinheiro? Eu pago o que eles tão te oferecendo, aliás, pago o dobro.” Falei e ele riu.

“Isso tudo é desespero para que eu não volte a servir?”

“Sim, você está me deixando bem desesperada.” Apoiei a cabeça em minhas mãos. “Me promete que não vai tomar decisão nenhuma até que eu possa sair daqui.”

“Eu prometo.” Ele se levantou vindo para o meu lado. “Olha só, sua letra tá mais bonita assim...” Ele falou debochando e eu o olhei feio. “Deixa eu te ajudar...” Ele colocou sua mão em cima da minha e me ajudou a fazer minha assinatura.

“Muito perigoso você aprender minha assinatura...”

“Por que? Só por que posso roubar todo seu dinheiro e fugir?”

“Tipo isso mesmo...”

“Você viria atrás de mim.”

“Iria mesmo. E iria fazer o que?” O olhei tentando não rir.

“Cortar meu pinto fora.” Ele falou rindo.

“Olha que rapaz inteligente...” Dei um tapinha no seu rosto e voltamos a escrever juntos.


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