Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 44
Se não fosse amor - Cap. 1: Uma noite desastrosa.


Notas iniciais do capítulo

Meninas, boa tarde!
Bem vindas ao primeiro capítulo de Se não fosse amor. A segunda temporada vão ter vários capítulos narrados pelo Matthew, espero que vocês gostem de ver como são as coisas por outra perspectiva.
Fiquei MUITO, mas MUITO feliz com os comentários do último capítulo! Muito obrigada por todas que acompanharam a primeira temporada, mas sinto muito, ainda vão ter que me aguentar por outra temporada! hahaha
Beijãaaao!



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POV: Matthew Davis.

Tic, tac, tic, tac, tic, tac... Fiquei observando o relógio que estava no alto da parede. Já faziam quase duas horas que os médicos tinham a levado para uma área restrita. Olhei para o lado, Luke estava sentado ao lado de seu noivo, com os olhos vermelhos e inchados de chorar, Ethan estava em pé do outro lado, encostado na parede cabisbaixo e Megan acabara de retornar do refeitório com um café para mim. Agradeci e voltei a minha atenção para o maldito relógio que parecia não permitir que o tempo passasse.

Como as coisas tinham saído de controle daquela forma? Há apenas poucas horas atrás, eu havia acabado de conversar com ela no chá de baby de Marissa. Ela estava linda e eu parecia um completo imbecil, que olhava para a porta a cada 5 segundos, esperando ela aparecer e torcendo para que ela não percebesse que eu parecia um imbecil. Após uma breve conversa com ela, interrompida pela minha tão adorável mãe, achei que ela ainda continuaria um pouco mais na festa, ou que se fosse embora, iria se despedir de mim, pelo menos de Megan ou Marissa, mas ela não o fez. É claro que ela não fez, ela é Sophie Trammer, não faz nada que seja previsível, é a mulher mais teimosa, grossa, mal humorada e complicada do mundo todo... E eu tinha aprendido a amá-la assim mesmo.

2 horas e meia atrás...

“Eu tenho que te contar uma coisa, uma coisa que eu fiz. Você tem que saber que... Bom, eu quero que você saiba que...” Sophie começou a tentar explicar algo.

“Por que eu te odiaria?” Disse rindo. Eu acabara de dizer mais cedo que a amava e ela estava com medo que eu a fosse odiar, isso não fazia o menor sentido.

“Você sabe como eu posso ser um pouco evasiva ás vezes, não sabe?” Evasiva? Imagina...

“E como eu sei... Mas, eu não estou compreendendo Sophie, aconteceu alguma coisa?”

“Aconteceu, eu só não sei como falar, por que você vai ficar bravo comigo e eu não quero que você me odeie. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu nunca consegui te odiar, nem por um dia sequer, mas se você não quiser mais saber de mim, eu vou entender...” Ficar bravo? Ok, agora isso está me deixando nervoso, ela provavelmente fez alguma coisa que eu não vou gostar... Mas, a essa altura e com o meu desespero de conseguir que ela me queira de volta, ela pode ter matado alguém que eu não vou ligar.

“Você está me deixando um pouco preocupado. Eu não vou te odiar, seja lá o que você tenha feito, eu prometo.” Coloquei minhas mãos em seus braços, ela respirou fundo, como ela sempre fazia quando estava tentando manter a calma.

“Matthew, você precisa saber que...”

“Até que enfim eu te achei!” Minha mãe apareceu nos interrompendo. “Eu preciso que você pegue umas coisas.”

“Só um minuto mãe.” Tirei as mãos de seu braço e as coloquei no bolso.

“Querido, por favor, precisamos repor algumas coisas. Você prometeu que iria nos ajudar.” Desejei por um minuto que alguém me matasse pra que eu não tivesse que passar a vergonha que estava passando agora.

“E eu estou ajudando mãe, só estou resolvendo um assunto aqui, pode esperar um minuto, por favor?” Disse impacientemente. Eu sabia o que ela estava fazendo, minha mãe odiava Sophie e deixou isso bem claro para mim, o que ela ainda não tinha entendido é que eu não dava a mínima pra isso.

“Tudo bem...” Ela deu de ombros. “Fiquem a vontade.” Ela sentou em uma das cadeiras e cruzou as pernas.

“É um assunto particular.” Sophie disse secamente e eu tinha certeza que ela estava se controlando para não arrancar a cabeça da minha mãe. Isso poderia até ser engraçado, se não fosse trágico.

“Como se meu filho tivesse segredos para mim...” Ela sorriu. Sophie me olhou e eu sabia que ela tinha notado o quão sem graça eu estava com tudo isso.

“Podemos conversar amanhã?” Ela falou e olhou para minha mãe. “A sós.” Ela enfatizou bem a última palavra. Suspirei derrotado e passei a mão na testa.

“Com certeza podemos. Eu te ligo ou você me liga?”

“Eu ligo, pode deixar.” Ela alisou meu braço brevemente e a conhecendo tão bem como eu conhecia, ela fez isso de propósito, sabendo que esse pequeno gesto iria aborrecer minha mãe. E claro, ela estava certa.

“Certo.” Sorri. “Vamos mãe.” A levantei levemente pelo braço e saímos. “Você não tem jeito mesmo...” Sussurrei.

“É uma falta de educação sua, abandonar a Lindsay sozinha pra dar atenção pra essa daí.” Ela falou e eu parei, ficando de frente a ela.

“Lindsay pode se virar sem mim e ‘essa daí’ tem nome, é uma das empresárias mais bem sucedidas e respeitadas, tenha um mínimo de respeito por ela também.” Falei sério.

“Acontece que desde que você conheceu essa moça você está diferente, não é o meu Matthew de antes.” Ela passou a mão em meu rosto, tentando usar a típica chantagem emocional que ela sempre usava. Antes funcionava comigo, mas agora não.

“O problema mãe, é que eu aprendi a andar com as minhas próprias pernas e isso te deixa doente, por que agora eu tenho voz e não aceito tudo o que você impõe para mim.” Seus olhos começaram a lacrimejar. Ah não mãe, choro aqui não... “Olha, seu filho nunca esteve tão bem como agora. Não pode ficar feliz por mim? Eu finalmente estou trabalhando com alguma coisa que eu gosto e eu sou reconhecido pelo meu trabalho, pode, por favor, parar de tentar estragar as coisas para mim aqui?”

“Ah, claro, por que a culpa é toda minha, eu que estrago sua vida, não é?” Ela disse com uma dose cavalar de drama e saiu. Olhei para cima, implorando alguma paciência a mais para lidar com isso.

Minha mãe atrapalhou minha conversa com Sophie e sequer disse o que queria que eu fosse buscar. Então decidi procurar Marissa, para ver se ela precisava de alguma coisa mesmo ou isso era pura desculpa da minha mãe para infernizar minha vida. 30 anos e ainda sou o próprio filhinho da mamãe... Depois de muito procurar, finalmente a encontrei, rodeada de amigas e incluindo Lindsay.

“Posso roubar ela por um minuto?” Falei educadamente, as amigas de Marissa sorriram e Lindsay sorriu um pouco mais. Engraçado como as coisas podem mudar drasticamente... Éramos noivos, poucos meses atrás e agora até a forma que ela me olhava me incomodava.

“Que foi Matt?” Marissa disse quando ficamos à sós.

“Nada, só queria saber se você precisa de alguma coisa.”

“Não, não... Está tudo perfeito Matt, mas obrigada.”

“Como eu suspeitava...” Sorri irônico e Marissa me olhou sem entender nada. “Estava tendo uma conversa com a Sophie e mamãe chegou atrapalhando tudo, dizendo que precisava que eu pegasse algumas coisas para você, mas agora vejo que foi só uma desculpa mesmo para interromper.”

“Mamãe não muda...” Ela cruzou os braços. “Ela insiste que você e Lindsay vão voltar e por isso tem esse ódio gratuito pela Sophie.”

“É mais provável chover porcos do que eu voltar para a Lindsay...” Disse e Marissa começou a rir.

“Quem diria não é? Todos imaginávamos que vocês iriam casar, que vocês eram o casal perfeito e todas essas baboseiras.”

“Eu também achava, mas...” Dei de ombros.

“Mas, a Sophie soube te deixar caidinho por ela mesmo.” Ela bateu em meu ombro.

“Ai que tá, acho que ela sequer tentou me fazer gostar dela...” Sorri. “Ela parece uma mulher de verdade sabe? Eu admiro ela por tudo que conseguiu conquistar.”

“Conquistou tudo, inclusive o coração do meu irmãozinho... Ai que romântico.” Ela suspirou debochando de mim.

“Sua sorte é estar carregando meu sobrinho, se não a gente ia resolver isso como nos velhos tempos.” Marissa e eu tínhamos o hábito de ‘brincar’ de luta. Ironicamente, ela ganhava muitas vezes, mas eu sempre falava que era por que eu deixava ela ganhar, óbvio.

“Quero só ver sua cara se descobrir que será uma sobrinha...”

“Vai ser sobrinho. Pelo amor de Deus... Gere um homem, estou implorando!” Falei dramatizando.

“Gente, mas qual problema ser uma menina?”

“Matt, Matt!” Ouvi Meggie gritando por mim e virei em sua direção.

“Está ai o problema...” Falei para Marissa, ela deu língua para mim e saiu. “O que houve? Quebrou uma unha de novo?”

“É sério!” Ela bateu em meu braço. “Eu estava falando com a Sophie no telefone, achei que ela ainda estava aqui, mas...”

“Ela não está? Já foi embora?” Repeti confuso. “Mas, ela nem se despediu...”

“Eu sei que ela não se despediu, mas dá pra prestar atenção no problema?”

“Tudo bem, qual é o problema?”

“Estávamos conversando e eu ouvi um barulho, ela não disse mais nada Matt, eu acho que aconteceu alguma coisa!” Megan disse exasperada e eu fiquei em choque por um momento.

“Cadê o celular? Você não desligou não é?” Falei nervoso, ela fez que não com a cabeça e me entregou o aparelho. “Sophie? Sophie?” Não dava pra ouvir quase nada do outro lado da linha, só o barulho do vento e por um momento, eu senti meu mundo desmoronar. Olhei para Meggie, que estava com uma expressão tão assustada quanto a minha. “Eu vou atrás dela. Diga pra Marissa.” Disse e saí praticamente correndo para a saída, eu não tinha idéia de pra onde ir, ela provavelmente deveria estar indo para casa, mas e se não tivesse? “Sophie? Sophie fala alguma coisa!” Gritei.

“Deus?” Ouvi sua voz um pouco distante.

“O quê? Não, é o Matthew! O que aconteceu? Meggie disse que estava falando com você e depois ouviu um barulho e você não disse mais nada.”.

“Eu... Eu sofri um acidente, Matthew, me ajuda, por favor!” Ela falou e eu sabia que ela estava apavorada, precisava encontrá-la o mais rápido possível e pedir ajuda.

“Meu Deus... Onde você está? Isso foi perto de onde?”

“Eu não sei, eu estou num cruzamento eu acho, mas eu não sei aonde é!”

“Pra onde você estava indo quando saiu daqui?”

“Para casa.” Ótimo, eu sabia que caminho ela tinha pegue, agora seria muito mais fácil de achá-la.

Fiquei tentando mantê-la acordada, pelo o que ela me contou, havia batido a cabeça, eu não era nenhum médico formado, mas eu sabia que ela não podia dormir após uma pancada forte na cabeça. Liguei para uma ambulância quando ainda estava no caminho e torci para que chegassem logo.

“Matthew...” Ouvi ela me chamando, mais baixo, como se estivesse com dificuldade para falar.

“Eu estou chegando, eu já estou próximo de onde você está!” Tentei tranquilizá-la.

“Matthew, eu não sinto mais nada.” O desespero tomou conta de mim ao ouvir isso. Eu não sabia em que situação ela estava, não sabia como o carro estava, ela podia estar presa nas ferragens ou pior e a idéia disso estava me matando.

“Não. Você sente sim, você vai ficar bem, eu estou chegando, amor me escuta, eu tô chegando!”

“Eu morri?” Ela falou, mais como um pensamento alto.

“O quê? Não, você não morreu nem vai morrer. Eu acho que estou vendo seu carro...” Cerrei os olhos e vi um automóvel capotado, acelerei ainda mais, por que honestamente, estava com tanto ou mais medo do que ela, só não queria que ela soubesse.

“Se eu não morri, então que luz é essa?”

“Luz? Como assim Sophie? Que luz? Eu estou te vendo, graças a Deus...” Foi quando eu notei a luz da qual Sophie estava falando. “Não, não é possível.” Eram as luzes de faróis, mas, por algum motivo o motorista continuava a ir em sua direção, sem desviar. Comecei a apertar a buzina, numa tentativa de alertar quem quer que estivesse no volante, que havia uma pessoa acidentada em sua frente, de nada serviu. “Sophie são faróis!” Saí de dentro do carro e comecei a correr em sua direção, parando apenas poucos metros antes de ver o caminhão bater em cheio no carro de Sophie. “Não!” Gritei e vi o carro dela ser arrastado e capotar.

Isso não está acontecendo, definitivamente não está. Corri até o carro, não estava mais de cabeça pra baixo, devido ter capotado novamente. Parei ao lado da janela do motorista, Sophie estava inconsciente, sua cabeça sangrando muito, mas ela estava respirando ainda, o que era um alivio. Corri até o caminhão e vi o motorista tentando soltar o cinto de segurança.

“O senhor está bem?” Perguntei a ele.

“Estou... Mas... O que houve?” Ele disse parecendo desnorteado.

“Uma moça sofreu um acidente de carro aqui nesse cruzamento, o carro estava capotado e o senhor bateu nele. Não o viu no meio da estrada?” Disse tentando parecer calmo.

“Eu... Eu acho que dormi ao volante. Meu Deus, como está a moça?” Ele falou e desceu do caminhão, voltando comigo para o carro onde Sophie estava. “Precisamos chamar uma ambulância!” Ele disse nervoso, após ver a situação em que Sophie estava.

“Eu já liguei para eles quando estava vindo para cá, devem estar chegando. Não podemos mexer nela antes disso, pode ter algo fraturado e nós vamos acabar piorando a situação.” Eu não podia sentir raiva daquele senhor, por que no fim das contas, não foi sua culpa. Só Deus sabe há quanto tempo ele devia estar dirigindo a ponto de dormir ao volante.

“Você conhece ela?” Ele me perguntou visivelmente abalado.

“Conheço.” Assenti. “Nós trabalhamos juntos. Quero dizer, eu trabalho para ela.” Lembrei com carinho da correção que ela sempre fazia.

“Entendo. Eu sou Michael Paris.” Ele estendeu a mão em forma de comprimento.

“Matthew, Matthew Davis.” Apertamos as mãos brevemente e comecei a ouvir um barulho de sirene. A ambulância tinha chegado, finalmente. Senti um alivio enorme por saber que eles iriam tirá-la daquele maldito carro.

“Ela é tão jovem... Tem idade pra ser minha filha.” Michael falou pensativo. “Não é justo que sua vida termine assim.”

“Ela não vai morrer senhor.” O olhei sério.

Os paramédicos vieram de encontro a nós, um deles conversou comigo brevemente, apenas pegando dados como o nome de Sophie e colhendo informações de como o acidente aconteceu, o que eu não tinha idéia. Outro atendeu Michael e dois tentaram abrir a porta do carro de Sophie, mas sem sucesso.

“Nós vamos ligar para os bombeiros, vamos ter que cerrar a porta.” Uma paramédica disse, fazendo com meu nervosismo e medo aumentasse.

Poucos minutos depois, os bombeiros chegaram e começaram a preparar rapidamente os equipamentos para cerrar a porta.

“A respiração dela não está normalizada, precisamos de oxigênio!” Um dos bombeiros gritou e imediatamente os paramédicos levaram um balão de oxigênio e colocaram em Sophie, enquanto a porta era cerrada. Por questões de segurança, eles não permitiam que eu chegasse muito perto e eu estava inquieto por ter que esperar de longe.

Preciso avisar para o Luke... Achei melhor arranjar algo para fazer, por que não estava suportando essa demora. Disquei o número do telefone fixo do apartamento de Sophie, após algumas chamadas, Luke atendeu.

“Alô?”

“Luke? É Matthew, Matthew Davis.”

“Matthew?! Quanto tempo! A Sophie não está em casa, melhor tentar no celular dela...”

“Não, é com você que eu queria falar mesmo.” Disse e senti o nervosismo tomar contar de mim, como eu iria contar o que houve?

“Comigo? Sério? Por quê?” Luke falou confuso.

“Bem, eu não sei se a Sophie te informou, mas ela veio para o chá de baby da minha irmã, Marissa...”

“Sim, o Ethan me avisou que ela iria na verdade. Tentei falar com ela, mas ela não me atendeu... Mas, o que foi? Aconteceu alguma coisa?”

“Aconteceu...”

“O que houve? Cadê a Sophie? Deixa eu falar com ela.” Luke disse.

“Luke, ela... Ela sofreu um acidente de carro.” Falei e Luke ficou em silêncio, comecei a achar que ele tinha desligado, mas não, ele provavelmente só estava em choque.

“Matthew? Oi, é o Kenny. O que aconteceu? Luke largou o telefone aos prantos!”

“A Sophie sofreu um acidente de carro Kenny, eu liguei para avisá-los. A ambulância já está aqui, eu estou no local do acidente.”

“Meu Deus... Mas, como ela está? Para que hospital vão levar ela?”

“Honestamente, eu não sei qual a gravidade Kenny, eles não deixam que eu chegue muito perto, estão tendo que cerrar a porta do carro para tirar ela de dentro.” Expliquei e perguntei para um dos paramédicos para qual hospital iriam levá-la e falei para Kenny qual o endereço.

“Nós estamos indo para lá agora mesmo, pode nos avisar se tiver alguma novidade?”

“Sim Kenny, aviso com certeza, eu acho que tenho o telefone do Luke, mas por segurança, me passa o seu também.” Enquanto digitava o número de Kenny no celular de Megan, percebi uma movimentação maior próximo ao carro de Sophie. Alguma coisa não estava certa. “Então eu ligo qualquer coisa e nos encontramos no hospital Kenny.” Disse e desliguei andando de volta para perto do acidente, vi Sophie deitada no chão enquanto um dos bombeiros fazia pressão em seu peito. “O que aconteceu?” Falei sem entender nada.

“Ela está tendo uma parada cardiorrespiratória.” Disse uma paramédica que passou por mim com um aparelho nas mãos e sentou ao lado de Sophie. “Afastem-se, por favor.” Ela alertou e eu continuei no mesmo lugar, não consegui me mover sequer um centímetro.

Ela ligou o desfibrilador e o apoiou em cima de Sophie, a corrente elétrica foi aplicada por quatro vezes, quatro torturantes, agonizantes e terríveis vezes. Eu nunca havia me sentindo tão impotente em toda minha vida. Não havia nada que eu pudesse fazer ou dizer que pudesse ajudar, eu era um completo inútil ali, parado em pé, vendo o coração da mulher que eu amava parando de bater.

“O pulso está normalizado, fraco, mas estável.” A paramédica informou aos outros e eu consegui respirar. Eles começaram a imobilizá-la e a colocar na maca para enfim, irmos para o hospital. “O senhor vai conosco na ambulância?”

“Não, eu estou de carro e não tenho ninguém que o leve de volta, vou seguindo vocês.” Disse e a paramédica assentiu.

Eles haviam colocado um balão de oxigênio em Sophie e algum medicamente na veia, peguei sua mão com cuidado e a beijei. Você vai sair dessa, você precisa sair dessa. Entrei em meu carro e fui dirigindo um pouco atrás da ambulância, quando chegamos, eles desceram com ela rapidamente e a levaram para uma área em que eu não tinha acesso para entrar. Ótimo, inútil mais uma vez. Sentei em uma das cadeiras e poucos minutos depois, Luke, Kenny e soldadinho de chumbo chegaram.

“Onde ela está Matthew?” Luke falou exasperado.

“Eles a levaram pra uma sala que é proibido entrarmos... Eu não tenho idéia do que está acontecendo lá.” Levantei ficando de frente para ele.

“Mas, como isso aconteceu? Ela bateu em algo?” Kenny perguntou com o braço ao redor de Luke, tentando o tranquilizar.

“Eu não sei, em um minuto ela estava na festa e no outro Megan veio falar comigo, dizendo que estava conversando com Sophie no celular e após ouvir um barulho, ela não respondeu mais nada.”

“Então você estava nessa festa também?” Ethan perguntou.

“Era a festa da minha irmã, então...” Respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

“Jamais teria deixado ela ir se soubesse disso.”

“Como se você mandasse nela...” Falei irônico.

“Já fez sua parte, pode pegar suas coisas e ir embora agora.”

“Não vou embora enquanto ela não estiver bem, se isso te incomoda, vá embora você.”

“Ou eu posso te tirar a força...” Ele deu passo em minha direção e eu dei outro em direção a ele.

“Ah, eu vou adorar ver você tentar.”

“Escuta aqui...” Ele começou a falar.

“Não. Escuta aqui vocês.” Luke nos interrompeu, ficando entre nós. “Estão dentro de um hospital, se querem se matar vão lá pra fora, por que honestamente, estou pouco me fodendo pra vocês e sabe por quê? Por que a pessoa que eu conheço toda uma vida, que nunca me deu as costas, que sempre me ajudou em tudo o que eu precisei, agora está precisando de mim. Então eu sugiro que façam essa disputa de testosterona em outro lugar, do contrário, eu mesmo peço para os seguranças tirar os dois daqui.” Kenny se pôs ao lado de Luke, pedindo que ele tivesse calma, eu nunca o tinha visto tão exaltado assim, mas a ocasião justificava bem.

“Luke tem razão... Não é hora nem momento pra nos preocuparmos com essas idiotices.” Falei e voltei a sentar.

“É, concordamos em algo.” Ethan disse. “Desculpe Luke... Eu só estou tão nervoso e com medo por ela que perdi a cabeça.”

“Todos nós estamos. Vamos tentar manter uma convivência pacifica, por favor.” Kenny praticamente implorou e nós assentimos. Não era o momento de debater meus problemas com Ethan, outra pessoa merecia nossa total atenção.

“Quem é o responsável por Sophie Trammer?” Um médico falou.

“Eu!” Luke, Ethan e eu falamos ao mesmo tempo e o médico nos olhou confuso.

“Os três são parentes?”

“Não, somos amigos.” Luke apontou para mim. “Ele é namorado.” Ele disse apontando para Ethan e eu cerrei os punhos para me controlar ao ouvir aquilo.

“Eu sou o Dr. Harper, preciso que um de vocês assine essa autorização o mais rápido possível, por favor.”

“Autorização? Mas, para quê?” Eu disse e Luke pegou a folha das mãos de Dr. Harper.

“Para uma cirurgia. A perna esquerda da Srta. Trammer está comprometida, se não operarmos agora...”

“Ela pode ficar com seqüelas?” Luke perguntou apreensivo.

“Eles podem ter que amputá-la.” Ethan falou e o médico assentiu.

“Meu Deus...” Falei em choque.

“Eu assino, assino o que precisar.” Luke pegou a caneta que o médico ofereceu e apoiou os papéis na parede, depois os entregou de volta. “Por favor, cuide bem dela.”

“Nós estamos cuidando, eu volto a procurá-los assim que a cirurgia acabar.” Ele disse e voltou para dentro da área restrita.

Não era justo, nada disso era justo. Ela não merecia isso, depois de tudo o que ela passou ela ainda podia perder a perna?! Olhei para cima e vi Kenny abraçando Luke, que chorava sem parar. Ethan sentou em uma cadeira que ficava de frente a mim e apoiou a cabeça nas mãos. Ela vai ficar bem... Repeti mentalmente, tentando me convencer disso, mas no fundo eu estava com medo do que poderia acontecer com ela, todos nós estávamos. Fiquei repassando em minha cabeça os últimos minutos de conversa que tivemos, antes de ela ir embora e tudo isso acontecer. Tínhamos combinado de nos encontrar no dia seguinte, ela queria me contar alguma coisa... O que seria? Será que eu ia ter a oportunidade de descobrir isso?


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