Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 43
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Ai genteeeee, último capítulo da 1ª temporada :( Se eu já tô sofrendo mesmo tendo ainda uma temporada pela frente, imagina quando for o último capítulo mesmo heim?
Enfim, não vou enrolar muito aqui não, a gente se fala lá embaixo,
Espero que vocês gostem do capítulo e uma sugestão: Leiam ouvindo The scientist, do Coldplay.



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Tomei um banho demorado, quando levantei Ethan ainda estava dormindo, vesti meu roupão, peguei minha escova de cabelo, comecei a penteá-lo e voltei para o quarto, afim de assistir um pouco do jornal da manhã. Sentei na cama, liguei a televisão, cruzei as pernas e fiquei penteando meu cabelo, distraída com as noticias. De repente, senti um beijo em meu pescoço e sorri.

“Alguém acordou de bom humor...” Falei virando de frente para Ethan. Ele já havia perdido a vergonha de ficar sem blusa na minha frente, cada vez mais ele se sentia mais a vontade comigo, o que era ótimo.

“Culpa sua!” Ele disse e me beijou.

“Então, gostou da noite?” Perguntei animada.

“O que você acha?” Ele disse sorrindo.

“Acho que foi muito proveitosa...” Inclinei a cabeça e ele beijou minha testa. “Com fome?” Perguntei e ele fez que sim com a cabeça. “Eu vou fazer nosso café então.”

“Está bem, vou só tomar um banho rápido.” Ele falou se levantando, indo para o banheiro e eu fiquei admirando, descaradamente, sua bunda. “Perdeu alguma coisa ai?” Ele falou rindo.

“Esse é definitivamente o seu melhor ângulo...” Fechei um olho, fingindo o analisar e ele gargalhou.

“Você é uma pervertida!”

“E você adora!” Pisquei pra ele e saí para a cozinha.

Enquanto comecei a fazer o café na cafeteira, fui ao closet e rapidamente escolhi uma roupa, uma saia lápis branca e uma camiseta cinza, peguei um blazer preto, uns saltos e voltei para a cozinha já vestida. Quando voltei para lá, Ethan estava fazendo alguma coisa no liquidificador e pôs o líquido em seu copo, sentando em um dos bancos próximo ao meu balcão.

“O que é isso?” Abri a tampa do liquidificador, espiando o que tinha dentro.

“Vitamina. Tem morango, kiwi, leite e proteína.” Ele tomando um gole do seu copo.

“Posso roubar um pouquinho? Parece gostosa.”

“À vontade...” Ele sorriu, eu peguei um copo colocando um pouco para mim e comecei a passar geléia em algumas torradas.

Olhei para minha bolsa, em cima do sofá e lembrei do papel que Marissa havia me dado com o endereço para o chá de baby, algo que eu precisava falar com Ethan sobre. Eu ainda não tinha decidido se iria ou não, mas de qualquer forma, achei que deveria falar para ele.

“Então... Queria falar com você sobre uma coisa.”

“Claro, aconteceu algo?”

“Mais ou menos...” Sentei em cima do balcão e Ethan pegou uma das minhas torradas. “Sabe a Marissa?”

“Marissa...?!” Ele deu uma mordida na torrada.

“Marissa Davis.”

“Ah sim... O que tem ela?”

“Ela me convidou pro chá de baby que ela vai fazer hoje... Eu não decidi ainda se vou, mas, queria saber se teria algum problema ir.”

“Chá de baby? Não faço idéia do que é isso...”

“Aparentemente, é uma festa que as grávidas dão pro bebê, nada demais.” Dei de ombros.

“Se você quiser ir, por mim tudo bem.”

“Sério?” Falei surpresa.

“Sim, parece ser uma dessas coisas esquisitas de mulher... Podemos ir jantar depois, ou ir ao cinema, o que você acha?”

“Acho uma ótima idéia.” Sorri e o beijei rapidamente.

“Fiquei surpreso por perguntar minha opinião sobre isso...”

“Acredito que é o que os casais maduros fazem não é? Conversar antes de decidir alguma coisa.” Desci do balcão, ficando de frente para ele. “E você, o que vai fazer hoje?”

“Nada demais... Acho que vou a academia agora de manhã, depois dar uma passada na boate...” Ele desviou o olhar de mim por um momento. “Ah, sabe o que eu descobri?”

“O quê?” Peguei o copo e tomei minha vitamina.

“Que eu te amo...” Ethan falou e com o susto, comecei a engasgar com um pedaço de morango. “Sophie? Você ta zoando ou isso é sério?” Ele levantou vindo em minha direção, eu tentei falar que era sério, que eu realmente estava morrendo entalada com o morango, mas eu não tinha fôlego pra responder. “Ai meu Deus...” Ele ficou atrás de mim e colocou os braços em volta do meu estômago, fazendo pressão nele. Na terceira tentativa, o pedaço de morango saiu voando, me permitindo voltar a respirar.

“Nossa...” Falei sem fôlego e sentei no banco.

“Nossa mesmo.Tudo bem que eu não esperava que você fosse chorar emocionada e fazer uma declaração de amor, mas ai, morrer engasgada também já é demais...” Ele sentou novamente, desapontado.

“É que... Bom... Essas coisas você não pode falar assim de uma vez Ethan, você tinha que me preparar psicologicamente eu nunca imaginei que você fosse dizer isso pra mim e...” Parei por um momento e ele cerrou os olhos. “Por que eu?”

“Como assim por que você?”

“Você vivia ‘La vida loca’, só falava que não queria se apegar e tudo mais e ai, a gente começa a se entender e você muda da água pro vinho. Eu não estou criticando, eu adoro ver o que você se tornou e o que eu me tornei graças a você... Mas, tem certeza disso? De que me ama?”

“Absoluta.” Ele esboçou um sorriso e eu me senti entrando em pânico, Ethan se levantou e ficou de frente a mim. “Você não precisa se preocupar, eu não te disse isso pra que você se sentisse obrigada a me dizer também. Você se importa comigo, me aceita, não me julga...” Ele alisou meu rosto. “Isso vale muito mais do que um ‘Eu te amo’. Eu só queria que soubesse como eu me sinto em relação a você.” Ele me beijou suavemente. “Não fica grilada com isso ta?” Eu assenti. “O jantar tá de pé ainda?”

“Tá... Claro que tá.” Esbocei um sorriso.

“Eu vou pra academia, quer que eu te leve pro trabalho?”

“Não, eu ainda vou secar o cabelo, me maquiar, arrumar minha bolsa e...”

“Tudo bem já entendi, só de te ouvir já deu preguiça.” Ele falou debochando, me deu um beijo no rosto e saiu. Uau... Senhor, que seja um dia tranquilo.

Cheguei ao prédio, subi para meu andar e estava em uma ligação com o pessoal da contabilidade.

“Vocês adoram complicar tudo, é impressionante. Faz um percurso em linha reta dar mil voltas...” Disse impaciente. Acenei para Emily e entrei em minha sala.

“São tempos de crise, então o corte de pessoal é uma ótima opção para reduzir gastos.” John falou.

“Corte de pessoal não é uma opção.” Falei.

“Mas, senhorita...”

“Mas, nada!” Gritei, ouvi a porta se abrindo e quando virei, era Matthew parado me olhando curioso, ignorei sua presença e sentei em minha cadeira. “Não vamos despedir ninguém, sabe quantas famílias dependem desse salário? Sabe quantas hipotecas vão deixar de serem pagas? Vocês podem entender de números, mas não entendem de pessoas. Não tiramos oportunidades aqui, nós criamos oportunidades. Enquanto eu estiver lúcida e no comando dessa empresa, ninguém vai ser demitido sem haver um motivo decente além de ‘diminuir despesas’.” Disse e desliguei o celular.

“Problemas?” Matthew perguntou, bufei e olhei para ele.

“Eu sou louca por não querer demitir 1000 funcionários sem nenhum motivo aparente?”

“Não, você tem coração, eu diria. Por que essa demissão em massa agora?” Ele sentou de frente para mim.

“Parece que é uma tentativa de diminuir as despesas... Mas, não há necessidade. Estamos bem com nossos lucros, mas parece que ninguém aqui ouve o que eu falo.” Recostei-me na cadeira e respirei fundo.

“Isso é pura conversa fiada, estamos com o capital estável já fazem meses, mesmo com a crise econômica, não nos afetou.”

“Justamente! Obrigada, até que enfim alguém com juízo aqui!” Disse e liguei meu computador. “E você o que queria?”

“A Marissa pediu pra te perguntar sobre mais tarde, ela quer saber se põe seu nome na lista na portaria ou não.” Ele falou e eu percebi ele um pouco nervoso, inquieto.

“Eu não decidi ainda se vou...”

“Vamos, você vai gostar. Você não precisa ficar até o final, só apareça, fique um pouco e se estiver muito chato, você vai embora.” Pensei um pouco e suspirei derrotada.

“Tudo bem, pode pôr meu nome.” Disse e ele sorriu, mas permaneceu ali parado. “Algo a mais em que eu possa ajudar?”

“Ér... Na verdade eu queria conversar com você, dois minutos, pode ser?” Ele falou receosamente.

“Pode, eu acho. O que foi?”

“Sobre o que aconteceu ontem no elevador...”

“Ah não Matthew, a essa hora da manhã não, por favor!”

“Relaxa, não vou tentar te agarrar.” Ele riu. “Eu conheço você, sei que jamais iria me dar chance estando com outra pessoa...” Ele ficou sério. “Acho que não tive oportunidade de te mostrar que eu podia ser realmente bom pra você, então eu não vou insistir nisso, enquanto você estiver em um relacionamento com o soldadinho.” Ele disse a última palavra com um certo desprezo.

“Eu agradeço por isso e não é ‘soldadinho’, ele era capitão.”

“Tanto faz... Mas, eu queria que soubesse de algo.”

“O que?” Falei e ele tomou fôlego.

“Eu te amo Sophie.” Ele disse e eu arregalei os olhos em choque.

“As pessoas precisam parar de falar isso, definitivamente.” Apoiei a cabeça em minha mão.

“Quem disse isso pra você também?” Ele franziu a testa.

“Não importa...”

“Sophie, eu só disse isso pra você perceber que aquele cara nunca vai ser capaz de te amar algum dia e eu te amo. Então, leve isso em consideração, está bem?” Ele colocou sua mão por cima da minha e eu só fiquei calada, sem conseguir esboçar nenhuma reação, apenas assenti e ele se levantou saindo da minha sala. Preciso do Luke e preciso agora!

Peguei meu celular e liguei para ele, depois de alguns toques ele atendeu.

“Você não tem idéia do que aconteceu comigo!” Falei desesperada antes mesmo dele dizer algo.

“Meu Jesus, o que foi?”

“Aonde você ta?” Precisava ter certeza de que Ethan não estava com ele.

“No parque, vim caminhar com o Baby, por quê? Eu estou começando a ficar assustado...”

“De manhã cedo, antes de eu sair, o Ethan disse que me ama.”

“Uau... Isso é um grande passo eu diria. Mas, esse foi o problema? Você está tipo surtando agora ou o quê?”

“Não, eu até reagi bem, só quase morri engasgada, mas tirando isso foi tranquilo, ele não me exigiu nada sabe?”

“Sei, mas, então o que aconteceu de tão grave?”

“Quando eu cheguei aqui no escritório, Matthew veio falar comigo e disse que me ama. Também!” Tentei manter a calma.

“Mas que porra?! Como assim?”

“Eu estou simplesmente perdida...” Apoiei a testa em minha mão. “Uns meses atrás eu estava bem sozinha, muito bem e agora tem dois homens, que são realmente muito incríveis, que dizem que me amam... Isso é demais pra mim.”

“Eu concordo, é muita loucura... Mas, o que você vai fazer?”

“Como assim o que vou fazer?” Repeti confusa.

“Essa declaração do Matt não muda nada entre vocês dois?”

“Não vou largar o Ethan por causa disso, se é isso que você está querendo saber.” Respirei fundo. “Não posso mentir pra você, o Matthew mexe comigo ainda, de uma forma que eu não sei explicar, mas, não posso trocar o certo pelo duvidoso. Você me entende?”

“Entendo, claro que entendo. Ethan tem sido muito bom pra você e você tem sido muito boa pra ele, não seria justo.”

“Isso mesmo. Eu só preciso digerir isso... Eu não consegui falar pro Ethan que o amo também, mas eu me importo com ele e gosto dele de verdade... Isso conta como alguma coisa, não conta?”

“Faça as coisas no seu tempo Sophie, você mesma disse que ele não te pressionou a nada, ele sabe de tudo isso que você acabou de falar, que você realmente gosta dele, não fica pirada pensando nisso. Acho que você está precisando de um dia de spa, como nos velhos tempos!” Ele disse e eu sorri.

“Acho que estou mesmo. Amanhã é sábado, podemos ir de manhã cedo e passar o dia recebendo massagens e sendo paparicados, o que você acha?” Disse animada. Passar um tempo com meu amigo era o que eu precisava.

“Acho perfeito! Mal posso esperar!”

“Tudo bem, eu preciso trabalhar, mas nos falamos mais tarde!”

“Até mais tarde vadia que eu invejo por ter dois homens lindos aos seus pés!”

“Espero que o Ken tenha ouvido isso e cancele o casamento!”

“Tá louca? Não fala isso nem brincando! Depois nos falamos, beijo!”

“Outro Lu, tchau.” Desliguei o celular.

Ai Sophie... Onde você foi se meter? Eu sabia que era muita sorte ter dois caras maravilhosos que gostavam de mim, aliás, amavam, mas era tão confuso ao mesmo tempo. Porém, eu sabia o certo a se fazer, Ethan me fazia feliz, era um ótimo companheiro, não queria perder o que construímos. E ainda tinha essa festa mais tarde, agora depois disso, eu tinha mais certeza ainda de que só iria até lá, daria um oi, entregaria o presente e viria embora. Cacete, o presente! Eu não podia nem dizer que esqueci de comprar, por que afinal, só tinha decido há alguns minutos que iria. Abri o site de uma das minhas lojas de roupa e escolhi o que iria comprar para Marissa e o bebê, liguei para a gerente e mandei que entregassem na empresa, antes das 17hrs.

O dia passou vagarosamente, nada de muito importante aconteceu, tudo estava correndo bem e quando estava no fim da tarde, troquei de roupa para a festa. Escolhi um vestido vinho e um casaco branco. Já eram mais de 17hrs quando desci, passei na recepção e peguei o presente de Marissa. Perguntei para um dos seguranças onde ficava o endereço que seria a festa, depois de uma rápida instrução eu entrei no carro e dirigi para lá. Ficava a uma distância até boa da empresa, havia levado quase meia hora para chegar lá. Dei meu nome na entrada e após ser autorizada, entrei no salão de festas que estava até um pouco cheio, eu esperava umas 10, 15 pessoas no máximo. Isso é bem mais que 15 pessoas...

“Sophie!” Ouvi alguém me chamando e me virei na direção da voz.

“Meg! Marissa!” Disse aliviada, alguém conhecido, ainda bem. Nos abraçamos rapidamente e conversamos um pouco.

“Fiquei muito contente quando Matt disse que você viria.” Marissa falou.

“Imagina, era o mínimo que eu podia fazer. A festa está linda, a decoração está impecável Marissa.”

“Acho que está bom até demais, pra quem teve dois dias pra organizar tudo...” Ela sorriu.

“Onde eu posso colocar esse presente?” Perguntei.

“Ah, me dá que eu guardo pra você, já volto!” Megan disse sorridente e eu assenti.

“Bom Sophie, vou pedir licença um minuto, preciso ver se está tudo bem por aqui.”

“Claro, fique a vontade, a festa é sua!” Disse educadamente, ela assentiu e saiu e eu voltei a me sentir deslocada quando ela foi embora. Olhei para os lados, reparando nos detalhes da decoração, quando avistei a mãe de Matthew e nossos olhares cruzados. Argh... Merda.

“O que você está fazendo aqui?” Ela segurou em meu braço e eu o soltei.

“A dona da festa me convidou, pessoalmente. Fez questão que eu viesse.” Sorri irônica.

“Eu sou a dona da festa.”

“Está grávida também? Na sua idade é seguro isso?”

“O quê?”

“É que se a festa é um chá de baby, acredito então que a dona seja a moça grávida, que no caso é a sua filha.”

“Você não é bem vinda aqui...” Ela cerrou os dentes.

“E a senhora é uma anfitriã que deixa muito a desejar... Vou deixar que as pessoas saibam disso.” Saí antes que ela pudesse responder algo.

Encontrei algumas conhecidas e fiquei fingindo prestar atenção nos que ela falavam. Depois de me fazer de educada, pedi licença e fui buscar algo para beber. Não queria beber algo com álcool, por estar dirigindo e eu sempre fui muito cuidadosa com isso. O garçom me ofereceu um chá gelado, que estava muito gostoso aliás.

“Olha só quem está aqui!” Olhei para o lado e vi Lindsay vindo em minha direção. Revirei os olhos e comecei a sair de perto dela. “Está com medo de mim?” Ela disse com diversão.

“Medo? De você?” Gargalhei. “Querida, só não tenho tempo nem paciência pra lidar com gente como você.” Sorri ironicamente.

“É muito simples, é só você ir embora. Não queremos você aqui, isso é uma festa para a família e amigos próximos.”

“Então, o que você está fazendo aqui?” Franzi a testa e voltei a fazer meu caminho para longe dela.

“Matthew e eu vamos voltar. Todo mundo sabe disso, ele só quer um tempo sozinho para ele e eu vou respeitar. Mas, nascemos um pro outro, eu até arranjei um emprego aqui para ficar mais próxima dele.” Ela veio me seguindo e eu parei quando ouvi a última parte.

“Arranjou um emprego aqui? Em Nova Iorque?” Virei em sua direção.

“Está surda ou o quê?” Ótimo, então Mason não cumpriu sua parte no trato.

“Sabe se o seu namoradinho está aqui?”

“É claro que o Matthew está aqui, posso saber o que você quer com ele?” Ela cruzou os braços.

“Não estou falando do Matthew, estou falando do Mason.” Sorri e ela arregalou os olhos.

“Não faço idéia do que você está falando.” Ela desviou o olhar de mim e eu suspirei impaciente.

“Eu acho que você sabe sim... Afinal, não dá pra esquecer um relacionamento que durou tanto tempo como o seu e do Mason.”

“Você está mentindo, eu nunca tive nada com Mase e você não tem como provar nada.”

“Acha mesmo que eu iria afirmar algo desse tipo sem ter provas? Querida, além de patética você é burra também.” Coloquei meu chá gelado em cima do balcão e andei para dentro do salão.

“Espera ai, aonde você vai?” Ela se pôs na minha frente.

“Dar uma volta por ai, ver se eu encontro Matt... A gente tem tanta coisa pra conversar, você nem imagina.” Falei com sarcasmo.

“Você não pode fazer isso!” Ela cerrou os dentes.

“Tente me impedir...” Desviei dela e entrei no salão.

Achar Matthew foi muito fácil, era o único homem envolto em dezenas de mulheres. Nossos olhares se cruzaram e ele sorriu ao me ver, fiz um gesto com a mão o chamando e ele assentiu, se distanciando das pessoas que ele conversava antes e veio em minha direção.

“Que bom que você veio mesmo!” Ele colocou uma mão em meu braço o alisando. “E está linda, como sempre.”

“Obrigada.” Esbocei um sorriso. “Podemos conversar um minuto?”

“Claro, vamos ali fora, aqui está muito barulhento.” Ele pôs uma mão em minhas costas me guiando em meio às pessoas e passamos por uma porta que dava para uma varanda. “Está chovendo, nem tinha percebido...” Ele disse pensativo e eu apenas fiz que sim com a cabeça. “Está gostando da festa?”

“Sim, está tudo muito bonito. Espero que a Marissa goste do presente que comprei.”

“Tenho certeza que ela vai. O que você deu para ela?”

“Vários vestidos lindos para o bebê, um mais fofo que o outro.” Disse sorrindo.

“Mas, por que vestidos para um menino?” Ele falou com divertimento.

“Sinto informar, mas, acho que vai ser menina.”

“Vai ser menino.”

“Menina.” Teimei com ele.

“Enfim, o que queria falar comigo?” Ele falou e eu fiquei séria.

“Eu... Nossa, eu nem sei por onde começar...” Falei passando a mão em meus cabelos, tensa. Eu não tinha certeza se isso era o certo, mas a minha raiva não me deixou discernir o que era errado ou não.

“Deixe eu falar primeiro, eu prometo ser rápido.” Ele sorriu. “Eu achei que o que eu tinha te dito mais cedo iria estragar tudo e você não iria aparecer, mas eu estou muito aliviado que isso não aconteceu. Sabe que, mesmo que você nunca aceite voltar pra mim, você é muito especial, eu simplesmente não consigo mais imaginar acordar e não ter você ali presente, todos os dias. Eu falei sério quando disse que iria aceitar sua decisão, eu não vou me meter no seu relacionamento, por que na verdade, eu só quero que você seja feliz e acho que isso é o que significa amar alguém, abrir mão da própria felicidade pelo o outro.” Ele se calou e eu só fiquei parada olhando para ele.

“Isso complica tudo...” Pensei alto.

“Não entendi.”

“Eu tenho que te contar uma coisa, uma coisa que eu fiz. Você tem que saber que... Bom, eu quero que você saiba que...” Desviei o olhar dele. “Eu não quero que você me odeie.”

“Por que eu te odiaria?” Ele falou com diversão e eu voltei a o encarar.

“Você sabe como eu posso ser um pouco evasiva ás vezes, não sabe?”

“E como eu sei... Mas, eu não estou compreendendo Sophie, aconteceu alguma coisa?”

“Aconteceu, eu só não sei como falar, por que você vai ficar bravo comigo e eu não quero que você me odeie. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu nunca consegui te odiar, nem por um dia sequer, mas se você não quiser mais saber de mim, eu vou entender...”

“Você está me deixando um pouco preocupado. Eu não vou te odiar, seja lá o que você tenha feito, eu prometo.” Ele colocou suas mãos em meus braços e eu respirei fundo.

“Matthew, você precisa saber que...”

“Até que enfim eu te achei!” Clarice apareceu, do nada, nos interrompendo. “Eu preciso que você pegue umas coisas.”

“Só um minuto mãe.” Ele tirou as mãos de mim e as colocou no bolso.

“Querido, por favor, precisamos repor algumas coisas. Você prometeu que iria nos ajudar.”

“E eu estou ajudando mãe, só estou resolvendo um assunto aqui, pode esperar um minuto, por favor?” Matthew disse impaciente.

“Tudo bem...” Ela deu de ombros. “Fiquem a vontade.” Ela sentou em uma das cadeiras e cruzou as pernas.

“É um assunto particular.” Falei secamente.

“Como se meu filho tivesse segredos para mim...” Ela sorriu. Ah, vagabunda... Olhei para Matthew, que estava visivelmente sem graça pela cena que sua mãe estava fazendo.

“Podemos conversar amanhã?” Disse e olhei para Clarice. “A sós.” Enfatizei essa última parte e ela sorriu inocentemente. Matthew suspirou e passou a mão na testa.

“Com certeza podemos. Eu te ligo ou você me liga?”

“Eu ligo, pode deixar.” Alisei seu braço, só para fazer raiva à Clarice e funcionou, seu rosto ficou vermelho e eu podia jurar que ela ia tentar me matar a qualquer momento.

“Certo.” Ele sorriu. “Vamos mãe.” Matthew a puxou levemente pelo braço e saiu.

A chuva, que estava grossa, começou a parar, achei que era um ótimo momento para ir embora. Eu não deveria ter vindo. Não vou negar que uma onde de arrependimento subiu em mim, eu não sei por que aquilo naquele momento, mas eu realmente sentia que deveria ter ficado em casa. Eu odiava esses eventos, o único motivo por eu ter ido foi Marissa... Tudo bem, não foi só pela Marissa. Mas, eu tinha falhado com Matthew novamente, não tinha conseguido contar o que eu sabia sobre Lindsay e Mason, mas de amanhã não passava, isso eu tinha certeza.

Andei em direção à saída, entrei em meu carro e olhei no mapa do celular como chegar em casa, após decorar, mais ou menos, o caminho, comecei a dirigir desejando minha casa o mais rápido possível. Meu celular começou a tocar, o procurei sem tirar os olhos da estrada, quando finalmente o achei, ele parou de tocar. Cliquei na tela para ver quem era, era Luke. Tudo bem, em casa eu falo com ele. Continuei dirigindo, a estrada estava praticamente deserta, apenas alguns poucos carros, o transito livre... Ótimo, vou chegar em casa mais cedo do que esperava.Meu celular começou a tocar novamente, mas, dessa vez era Megan.

“Oi Meg!”

“Oi sumida! Estava te procurando, onde você está?” Droga... Eu fui embora sem me despedir de ninguém.

“Não queira me matar, mas, eu já fui embora.” Disse receosamente.

“Não acredito Sophie!” Ela falou, coloquei o celular no viva voz e o botei em cima do meu colo.

“Eu sei, desculpa! Eu só precisava ir embora...”

“O que houve?”

“Nada demais Meg, só estava cansada mesmo.” Menti. “Pode se desculpar com a Marissa pra mim, por favor?”

“Sim, pode deixar, mas você vai ficar me devendo uma saída!” Ouvi seu riso.

“Vou adorar Meg, a gente precisa de outra tarde de compras.” Olhei pelo retrovisor e vi um carro atrás do meu, bem próximo. Abaixei um pouco o vidro e coloquei a mão para fora, fazendo um sinal para o carro ultrapassar, o motorista aparente o ignorou e continuou atrás de mim. Ah, dane-se... Acelerei um pouco mais, afim de conseguir uma maior distância do carro.

“E eu vou adorar levar meu irmão a falência de novo, como da última vez!” Megan disse e eu comecei a rir, lembrando de como foi uma luta para tentar fazer com que ele deixasse eu pagar e sorri com a lembrança.

“Sabe Megan...” Antes que eu pudesse terminar de falar, senti uma pancada muito forte atrás do meu carro.

Como tinha chovido, a estrada estava molhada, o que fez com que meu carro derrapasse, eu tentei manter o controle do carro, mas em vão. Com a velocidade, o carro capotou três vezes, me deixando no meio de um cruzamento. Tentei abrir os olhos e a minha cabeça protestou de dor, coloquei a mão em minha testa, onde estava doendo mais e a senti molhada, quando olhei para minha mão, vi que ela estava com muito sangue. Olhei para o lado, para fora da janela. Por que tudo está de cabeça para baixo? Foi quando eu notei que não eram as coisas que estavam de cabeça para baixo, eu estava.

“Sophie? Sophie, fala alguma coisa!” Ouvi uma voz, mas não via ninguém do lado de fora.

“Deus?” Falei confusa.

“O quê? Não, é o Matthew! O que aconteceu? Meggie disse que estava falando com você e depois ouviu um barulho e você não disse mais nada.” Claro, o celular ainda estava ligado em algum lugar do carro que eu não conseguia ver.

“Eu... Eu sofri um acidente, Matthew, me ajuda, por favor!” Implorei.

“Meu Deus... Onde você está? Isso foi perto de onde?”

“Eu não sei, eu estou num cruzamento eu acho, mas eu não sei aonde é!”

“Pra onde você estava indo quando saiu daqui?”

“Para casa.”

“Tudo bem, eu sei que caminho você pegou, eu já estou entrando no carro e eu vou chegar ai o mais rápido possível. Mas, eu preciso que você fique conversando comigo, está bem?” Ele falou e eu comecei a sentir meus olhos pesando. “Sophie! Não fica calada, você precisa ficar falando comigo. Como você está? Está doendo aonde?”

“Minha cabeça... Minha cabeça dói muito, eu acho que bati na janela, ela está toda despedaçada, tem vidro por todo canto.”

“Certo, você não pode dormir, me ouviu? Eu vou ligar para uma ambulância.”

“Não! Matthew não desliga, pelo amor de Deus, não me deixa sozinha, eu não quero morrer sozinha!” Disse desesperada.

“Você não vai morrer. Eu não vou deixar isso acontecer e eu não vou te deixar sozinha, eu estou com o celular da Megan, vou ligar do meu para a ambulância e depois eu ligo para o Luke, ele vai vir nos encontrar o mais rápido possível, não se preocupa Sophie, você não está sozinha.”

“Ai meu Deus, o Luke...” Disse pensativa.

“O que tem ele?”

“Eu não me despedi dele Matthew, eu não me despedi de ninguém. Do Luke, do Ethan, do Kenny, do Baby... Ele me ligou Matthew, o Luke me ligou e eu não atendi. Eu queria ter atendido, queria ouvir a voz dele pelo menos, parecia tão sem importância na hora...”

“Você não vai ter que se despedir de ninguém, eu estou ligando pra ambulância, eles vão te tirar dai e você vai ficar bem, eu prometo Sophie.” Ele disse e começou a falar com outra pessoa, dando as coordenadas de onde eu estava.

Eu comecei a sentir meu corpo como se ele pesasse uma tonelada, as dores que eu sentia, eu não sentia mais, era como se tudo estivesse dormente e eu tive certeza de uma coisa, eu ia morrer, a única coisa que eu consegui sentir, foi uma lágrima caindo.

“Matthew...” Sussurrei, desejando que ele conseguisse me ouvir.

“Eu estou chegando, eu já estou próximo de onde você está!”

“Matthew, eu não sinto mais nada.”

“Não. Você sente sim, você vai ficar bem, eu estou chegando, amor me escuta, eu tô chegando!”

Olhei para o lado e vi uma luz distante, começando a se aproximar de mim.

“Eu morri?” Franzi a testa.

“O quê? Não, você não morreu nem vai morrer. Eu acho que estou vendo seu carro...”

“Se eu não morri, então que luz é essa?”

“Luz? Como assim Sophie? Que luz? Eu estou te vendo, graças a Deus... Não, não é possível.” Ele disse e eu comecei a ouvir a buzina do seu carro. “Sophie são faróis!” Ele disse e eu pude ouvir todo o desespero em sua voz. Cerrei os olhos e vi que em minha direção, vinha um caminhão. Cobri minha cabeça com meus braços. “Não!” Ouvi Matthew gritar.

Tudo ficou escuro.

FIM DA PRIMEIRA TEMPORADA


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Notas finais do capítulo

Meninaaaas,
E então, o que acharam? Nossa, chorei escrevendo isso, não tenho emocional pra essas coisas gente! hahaha
Algumas curiosidades para vocês: Sabiam que vocês leram, nada mais, nada menos que 468 páginas? Ainda to passada por ter escrito tanto!
Ao todo, tivemos 22.830 visualizações até hoje, estamos bem né?

ME CONTEM AGORA

O que vocês esperam para a próxima temporada? O que vocês iriam gostar de ver, ou não iriam gostar? Quero opiniões e MUITO, mas MUITO obrigada por tudo, vocês são INCRIVEIS!
Beijos,
Suy.