Surrender escrita por Maryse Ashryver, Leah Walsh


Capítulo 3
O início do caos


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o capítulo dessa semana!



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– Esse vestido lhe caiu muito bem. Deixou você super sexy, Di – Chelsea fala, enquanto eu encaro meu reflexo no espelho de seu closet.

Estou usando um vestido preto curtíssimo, que tem um decote chamativo que não faz muito o meu estilo. Mas Chels insistiu tanto para que eu o provasse, que acabei cedendo.

– Acho que é o vestido mais curto que já vesti na vida – digo com o sorriso torto mais alegre que consigo formar com os lábios. Apesar de ainda não ter falado com a minha mãe, já que a evitei o máximo que pude essa manhã, meu humor está melhor. Acho que eu devia estar mesmo muito estranha ontem, porque até Josh, que não é das pessoas mais observadoras, aparentou ter notado a minha mudança de humor. Ele pareceu aliviado quando me aproximei dele, que esperava por mim no estacionamento hoje de manhã, antes da primeira aula – que temos juntos – começar.

– Você vai para a festa do George, não é? – perguntou ele, ansioso.

– E você acha que a srta. Chelsea McAdams me deixaria faltar esse evento? – retruquei, sorrindo de seu adorável nervosismo.

– Ah, é verdade! Quase me esqueci desse detalhe – nós rimos e ele passou o braço ao redor de meus ombros enquanto seguíamos para a aula de inglês.

O dia passou bem rápido. Depois das aulas, passei na redação do jornal para selecionar as fotos da edição da semana que vem. Chels tinha me chamado para a casa dela para jantarmos e nos arrumarmos para a festa. De modo que quando Annie – a editora chefe do jornal – me dispensou, fui para o ginásio e esperei o treino das líderes de torcida acabar.

E aqui estou eu, depois de repetir dois pratos da deliciosa lasanha da senhora McAdams, provando alguns vestidos da minha amiga. Depois de me decidir pelo preto, pego minha jaqueta de couro preta e vou de novo até o espelho.

– Você devia ficar com esse meu vestido. Eu não o uso, mesmo. E vamos concordar que ele ficou bem melhor em você do que em mim. Tirando o fato de que Josh vai enlouquecer quando te ver vestindo isso. Com certeza vai querer arrancar o vestido fora – Chelsea dá uma risadinha.

Me viro para encarar seu rosto.

– Sabe, de repente não quero mais usar esse vestido.

– Qual é, Di? Você acha que Josh vai esperar para sempre?

– Eu não acho nada. Se ele quiser se aventurar nisso aí, que chame outra pessoa para sair – digo, seca.

– Josh é um dos caras mais cobiçados da escola. Várias garotas morreriam para estar no seu lugar!

– Pena. É o que eu sinto dessas garotas. Josh é um cara legal e fofo, mas não tem muito conteúdo.

– E mesmo assim você está namorando ele – no momento que Chels diz isso, me controlo para não rir dessa ideia idiota.

– Não estamos namorando. Só estamos ficando. A ideia de ter algo sério com Josh nunca passou pela minha cabeça.

– Uma pena, pois ele realmente gosta de você, Diana.

Depois disso, nos calamos e terminamos de nos arrumar em silêncio. Assim que descemos as escadas e alcançamos a sala, o sr. McAdams diz do sofá:

– Filha, esse seu vestido não está muito decotado?

Mesmo sabendo que ele está certo (porque com certeza um vestido com pouco mais de três dedos antes do meio da coxa, todo colado ao corpo e com um decote que mostra boa parte colo não é exatamente um dos mais recatados), Chels revira os olhos e dispara pela porta, sem ao menos respondê-lo. Assim que passo pela porta, solto a gargalhada que vinha segurando desde que vira sua cara para o pai e a sigo até seu carro. Com isso, o clima estranho de dissipa e começamos a tagarelar sobre a festa. Ela dirige rápido, e chegamos na casa do seu namorado em poucos minutos.

Eu tenho certeza que os pais de George não sabem dessa festa, porque se vissem a quantidade de gente que está abarrotando seu amado jardim, com certeza iriam surtar.

Depois de falar com algumas pessoas que encontramos pelo caminho até a porta, conseguimos entrar na casa e é definitivamente impressionante quantas pessoas estão nessa festa. Estou certa de que quando Newton disse que dois corpos não ocupam o mesmo espaço, ele não tinha ido a uma festa. Muito menos a uma dada por George, enquanto seus pais estão fora da cidade.

Assim que avisto Josh e David sentados no sofá, disparo em direção a eles, deixando Chelsea procurando por seu namorado.

– Oi, Di! – diz meu irmão logo que paro em seu lado – Que vestido é esse? Você deixou o resto dele em algum lugar? – na hora que David diz isso, fico vermelha da cabeça aos pés, porque posso notar que Josh também reparou no vestido e já está me examinando toda, com os olhos arregalados. Como se notasse que não tinha me cumprimentado, ele se levanta e me dá um beijo todo empolgado.

– Hey, baby! – diz Josh e logo sinto um bafo de cerveja saindo sua boca, a qual está formando um sorriso muito diferente do normal.

– Ei cara, manere um pouco, essa aí é a minha irmã – David diz e faz uma expressão fingida de nojo. Não consigo me segurar com a cara que ele está fazendo e começo a rir.

Depois de algum tempo de conversa, Chels chega com um George cambaleante e com algumas das suas amigas. Logo todos eles começam a conversar sobre o próximo grande jogo da sexta que vem, me deixando um pouco por fora do assunto. Sinceramente, eu não entendo todo esse fascínio que as pessoas têm por futebol americano. Para mim, são só alguns caras correndo atrás de um bola e pulando uns sobre os outros. Por mim, nunca iria para os jogos. Mas como sou a fotógrafa do jornal, tenho que bater fotos para a coluna de esportes. Não tenho saída.

– Vou pegar alguma coisa para beber – anuncio. Sem esperar uma resposta, me afasto do grupo.

Chegar na cozinha é realmente uma jornada muito difícil, por conta da quantidade de pessoas. Quando finalmente consigo encher um copo com ponche e volto ao lugar em que meu grupo estava reunido, não encontro nenhum deles. Onde diabos eles se meteram? Eu me viro, procurando por um deles, e noto um cara sentado no canto do sofá. Estava me encarando. Ele é perceptivelmente alto e um tanto musculoso, de cabelos escuros, rosto anguloso e com os olhos mais azuis que eu já vi. Definitivamente, ele é muito bonito.

Alguma coisa no modo como ele está me encarando faz um calafrio percorrer minha espinha e, quando me dou conta, já estou andando em sua direção, sem desviar meu olhar do dele. Até que um braço envolve minha cintura e uma voz familiar sussurra em meu ouvido:

– Precisamos conversar, linda – diz Josh, seu hálito fedorento atingindo meu rosto. Eu coro por ter sido pega no flagra, mas acho que ele não percebe.

Sou arrastada para fora da casa e sou recebida pela brisa da noite. Ao contrário de quando eu cheguei, a parte externa da casa estava vazia, com exceção de duas ou três pessoas dormindo no gramado, provavelmente bêbadas. A rua estava mal iluminada e as batidas da música da festa estavam ficando abafadas, à medida que Josh me leva até o fim da rua sem saída, onde tem a entrada do que suponho ser um bosque.

Do nada, Josh se vira para mim, me pressiona contra o tronco de uma árvore e logo sua boca está na minha, sua língua ávida pela minha. Apesar da surpresa e do gosto horrível de cerveja, retribuo o beijo. Ele desliza sua mão pelas minhas costas, guiando-a para minha bunda. Isso me assusta de imediato, então interrompo o beijo.

– Pensei que você quisesse conversar – digo.

– E eu quero – ele diz, com um sorriso afetado – Acho que você deveria parar de bancar a difícil e liberar para mim logo.

Meu queixo cai.

– C-como? – gaguejo.

– Você me ouviu. Você sempre fica fugindo de mim, sem querer algo sério. Mas eu já entendi o seu lance.

– Acha mesmo que o meu lance é dormir com você? – dou uma risada de escárnio, apesar de estar magoada internamente – Vá para casa, você está muito bêbado.

Tento empurrá-lo, mas ele me esmaga contra a árvore e coloca a mão sob meu vestido. Continuo tentando afastá-lo, mas ele vai subindo até parar no elástico da minha calcinha.

– Josh, pare com isso. Não tem graça – tento, inutilmente, tirar suas mãos de mim.

– Você fica gostosa com esse vestido – comenta, com um sorriso cruel no rosto, me deixando assustada.

Quando ele coloca a mão dentro da minha calcinha, algo acontece. Alguma coisa dentro de mim explode, minha visão fica turva e tudo o que sinto é um medo avassalador de Josh, que me solta no mesmo momento e cai no chão. Seus olhos arregalados encontram os meus. Logo ele começa a se debater de forma assustadora e posso ouvir alguns gemidos saindo de sua boca. Dou alguns passos na tentativa de me afastar dele. Mas uma mão agarra meu pulso.

– Diana? – a voz de meu irmão toma minha atenção e me viro para ele.

David nota Josh convulsionado no chão e o terror domina sua expressão.

– Diana, que merda é essa?! – grita ele, largando meu braço e correndo em direção ao amigo que ainda se debate, agora com as veias saltando sob a pele.

– Eu não sei, David! Eu juro! Foi tudo tão de repente – meu nervosismo aumenta, assim como meu medo.

Logo que David se abaixa junto a Josh, escuto-o gritar de dor, como se o que atingisse seu amigo também o tivesse atingido.

– David! – grito, em pânico, enquanto corro em sua direção.

Assim que me ajoelho a seu lado, noto que o outro já parou de convulsionar e está inconsciente, deitado imóvel como uma pedra. Como que um milagre, David também para. Ofegante e desorientado, ele diz algo que não entendo e então desmaia.

– David, acorde! Meu Deus, David! Não faz isso comigo, acorda! – fico gritando à medida que o sacudo, na esperança de que ele reaja.

Posso ouvir seu coração bater muito baixo quando coloco meu ouvido em seu peito e me desfaço em lágrimas.

Do nada, sinto uma picada no braço e levanto a cabeça atordoada. Algum tipo de agulha tinha me furado. Olho para trás e vejo três figuras masculinas. Sem que eu possa fazer nada, sinto meu corpo ceder em direção ao do meu irmão. Mas então, antes que eu caia sobre ele, alguém me segura e me levanta em seus braços.

A última coisa que vejo são os olhos azuis de meu captor.


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Notas finais do capítulo

Pessoas, eu sei que falei que o "flashback" ia ser no máximo até esse capítulo. Mas eu e a Leah temos uma mania incontrolável de escrever muito, então estenderemos até o próximo capítulo. :)
Não sejam leitores fantasmas, comentem!



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