Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Gostaria de pedir de novo: comentem! É importante e leitores fantasmas ninguém merece! Admito que fico desanimada com poucos comentários... Ah! Queria também agradecer muitíssimo a essa querida Ana que recomendou a fic! Muito obrigada, fiquei bem feliz com as palavras! O cap de hj tá meio triste, mas é importante para o decorrer da história. Espero que entendam! Boa leitura!



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Não. Aquilo não era verdade. Jade tinha certeza que tinha escutado errado, ou que aquilo era uma brincadeira de muito mau gosto, porém, ao olhar o médico, viu que a notícia era séria. Olhou para o lado e viu Ed chorando, então percebeu que não tinha escutado errado.

– Não! Não! - Jade se lançou, inconsolável, para um abraço em Edgard. - Ed! Não é verdade! Eu... Eu sinto! Eu... Eu sei, Ed! Eu sei que.. que quando eu chegar em casa, ela vai... vai estar sentada no sofá, me... me esperando! Ed, é mentira, não é?

– Eu queria muito poder... poder dizer o contrário, querida... Mas ao que parece, a sua mãe não vai estar mais te esperando... - Jade chorava mais ainda. Edgard também. E eles poderiam jurar que viram os olhos do médico cheios de lágrimas, mas ele saiu da sala antes de deixá-las rolar. - Nunca mais!

Jade só conseguia chorar. E chorar um choro sofrido, com direito a soluços. Um choro que estava guardado a muito tempo, desde quando descobrira o câncer da sua mãe. Edgard também não conseguia pensar em nada além de que a Lucrécia, sua amiga, confidente e companheira de todas as horas, estava morta.

Depois de intermináveis minutos de choro continuo, Ed se desvincilhou-se dos braços de Jade e falou:

– Querida, eu acho melhor você ir para casa agora. Ficar aqui só vai te fazer lembrar de coisas ruins. Pode deixar que eu cuido do resto das coisas. - Resto das coisas. Uma forma delicada de falar em velório e enterro, pensou Jade.

– Eu não posso ir para casa, Ed. - Disse Jade, sem forças. Diante do olhar confuso do professor, ela explicou-se: - Tudo naquela casa lembra ela. Se eu entrar lá, eu... eu não sei... - E então as lágrimas voltaram.

– Tudo bem, Jade. - Edgard entendia, afinal, não é todo dia que se perde a própria mãe. - Mas para onde você quer ir?

– Eu não sei... Talvez para... Ribalta? É, para Ribalta, Ed. Por essas horas, as aulas estão acabando, com sorte eu chego lá e já não tem ninguém. Você me empresta suas chaves?

– Claro, minha querida. - Jade pegou as chaves e partiu em retirada. - Mas antes... Eu queria que você soubesse... Que eu estou aqui, tá? Com você, para o que você precisar. - Jade tentou sorrir e Edgard também, mas o resultado foi apenas mais lágrimas. Jade balançou a cabeça, em sinal de afirmação e agradecimento, antes de abraçar mais uma vez Ed e ir embora.

Pegou um táxi e foi em direção a Ribalta. Como pensava, encontrou o lugar vazio. Quando chegou na sala de dança, seu coração apertou como nunca antes. Ao entrar no local, viu-o exatamente do mesmo jeito que a mãe tinha deixado após a última aula. A agenda com algumas anotações ainda estava ali. Pegando-a, Jade pôde observar o traçado elegante da letra da mãe. Desistindo de tentar controlar o choro, foi na direção do rádio. O CD da última aula também estava lá. Colocou-o para tocar.

Cinco, seis; sete, oito!

Ela conseguia ouvir a voz da Lucrécia falando. Tentou executar alguns movimentos, mas não conseguiu. Estava angustiada, machucada demais para isso. Então, sentou-se no chão e chorou. Chorou sem medo de parecer ridícula, fresca ou vítima. Sua mãe tinha morrido. Agora, mais do que nunca, ela tinha certeza que estava sozinha. Não tinha pai, não tinha irmãos e o Lírio e a Joaquina não saberiam como agir em um momento daqueles. Ed estava do mesmo jeito que ela, então, procurar refúgio nele não era saída. Se eu ao menos pudesse contar com você, vagabundo... Mas não. Ele tinha terminado com ela e sua mãe tinha pedido o afastamento deles antes de morrer. É, a dama não tinha nem o seu vagabundo.

Cansada de pensar, Jade sentou-se no chão da sala, recostando as costas na parede. Somente deixou que as lágrimas corressem livremente pelo seu rosto. E levou a mão aos cabelos.

***

Já fazia algum tempo que as lutas tinham começado. Cobra seria o próximo, mas não estava nem um pouco concentrado. Pensava na Jade e em como ela poderia estar naquele momento. Não sabia como tinha sido a cirurgia, mas algo lhe dizia que as notícias não eram nada boas.

As apostas eram altas. A maioria em Cobra. Se não tivesse prometido mudar, faria riqueza naquele meio, já que seu nome começava a ter certo destaque nas lutas clandestinas. A luta começou, mas Cobra não parecia estar preocupado com ela. Isso tudo já vai acabar, bando de otários!, divertia-se Cobra.

Mas a coisa não estava nada divertida. Aqueles caras pegavam pesado e, como Cobra não estava inteiro na luta, estava levando a pior. Já havia levado vários golpes e estava bastante machucado, para desespero dos apostadores.

Em sinal de protesto, um deles jogou uma garrafa de cerveja no ringue. Cobra não a viu e quando foi tentar desviar de um golpe, acabou pisando na mesma. Seu pé foi cortado em muitos locais, fazendo-o sangrar muito. Mesmo assim, ninguém queria saber de parar com a luta e Cobra sabia que se fizesse isso, seria perseguido por muitos apostadores irritados, então continuou lutando. Passaram-se alguns minutos e Nat não chegava. Cadê você, garota?

Debilitado por causa do pé machucado, Cobra perdeu mais ainda o controle sobre o duelo. Era acertado por todos os lados por aquele lutador que parecia ter três braços. Apanhou tanto que acabou caindo sobre os restos do vidro. Sentiu um leve corte surgir na sua cabeça e vários em suas costas. Já estava pensando seriamente em desistir, quando finalmente ouviu:

– Acabou a brincadeira! Todo mundo pra delegacia! - Cobra sorriu. Acabou esse tormento!, pensou ele, aliviado. Enquanto via todos os seus companheiros da Khan sendo presos para prestarem esclarecimentos, notou que a polícia não estava sozinha. Nat, Duca, Gael e... Karina? O que ela estava fazendo ali?

– Quando eu soube que você tava do lado da polícia, eu bati o pé. Queria vir aqui para te dizer que eu tô muito orgulhosa de ti. Eu sabia que você não era um bandido, Cobra! - Disse Karina, sorrindo.

– Eu fiquei surpreso! Juro que eu não pensei que você fosse capaz de nos ajudar, cara! Mas obrigado, você foi essencial para prisão dessa gente! - Agradeceu Duca, feliz por ver seu sonho realizado.

– Ei, garoto, eu preciso falar com você! - Falou um visivelmente emocionado Gael. - Mas espera aí, você tá sangrando? Vamos para o hospital agora! - Hospital. Lucrécia. Jade. Cobra precisava ir para casa e saber como a bailarina estava.

– Não! Não precisa! Isso aqui não é nada. Eu preciso ir para casa.

– Não mesmo. Karina, vai no carro e pega o kit de primeiros socorros. Vamos, minha filha! - Ordenou Gael, enquanto mandava Cobra sentar-se. - Sabe, Cobra, com o tempo, os Mestres se tornam um pouco de enfermeiros. - Comentou, ao mesmo tempo que fazia um curativo no pé do garoto e outro na sua cabeça. - Agora, quando você chegar no QG, toma um banho, limpa bem isso aqui e faz outro curativo. Espero que você seja capaz de fazer isso, não é? - Brincou.

– Claro, Mestre. Mas o que o senhor queria falar comigo? - Indagou Cobra, curioso.

– Eu queria te convidar para voltar para a minha Academia. Já que você mostrou que tá mudado, não tem motivo para ficar afastado.

– Eu, sinceramente, acho que o pessoal não vai me querer por lá! - Sorriu, cabisbaixo.

– Mas eu quero. E aquela Academia ainda é minha, lembra? - Disse Gael, enquanto apoiava um braço no ombro do garoto.

– E a gente também, né Duca? - Comentou Karina, enquanto puxava Duca pelo braço.

– Olha, Cobra, eu não prometo que a gente vire melhores amigos, mas que tal... uma trégua? - Estendeu uma mão em sinal de paz. Após alguns segundos, Cobra a apertou, deixando Gael e Karina felizes.

– Posso considerar isso um sim para a minha pergunta também?

– Pode sim, Mestre. Mas, não comenta nada sobre eu ter ajudado vocês. Sabe como é, eu tenho uma fama de mau que eu gostaria de zelar.

– Tudo bem, garoto! Você merece essa colher de chá. - Divertiu-se o Mestre.

Lobão assitia a tudo, quieto em seu canto. Quando os policiais tentaram pegá-lo, ele se recusou:

– Tá maluco? Eu só faço alguma coisa na presença do meu advogado!

– O doutor Heideguer? - O policial riu. - Esse aí foi preso hoje de tarde. Mais alguma coisa, donzela?

– Sim. - Lobão olhou para Cobra. - O Cobreloa não vai?

– Não! Aquele ali nos ajudou. - Respondeu o policial, levando Lobão para o carro da polícia.

– É Lobão! - Gritou Gael, rindo. - Parece que você perdeu!

***

Depois da carona do Gael, Karina se ofereceu para acompanhar Cobra até o QG, já que o garoto mal conseguia caminhar. Jade também decidiu levantar a cabeça e ir para casa. Assim que saiu na porta da Ribalta, completamente destruída, deu de cara com o Cobra apoiado na lutadora. Ele parecia machucado, mas ela não conteve o ciúmes e foi falar com os dois.

– Cobra? Karina?

– Jade? - Perguntou Cobra, surpreso. Ele não pensava encontrar com ela naquele momento, muito menos naquele estado. Ela estava chorando?

– O que aconteceu, Jade? - Indagou Karina, preocupada com o jeito da garota. Sabia que Lucrécia tinha passado mal, e agora temia pelo pior.

– O que aconteceu? Você quer saber desde quando? - Jade estava revoltada. Mesmo com as lágrimas rolando novamente, ela parecia com raiva. Triste, talvez. Não esperou uma resposta e começou a gritar: - Pois eu vou contar desde o início. Eu nunca conheci o meu pai, sabia, Karina? Se conheci, não me lembro. E minha mãe nunca falou dele também, então para mim é como se ele não existisse. Ótimo. Você não sabe como é maravilhoso crescer sem pai. - Ela sorriu, irônica, e ao mesmo tempo gesticulava bastante. - Além disso, minha mãe... Ela sempre cobrou que eu fosse uma bailarina espetacular. Mas quer saber? Eu não sou, Karina! Mas eu prometi para ela que iria dançar nos maiores palcos do mundo um dia, então a partir de agora, é esforço redobrado. Mas continuando... Aí, eu comecei a gostar de um marginal! - Ela olhou para Cobra, que tinha baixado a cabeça e ouvia tudo calado. Já Karina estava apavorada com o desabafo. - Só que eu tinha problemas, muitos problemas. A começar pela opinião de todo mundo sobre ele, mas para mim não importava. Eu gostava dele, entende? Mas ele não gostava de mim. Ele quebrou suas promessas e eu quebrei a cara. Além de que, ele vive rondando, marcando território, sabe? Quando eu menos espero... Lá está ele. Porém eu já devia ter aprendido: quando ele diz que vai ficar, ele não fica. O meu pai não ficou, ele não ficou... Nem a minha mãe ficou comigo... - Nisso a garota baixou a cabeça e o choro tornou-se mais intenso.

– Jade, ela está... - Karina não conseguia dizer o que estava pensando. Era doloroso demais, ela sabia.

– Morta. Sim, Lucrécia Gardel está morta. - Então, ela engoliu as lágrimas e ergueu o olhar, encarando os dois. - Não bastando isso tudo, quando eu já estou acabada, eu vejo aquele marginal que eu citei, lembra? Abraçado com a sua amiga. - Ela falou com tanto desdém essa última palavra que Karina entendeu que era melhor sair de cena.

– Eu vou deixar vocês dois sozinhos. Vocês tem muito o que conversar. Se apoia ali no banco, Cobra. - Assim que a Karina saiu, Jade olhou bem para o Cobra. Ele estava todo arrebentado.

– Eu até perguntaria, mas eu acho que a resposta seria luta ilegal, correto?

– Correto, mas tem muita coisa que você não sabe. Eu só me afastei de você porque eu fiz um trato com a Nat, o Duca, a polícia... Enfim, um trato para colocar o pessoal da Khan atrás das grades. - Cobra olhou para Jade e notou a surpresa no semblante dela. Parecia mentira que agora ele podia contar a verdade. - A Nat me alertou, mas no fundo eu já sabia: ficar do meu lado era perigoso para você. O pessoal da Khan é vingativo, violento. Podia sobrar para você, e se isso acontecesse... - Cobra pensou por alguns instantes, imaginando a situação. - Se isso acontecesse, eu jamais me perdoaria. - Disse, finalmente.

Cobra ia pulando, perigosamente, na direção da garota. Ela não fugia, ainda estava confusa demais para isso, tentando assimilar tudo. No final, ele só estava protegendo-a. E agora, ele estava ali, todo arrebentado na frente dela, como na primeira vez. Chegando bem perto, Cobra pegou na mão de Jade, fazendo a garota se arrepiar com aquele toque.

– Eu tô aqui. A decisão é sua, mas eu queria te pedir: cuida de mim... - Levou a cabeça até o pescoço da bailarina, sentindo seu perfume. Sussurrou, então, bem perto do seu ouvido: - E deixa eu cuidar de você.


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Notas finais do capítulo

Comentem! O que vcs fariam?