Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!!! Peço que comentem!!
Boa leitura! Espero que gostem!



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Até que seus olhos pararam em uma reportagem. Reportagem essa que ele preferia não ter visto.

Destaques do próximo espetáculo da "Palace of Dance Company" fazem visita à Instituição de Caridade

O casal é formado por John Walker, um britânico de vinte e um anos, e Jade Gardel, uma brasileira de dezoito. Além da idade, outros fatores surpreendentes são a beleza e o entrosamento dos jovens.

A visita durou mais de uma hora e foi recheada por boas risadas e brincadeiras internas dos bailarinos. Alheios à mídia em volta, logo no início do passeio os dois prestaram atenção apenas nas crianças, todas felizes com a presença dos dois, e diga-se de passagem que este foi um ato respeitável.

Logo abaixo deste trecho havia uma foto. A Jade e o John brincavam de ciranda com uma menina desconhecida, porém sorridente. Eles realmente pareciam não se importar com a imprensa em volta. Eles pareciam uma... família. Constatar isso fez o lutador ficar triste. Eu era quem deveria formar uma família com você, Jade.

Depois de muitas tentativas, quase no final da visita, conseguimos uma entrevista com o John. Muito simpático, ele respondeu a todas as perguntas com um sorriso inacreditavelmente branco no rosto.

O que podemos esperar do próximo espetáculo? Algo clássico e elegante, como as outras apresentações da Companhia ou algo mais moderno e inovador?

"Sem dúvidas, nosso espetáculo é grandioso e requintado, dando continuidade nas característica da nossa Companhia. Porém, ao mesmo tempo, é algo mais... jovem, mais humano. Podem esperar algo surpreendente!"

O coreógrafo Dimitre Schreav é reconhecido mundialmente pela sua rigidez para com os bailarinos. Como tem sido os ensaios?

"Realmente, a fama do Dimitre é de uma pessoa bastante dura, mas também muito talentosa. Ele tem valores que por muitos já estão esquecidos... Quero dizer, ele pode nos cobrar nos ensaios, dizer que está ficando ruim ou qualquer outra coisa do tipo, porém se alguém de fora disser isso, ele será o primeiro a nos defender e realçar o quanto nós nos esforçamos para fazer o melhor. Isso faz dele uma pessoa incrível. Nossos ensaios tem sido divertidos, pois misturamos a autoridade russa do Dimitre e mais a minha frieza e timidez, típica dos europeus, junto com risadas e abraços calorosos, que existem em abundância na 'brasileirice' da Jade. Essa mistura nos rende situações impagáveis."

Por falar em Jade, como a relação de vocês tem se desenvolvido, já que você é um bailarino que, apesar de jovem, é bem experiente e a Jade é uma estreante?

"O fato da Jade ser estreante não a diminui em nada, pelo contrário, a engrandece, pois mesmo com apenas dezessete anos, que era a sua idade na época do teste, ela já conseguiu o destaque que tem hoje. Ela é uma menina muito talentosa, com uma maturidade incrível. Ela sabe dar valor e dispõe muita dedicação ao cargo que ela ocupa, pois passou por muita coisa até alcançá-lo. Isso faz dela uma pessoa única, dona de uma ironia apaixonante e de uma sagacidade inquestionável, além de ser uma mulher muito bonita, é claro. Tudo isso e mais algumas coisas que acabaram acontecendo, fazem com que a nossa relação tenha se desenvolvido de uma maneira natural e sólida. Eu sei que posso confiar na Jade, porque nela, mais do que uma companheira de dança, eu tenho uma amiga."

Apenas uma amiga? Ou será que por trás de todos esses elogios, se esconde uma grande paixão?

"Até onde eu sei, a Jade tem namorado. O rapaz luta Muay Thai, portanto eu não vou me atrever a fazer uma declaração amorosa! (Risos) Porém, e a Jade sabe disso, eu tenho um carinho muito grande pela nossa 'carioca', talvez até pela nossa amizade. Independentemente de com quem, a Jade é uma pessoa especial e merece ser feliz."

Muito obrigado, John, pela entrevista. Pode ter certeza que a nossa revista vai estar na primeira fila, cobrindo tudo, na primeira noite do espetáculo!

"Eu é que agradeço pela oportunidade! E eu vou ficar esperando vocês lá! Um grande beijo!"

Assim o nosso querido bailarino encerrou a entrevista.

Nós realmente conseguimos reparar na grande amizade que existe entre a Jade e o John. Aliás, muitos fãs da Companhia que acompanham a vida e os ensaios dos bailarinos chegaram a formar uma novo casal, que aos poucos ganha força na internet. Trata-se do casal "JaJohn". Sim, a criatividade da espécie humana é sem limites! Os shippers do casal esperam que depois da estreia do espetáculo, a química dos dois se torne mais evidente aos olhos do mundo. Como não conseguimos falar com a Jade sobre esse assunto (nem sobre qualquer outro, pois a brasileira deu muita atenção às crianças do local), o jeito é realmente esperar.

Será o começo de um novo casal no mundo das celebridades?

Ao final do texto, havia outra foto. Jade estava agachada, abraçando uma menininha, visivelmente emocionada. Ao fundo, meio escondido atrás de uma parede, podia-se ver John hipnotizado e orgulhoso da cena.

Eles realmente pareciam um casal.

Não! Revistas de fofoca inventam mentiras o tempo todo., argumentava para si mesmo o lutador. Então ele lembrou-se do John no quarto de hotel da garota, dois dias atrás.

Eram como se alguém, sem a mínima piedade, tivesse pegado uma grande faca e acertado em cheio seu peito. A dor que ele sentia era tão grande que seus olhos marejaram, porém ao ouvir alguém chamando seu nome, ele se obrigou a engolir o nó que se formava na garganta e parecer inteiro.

Ele entrou no laboratório e colheu a maldita amostra de sangue. No fim do procedimento, foi avisado que um funcionário da clínica iria pessoalmente na Academia, entregar o exame. Cobra sentiria medo, caso não estivesse completamente entorpecido pela reportagem de minutos antes.

O rapaz pegou o caminho de volta para o apartamento. No caminho, ele ainda parou em uma banquinha de jornal que ainda estava aberta e comprou um exemplar da revista. Acabou lendo-a mais algumas vezes até chegar em casa.

"Isso faz dela uma pessoa única, dona de uma ironia apaixonante e de uma sagacidade inquestionável, além de ser uma mulher muito bonita, é claro."

"Porém, e a Jade sabe disso, eu tenho um carinho muito grande pela nossa 'carioca'"

Que diabos isso quer dizer?!, questionava-se o lutador.

Chegou no apartamento horas mais tarde, já que tinha diminuído a velocidade do passo graças a leitura. Ainda estava com o cenho franzido e com o nariz enfiado entre duas folhas quando a Karina desabafou:

– Ainda bem que você chegou! Tava pensando seriamente em ligar pra polícia já! O que aconteceu? Tiraram uma amostra tão grande que você foi obrigado a ficar lá, absorvendo uma bolsa de sangue no organismo? Porque, sério, esse é um dos poucos argumentos que me convenceriam.

Cobra não respondeu, apenas estendeu a revista na direção da garota, com a página da entrevista destacada. Após ler um pouco, Karina fez cara de tédio e jogou a revista em cima do sofá.

– Ai Cobra! Ciúmes do que não é seu? Vê se cresce!

– Ela é minha! - Gritou o lutador.

– Sua ex-namorada, só se for! - Revidou, na mesma altura, a lutadora. - Vocês terminaram e ela tem o direito de ficar com quem ela bem entender, Cobra!

– Até parece que você tá do lado dele... - Comentou Cobra, caindo em si e baixando o tom de voz.

– Eu tô do lado da Jade. Você sabe que ela tem toda aquela marra de mulher decidida, mas é super insegura no fundo. Ter um cara lindo feito o John babando por ela deve fazer um bem danado pra Jade. Diferente de você, que só faz a coitada chorar...

– Karina, faz um favor pra mim? - A lutadora assentiu, curiosa. - Fica na tua. Não fala do que você não sabe, certo?

– Errado. Eu sei que das últimas vezes que eu presenciei uma situação que envolvia você e a Jade, no fim, ela saia chorando sempre. - O lutador parecia magoado com a verdade. - Eu posso até tentar falar com ela, mas eu acho melhor você já ir acostumando que perdeu.

Cobra foi para o quarto, sem responder ao último comentário. Precisava dormir. Precisava se concentrar no campeonato que estava cada vez mais perto. Mais do que tudo, ele precisava com urgência esquecer a Jade.

***

No dia seguinte, Jade estava de folga da Companhia e pode aceitar ao convite da Karina para tomar um café.

Quando chegou no local, a lutadora já estava esperando a amiga com uma revista sobre a mesa. Após os abraços, Karia começou a sua missão.

– Você viu o que o John falou sobre você?

– Não... Na revista? - Assim que pegou o objeto na mão, automaticamente se lembrou da Lucrécia. Ela ficaria orgulhosa... Após alguns instantes, Jade continuou: - O que que tem?

– O Cobra ficou furioso! El...

– O Cobra fica furioso se a comida não tá pronta quando ele chega em casa! - Interrompeu a bailarina. - Sinceramente? Eu não ligo pra o que o Cobra sente ou deixa de sentir! - Mentiu.

– Jade, é sério! Aquele garoto tá completamente desequilibrado!

– Ele é desequilibrado, Karina! - Gritou Jade, chamando a atenção das pessoas em volta.

– Mas você ajuda ele... - Tentou a lutadora. Aquilo estava mais difícil do que ela imaginava. Que porcaria você fez, pra complicar desse jeito, Cobra?

– Eu sou outra desequilibrada! Lembra que eu já postei uma foto sua de calcinha e sutiã na internet?

– Lembro, mas... - Karina não tinha mais argumentos. A Jade, oficialmente, não era a pessoa mais aconselhada para despertar o lado bom de alguém. Mas a Karina sabia que a Jade ajudava. Como colocar aquilo em argumentos? Como explicar uma relação tão inexplicavel quanto a daqueles dois? - Ele ainda gosta de você. Ele sente ciúmes quando vê você com o John. E raiva também. Muita raiva.

– O Cobra sabia muito bem o que poderia sentir, quando me deixou sair pela porta do quarto dele naquele hospital. Ele estava muito lucido quando tomou as suas decisões, então agora que encare as consequências! Eu cansei de tentar ajudar alguém teimoso como ele! - Sem nem se despedir, Jade levantou-se e foi embora. Mas foi bom. Pelo menos assim, a Karina teve a certeza de que ela ainda gostava dele. Única explicação para nem conseguir falar sobre o garoto.

***

Karina não falou da conversa que teve com a Jade para o Cobra, porque teve medo de desestabilizar o amigo, pouquíssimos dias antes do campeonato. Ele também não tocou mais no assunto, já que tinha prometido para si mesmo que estava completamente focado no campeonato.

Três dias depois da coleta do sangue do rapaz, um funcionário da clínica apareceu com o exame. Cobra não estava mais preocupado, já que Benjamim tinha dado a sua palavra de que as substâncias já não estariam tão evidentes no organismo do garoto de ele não tomasse os anabolizantes dois dias antes do exame. Como tinha feito isso, estava tranquilo.

Mike pegou os envelopes da mão do rapaz com jaleco e começou a ler. Primeiro o nome, depois o resultado. Como o nome do Cobra começava com "R", ele foi o último.

– Ricardo Cobreloa... Negativo! - Cobra sorriu. - Tá todo mundo aprovado, pessoal! Os escolhidos vão poder lutar! - Comemorou o treinado, porém parou quando ouviu o funcionário falar calmamente:

– Se eu você fosse, não comemorava ainda.

– Por que? Como assim? - Perguntou Mike confuso.

– A organização do campeonato nos solicitou e nós estamos atendendo. Sabemos que muitas substâncias podem ser camufladas nos exames caso o atleta não use um determinado número de dias antes de coleta da amostra. Por isso, hoje nos vamos aplicar um exame surpresa.

Cobra gelou.


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Notas finais do capítulo

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