Were you really surprised? - Cobrade escrita por HJ


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! Espero, sinceramente, que não queiram me matar! hahahhah
Peço que não se esqueçam de comentar!
Boa leitura!



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– Eu não acredito!

Cobra e Karina se soltaram, assustados. Quando se deu de conta do que tinha feito, o lutador se desesperou. Não, não, não! Como você conseguiu ser tão imbecil?!

– Como você teve coragem de fazer isso, Cobra? - Jade gritava, já chorando inconsolavelmente.

– O Cobra não teve culpa... Eu que... Desculpa! - Karina, apavorada, tentava se explicar. Naquele momento, estava sentindo nojo de si mesma. Tinha acabado de fazer aquilo que tanto repudiava. Tinha traído Jade, sua única amiga naquele lugar, de uma das formas mais sujas possíveis. - Eu que beij...

– Cala boca, maria-macho! - A dançarina estava furiosa. - Eu te considerava uma amiga! Eu te consolei quando você chorou, com saudades do Pedro! Você disse que amava ele, sua falsa!

– Jade, por favor, se acalma! - Cobra, que até então estava paralisado, começou a falar. - Deixa eu me explicar!

– Eu não vou deixar porcaria nenhuma, seu canalha! A única coisa que eu vou fazer são as minhas malas! - E rumou para o quarto. - Por que não me avisou que ia me trair? Eu acabei de desfazer essas malditas malas!

– Jade, eu não queria... - Cobra seguia a garota, desesperado. - Jade, me escuta!

Em silêncio, a dançarina pegou algumas de suas roupas e jogou displicentemente dentro de uma das malas. Metade das roupas ficariam, mas isso era o de menos. Ela só queria sumir daquele lugar. Cobra, em uma tentativa de fazê-la parar, pegou firme em seu braço. Quando sentiu aquele toque, sua reação foi imediata e ela lançou sua mão na direção do rosto do rapaz, colocando toda a sua raiva naquele tapa. Enquanto Cobra se recuperava, ela falou, em meio a soluços:

– Você não tem noção do quanto eu te odeio, Cobra. - Ela se voltou para a mala. O lutador perdeu completamente o seu chão e levou as mão no rosto, tentando esconder as lágrimas que surgiam. - Eu nunca mais quero olhar na tua cara! Eu nunca mais quero ouvir a tua voz! - Ela terminou de fechar a mala e seguiu em direção à porta.

Cobra foi até o quarto da Karina e a encontrou chorando.

– Desculpa, Cobra... Eu não...

– Você vem comigo! - Disse, enquanto pegava a garota pelo braço e saía do apartamento.

Quando chegaram na portaria, viram Jade pegando um táxi. Prontamente, os dois se enfiaram dentro de outro.

– Cobra, eu nem sei o qu...

– Só diz pra esse infeliz desse motorista que é pra seguir aquele outro táxi! - Karina fez a tradução para o motorista e tentou se desculpar:

– Eu realmente não sei o que me deu! Desculpa, eu acabei com o namoro de vocês!

– Eu vou fazer de tudo pra que você esteja errada... - Cobra resmungou, tentando parecer inteiro. Mas, no fundo, Karina sabia que ele estava destruído.

***

Dentro do outro táxi, Jade ainda chorava. Sua mente voltava para a conversa do dia anterior.

" - Você percebeu que agora a gente tá tipo... juntado? Tipo casado? Sendo que a pouco tempo a gente nem namorava oficialmente?

– Detalhe: a gente tá tipo juntado, tipo casado em Las Vegas! Isso sim é maluco!

– Verdade... Mas é uma maluquice boa.

– Como assim?

– Eu tô aqui... E você também... Isso é legal."

Mentiroso. Cafajeste. Filho da mãe. Sem-vergonha. Ele tinha beijado justo a Karina. Eu já devia ter desconfiado... Todo aquele companheirismo, toda aquela irmandade... Entre um homem e uma mulher? Como você foi burra, Jade! Bastava saber a quanto tempo ela era a corna mansa.

Mais uma vez, a sua mente vagou por todas aquelas vezes que, com um simples olhar, com um simples beijo, o Cobra havia feito seu coração acelerar em um descompasso perigoso. Lembrar aquilo fez com que seu coração tentasse sentir algo além do ódio novamente, mas não conseguiu. Dentro do seu peito, tudo estava destruído. E coisas destruídas não sentem nada além do ódio.

***

Chegando no aeroporto, Jade descobriu que o próximo voo para o Rio de Janeiro sairia apenas na manhã seguinte. Desolada, ela sentou-se em um dos bancos e começou a arrancar alguns fios de cabelo.

Cobra estava seguindo a garota em todos os seus passos e a viu chorando. Aquilo fez com que um nó se formasse em sua garganta. Olhando pra Karina, ele resmungou:

– Você... Você fica aqui. Se eu precisar que tu faça alguma coisa, eu te chamo. - Karina concordou. Naquele momento ela seria capaz de fazer qualquer coisa para reparar seu erro.

Cobra começou a andar na direção da garota. Ela estava com as mãos tapando o rosto, em uma tentativa falha de esconder as lágrimas que caiam. Cobra sabia que no momento que falasse alguma coisa, choraria também, mas ele precisava. Chegou na frente da bailarina e apoiou um dos seus joelhos no chão, ficando cara-a-cara com a Jade. Ele sabia que ela o tinha notado, porém a garota não se mexeu. Com a voz embargada, ele começou:

– Jade... Jade, olha pra mim... - Ela ergueu a cabeça. Nunca tinha visto o Cobra chorando antes e aquilo doeu mais ainda. - Você realmente me odeia?

– Você me humilhou, Cobra. Você ficou com a Karina em um quarto ao lado do nosso, depois de ter me dado um beijo e me chamado de linda. - Ele baixou a cabeça, incapaz de fitar o rosto da garota. Ele se sentia sujo. - Você fez eu largar o conforto da minha vida no Rio e vir pra cá com você... Fez eu ficar feliz com a possibilidade de construir uma vida do teu lado... Pra quê? Pra me trair? Ou você já me traia antes e achou que fosse burra o suficiente pra continuar me enganando?

– Não, não, não... Jade, você é única pra mim. Aquilo foi um deslize... A Karina que me beijou! - Cobra ainda não olhava para ela, mas estava sendo sincero. Jade não acreditou.

– Ninguém beija sozinho, Cobra! Por que você retribuiu? Eu não era mulher o bastante pra você e o bonitão foi procurar no quarto do lado, é isso?

– Eu correspondi porque sou um idiota! Um imbecil que faz tudo errado. - Ele ergueu sua cabeça novamente e Jade notou que ele ainda chorava. Olhando nos olhos da menina, Cobra repetiu: - Você realmente me odeia?

Jade não se daria por vencida, assim tão fácil, mas por outro lado... Seria ela capaz de mentir, olhando nos olhos do garoto que amava?

A dançarina desviou seu olhar e fitou o teto por alguns instantes, em silêncio. Como não obteve resposta, Cobra tomou coragem e a abraçou forte. Jade chorou mais ainda e, por alguns segundos, esqueceu dos sentimentos ruins que tinha em relação ao Cobra e aproveitou aquele abraço, que ela sentia tanta saudade. Depois de alguns minutos, com a Jade mais calma, o lutador se soltou, enxugou algumas lágrimas que teimavam em cair e propôs:

– Jade, eu sei que o próximo avião pro Rio é só amanhã... Vamos fazer assim: você dorme essa noite lá no apartamento, já que tem quarto sobrando... E amanhã, mais calma, você decide se é isso mesmo que você quer.

– Eu sei que é isso que eu quero, Cobra.

– Então dorme essa noite lá, aí amanhã, mais descansada, você volta e pega o avião, pode ser? - Jade pensou por um tempinho e chegou a conclusão que não dormiria em um saguão de aeroporto por pura teimosia.

– Tá, pode ser. - Eles se levantaram e foram em direção à saída do aeroporto, em silêncio. Cobra passou por onde Karina deveria estar e não a encontrou. Ainda estava procurando pela garota com o olhar quando recebeu a seguinte mensagem:

"De: Karina

Para: Cobra

Percebi que vocês tinham mais ou menos se acertado e resolvi pegar outro táxi, pra não ficar um climão... Prometo que vou chegar em casa e me trancar no quarto. Finjam que o apartamento é só de vocês! Um abraço!"

Cobra percebeu o olhar enciumado que Jade lançava para o celular, mas resolveu não tocar no assunto. Quando chegaram no apartamento novamente, o lutador realmente encontrou a porta do quarto da Karina bem fechada e antes que ele fizesse algo para evitar, a porta do quarto sobrando também foi trancada.

Seguiu, então, para o seu quarto e encontrou todas as suas roupas arrumadas em seu armário, junto com algumas que, na correria, Jade havia deixado para trás. Ela tinha feito tudo com tanto carinho... Eu não posso deixar essa mulher ir embora da minha vida!

Pensou em bater na porta do quarto da Jade, mas sabia que ela não abriria. Decidiu, então, bater na porta de algum vizinho e assim fez. Enrolou algumas palavras pedindo uma folha de papel e caneta. Voltando ao apartamento, sentou-se em sua cama e pensou no que escreveria.

***

Mais ou menos duas horas depois de ter voltado ao apartamento e se trancado no quarto, Jade ainda não tinha dormido. Sua cabeça estava repleta de questionamentos que a incomodavam. E se ele tivesse falando a verdade e aquele beijo fosse só um fato isolado, que nunca se repetiria? Se isso fosse verdade, ela precisaria juntar forças inexistentes para perdoá-lo.

Foi então que ela percebeu que um papel havia sido lançado por baixo da sua porta. Sem entender, Jade foi até ele e notou que se tratava de uma carta. Já emocionada, a garota tremia. A carta trazia o seguinte conteúdo:

"Oi dama,

Desculpa pela letra, minha professora sempre disse que a minha caligrafia era horrível, mas como você disse que não queria mais ouvir a minha voz, nem olhar na minha cara, essa foi a única solução que eu encontrei. Mas isso é bom. Provavelmente, se estivesse na sua frente agora, não diria metade das coisas que vou escrever.

Estou aqui para dizer que eu gosto de você. Muito. Acredite em mim. Se isso acontecesse algum tempo atrás e eu não gostasse de você, eu não estaria nem aí. Eu não me importava se machucava ou não os outros. A única pessoa com quem eu me importava era eu mesmo.

Até que eu te conheci.

Talvez por me enxergar um pouco em você, eu mudei. Passei a fazer coisas que não fazia antes para que você se orgulhasse de mim, se orgulhasse de dizer que era minha namorada. Minha linda namorada.

Vou ser sincero: o velho Cobra trairia facilmente. Mas esse novo, não.

Aquilo foi um erro. Um grande e nojento erro. Eu me sinto sujo até agora por ter feito o que eu fiz, mas mesmo assim te peço perdão. Você não merecia isso. Você é uma dama e, infelizmente e inconscientemente, eu te tratei como uma vagabunda. Me arrependo.

Posse te confessar uma coisa? Aquele beijo não significou nada. Meu coração não acelerou nem por um segundo. Aquele beijo não provocou em mim o que uma simples mensagem sua provoca.

Posso te confessar outra coisa? No segundo seguinte ao beijo, quando eu te vi chorando, eu me senti a pior das pessoas. E quando nós voltamos para o apartamento e eu encontrei as minhas roupas ao lado das tuas, tive a certeza de que é isso que eu quero para a minha vida. Eu quero você do meu lado. Eu preciso de você do meu lado.

Você me fez chorar, garota. E está me fazendo chorar de novo. Sinta-se especial, afinal, eu não choro por qualquer coisa.

Espero que você me perdoe. Eu realmente espero isso com todas as minhas forças.

Um beijo,

Seu vagabundo"

Assim que terminou de ler, Jade deixou que uma lágrima solitária rolasse pelo seu rosto. Observando o papel, percebeu que em vários pontos ele estava molhado. Pelas lágrimas dele, talvez.

Aquilo serviu para confundi-la. Ela ainda não tinha certeza da sua decisão, mas mesmo assim colocou a carta embaixo do travesseiro e tentou dormir.

***

Cedo do dia seguinte, Cobra já estava de pé, na sala, esperando pela Jade. Não demorou muito e ela apareceu, com a mala ao seu lado. Mesmo com medo da resposta, ele perguntou:

– Você... Você vai voltar para o Rio?


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Notas finais do capítulo

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