Trick Of Fate escrita por WIND Flower


Capítulo 12
Novo começo


Notas iniciais do capítulo

Olá, minna-san! o/
Apareci mais rápido do que esperavam, certo? Oba oba oba~
Capítulo fresquinho para vocês. *OO*

Saibam que amei escrevê-lo. Senti muita coisa descrevendo as situações, espero conseguir passar a mesma coisa que senti para vocês. *u*
Ah ele está bem mais longo do que os outros. Peço desculpas para aqueles que não gostam de coisa longa. Enfim, eu me empolguei e achei que seria melhor não deixar pendente e finalizar a situação dos personagens. Nhaa

AVISO

Vocês sabem que nossa protagonista tem uma boquinha suja, certo? Enfim, estou alertando para não se assustarem com palavreados diferentes nesse capítulo. Afinal, estamos falando de Anne. Hehe xD

Espero de coração que gostem assim como amei escrever! /*3*)/

Boa Leitura ♥



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NATHANIEL

Sete horas da manhã, Ambre e eu estamos a caminho da delegacia. A rota inteira foi preenchida num silencio monótono. Minha irmã estava com a cabeça encostada na janela do carro. Era difícil saber sua expressão, pois usava óculos escuros, embora soubesse que não estava bem. Ela sempre falou bastante, mas aquele silêncio era justificativo. Minha única certeza era que nossas mentes eram ocupadas pelo mesmo pensamento: Anne.

Estacionei o carro na frente da delegacia. Estava revisando meus documentos quando escuto o bater da porta. Ambre tinha saído às pressas caminhando rumo ao nosso destino.

Suspirei. Ela estava agoniada da mesma forma que eu. Ambre não grudou os olhos na noite anterior, mas conseguia esconder suas olheiras, enquanto eu estava um carrasco. Sequer tinha trocado de roupa.

Passei a mão nos fios de meus cabelos para alinha-los, mas me distraio ao notar um gol cinza estacionar atrás de mim. Fico observando pelo retrovisor e minhas sobrancelhas se arquem quando distingo quem estar naquele veículo.

De relance, reconheço Melody. Ela sai do carro e em seguida um homem sai também, mas logo o identifico. Era o mesmo policial que ordenei para levar a Anne. Quem diria! Continuo atraído para observa-los.

O sujeito agarra a morena pela cintura e deposita beijos no pescoço dela. Nunca pensei que Melody se interessasse por homens mais velhos e acima do peso. Ela parecia exigente quando falava com minha irmã sobre homens, mas a expressão que a morena continha parecia estar com nojo. Talvez a noite tivesse rendido apenas para ele, mas era obvio que os dois teriam dormido juntos, visto que ela usava as mesmas roupas de ontem.

Dou de ombros e saio de meu carro. Os dois afastaram-se bruscamente. Melody caminhou em minha direção com um sorriso falso, pois estava na cara que se aparentava nervosa. Arrumou a saia e diria que estava pedindo a deus para que eu não tivesse visto a cena anterior. Foda-se a vida dela e com quem ela tem relação. Apesar de que depois disto, duvido conseguir me excitar ou ficar com ela. Aquela cena impregnará em minha mente, certeza.

— Bom Dia, Nath! — Cumprimenta, sem demora tenta me dar um beijo, mas me afasto.

— O que faz aqui? — Pergunto ríspido.

Afinal, que interesse ela tinha em saber sobre Anne?

Melody piscou algumas vezes e recuperou-se de meu desprezo em relação a sua carícia. Depois, forçou-se mais uma vez a sorrir.

— Sabia que você iria vir para cá, então queria te encontrar. O Francisco me deu carona. — Apontou para o policial acima do peso que a proposito já comia uma rosquinha. Dava-me informações como se eu quisesse saber o motivo dela estar com aquele homem. Detesto essas coisas.

Ignorando-a caminho na direção da delegacia. Escuto o barulho dos saltos de Melody atrás de mim, mas não a espero. Ao me aproximar da porta para adentrar na recepção, avisto Ambre discutindo com um policial. Afirmo isto, pois ela está vermelha, resultado de raiva.

— Por que tanta agitação, Ambre? — Questiono ficando ao lado dela.

— Eles não querem me deixar ver a Anne. — Explicou irritada.

Olho para o policial magro percebendo o novo namorado de Melody se aproximar dele e ambos se entreolham. Por fim, ele responde com cara de tédio:

— Vocês a acusaram e agora ela está presa. Qual o sentido de querer vê-la?

— Quero saber se ela está em um quarto confortável. — Ambre aclamou. — Não quero nenhum desconforto para ela.

— Isso não faz sentindo. — Comentou, provavelmente estranhando o nosso ato. — De qualquer forma, estamos apenas seguindo ordens.

— Isso não é possível! — Minha irmã reclamou.

Continuei calado. Observei o local e só tinha aqueles dois policiais a quem recorrer. As duas figuras pareciam a pior espécie de profissionais. Aparentam ser desleixados e do tipo de sujeitos que não ligam para nada.

— Já encontraram o rapaz? — Perguntei indo direto ao ponto.

Afinal, as provas estariam com ele e assim saberia se teria pisado na bola com Anne.

Após indagar, Melody remexeu-se ao meu lado. Olhei por sobre ombro para ela e aparentava estar inquieta. Os dois policiais pareciam surpresos com minha pergunta também.

Eles se entreolharem e notei um filete de suor escorrer dos cabelos do policial mais gordo. O que está acontecendo aqui?

— Eu fiz uma pergunta! — Exigi perdendo a paciência.

— Claro que já o pegamos, oras! — Respondeu tentando bancar o divertido. — O pegamos no inicio da madrugada. — Finalizou comendo outro pedaço de rosquinha. Parecia mais um refugio para evitar olhar-me em meus olhos. Melody e os policias não me encaravam diretamente.

Estranho dia, estranho encontro e estranha situação.

— As joias estavam com ele? — Minha voz saiu por um fio. Aquele seria o momento.

Novamente aquela troca de olhares, mas desta vez os dois policiais olharam para Melody. Aquilo estava começando a me incomodar.

— Sim...

Escutei um gemido reprimido sair de Ambre. Abracei-a e senti meus pulsos tremerem. Fechei meus olhos sentindo-os arderem. Seria aquele o nosso final, Anne?

ANNE

Uma manhã bela cheia de paz. Os passarinhos cantam na frente do hospital, mas logo surgem meus gritos e as enfermeiras e outros me olham curiosos.

— Me coloque no chão, menino! Vou te arrebentar os dentes se não me obedecer, peste!

Lá estava eu sendo carregada por Kentin em seu colo. Lysandre seguia a gente com um sorriso divertido na face. As duas criaturas se entretém com o meu estresse matinal.

— Anne, essa é a pequena parte de seu castigo. — Kentin disse sorridente.

Que castigo, infeliz? Não entendo o que se passa na cabeça dessa criatura.

Como acabamos nessa situação? O médico desgraçado disse que seria bom para minha recuperação evitar movimentos bruscos. Então, Kentin se aproveitou da situação e me carregou daquela forma. Confesso que estava gostando um pouquinho, apenas protestava como toda boa moça deve agir. Caí entre nós, mas os músculos do moreno me deixavam com calor. Felizes com minha confissão? Agora ignorem, por favor. Não voltemos para este assunto, gente.

A agonia acabou quando ele me colocou no banco traseiro do carro chique. Fiquei rosnando e Kentin ainda diz:

— Não me canso dessas suas reações. — O sorriso dele estava de orelha a orelha. Meu deus, para que tanta felicidade?

O banco era de couro da cor bege. Esse povo rico e suas luxúrias. O cheirinho estava bom e o veículo poderia estar agradável, mas...

Olhei para o lado avistando um monte de embalagem de camisinhas rasgadas. Junto a elas tinha também uns brinquedinhos safadinhos que nem queria imaginar a onde aquilo poderia ter estado.

Adeus, ambiente agradável. Oh derrota.

Como de se esperar dessas duas pessoas.

Suspirei, ignorei e fiquei no centro do banco onde podia ver o motorista e quem sentasse ao seu lado, mas que engraçado... O banco ao lado do motorista ficou vazio. Por quê? Quando pensa que não, Kentin estava sentado do meu lado. Por que deus? Fiquei encarando aquela criatura por alguns segundos e perguntei:

— Querido, por que não está na frente? Não entende que quero espaço?

Ele estava radiante enquanto me observava. A boca dele parecia congelada, pois o sorriso não se desfazia.

— É melhor aqui do seu lado. Não gosto de ver uma vara seca dirigindo. — Se referiu ao Lysandre. — Também posso te fazer cocegas, ou seja, posso garantir um sorriso em seu rosto.

Fiquei encarando Kentin por alguns segundos serena. Ele não me olhou neste momento, estava discutindo com Lysandre sobre a referência de “vara seca.” Diferente de Nathaniel, o moreno me lembrava do sol. Não sei por que da comparação, mas enfim... A aura dele emitia calor, enquanto a do executivo era misteriosa e indecifrável.

O mundo congelou por alguns instantes. Não entendi do por que ele queria se aproximar de mim. No hospital, ele me perguntava e perguntava. Parecia desejar se aproximar de mim, ainda manter-me sorridente com direito a palhaçadas. Kentin estava sendo tão...

— Pronta? — Indagou o branquelo me trazendo de volta para a realidade.

Assenti. Lysandre deu a partida deixando o hospital cada vez mais distante atrás de nós.

Balancei a cabeça para afastar quaisquer pensamentos. Precisava ser otimista, pensar apenas na salvação de Castiel e recuperar minha dignidade como pessoa.

— Aqui vou eu! — Murmurei.

~x~

O carro fez uma curva, logo me fazendo reconhecer que estávamos na região onde passei a grande parte de minha vida. Já estávamos na rota das mansões e avistei o portão preto da casa de Nathaniel. Engoli em seco sentindo um frio na barriga.

Flash da noite que fui acusada se passou em minha mente. Como poderia esquecer? Minhas mãos começaram a tremer e novamente senti aquele calor domando-a. Era a mão de Kentin se envolvendo na minha, ele havia a segurado gentilmente e apenas assentiu com a cabeça. Um gesto de: “Você não está sozinha”.

Os olhos bicolores de Lysandre observavam-nos pelo espelho interno. Ele tinha um sorriso esboçado. Eu entendi muito bem daquela expressão que ele continha. Algo naquele rosto dizia: “Esse é o meu garoto”. Uma pinoia!

— É aqui, Anne? — O branquelo pergunta quando chega ao lugar que lhe informei onde poderia encontrar Castiel.

— Sim! — Concordei e ele parou o carro.

Saímos do veículo e meus olhos percorreram o ambiente por completo. Era parecido com o beco onde eu vivia. A diferença era que o local era mais exposto, ao contrário do meu que era escondido. Dali se tinha a vista de um bar onde Castiel adorava ouvir as músicas tocadas. Lembrei-me dele fazendo gestos com as mãos como se estivessem tocando violão e murmurando as letras das canções ouvidas, velhas memórias.

Nada. Não avistei o ruivo. Comecei a me desesperar e meus olhos se encheram de lágrimas. Não poderia ter perdido ele.

— Castiel! — Gritei.

Kentin e Lysandre analisavam ao redor. Eu havia informado as características de meu amigo, então eles estavam à procura.

— Castiel! — Tentei mais uma vez.

Fiz bico como sempre. Tentei reprimir o choro. Senti as mãos de Lysandre pousarem em meus ombros. Ele ia dizer alguma coisa, mas escutamos isto:

— Sua mão de vaca! — Reconheci aquela voz grossa revoltada.

Olhei para trás e avistei o ruivo. Sim, ele parecia muito bem. Isto é bom, né? Estava caminhando em minha direção, mas ainda não tinha me visto. Ele estava entretido com algumas notas de dinheiro em suas mãos, contudo não dei importância. Corri até ele e pulei em seus braços.

— Achei que tinha te perdido. — Berrei aninhando meu rosto em seu peito.

Castiel se surpreendeu, mas correspondeu ao meu ato. Abraçou-me. Foi o abraço mais carinhoso que nós demos um no outro em nossas vidas. Ele me apertou e pude sentir que seus braços estavam trêmulos. Um abraço de irmão, nada comparável. Entretanto, estamos falando do ruivo, certo?

Típico da peste.

— Sua pirralha burra! — Ele disse puxando o meu cabelo. — O que te disse sobre essa gente? Eu devia esfregar essa sua cara no asfalto. — Apertou minha bochecha.

Ficamos matando a saudade naquelas carícias que só nós entendíamos. Kentin e Lysandre nos encaravam incrédulos. Não estavam acostumados com tanta violência e amor junto.

~x~

— O quê? — Kentin, Lysandre e eu perguntamos juntos.

— Espera! — O branquelo pediu tentando assimilar à bagaceira. — Quer dizer que a Melody te ofereceu dinheiro para...

— Sumir daqui? Assim, todos iriam achar que Anne e você estariam presos? — Kentin completou chocado.

Enquanto eu tremia de raiva, Castiel assentia normalmente. A criatura não estava entendendo a situação. Pois ele estava tranquilo.

Explodi, agarrei a gola de sua camisa indo direto ao ponto que me incomodou.

— Seu ruivo cagado! Ela te oferece dinheiro e você nem pergunta o que aconteceu comigo? — Trinquei os dentes. Aposto que parecia uma cachorra com os dentes afiados a mostra.

— Ora, eu ia atrás de você, Nanica. Só que depois... — Ele responde com um sorriso de lado. — Antes iria cuidar de mim. Sabe como é, né Anne?

— Seu cuzão!

Enquanto voltávamos a nos matar, Kentin e Lysandre nos surpreenderam. Castiel e eu paramos de nos bater e olhamos para as duas peças. Não, não estou vendo uma coisa dessas. Os dois estavam tendo crises de risos. O branquelo estava chorando, enquanto o moreno estava com as mãos na barriga.

Eita gargalhada do caralho.

— Estão rindo de que? — Perguntei tentando entender.

— Plano de bosta! — Lysandre conseguiu dizer.

— Que merda mesmo! Melody se acha aquelas golpistas dos filmes de Hollywood. — Kentin estava vermelho, mano. — A garota oferece grana e o outro ainda aceita de bom agrado. Para piorar ainda nem segue os regulamentos da garota. Melody burra e ruivo aproveitador! — Apontou para Castiel e gargalhou ainda mais.

Castiel bufou nessa hora. Pronto! De repente, formou-se uma bola de poeira e só se via as cabecinhas dos três rapazes se batendo. Escutavam-se xingamentos, mas minha imaginação é típica de uma merda, né?

No final, os três acabaram com um galo na cabeça. Eu, como a mulher maravilha cessei com aquela briga toda. Os rapazes estavam agachados na minha frente acariciando a marca que deixei. Uau me sentia poderosa. Parei a feras com uma simples pedra!

— Tsc, vamos atrás de quem agora? — Perguntei voltando ao plano.

— Uai, vamos atrás de Nathaniel e do restante de quem estiver com ele. — Lysandre explicou. — Simples, quando eles virem você vão perceber o quão idiotas foram e... Que piada, meu!

A figura não conseguiu finalizar a frase com coerência, pois voltou a rir. Acho que ele só tinha se deparado com essas situações em filmes. No momento estava tensa pensando a respeito, mas talvez futuramente sorrisse daquela história toda. Afinal, é cada coisa que me acontece.

~x~

A espera, nós quatros ficamos parados na frente da casa de Nathaniel. Parecíamos até bandidos estreitando o lugar. Sinistro. Estávamos em fileira e eu no centro. Detalhe: Fazíamos cara de mal com os braços cruzados. Um vento batia e minha mata era a única a dançar de acordo com a ventania. Achava-me o último pão de queijo.

O carro branco de Nathaniel surge no fim da rua. Que rapidez! Logo minha coragem se desmancha e vira uma casquinha de bosta. Mas esbofeteio meu rosto e mando embora aquela sensação. Não, não é aquela Anne que quero mostrar para aqueles que duvidaram de mim.

Do veiculo sai Ambre com uma expressão de partir o coração, Nathaniel sai encarando-me e Melody aparece mais branca do que um cadáver. Morre logo, filha!

Iria mostra-los!

IMAGINAÇÃO ON

Estava quente e o terreno de areia era composto apenas por duas pessoas. Uma música caipira tocava.

De repente, uma bota de cowboy vermelha pisa na areia. Adivinha de quem era? Sim, pertencia a mim. A terra tremeu de medo nessa hora.

Eu vestia uma saia e uma blusa branca que era coberta por uma jaqueta, nela tinha-se uma estrela. Eu era a xerife da cidade, meu povo. Minha cabeça era coberta por um chapéu marrom também sendo enfeitado por uma estrela. Meu cabelo estava amarrado em Maria Chiquinha. Eta! Quis demonstrar como estava gatinha.

Do outro lado, ao fim da rua comendo poeira estava Nathaniel vestindo uma calça preta com as bordas adentro das botas. Sua blusa era amarela quadriculada e o chapéu combinava com a calça. Totalmente diferente do executivo de terno que estamos acostumados. Ele mastigava um pedaço de folha e mexia na arma pendurada em seu cinto. Se achando alguma coisa, pobre coitado. Eu sou a poderosa aqui, meu bem.

— E aí, loiro infeliz! — Eu disse. — Está pronto para ver o satanás?

O executivo fez uma cara de choro. Mas já? Ele largou a arma ajoelhando-se e veio arrastando-se em minha direção dizendo:

— Me perdoe Anne! — Ao me alcançar, segurou em minha cintura e abraçou-me encostando seu rosto em minha barriga. — Mate-me! Pois não sou digno de seu amor. Não acreditei em você...

ATCHIM!

IMAGINAÇÃO OFF

Ah essa história poderia continuar, se não fosse um espirro que me despertou e o charme junto ao encanto se foi. Castiel, nojento do cacete atrapalhando minha hora de brilhar. Tinha espirrado e ainda estava limpando o catarro na blusa.

— Foi mal! — Diz o infeliz.

Uma criatura dessa não tem salvação.

Voltei minha atenção para Nathaniel e ele continuava encarando-me como se eu fosse um fantasma.

— O que está acontecendo? — Ambre pergunta quebrando o silêncio.

Ela estava com os olhos inchados denunciando o quanto havia chorado.

Neste momento, todos estavam sérios. O clima passou para mais pesado. Lysandre tomou a frente e Kentin segurou minha mão permanecendo ao meu lado. Castiel? Continuava limpando o catarro na blusa. Oh derrota! Catarreira do caralho!

— O que se passa? — Nathaniel desta vez manifesta-se.

— Anne foi vítima do plano tosco de Melody. — Lysandre explica sereno. — Para que todos saibam, eu e Kentin encontramos Anne caída à beira da morte perto de uma padaria na cidade vizinha.

Padaria da sorte! Agradecerei eternamente. Amém, irmão!

O branquelo continuou:

— O policial a largou, pois queria fazer vocês pensar que a menina tinha sido presa e... Resumidamente... — Lysandre estava começando a ficar com preguiça de explicar, percebi pelo olhar. — Vocês foram enganados por essa cobra! — Apontou para Melody.

Esta por sua vez estava encarando o chão. Pode chorar agora. Eu deixo!

Todos os olharem caírem em cima dela. Estava ansiosa para saber o que ela faria. Logo, a coisa estranha começou a sorrir.

— Vocês têm prova que fui eu?

Lysandre a encarou como se ela fosse uma idiota. Na verdade, era né?

— Castiel?

O ruivo que até então estava entretido com suas nojeiras, alegou:

— Essa mulherzinha me subordinou! Ofereceu-me dinheiro para sumir daqui e deixar que a minha imagem e a de Anne fossem manchadas. — Explicou todo orgulhoso de ter me ajudado. Ainda jogou o “restante” do dinheiro em direção da vaca. Depois vou dar mais um abraço nessa criatura.

— Estúpido! Mendigo nojento! — Ela o insultou — Achei que o dinheiro iria subir a sua cabeça. Por que aceitou se não iria sumir daqui, coisa horrorosa?

— Por quê? — Castiel sorriu — Porque qualquer pessoa aceitaria. Você que foi burra de acreditar em minhas palavras. Eu não concordei que iria seguir suas instruções, gatinha.

Melody se passou por uma idiota. Talvez a obsessão dela pelo executivo a tenha feito não planejar o plano corretamente. Melhor para mim porque agora se fodeu. Continuei em silencio encarando-a. Foi neste momento que nossos olhos se encontraram. Não tinha vida neles, ela correu na minha direção enfurecida.

Lysandre e Castiel a seguraram, enquanto Kentin ficou na minha frente. Ela estava rosnando, faltava babar, estava louca. O rosto de Lysandre foi arranhado pelas unhas dela e notei que ela chutou a barriga do ruivo com seu salto, mas logo os dois a imobilizaram.

O que fiz para essa mulher? Nathaniel nunca demonstrou qualquer afeto por mim, por que cisma comigo? Ela me tem como alvo desde o nosso primeiro encontro? Continuei observando-a. Naquela hora senti pena dela. Ela não deveria me ver como uma inimiga, pois Nathaniel nunca irá me ver como uma mulher. Afinal, ainda está parado assimilando o que se passou. Seus olhos ainda não se encontraram com os meus.

— Por quê? — Ela berra para mim. Por que o quê, menina? — Passei anos ao lado dele e você foi a única a fazer ele te olhar daquela forma! — Afirmou, mas logo se calou e o único som a escutar foi soluços de seu próprio choro.

Castiel e Lysandre a levaram na direção do carro. Ela não relutou, parecia comigo naquela noite em que fui presa. Era a mesma imagem, mas com a pessoa diferente. Ela abaixou o rosto e sentou-se no banco traseiro ao lado do ruivo que ainda a segurava.

— Kentin, sabe o que fazer certo? — Lysandre orientou antes de adentrar no carro.

O moreno apenas assentiu confiante. Desta forma, o carro do branquelo partiu e eles levaram a Melody.

Um silêncio percorreu o lugar. Percebi que aquele clima tinha chamado atenção dos vizinhos. Notei cabeças observando-nos pela janela no raiar do meio dia.

Kentin segurou minha mão mais uma vez e me fez segui-lo destino contrário de onde Ambre e Nathaniel estavam. Fiquei de coração apertado, porque imaginei que o final não seria daquele jeito. Seria assim? Era isto o que eu queria? Talvez, esperasse por algo a mais.

— Espera!

Paramos. Percebi que os ombros de Kentin enrijeceram, ele estava incomodado com alguma coisa.

Ambre corre na nossa direção. A garota se aproxima e toma as minhas mãos, segurando-as firmemente. A mão dela era pequena e estava gelada, nervosa.

— Anne, desculpa!— Ela pedia. — Desculpe-nos por desconfiar de você, minha linda... Desculpe-nos por tê-la feito passar por tamanho inferno. Entendo se não nos perdoar, mas... — Ela começou a soluçar — Só deus sabe o que eu e meu irmão sentimos quando você foi levada. Passamos a noite em claro, torcendo para aquilo ser apenas um pesadelo...

Eles reagiram assim? Eu significava alguma coisa para ambos? Escutei o choro reprimido de Ambre. Não aguentei. Abracei-a acariciando o cabelo da loira. Sim, aquela era eu. Apesar de ódio que senti quando tudo aconteceu, ele não fazia mais parte de mim. Eu era capaz de perdoar. Nós duas choramos e percebi que este era o fim que almejava.

Ambre se afastou de mim e acariciou minha cabeça. Ela estava com uma expressão mais aliviada, assim como eu e Kentin. Este estava parecendo um guarda atrás de mim, observando e pronto para dá o bote.

Escuto passos aproximando-se de nós. Noto que atrás de Ambre surge a imagem de Nathaniel. Era óbvio que ele estava tendo conflitos internos. Seu rosto estava contraído.

A loira me analisa e depois o seu irmão. Ela o conhecia e sabia do que era preciso, então a mesma deu-me um leve empurrão na direção de Nathaniel. Olhei para trás e Ambre permaneceu ao lado de Kentin sorrindo. Eles afastaram-se discretamente, dando espaço para que uma conversa decente fluísse.

Parecíamos dois idiotas olhando para o chão. Algumas vezes erguia meus olhos e notava que o executivo trabalhava em seus pensamentos. Aposto que ele fritava o cérebro tentando encontrar o que dizer. Seus olhos eram rodeados por fundas olheiras, parecia transtornado. Enfim, fiquei na espera, afinal era ele quem deveria agir primeiro. Estou birrenta hoje.

— Anne... — Finalmente ele consegue dizer. — Me des...

O interrompi, aclarando:

— Não precisa se desculpar. — Encarei seus olhos cor de mel séria. — Quero apenas esquecer tudo o que aconteceu.

Não sei da onde surgiu àquela força de cuspir aquelas palavras. Sim, eu era capaz de perdoar, mas no caso do executivo as coisas eram diferentes. Eu o perdoei, mas evitar o assunto era um refugio para não espanca-lo. Típico de minha pessoa.

Ele me fitou de sobrancelhas arqueadas. Não esperava por minha atitude. Seus olhos brilhavam intensamente, contudo pareciam úmidos. Continuei encarando-o. A mão de Nathaniel estremeceu quando notou as minhas feridas tampadas pelos esparadrapos. Seu braço ergue na minha direção, mas ele desiste de tocar-me.

— Certo, farei como deseja. — Neste instante, ele forçou um sorriso. Suas mãos tremiam denunciando o seu incômodo. Era óbvio que estava bastante nervoso. Através de muito esforço, acrescentou:

— Então, vamos para casa? — Tentou expor a sentença radiante a qual queria encobrir o clima tenso presente. O loiro agia de acordo com a forma que dei a entender sobre “esquecer o que aconteceu”.

Seu nervosismo fez com que ele virasse as costas. Estava seguro que iria segui-lo, apenas aguardava-me para caminhar ao seu lado na direção de “sua” casa. Mordi o lábio lembrando que mais cedo tinha discutido sobre este assunto com Kentin e Lysandre.

— A partir de agora vou ficar na casa de Kentin. — Minha voz saiu baixa. Baixa até demais que fiquei com receio dele não escutar, mas escutou.

Seus ombros se encolheram. Nathaniel permaneceu parado de costas para mim sem dizer nada.

Antes, o que me levou a isto?

FLASH BACK ON

Enquanto estávamos a caminho de nosso destino no carro, Lysandre pergunta:

— Quer dizer que Nathaniel alegou para você aproveitar a oportunidade de morar com ele para conhecê-lo melhor? — Indagava com uma das sobrancelhas erguida.

Assenti.

— Isso não daria certo! — Lysandre aclamou sincero. — Pois ele sabe de seus sentimentos e esta é a reação dele? Disse na cara dura que não merecia o seu amor? Desculpe Anne, mas Nathaniel negou os seus sentimentos agindo desta forma.

Fiquei de cabeça baixa escutando. Afinal, aquelas palavras faziam sentido.

— Ele escolheu uma desculpa estranha para negar ao seu amor, mas sabemos que Nathaniel não voltará a amar. Não depois daquilo.

Aquilo o quê? Fiquei curiosa e quando ia perguntar a respeito, Kentin me abraçou berrando euforicamente:

— Anne pode morar comigo! Ao contrário do loiro eu iria trazer apenas alegria. Iria tirar sorrisos desse rostinho bonito. — Apertou minha bochecha. Kentin estava muito elétrico. — Então, o que me diz Anne? Sou muito solitário. — Fez cara de cachorro sem dono.

Solitário? Mentira cabeluda.

— Te aquieta, menino! — Pedi, mas na verdade ainda não tinha resposta para aquele convite inesperado. Não sabia nem o que dizer.

Kentin estava faltando me sufocar com aquele abraço. O carro inteiro foi domado pelas vozes radiantes de Kentin e Lysandre gritando:

— Aceita, aceita...

FLASH BACK OFF

Senti-me errada por escolher aquela opção apenas para saber qual seria a reação do Nathaniel. Confesso que ainda não tinha confirmado nada para os meninos, mas precisava saber o que o loiro iria fazer diante daquela frase. Ou no fundo eu tinha alguma esperança.

Na obrigação de explicar sobre a resposta dada há pouco, expus:

— É a mesma coisa que estar na sua casa. Afinal, Kentin também quer me ajudar. — Coloquei a mão no peito tentando me acalmar. — A única diferença é que não existem rodeios entre a gente. Consigo entendê-lo...

Meus olhos estavam sobre Nathaniel e sentia minhas pupilas tremerem, ansiosas por uma resposta. Confesso que no fundo queria que minha presença na casa do loiro significasse alguma coisa. Queria ter algo para ainda poder lutar. Queria uma resposta positiva, mas...

— Ok. — Ele responde.

Não consegui ver o seu rosto, mas Nathaniel caminhou para dentro de sua mansão e me deixou parada aflita pela resposta que tanto temia. Por que não disse que preferia que eu ficasse com você? Era essa a frase que eu queria ouvir. Mas engraçado que a realidade é a vencedora. Visto que não significo nada, apenas uma pessoa que passa por necessidades e tem uma sorte anormal.

Certo, é fato que muita coisa precisa mudar.


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Notas finais do capítulo

Sério, aguardo a opinião de vocês. Pois para mim, foi um dos melhores capítulos. Tanta coisa aconteceu. >