Operação Undone - Interativa escrita por Arabella


Capítulo 2
Porto Yankee


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Se seu personagem ainda não apareceu ou não teve muito ênfase nesse capítulo, não esquente, eu vou compensar tudo ;) Não teve muito o que falar porque a ação nunca rola no primeiro cap :( Até gente



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–Blackson! –A voz suave de Helena atravessou o porto Yankee.

Um homem alto se virou, recortado contra o oceano enorme e claro que se estendia atrás dele. Seus olhos escuros fitaram o vazio, desfocados por meio segundo antes de fitarem Helena. Sua boca esboçou, quase automaticamente, um sorriso torto e com segundas intenções claras.

–Pode me chamar de Alex, gracinha. –Ele realizou uma reverência militar rápida com a mão direita.

–E você pode me chamar de Helena. Nada contra “gracinha”, não é pessoal. –Helena falou, mas um sorrisinho estava estampado em seu rosto alvo.

–Ah, desculpe, Helena. Seus olhos, eles... –Alex se aproximou da mulher, os cabelos castanhos escuros voando sobre os olhos com a brisa que brincava nas proximidades do mar.

–Eu sei, são estranhos... –Helena colocou uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha.

–São lindos. –Ele murmurou.

Os olhos dela refletiam o céu azul, um deles castanho e o outro de um verde escuro que o lembrava do rio Mississippi em um dia nublado, lugar que tinha visto na ocasião de uma de suas incontáveis viagens. Ela permaneceu estática por alguns segundos enquanto o homem a examinava, meio em transe.

–Desculpe incomodar, sou o W. W. –Uma voz masculina surgiu atrás do ombro de Helena, a fazendo endireitar a coluna.

–Não tinha nada acontecendo aqui, não se preocupe. –Ela estava levemente corada, mas disfarçava tentando depositar toda a sua atenção no garoto sardento que estava na sua frente.

–Will Watson. –Ele estendeu uma mão longa e ossuda.

Ela apertou no mesmo momento em que a voz rouca de Alex se propagou ao redor deles:

–Eu sou Alex Blackson. E eu sou o seu técnico, amigo. –Ele estendeu uma mão, que tinha ao menos o dobro do tamanho da de Will.

–Olá. É um prazer ir nessa viagem com vocês. –O garoto estava radiante.

–Amor, onde eu coloco essa Coca Diet? –Um ruivo de pele muito clara e cabelos em estilo militar passou a cabeça pela janela de uma van verde, encarando Will com uma latinha preta na mão a alguns metros de distância do porto em si, no estacionamento improvisado.

–Fica com ela pra você de presente, Cole! E, pra retribuir, para de me chamar assim, cara, por que você tem que fazer todo mundo achar que eu sou viado? –Ele correu até a van, deixando Alex e Helena olhando para o além meio sem saber o que fazer.

–Então aquele é o Cole. Esse está sob a minha supervisão. –Helena soltou, um pouco desanimada.

–É, eu também esperava exploradores mais sérios. –Confessou Alex. –Mas isso meio que confere uma diversão a mais na viagem, não é? Isso sem comentar sobre as mulheres. –Ele deu mais uma olhadela em Helena, seu sorriso torto aflorando nos lábios e fazendo a mulher corar violentamente.

Will voltou em seguida, carregando uma mala marrom muito cheia e que parecia poder rasgar a qualquer momento. Foi quando uma garota de cabelos loiros platinados saiu de um conversível preto, onde as portas ainda jaziam erguidas pelas extremidades. Will não conseguiu segurar o queixo e Cole, que estivera folheando uma revista em quadrinhos, fechou quase que automaticamente as janelas de sua van verde-limão para que não fosse visto no automóvel. Todos ainda estavam olhando para o carro negro quando a garota se aproximou, seus óculos estilo aviador adornando o rosto alvo e suave. Os cabelos platinados acabavam em pontas de um azul-marinho chamativo e ela tinha uma longa franja desfiada.

–Olá! –Seu tom era animado e infantil e ela se desfez da jaqueta de couro que usava, a prendendo na cintura e mostrando o logo de uma banda de punk rock. –Eu sou a Mulberry.

Uma garota alta cotovelou suavemente Alex nas costelas, que já tinha começado a estender a mão para a garota, com o sorrisinho de sempre.

Eu sou a técnica dela. –Ela espremeu seu braço por entre os corpos de Alex e de Helena para sacudir a mão da garota, que sorria largamente.

O rosto da mulher recém-chegada, que tinha uma enorme sacola de pano verde aos pés, era bastante pálido, contraste provavelmente adquirido devido ao longo cabelo ruivo cor de fogo que esvoaçava sobre os ombros, balançando com a brisa. Seus olhos verdes já pareciam emanar um afeto quase maternal para sua pequena protegida loira, que encarava o espaço ao redor.

–Eu sou Ella Jones. –Se apresentou.

–Ótimo te conhecer. –Mulberry tombou a cabeça apertando sua mão.

Alex não parava de alternar o olhar entre Helena e Ella. Repentinamente, ele não pôde achar uma escolha melhor do que a que tinha feito quando decidiu viajar com esse grupo de técnicos. Ou técnicas, especialmente.

Alguns segundos depois, Mulberry estava se aproximando de Will, que conversava com um garoto alto e forte de cabelos castanho-claros curtos e barba por fazer.

Will não tinha visto a garota chegar e ainda estava entretido na conversa que mantinha com o garoto:

–Então você quer dizer que lá não tem sinal? Tipo, em nenhum lugar? –Will parecia em desespero, seus olhos castanhos arregalados e a boca torcida.

O outro balançou a cabeça, um sorriso largo estampado no rosto, contagiando até seus olhos claros e penetrantes.

–De jeito nenhum.

–Nem wi-fi? Cara, eu prometi pra minha mãe que ia falar com ela todas as noites pelo Skype e... –Will parecia prestes a surtar, passando as mãos pelos cabelos cheios e loiros.

–Alguém aqui é a princesinha da mamãe? –Mulberry aparece sobre o ombro de Will, o rosto deformado por um sorriso enorme e meio perturbado.

Henry ri alto.

–Amigo, você tem alguma alergia a mulheres? –Henry pergunta. –Eu nunca vi uma pessoa tão vermelha.

Ele e Mulberry riem freneticamente por algum tempo, deixando Will meio desconcertado. Ao longe, ele vê surgir o corpo de Cole de dentro da van verde e decide que talvez fosse melhor deixar a cena antes que o amigo entrasse na rodinha e começasse a rir dele também.

–Ei, ei! –Mulberry aperta o braço de Will antes que ele se afaste. –Eu estava brincando, não me leve a sério. Minha mãe instalou um rastreador no meu celular. Ela jura que consegue controlar alguma coisa que eu faça. –Ela revirou os olhos.

Will deu um aceno com a cabeça de compreensão para ela. Ele gostou da maneira como a garota nunca parava de sorrir e isso lhe conferia confiança.

–Não se preocupe. Estou acostumado com essas coisas. –Will sorriu. –De qualquer maneira, eu sou a princesa da mamãe Watson. Will Watson. –A garota riu alto.

–Sou Jones. Mulberry Jones. –Ela apertou a mão do garoto.

–Ah, não que alguém se importe, mas eu sou Henry. Henry, a vela. –O garoto alto que estivera conversando com Will se manifestou, erguendo dois dedos da mão.

Foi quando Cole se juntou a pequena roda com, ênfase na surpresa de Will ao constatar isso, uma garota. Ela tinha cabelos longos e ruivos, como o do garoto, com a exceção de que ela era ridiculamente bonita enquanto Cole era apenas... Cole, constatou Will e possivelmente também Henry.

–Olá! –Ela acenou. –Que bom saber que realmente isso não era uma pegadinha da internet e eu sou a única nerd esquisita de dezoito anos querendo explorar uma ilha.

Esse comentário fez com que todos na rodinha rissem, mas Cole exagerou um pouco na risada e acabou sendo o último em um silêncio constrangedor.

Os olhos azuis da garota se demoraram em cada um dos integrantes do grupo, os estudando rapidamente antes de se apresentar:

–Sou Catherine Rose Robespierre. Mas só me chamem de Catherine, mesmo. –Ela deu de ombros.

Foi só aí que Will reparou na grande, não, enorme mala que Cole segurava com uma mão bastante trêmula. Ela chegava a bater um pouco acima da cintura dele, o que era um fato impressionante considerando a altura de Cole, e chegava a estar mais cheia do que sua própria mala.

–Me desculpe perguntar, Catherine, mas eu acho que se você levou apenas o necessário, tem alguma coisa muito errada com o que eu trouxe. –Henry também parecia ter acabado de reparar nisso e indicou sua própria mala que tinha uns vinte centímetros a menos de altura do que a de Catherine e certamente estava menos cheia.

–Ah, não se preocupe. Eu não trouxe só o necessário, mas sinceramente, eu trouxe o útil.

–Se o útil inclui uma maleta de maquiagem e dois quilos de roupa, eu acho que estou entendendo onde quer chegar. –Mulberry soltou e Catherine riu.

–Pirralhos, vocês estão prontos? –Alex perguntou ao longe, um pouco afastado de onde estavam Helena e Ella. O motivo da distância talvez fosse o cigarro que pendia da sua boca e o vento contrário, até porque a maioria das pessoas não gosta muito de fumaça se chocando contra seus rostos.

Cole tinha dado dois passos em direção a Alex, segurando em uma mão a mala de Catherine e, em outra, a sua própria, quando um de seus pés deslizou para frente e seu corpo se chocou em menos de um segundo com o chão molhado do porto.

–Algo me diz que essa viagem não vai ser fácil. –Alex murmurou erguendo as sobrancelhas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, amores