Human World Observation escrita por Lady Pompom


Capítulo 6
Capítulo 05: Família


Notas iniciais do capítulo

Essa história é uma obra de ficção e não tem qualquer relação com pessoas, fatos ou acontecimentos da vida real.



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Eu tive um sonho… Não, na verdade… Foi mais como uma lembrança, um sonho com alguma memória... Eu, meus pais e meu irmão mais velho. Se não me falha a época, acho que é a lembrança de um piquenique que fizemos num feriado...

O pai sempre trabalhou tanto, era raro ter momentos como aqueles, por isso, neste fim de semana especial, ele nos levou a um piquenique... Ah, quantos anos eu tinha...? Acho que uns sete e meu irmão mais velho, acho que devia ter uns doze...

Bons tempos... Mas ainda não entendi porque estou sonhando com isso... Não é hora para...

O relógio despertador soou escandaloso, puxando Eileen para fora de seu mundo dos sonhos. Abriu os olhos rapidamente, e depois foi preguiçosamente sentando na cama. Desligou o despertador.

Colocou os pés pra fora da cama, ainda de cabeça baixa. O cabelo bagunçado e as olheiras explicitavam que seu sono não havia sido bom o bastante. Ultimamente tem sido assim, não importa o quanto durma, nem as oito horas diárias de sono necessárias podem aliviar seu stress de ficar constantemente no mesmo ambiente que um alien.

Levantou-se e andou como um zumbi até o banheiro. Lavou o rosto, escovou os dentes, mas suas olheiras não desapareciam. Parece que iria ter que disfarçar com maquiagem, torcia para que conseguisse corrigir aquilo com corretivo.

...

Como de costume, aquela criatura grotesca que fingia ser humana estava sentada à mesa da cozinha, lendo o jornal. Lançou um breve olhar quando viu a proprietária da casa entrar no recinto, e depois se ocupou novamente as notícias impressas.

Eileen tentou esconder, mas estava além de sua capacidade. As olheiras continuavam lá. Pegou a garrafa com café, colocou na xícara, no entanto, enquanto o fazia, fechou os olhos por um segundo, e tudo que sentiu a seguir foi um líquido quente em seus pés.

_Ai! –levantou as pálpebras pesadas, apressada de susto-

Olhou para a mão que colocava café, que estava mirando num lugar bem distante da xícara, o que fez o café cair, escorrer pela mesa e chegar até seus pés descalços.

_Eh~ -o alien pôs o jornal na ponta da mesa, apoiando o rosto em uma de suas mãos- O que há com você? Perdeu sua coordenação motora? –sorriu-

_Não. –lançou um olhar mortífero-

Cansada para suscitar quaisquer reclamações, deu as costas e preocupou-se em pegar um pano para limpar a bagunça. Ela acabou dormindo com o pano em mãos também. E depois quando sentou à mesa para tomar seu café da manhã, e até quando foi calçar os sapatos.

_Puf... –riso abafado- Tem certeza de que está mesmo bem? –disse após observar todos os episódios de sono dela-

_Não... –sentou-se no chão, desconcertada- Não consigo trabalhar assim... Preciso... Preciso dormir... –deitou-se no tapete da sala, se arrastou por alguns segundos até desistir, exausta-

Os olhos dela estavam irritados, vermelhos e as olheiras aparentes a deixavam com um aspecto de louca.

_Você pode faltar ao trabalho facilmente?

_É claro que não... –encarou-o- Mas, olhe bem para mim... Acha que eu consigo fazer um bom trabalho?

_... Puft... –risinhos- N-não. –disse segurando a risada- Está parecendo aquilo que chamam de “minhoca” se arrastando por aí.

Ah! Que ótimo! Obrigada, Siv, me sinto muito melhor sendo comparada a uma minhoca!

_Fale com o Gilbert ou com alguém, sei lá, apenas diga para levá-lo até o trabalho, eu não vou hoje... –jogou o celular para o alienígena-

_... –o homem arqueou o cenho-

Logo a mulher saiu quase se arrastando escadaria acima, até seu quarto. Não se importou com mais nada, pôs o pijama e caiu na cama, dormindo pouco depois...

...

À noite...

...

A campainha tocou. Siv, o extraterrestre estava saboreando uma caneca de café quando ouviu o som que considerava irritante e inelegante. Aparentemente, desde a hora que a humana dona da casa aninhou-se nos aposentos dela, não havia descido ainda.

Ele havera ido até o trabalho, observou mais um pouco as pessoas, conseguiu achar boas palavra para escrever em seu relato. Quando voltou, a mulher não deu sinal de vida, supôs que ela estava dormindo.

Como humanos conseguem dormir tanto? Isso é incômodo. Agora este som que também é perturbador. Devo ir lá e ver quem é o visitante...? Ou será que devo deixá-la vir aqui pessoalmente...?

Diing-doong

Hum... Se for algum humano ordinário, posso ter a chance de observá-lo... Talvez seja uma boa ideia vê-lo...

Andou até a porta e a abriu, com sua postura elegante e um sorriso no rosto.

Era um homem parado na entrada. De cabelos castanhos escuros, arrumados com gel para trás, olhos azuis. Não era tão jovem, estava na casa dos trinta. E fazia uma expressão de surpresa ao ver o alien em disfarce humano.

_Hum... –olhou em direção ao interior da casa, procurando algo- Desculpe, acho que vim à casa errada... –disse sem jeito-

_...? –manteve a expressão sorridente-

O homem virou de costas, andou dois passos. Parou. Coçou a cabeça, virou de lado e abriu a boca como se fosse dizer algo, mas hesitou. Virou de novo e deu mais um passo. Enfim, olhou para o extraterrestre a três passos de distância e resolveu perguntar duvidoso:

_Esta não é a casa de Eileen Sanders, é?

_Sim, é. –foi curto e claro-

Alguns segundos de silêncio... A expressão no rosto do visitante ficou negra, como se acabasse de ouvir algo que não queria.

...

No quarto de Eileen...

...

A mulher acordou. Espreguiçou-se, bocejando. Perder um dia de trabalho não foi lá a escolha mais sábia, mas seu sono estava completo agora, podia ficar um bom tempo tendo noites mal dormidas de novo.

Ela pode ver que era noite, através da janela do quarto. A quietude era algo comum, apesar daquela criatura grotesca e ameaçadora lhe trazer dias conturbados, era relativamente quieto, só abria a boca para perguntar usas curiosidades e falar mal dos humanos, fora isso, era calado.

Às vezes ficava lendo jornal no sofá, às vezes na cozinha. Tomava café, assistia ao jornal da manhã e em outros momentos só ficava olhando para o lado de fora pela janela, com a mente em algum lugar vago, distante dali.

Pôs uma roupa de casa, para não andar de pijama e desceu até o andar de baixo para comer algo. À medida que descia as escadas, ouviu uma voz familiar conversando, mas o estranho era que havia mais de uma pessoa na conversa e ela conhecia bem as duas vozes que ouvia...

Assim que pôs os pés na sala e viu os dois homens sentados no sofá conversando, ficou surpresa.

_Ah! Eileen! Estávamos falando sobre você! –o homem desconhecido deu um sorriso amistoso-

_Geor...ge? –ela o encarou, perplexa-

Ele se levantou e foi até ela, abraçando-a. Ela fez o mesmo, mas ainda perdida na situação.

_O-o que faz aqui? –disse olhando assustada-

_Como assim o que faço? Não posso sentir saudade da minha própria irmã, é isso?

Ela imediatamente olhou aterrorizada para o alienígena que mantinha a face sorridente.

Não me diga que trouxe meu irmão até aqui só para me chantagear com algo ou para nos usar como cobaias para sua “observação”?! Fique longe da minha família seu alien perverso!

_Ah, seu irmão veio até aqui para vê-la e ficou um pouco assustado quando me viu em sua casa... –Siv disse sorridente-

_Ah! E como! Tomei um susto quando o vi aqui, Eili! –riu- Pensei que estivesse escondendo algo de mim, do pai e da mãe, mas quando ele me explicou que você participa de um programa do governo, eu entendi!

_Claro... –sorriu forçado- Eu só esqueci-me de contar que estava participando de um programa assim...

_Estou orgulhoso de você! E tem sorte de ajudar um sujeito de caráter!

Esse alien está implantando ideias na cabeça do meu irmão!

_Claro. Uma boa... Pessoa... Com certeza... –disse pausadamente forçando ainda mais o sorriso-

_Algum problema Eili? Não me parece bem... –George estranhou-

_É sono... Só estou um pouco cansada... –alargou ainda mais o sorriso- Vou fazer um café, que tal?

_Eu adoraria. –Siv respondeu cínico-

Ainda compro veneno de rato e coloco no seu café pra ver se você morre! Eu sei que está ouvindo isso!

_Mas me diga, Siv... –o irmão mais velho começou a falar enquanto a mais nova havia ido preparar café- Você é mesmo da Noruega?

_Sim. –sorriu-

_Tem pais, irmãos...?

_Claro~ Sou um sujeito com família. E todos eles sabem que vim aqui em busca de melhores oportunidades de emprego~

_Ótimo. Gostei de ti! –sorriu- Sabe, minha irmã é uma cabeça dura, mas é esforçada, fico feliz que ela esteja fazendo parte de um programa tão bom, e ainda mais, que um sujeito como você tenha vindo parar aqui. Fico tranquilo por ser uma pessoa educada.

_... –sorriso-

_Não posso cuidar muito dela, pode ser minha irmãzinha, mas já é bem crescida, e eu tenho minha mulher e filhas pra cuidar...

_Família...? –perguntou com uma pontada de curiosidade na voz, apesar de manter sua expressão sorridente-

_Sim, eu tenho duas filhas, uma de seis e outra de quatro anos! Não tenho muito tempo para vir aqui, mas da próxima vez eu trago minha mulher e filhas pra visitarem a Eili!

A irmã mais nova da família Sanders apareceu, com uma bandeja com duas xícaras de café, e serviu-os, sentando no sofá ao lado de Siv, ficando de frente para o irmão. Fez uma expressão emburrada.

_Ora Eileen, o que há com seu humor? Está irritada? –o irmão bebericou um gole do café-

_Não é isso...–lançou um olhar de relance sobre o alien- Se der muita corda esse cara vai acabar te mantendo aqui por horas a fio para conversar, ele adora sociologia. –estreitou os olhos-

Nem pense em arrancar informações do meu irmão! E Deixe a família dele em paz!

_Ah, entendo, já está mesmo tarde! –disse sem ter noção do que a mulher falava- São nove da noite, minha mulher vai me matar se eu me atrasar mais um pouco!

_Sim, Lilian vai ficar brava. –disse a mulher tentando expulsar o irmão de sua casa-

_E também, -o irmão dela disse sorrindo- Eu já conversei bastante com esse carinha aqui enquanto você dormia! Bem, -levantou-se- Acho que é hora de ir, eu virei aqui no próximo fim de semana que eu tiver tempo com a Lilian e as garotas.

_Claro... –disse hesitante-

E pra piorar ainda tinha que envolver as meninas nisso... Minhas pobres sobrinhas... E pobre Lilian!

George Sanders, o irmão mais velho, abraçou a irmã novamente, e deu um aperto de mão em Siv, despedindo-se com a promessa de retornar em breve.

Eileen não estava muito feliz quando fechou a porta, agora o alienígena sabia quem era seu irmão e podia tentar usar para seus estudos e planos maquiavélicos. Porém, diferente do que ela imaginava, ele não pareceu nem um tanto interessado nisso. Ao contrário, ele estava apenas sentado no sofá, olhando para o assento vago no sofá, onde antes estivera George. Imerso em si, os orbes vazios encaravam um lugar distante do mundo real e o sorriso que sempre guardava havia sumido de seu rosto, mudando para uma expressão séria.

_Então você tem um irmão... –disse o homem com um tom diferente na voz-

O que há com ele? Está... Diferente... O que esse cara planeja?

_Sim... –engoliu seco- Q-qual o problema?

_Nada em especial... –disse seco-

A expressão que ele fazia, demonstrava certa solidão, e os olhos dele que estavam sempre vazios, se tornaram profundamente aflitos. Não era algo que ele poderia esconder com poucas palavras às quais ele tentava dar algum significado que contrariava o que sentia.

_Você... Também tem um... ? –perguntava com incerteza sobre ser a melhor questão a se fazer naquela hora-

_...? –ele voltou o olhar para a mulher, confuso-

_Eu quero dizer, um irmão... –ele a encarou um pouco surpreso- Q-quer dizer, eu n-não sei nada sobre essas sua raça, não sei se tem isso de pais e irmãos...

_Tenho sim. –respondeu sem se importar muito-

Ah, então era isso...? Talvez ele só... Esteja sentindo falta do irmão ou da família? Não sei dizer... Uma criatura estranha de uma raça estranha... Realmente não sei o que pensar...

_E para sua informação, -continuou o alien com indignação na voz- Relações sanguíneas e árvores genealógicas se aplicam a qualquer raça, mas de formas diferentes, é estupidez pensar que somente humanos tem tais conceitos.

_D-desculpe. –disse amedrontada-

Ele acalmou a expressão de cenho franzido que fizera quando a explicou sobre relações sanguíneas, e voltou a portar o sorriso cínico no semblante.

_Então até mesmo uma criatura como você tem pais e irmãos. –disse abismada, recebendo um olhar ameaçador do homem-

_Claro. Humana tola! Humpft! –bufou arrogante- Em minha espécie aqueles com as melhores características genéticas geram filhos para que nossa raça possa evoluir, por isso somos os melhores. É claro, características diferentes se manifestam em cada filho, por isso eu tenho um irmão mais velho. Variabilidade genética é algo essencial na família.

_Que gente fria...

_Não é frieza, é sabedoria. -completou de cenho levemente franzido- Nosso planeta só possui os indivíduos com as mais fortes características, e que conseguem viver sob os padrões impostos. Todos aqueles que não se encaixam nos padrões e se comportam de maneira arbitrária são postos na prisão.

_Bem, acho que isso também é válido para o mundo humano, apesar de que a parte de ir preso por causa das características fortes não é válida aqui... –disse com certa rejeição ao método extraterrestre-

_É assim que deve funcionar o sistema para que a ordem seja mantida. Apenas aqueles que forem dignos podem viver no planeta. Todos os outros são jogados em naves-prisão, encarcerados em uma jaula condenados a viver o resto da vida em arrependimento por serem falhos.

_Isso é terrível! –disse com pena ao ouvir aquilo-

_... Os presos são utilizados como cobaias de pesquisas biológicas importantes em nossa raça, alteração de genes, tudo para a evolução dos mais fortes.

_Não é muito cruel...? Mesmo com presos...

_... Não importa. A supremacia da espécie e seu desenvolvimento vêm em primeiro lugar. –disse mecanicamente- Além disso, meu irmão trabalhava na nave com a qual mantenho contato.

_Seu irmão mais velho...?

Trabalhava? Eu ouvi direito ou ele conjugou esse verbo no passado?

_... –ele voltou a encará-la com uma das sobrancelhas arqueadas pela curiosidade que a mulher apresentava- Sim.

_Mas você disse “trabalhava”... Então onde está seu irmão agora?–perguntou inocentemente-

_... –ele demorou alguns segundos para responder enquanto encarava a expressão dela- Num lugar... Distante...

_Hum...? –grunhiu confusa-

Distante...? Será que ele esta se referindo á distância da terra para seu planeta? O irmão dele trabalha num planeta distante daqui ou será que quer dizer que o alien mais velho fugiu de casa?

_Humpft, quanta rudeza pensar tais barbaridades sobre meu irmão. Nós não somos como sua espécie humana controlada por impulsos.

_... –ela franziu o cenho-

E eu achando que ele estava especialmente falante hoje, porque estava contando sobre o irmão... Ele pareceu tão diferente que cheguei a pensar que ele pudesse mesmo se importar com família...

_Não confunda tudo, humana... –ela a olhou com seu habitual modo inexpressivo e falou em tom forte- Só lhe disse uma ou duas informações, porque o ser que chama de “irmão” me contou muitas sobre vocês, e consegui algumas boas informações sobre os relacionamentos de sua espécie. Considere isto apenas como uma “troca” de informações. Fique grata pela minha gentileza de revelar tais informações para um espécime inferior.

E juntamente com o ar misterioso com o rondava, ele deixou sala, abandonando uma Eileen perplexa no local.

Ele se irritou...? Ele ficou mesmo irritado por eu ter pensado aquilo? Ah, que seja! Não me importo com o que ele pensa de mim... Mas...

Era a primeira vez que a mulher presenciara aquele lado até então desconhecido do extraterrestre e também a primeira a ter um diálogo tão aberto, no qual ele respondia a todas as perguntas. Aquilo a fez se questionar, quem ele realmente era por dentro...

...

Na mesma noite, Gilbert, comandante das forças especiais, ligou para ela, alegando que havia chamado diversas vezes no dia, mas ela não havia retornado as chamadas. Atendeu ao celular escandaloso que tocava e vibrava na cômoda de seu quarto.

_Desculpe, Sr. Gilbert!

[Tudo bem agora... Eu apenas liguei para marcarmos de conversar, tenho algumas informações interessantes... Precisa ser dito pessoalmente, e sem aquele alienígena por perto]

_Entendo... –olhou em volta para checar se o sujeito citado não se encontrava em seu quarto- Vamos marcar um lugar para nos encontrarmos...

[Venha até a casa vizinha do lado esquerdo, poderemos conversar com mais calma aqui...]

_Imediatamente, Senhor! –respondeu prontamente e desligou o celular-

Assim que virou-se para sair do quarto, trombou em alguém. Fechou os olhos e pôs a mão no nariz que doía. Abriu os olhos lentamente:

_V-você! O que está fazendo aqui?! –deu um passo para trás-

_Ha~-o alien sorriu- Estão tramando algo contra mim? Que inútil.

_C-como você...?

_Paredes não impedem minha audição, ao menos, não neste mundo... –disse convencido-

Mais uma habilidade absurdaaa?!! Como?! Como ele pôde nos ouvir de longe?! E ele nem estava aqui alguns segundos atrás, como ele faz isso?! Monstro, monstro, monstro!

_Nunca aprende não é...? Ou será que só finge que se esqueceu do nome que você mesma inventou? Estou cansado de suas reações clichês. Seja mais sensata, humana. –disse indiferente-

_Pare de ler meus pensamentos!

_É inevitável... Como posso não olhar sua mente se está sempre tramando contra mim? Isso está se tornando insuportável, sabia?

Ele a encarou olhando para baixo, imponente. A mulher cuja a altura mal chegava abaixo do nariz dele sentiu-se intimidada com o olhar da criatura com aparência humana, e encolheu os ombros. Siv segurou a cabeça dela com as duas mãos.

_Será que se eu inspecionar seu crânio entenderei a psique humana? –sorriso sádico-

Ela estremeceu, não duvidava de que ele fosse capaz, no entanto, o próprio havia dito que não os machucaria ou interferiria nos assuntos humanos.

_V-você disse que não iria machucar nenhum humano... –disse assustada-

_ Eu também disse que podia mudar de ideia caso me chateasse... –olhou-a de cima novamente, como se olhasse uma formiga-

_... –ela se calou completamente apavorada-

_Eh~-desanimou- Não tem mais graça agora, sempre tem as mesmas reações... Você hesita quando sente medo. –tirou as mãos da cabeça dela- Estava só brincando~. Sua raça é variada demais para que eu a entenda abrindo crânios... Você deveria saber disso... Mas sinceramente, não terei algo interessante para relatar se continuarem esboçando as mesmas reações... Vocês humanos... –disse num tom ameaçador e saiu do recinto-

Aquilo a fez se lembrar da primeira vez que viu o alien, sua verdadeira forma, que agora não era mais do que uma memória embaçada, algo que seu próprio cérebro optou por não lembrar claramente, pelo choque.

...

Eileen foi até a casa vizinha, que ficava uma rua distante. A vizinhança consistia de casas com terrenos grandes, os casarões ocupavam bastante espaço, e os jardins, ainda mais. Ainda abalada pelo acontecido, andava como um zumbi. E tão logo chegou ao local, tentou entrar na casa o mais rápido possível.

_Srtª. Sanders...? –disse o comandante ao notar o nervosismo da mulher-

_Tudo bem... –disse ainda atordoada-

_O que aconteceu...?

Ela rapidamente focou seu olhar no homem. E iniciou uma explicação, nervosa. O homem a fez parar de falar e a sentou em alguma cadeira perto dali, deu-lhe um copo de água com açúcar.

_Ele não tem escrúpulos! –Gilbert revoltou-se com o acontecido-

_... – a mulher acalmou-se um pouco, e perguntou- Sobre o quê queria falar?

_Bem, você sabe que estamos em parceria com muitos países, e os líderes desses lugares foram generosos o suficiente para entender a situação e enviar seus melhores pesquisadores e agentes para nos ajudar no trabalho e como você tem nos dado objetos que ele usou, conseguimos coletar um pouco de DNA dele, tanto dos fios de cabelo, quanto da saliva das xícaras que ele usa e obtivemos alguns resultados...

_Então finalmente temos algo em mãos...

_Bem, enquanto os cientistas do governo analisavam... -ele tirou os óculos escuros e pôs óculos de leitura, pegando alguns papéis- Tem alguns testes aqui... Descobriu-se que apesar da similaridade com a saliva humana, o DNA que compõe é totalmente diferente.

_O que isso quer dizer?

_Em poucas palavras, ele mimetiza a aparência, mas apenas a características visuais, creio eu, mas seu DNA conserva sua composição genética diferenciada, por isso o DNA dele não bate com nenhuma outra espécie terrestre.

_Como assim?-perguntou ainda confusa-

_O Fenótipo, ou seja, sua aparência pode se assemelhar à nossa, mas o DNA dele continua o mesmo de um alien, por fora ele é perfeitamente humano, mas por dentro, não sabemos se quer se ele mimetiza os órgãos humanos também, os pesquisadores disseram que teriam que dissecá-lo para entender melhor como ele é por dentro...

_Bem... Se o DNA dele continua o de Um alien isso explica o fato de que armas de fogo poderosas não fizeram um arranhão nele...

_Sim, contudo é muito importante ter em mãos mais partes do DNA. A partir destes pequenos fragmentos que coletou, podemos investigar, fazer experimentos e descobrir uma pista de algo que venha a ser uma fraqueza para ele! –disse determinado-

_... Não tenho certeza se um monstro como ele tem fraquezas... Siv é alguém assustador...

_Siv...? –Gilbert estranhou o nome-

_Ah! –bagunçou os cabelos- Isso é culpa dele! É porque ele fica me assustando quando não o chamo pelo nome! E fica repetindo que chamá-lo de alien é rude! –afundou o rosto nas mãos-

Ficar sob esse estresse mental não é bom! Vou ficar cheia de rugas! Vou acabar diminuindo minha expectativa de uma vida tão saudável que levava até pouco tempo... Ah! Eu não pedi por isso, é um castigo? Mas não... Não posso desistir, estou fazendo um trabalho muito importante.

_Desculpe, eu já me acalmei. –respirou fundo e tirou as mãos do rosto-

_Tudo bem, é aceitável, a Srtª convive com alguém extremamente perigoso e está sob constantes ameaças, algumas medidas são necessárias para que fique viva... Contanto que fique bem, não há problema em tratá-lo de acordo com as aparências que ele deseja manter.

_... Certo... –franziu o cenho- Eu realmente não o entendo... Ele disse que deveria ser imparcial, mas não se importa em nos ameaçar...

_Sim... Talvez ele só esteja brincando conosco... Me dói pensar assim... Mas não poderia esperar nada menos de um alienígena arrogante...

_Continuarei fazendo os relatos. –fez continência-

_Não precisa agir como um soldado, se sentir que está em perigo outra vez, não hesite em gritar ou nos chamar, daremos um jeito de aparecer lá para te ajudar. –deu tapinhas no ombro da mulher-

_Sim, Senhor! -ela sorriu aliviada-

E deixando o local, Eileen retornou ao seu lar, o Alien não estava lá, algo suspeito. Ele sempre sumia de tempos em tempos, mas nunca descobriram aonde ele ia ou o que fazia neste período...

Agora, no entanto, a mulher sentia-se ainda mais motivada a eliminar aquela ameaça, e faria tudo ao seu alcance para que ele não machucasse nenhum humano.

Eu espero que isso tudo acabe logo, e que a terra se veja livre desse monstro. Algum dia... Algum dia você irá ser expulso deste mundo, Siv Borghild!


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