Os dias se passaram e antes que todos percebessem, o primeiro bimestre já estava próximo do fim, e tal encerramento vinha acompanhado com as provas daquele período. O desespero generalizado dos alunos, até mesmo aqueles que há muito já estavam se preparando, era visível por toda a escola — exceto por Levy e Erza. Até mesmo Lucy, que gostava de estudar e era considerada uma ótima aluna, tinha um pouco de medo devido a velocidade com que a matéria era explicada. Para ela, tudo aquilo era rápido demais para qualquer ser humano normal. Percebendo o stress e caos generalizado na escola, a loira começou a imaginar se a tranquilidade de Scarlet e McGarden que as fizeram conhecidas. Talvez fosse esse o motivo de Levy ser conhecida como a nerd da escola e de Erza receber o apelido de Titânia. Não sabia bem se essa facilidade que as meninas tinham foi o que resultou na "fama" das duas, mas era uma possibilidade.

Lucy não sabia como o menino de cabelos róseos se sairia se não fosse pela ajuda de Mirajane. Erza também o estava ajudando, mas era Mira quem conseguia acalmar o menino. Ela o aconselhara a confiar mais em seus próprios estudos e tentar relaxar um pouco, e o garoto, seguindo o conselho, começou a se sentir mais confiante. Mesmo assim, não se descuidando, Natsu se matara de estudar a semana inteira, fato que causou certo cansaço no dia da primeira prova, fazendo com que o Dragneel quase adormecesse na aplicação da mesma. Porém, como era de se esperar de alguém como Natsu, que era uma pessoa cheia de persistência e determinação, o rosado, apesar de tudo, achou ter se saído bem na avaliação. Por outro lado, Gray continuava um mistério. Realmente não se sabia muito de suas notas, mas Dragneel teimava em dizer que não eram tão boas quanto as dele. Poderia ser verdade, mas no final de várias intrigas, todos decidiram deixar isso de lado, afinal, além de ser possível que Natsu estivesse blefando sobre tal assunto, em dado momento, o grupo percebeu que era injusto pressionar Gray.

A Scarlet agradecia aos céus pelo fato do rosado achar ter ido bem na prova. Era matemática, talvez a matéria que Natsu apresentava maior dificuldade. Todas as horas gastas, tapas entre os dois, abraços de ursos e bolos de morango derrubados no chão, todo o esforço havia sido válido. A confiança do menino lhe servia de consolo, principalmente por causa dos bolos perdidos. Ele não era de todo um mau aluno, só tinha uma pequena dificuldade de aprender a matéria com tamanha rapidez, pelo menos foi isso que a ruiva percebeu ao ensiná-lo.
Por mais bobo que parecesse, Natsu ter ido bem na prova de matemática trouxe uma esperança renovada para todos, até mesmo Fullbuster. A alegria do menino contagiou a todos e lhes trouxe nova força para estudar. Mesmo que só uma prova tenha passado, o grupo já estava exausto devido as horas e horas de estudos durante as semanas anteriores.

Quando todos terminaram a prova, juntaram-se para analisar. Algumas vezes era bom tentar deduzir o tamanho ou o nível de dificuldade das avaliações a partir das que já haviam sido feitas. Todos chegaram a conclusão de que o dia foi realmente cansativo e que a prova estava grande e exaustiva, mas, com suspiros de frustração, apostaram que o dia seguinte seria bem pior nesse quesito, com linguagens. E ocorreu exatamente como eles esperavam, a quantidade de textos era enorme e até Erza e Lucy, que gostavam muito de ler, haviam se irritado ao prestar o exame. Já Levy, ao contrário de todos, parecia ser a única realmente satisfeita, o que era de se esperar, já que ela sempre estava com um livro em mãos. A azulada disse que finalmente montaram uma prova divertida de se fazer. Neste momento, Natsu e Gray perceberam que, definitivamente, o conceito de diversão deles era bem diferente do de Levy.

Mesmo com todas aquelas provas a serem feitas, a semana passou relativamente rápido. Talvez porque os cinco haviam começado a estudar juntos, até mesmo por conta de outro conselho de Mira. A platinada lhes disse que, mesmo estudando com seriedade e empenho, só a presença de amigos no ambiente já acalmava e tornava tudo mais fácil.
De qualquer modo, os exames ainda não haviam chegado ao fim, mas mesmo com tantas tentativas de relaxar e estudar sem tanta pressão, o grupo estava a ponto de enlouquecer, o que fez com a platinada interviesse novamente, sugerindo que eles saíssem no fim de semana. Soava como uma boa ideia, afinal, todos mereciam um descanso depois de tanto estudo, e de acordo com Mirajane, essa tática funcionava muito bem com ela.

A manhã de sábado era bonita, ensolarada e com um clima agradável. Os jovens encontravam-se bem dispostos e satisfeitos pelo pequeno intervalo entre as provas, interrompidas pelo fim de semana. Encontraram-se em uma cafeteria que havia alguns quarteirões perto da escola, tal como tinham planejado no dia anterior. Gray, Erza, Lucy, Natsu e Levy eram os que estavam presentes. Mirajane avisou a Erza, no dia anterior, que não conseguiria ir, mas desejou a todos um ótimo passeio.

— Eu não aguento mais! — Natsu resmungava, com as mãos na cabeça, acompanhado de uma feição dramática no rosto enquanto segurava os próprios fios de cabelo. — Provas, provas e provas, mal começamos o ano.

— Acalme-se. — Gray disse, bufando em seguida. — São só mais quatro dias de provas, vão acabar logo. E você está se saindo bem, então pense por esse lado, que ao menos é positivo. Todo o esforço vai ser recompensado.

— Eu acho que eu entendo o Natsu. — Lucy disse, suspirando em seguida. — O ritmo da escola é muito rápido, embora eu sinta que esteja me saindo bem nas provas. — Explicou.

— Viram? — O menino de fios róseos indagou, sem nem mesmo explicar do que falava. — A Lucy me entende! — Estava sentado na cadeira ao lado da loira, o que favoreceu para que ele a abraçasse de forma apertada, como um abraço de urso. Esticou o braço direito e puxou Lucy pelo pescoço afobadamente, mas sem machucar a menina. Mesmo assim, como sempre acontecia, ela tomou um susto com a atitude repentina de Dragneel.

— Ei, Natsu! — A loira reclamou, mas, devido a exaltação, acabou sendo um pouco alto demais, chamando a atenção de algumas pessoas ao redor.
Todos da mesa acabaram rindo.

— Desculpa. — O rosado disse, suspirando logo depois, indicando sua frustração. Coçava desajeitadamente a cabeça como se estivesse constrangido, fazendo com que Lucy se sentisse um pouco culpada. Natsu era muito afobado, mas só porque sentia-se bem junto a seus amigos, entretanto as pessoas perdiam a paciência facilmente com o Dragneel por conta disso. Gray também agia deste modo, o que causava a mesma reação. Mas como o menino era um pouco mais fechado que Natsu, suas atitudes brincalhonas não eram tão constantes. Lucy se assustou ao perceber que os momentos que Gray mais se soltava eram os que Fullbuster estava com Natsu, fazendo a loira perceber que, mesmo que tentassem esconder, os dois eram muito amigos.

— Não tem problema. — De repente, a loira formou um sorriso, que para os ali presentes fora inesperado, já que não podiam ler seus pensamentos. Tal mudança nas feições da loira deixaram o garoto um pouco confuso. Achava que a garota estava irritada com ele por sua atitude, mas ali estava ela, sorrindo para ele. Mesmo sem entender nada, sentiu-se feliz e retribuiu, animadamente, o sorriso de Heartfilia.

— Às vezes eu me pergunto o porquê de eu ser amiga de vocês. — Erza disse, suspirando, e, embora parecesse extremamente séria, a escarlate sabia muito bem que não conseguiria viver sem eles. Amava seus amigos.

— Posso dizer o mesmo. — McGarden disse em tom baixo, mas audível a todos, que acabaram virando seus olhares para a azulada. Por um segundo, esta desviou o olhar do livro em suas mãos e encarou a todos, séria. Percebendo certa apreensão, disse — É brincadeira. — Esboçando, logo em seguida, um sorriso sem graça e retornando sua atenção para a leitura.

— Se alguém ouvir vocês, pode até acreditar que são normais. — O menino de cabelos escuros começou, rindo. — Uma respira mais livros do que ar e a outra... — Gray começou mas, ao observar Erza e a expressão ameaçadora em sua face, preferiu calar-se, engolindo seco.

— E a outra? — A ruiva tirou sua atenção de seu bolo de morango por alguns segundos e tentou estimulá-lo a falar.

— Nada... — O moreno disse, fingindo-se de desentendido, com um sorriso sem graça no próprio rosto.

— Gray está com medo da Erza. — Natsu caçoou baixinho, dando uma risada que soava até mesmo escandalosa. Adorava sacanear Gray, era um de seus passatempos preferidos.
— Você fala como se não tivesse. — O moreno bufou.

Natsu imediatamente parou de rir, fazendo uma careta. Scarlet observava tudo sem nada dizer.

— Os dois têm medo da Titâ... — Dessa vez, foi para Lucy a quem o olhar amedrontadores da ruiva se dirigia. — Erza. — Corrigiu-se

— A Lucy também tem medo. — Levy zombou da loira.

Todos olharam para a McGarden, que os encarava sem saber o que dizer. Não entendia o que estava acontecendo, o por quê de todos aqueles olhares voltados para ela. A verdade é que muitas vezes, os jovens acabavam se esquecendo de que a menina estava ali. Estavam acostumados com a presença dela nas saídas, mas não nas conversas. Não por Levy ser antissocial ou algo do tipo, mas pelo simples fato de que, quando a azulada começava a ler, parecia ficar surda e muda, completamente esquecida sobre o mundo a seu redor.

— Ela ainda está aqui? — Gray perguntou, como se estivesse surpreso, embora fosse uma brincadeira.

— Idiota. — A azulada respondeu, mas logo deu uma risada baixa.

— Não entendo porque vocês tem tanto medo de mim — começou Scarlet, com total sinceridade em suas palavras. — Sou amiga de vocês, amigos não deveriam ter medo uns dos outros. — Mesmo sendo durona e inteligente, Levy via que Erza era um pouco inocente. A ruiva não tinha noção da própria força, seja a usada para socos ou aquela que sustenta seus olhares assustadores. Internamente, a azulada não pôde deixar de rir da situação.

— Ei, ei, não querem fazer uma outra coisa? — O rosado indagou, deixando aquela conversa de lado.

— Hm? O que podemos fazer? — Lucy despertou interesse e ao mesmo tempo curiosidade.

— Podíamos ir até a Phantom Lord escondidos e ver se eles são bons mesmo como dizem. — Natsu sugeriu. Sua curiosidade quanto as reais habilidades de seus adversários o fez ter aquela ideia há alguns minutos. Achou que os outros não aceitariam de primeira, mas o rosado imaginou que valeria a pena tentar convencê-los. Estava confiante de que a Fairy Tail tinha capacidade de vencer a Phantom Lord, mas também estava muito animado com a possibilidade de ver seus oponentes. A ansiedade tomou conta do corpo do menino, que começou a dar pequenos pulinhos da cadeira e fazer uma expressão angelical, tentando conseguir o apoio dos amigos.

— Não podemos. — Levy se manifestou mais uma vez, detonando parte da animação do garoto. — E se isso prejudicar a nossa escola?

— Não vai, vamos escondidos. Por favor, por favor, por favor, eu quero conhecê-los! — O rosado insistiu, a expressão angelical tomando conta de seu rosto novamente.

— Dizem que a Phantom Lord é uma das melhores escolas junto com a Fairy Tail. Não conheço ninguém que estuda lá, mas ouvi dizer que eles tem quatro estudantes amedrontadores em todos os sentidos. Não sei se é verdade, mas é o que dizem por aí nos corredores da escola. — Explicou a azulada, mas deu de ombros, como não se importasse. — Sem contar que vamos conhecê-los em breve, é melhor não espiarmos. Nem vai fazer muita diferença, de qualquer jeito. — Opinou.

— Isso me deixa animado! — Dragneel disse, com um sorriso em seus lábios. — Embora eu quisesse vê-los. — Bufou.

— Não vai ser difícil ganhar deles. — Gray falou, também com um sorriso no rosto, estava convencido daquilo. — Mesmo analisando só nós cinco, já dá pra ver que temos chance. Eu e Natsu somos bons em esportes, Levy é inteligente, acredito que Lucy também seja. — Comentou, olhando para a loira depois de sua última palavra naquela frase. — E temos a Erza. — Gesticulando para a ruiva com os dois braços, Gray sabia que nem mesmo precisava completar essa frase. Erza era boa em todos os esportes e também contava com sua inteligência. "Além de tudo isso, se tivesse alguma prova envolvendo roupas e acessórios, Erza ganharia de olhos fechados", pensou o menino. Mesmo que soasse como um elogio, preferiu manter-se calado. Erza poderia considerar que ele a estivesse chamando de patricinha.

— Sem contar com o fato de que você é o melhor nadador da escola. — Lucy comentou, mesmo que isso fosse bem claro para todos. O moreno era popular devido a isso. — E Levy a mais inteligente da escola. — Voltou seu olhar para azulada. Ela era conhecida por isso, embora não fosse tão popular. — Erza é boa em tudo. — Nem se deu ao trabalho de explicar. — Mas, o mais importante de tudo, é que Natsu é o Natsu. — Também não explicou, mas era simples. Sempre que decidia que queria fazer algo, ele conseguia, independente do que fosse.

— O que quis dizer? — O menino de cabelos róseos resmungou, bufando em seguida.

— Idiota. — A loira proferiu, gargalhando em seguida. — Você sempre consegue. — Explicou, com a voz carregada de certa admiração.

— Ah, sim. — Ele pareceu mais calmo e simplesmente sorriu.

— Galera, acho que vocês deveriam parar de pensar nisso um pouco — Levy começou. — Nós temos as provas pra acaber e depois disso ainda tem a recuperação. Falta muito ainda.

Os quatro acenaram afirmativamente com a cabeça, concordando que o que McGarden disse fazia sentido.

— Sei que Mira recomendou que relaxássemos, mas estou ficando ansiosa... Acho melhor voltar para casa.— A azulada fechou o livro e guardou-o dentro da bolsa, preparando-se para levantar.

— Eu tenho que ir para casa também, mal estudei para a prova de segunda. — Comentou Erza, soltando um suspiro em seguida.

— É, e ainda sim consegue tirar nove. — Resmungou a loira. — Eu também tenho que estudar mais um pouco.

— Então vamos todos para casa. — Sugeriu Gray.

Levantaram-se, seguindo para fora do estabelecimento. Nenhum deles queria estudar de fato estudar, nem mesmo Levy, mas era necessário. Apesar de tudo, ter uma distração naquele dia, por pouca que tenha sido, tornava as coisas melhores, aliviava a tensão das provas.

Caminharam juntos até chegarem a uma extensa avenida. Era ali que seus caminhos se diferenciavam. Erza e Gray seguiram pelo lado esquerdo. Levy atravessou a rua, enquanto Lucy e Natsu caminhariam pelo mesmo lado, na direção oposta ao de Erza e Gray. Por um momento, o silêncio se instaurou entre os dois, mas o rosado não aceitava que fosse assim. Sua animação parecia não ter fim e se, em algum momento, ele parecesse desanimado, algo muito sério seria a causa. Mas como este não era o caso, Natsu recomeçou seus pulinhos animados e pegou Lucy pelo braço.

— Lucy, vamos fazer alguma coisa! — Insistiu, ele parecia feliz naquele dia, talvez livrá-lo da tensão das provas por algumas horas, resultasse nisso.

— Mas eu preciso estudar, quero estar preparada para as provas de segunda. — Ela não parecia animada, embora estivesse falando a verdade.

— Por favor, por favor, por favor! Você é inteligente e já estudou bastante, vai se sair bem! Mais tarde você estuda — O rosado disse, parou na frente dela, impedindo-a de caminhar, em seguida, suas mãos repousaram no ombro da loira e começaram a sacudi-la.

— Mas e você? — a loira, desistindo de usar seus estudos como motivação para irem para casa, resolveu usar os de Natsu.

— Eu vou ficar bem. Vamos logo. — O rosado abaixou-se e aproximou o seu rosto do dela, rindo, com os braços na região dos quadris. Estendeu as mãos e puxou-a novamente pelo braço.

— Tá bom. — Ela concordou, dando-se por vencida.

— Obrigado, Lucy. — Um sorriso que entendia-se de orelha a orelha apareceu em seu rosto, o que fez com que a loira automaticamente sorrisse de volta. Por algum motivo, estar com ele lhe fazia bem, mesmo que acabasse se encrencando, o que não era muito difícil de acontecer quando se estava com Natsu Dragneel. — Então, vamos até a Phantom Lord? — Quando Natsu enfiava algo em sua cabeça, era realmente difícil fazê-lo mudar de ideia. A loira bufou, não acreditando que aquele assunto havia voltado ao tópico. A persistência de Natsu as vezes era incômoda, isso era impossível de negar.

— Não podemos, se lembra do que a Levy falou? — Perguntou, referindo-se a conversa de hoje mais cedo.

— É rapidinho. — Natsu disse, puxando o pulso da loira com mais insistência e direcionando seus corpos na direção que os levaria até a Phantom Lord.

Não ficava muito longe da própria Fairy Tail, portanto não demoraram a chegar. A escola era realmente grande, a cor que predominava na parte de fora do estabelecimento era cinza, com alguns detalhes em preto. Um pouco macabro de mais para uma escola. Os olhos de Lucy encontraram o enorme portão preto fechado, impedindo a passagem de qualquer pessoa por ali, embora houvessem pessoas no gramado da parte da frente do colégio.

Com olhos atentos, Lucy verificou que a escola era cercada inteiramente por muros, mas que estes não eram muito altos. Provavelmente, serviam apenas para que, quem quer que quisesse entrar, tivesse que fazê-lo pelo portão. A loira calculou que deveriam ter uma altura de uns dois metros, sendo possível olhar por cima se arrumasse algum apoio. A garota reparou também que havia uma distância entre o prédio constituía a escola e o muro, portanto, a escola deveria ter pátios, jardins e quadras. Percebendo que o rosado estava caminhando em direção ao portão da escola, Lucy o puxou para a lateral do portão, para que não fossem vistos.

— Não quero que eles nos vejam, e se isso trouxer problemas para a Fairy Tail? — A loira falou, parecia realmente preocupada.

— Eles não vão nos ver. — Natsu disse, inicialmente em um tom sério. Suas mãos foram até o próprio cachecol que sempre usava, levantou-o um pouco, para que pudesse esconder parte de seu rosto. Ainda parecia sério. Suas mãos ajustaram-se, e a julgar por como estavam, ele parecia imitar um ninjutsu. — Eu sou um ninja. Nin nin! — Dragneel proferiu, parecia empenhado no que fazia. Talvez estivesse assistindo muito Naruto.

A primeira reação de Lucy foi a que qualquer pessoa normal teria. Uma de suas mãos seguiu até sua testa, enquanto uma feição indignada passou a acompanhá-la. Não acreditava que estava vendo aquilo, portanto, acabou soltando um suspiro, descrente que seus olhos realmente captavam aquela cena.

— Se não quer ser visto — começou a loira — não saia andando em direção ao portão, seu apressado. — Terminando de falar, Lucy lhe deu um peteleco na testa, o que fez com que o menino gemesse e esfregasse a região atingida, que estava meio vermelha. — Venha, vamos dar a volta na escola. As pessoas não devem reparar nos fundos, vai ser mais fácil descobrirmos alguma coisa.

A expressão de Natsu era de puro encanto, como se Lucy fosse alguma espécie de detetive adolescente. A menina riu e puxou Salamander — Salamander era o apelido de Natsu. Lucy não sabia bem o por quê, talvez fosse assim devido ao fato de o menino ser esquentadinho — pelos pulsos.
Os dois andaram juntos até chegarem na parte sul do edifício. A região parecia meio abandonada, fazendo aparentar que a conclusão de Lucy fora acertada.

— Não dá para nós dois vermos, mas se eu subir no seu ombro deve dar... — Heartfilia começou a pensar alto, colocando a mão direita sob o queixo, em uma expressão pensativa. O menino se revoltou.

— Hey, por que eu que tenho que ser o apoio?

— Porque eu não te aguento, né, cabeção?

Natsu percebeu que era verdade e bufou. Pegou a loira pela cintura e a ergueu, inesperadamente. Lucy deu um gritinho de susto, surpresa pelo menino erguê-la com tanta facilidade.

Com os pés sobre os ombros do rosado, Lucy esticou-se um pouco para ter uma visão melhor da escola. Ficou completamente chocada com a visão.

— Natsu, você não vai acreditar.

— Conta logo, o que tem aí? — o menino estava tão ansioso que os pulinhos recomeçaram, fazendo Lucy perder o equilíbrio.

— Pare com isso. Eles tem áreas de treinamento para tudo, parece até uma base militar. Tem um canto que parece uma academia, na ala direita tem uma piscina e uma quadra de esportes. No centro tem uns equipamentos pra levantar peso e jogar dardos. Caramba, tem até uma parte pra lançar dados e treinar corrida. Eu tinha visto que tinha bastante espaço entre o muro e o prédio, mas não parecia tanto do lado de fora. Esses caras devem ser monstruosos...

Natsu ergueu a cabeça para olhar a menina e quase soltou um "Ah!" de surpresa, mas conteve-se a tempo. Quando Lucy deu a ideia de subir em seus ombros, ela provavelmente esqueceu que estava usando saia. O garoto riu internamente, meio constrangido e meio feliz. Natsu estava lá para os seus dezesseis anos, então não era surpresa que ficasse dividido entre olhar e respeitar a privacidade da amiga.

Lucy percebeu que o menino levantou o pescoço e abaixou a cabeça para olhar para ele. Mas se deparou com a cena dele encarando-a com uma expressão idiota. Percebendo que estava de saia, a menina gritou e se desequilibrou, caindo em cima do menino. Levantou-se e foi embora, revoltada.
O garoto esfregou a cabeça dolorida com a queda, de olhos fechados. Quando os abriu, viu que Lucy já estava longe e saiu correndo atrás dela, pedindo desculpas. Como Natsu era extremamente chato quando ficava insistente, Lucy acabara perdoando-o, mas não conseguia olhar em seus olhos. Sua face estava corada em total constrangimento. Queria se separar logo do menino, mas ainda faltava pouco para chegar na casa onde morava. E como os dois descobriram morar perto um do outro há algumas semanas atrás, a menina ficou ainda mais aflita, já que Natsu sempre a acompanhava até em casa. Ela sempre tinha a companhia dele na volta para casa, querendo ou não. Já na ida para a escola, não era o mesmo, já que a hora que o rosado acordava era sempre um mistério, ninguém sabia ao certo.
Tudo o que ela sabia é que ela queria ir logo para casa, enfiar a cara em um travesseiro e rezar para o menino esquecer o que viu.

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Domingo passou rapidamente, nenhum deles realmente se falou, exceto pelas ligações que Natsu fazia a Erza, querendo tirar dúvidas de alguma matéria. A menina loira tentava se acalmar sobre o que acontecera no dia anterior, em vão. Estava nervosa. Ela nunca tivera muitos amigos meninos. E logo quando finalmente criara um vínculo com um garoto, aquilo acontecera.

A semana seguinte não demorou muito a passar, apesar de que, para Lucy, cada momento com Natsu havia se tornado um pouco constrangedor. Sempre que o via, tentava disfarçar, mas sua face corava. Salamander, mais ou menos no meio da semana, percebeu o motivo do embaraço da menina e, a partir desse momento, começou a se sentir meio constrangido também. Quando se viam, as faces de ambos coravam, mas o menino agia normalmente, tentando fazê-la esquecer. Mesmo com tudo isso, a loira se sentia bem perto dele e não conseguia deixar de rir. No fim, os esforços de Natsu valeram a pena e a menina conseguiu esquecer o ocorrido.

Sexta-feira não haveria nenhuma avaliação, e a chegada deste dia foi um alívio para todos os alunos. O fim das provas finalmente chegou. O quinteto sentia-se livre novamente depois de um longo período de escravidão, ou algo do tipo. Pelo menos, Natsu se sentia assim. Agora, tudo o que lhes restava era a espera pelo boletim e rezar para que não ficassem de recuperação, apesar de que todos acreditavam que isso não aconteceria.

As notas foram entregues na semana seguinte, mais especificamente, na quarta-feira. Todos foram pegos de surpresa com a velocidade da entrega, afinal, a Fairy Tail era uma escola realmente grande. Levy e Erza se sairam muito bem nas provas, como naturalmente, Lucy saiu-se razoavelmente bem. As notas de Gray continuaram um mistério, mesmo depois da entrega dos boletins. Natsu esperava o seu impaciente, se tinha uma coisa que o rosado odiava era ficar curioso, ou até mesmo ansioso. Finalmente chegara sua vez, o professor proferiu seu nome, e o menino de cabelos róseos correu para pegar suas notas. Ele ficou encarando aquele pequeno pedaço de papel por alguns segundos, deixando todos curiosos e sem saber o que pensar.

— Eu passei em tudo! — Comemorou. Não que tivesse problema com as matérias, mas ainda estava em uma espécie de fase de adaptação. — Obrigado, Erza. — Natsu saltou na direção da ruiva, abraçando-a de forma excessivamente apertada.

— Natsu. — Ela disse em um tom levemente ameaçador, fazendo com que rapidamente ele se afastasse. Mais uma vez, ele havia chamado toda a atenção da turma para si mesmo. — Não foi nada. — Respondeu, por fim.

— Ei, Gray, por que não nos deixa ver suas notas? — O rosado perguntou, abrindo um sorriso provocativo em seguida. — São tão ruins assim?

— Porque as notas são minhas, e não suas, então não precisa ver. — Retrucou.

Ditas aquelas palavras, Lucy arregalou os olhos ao conseguir ver as notas do boletim do moreno enquanto estava distraído discutindo com Natsu. A ruiva e a azulada a olhavam com expectativa, estavam tão curiosas quanto qualquer outro ali. A loira deixava dúvidas quanto a sua expressão, não conseguiam entender se eram boas ou ruins, só sabiam que Heartfilia estava surpresa.

— Por que não deixa ninguém ver suas notas se elas são tão boas? — Perguntou, fazendo com que, dessa vez, Levy e Erza ficassem surpresas.

Pensando bem, nunca tinham visto Gray em aulas de recuperação, ou desesperado estudando, nem mesmo reclamando de suas notas. Tudo fazia sentido agora, mas o motivo dele esconder tanto era sim um mistério.

— Porque eu não vejo necessidade das pessoas saberem. — Respondeu, dando-se por vencido e pegando o boletim da própria mesa, enfiando-o dentro da mochila antes que outro alguém visse. Ao perceber que fora meio rude, completou — Eu simplesmente não me sinto confortável com as pessoas sabendo coisas sobre mim. Minha fama de nadador já é boa o suficiente, não quero roubar a fama de nerd da Levy. — Acrescentou, brincando.

— Até parece que conseguiria. — Retrucou a azulada. — E eu não tenho fama de nerd. — Ela não aceitava isso de forma alguma, embora realmente fosse conhecida assim.

— Sentem-se! — O professor vociferou, fazendo com que todos da sala o ouvissem e cortando o assunto do quinteto.

Todos se sentaram rapidamente, embora alguns murmúrios de conversa continuassem. O olhar ameaçador do professor, segundos depois, fez com que todos imediatamente se calassem. Ninguém queria levar um apagador na cabeça, não soava nem um pouco legal.

— Esse ano, as notas permaneceram boas na maioria dos casos, embora as notas de muitos tenham caído. — Explicou, falando do aspecto geral da turma. — Foi por isso que a escola decidiu montar um grupo de estudos para cada turma, com os melhores alunos ajudando, assim, os alunos com dificuldades poderiam tirar suas dúvidas e isso não atrapalharia a grade escolar. Vou revelar o nome dos bons alunos que irão ajudá-los com relação a recuperação. — Pegou um pequeno pedaço de papel, para que pudesse ler os nomes escolhidos.

— Merda. — Murmurou Gray, em tom baixo. O garoto começou a vasculhar a sala, tentando medir quem era inteligente e com notas boas ali, rezando para haver um número suficiente de pessoas para que ele se livrasse dessa.

— Levy McGarden. — Foi o primeiro nome que disse, ninguém pareceu surpreso. — Erza Scarlet, Laki Olietta e... — Gray suspirou, rezava para que ele não dissesse seu nome de todas as formas possíveis. — Gray Fullbuster.

Todos os olhares da sala imediatamente formaram-se para o moreno, que fingia não estar vendo aquilo, agindo normalmente enquanto olhava para o professor. As feições dos alunos indicava supresa, ninguém esperava por isso. Ele fingiu não se importar, mas, internamente, estava odiando aquele professor e todos os alunos que ficaram de recuperação. Agora ele chamara a atenção e os estudantes começariam a falar por aí. Seria pretensão dele dizer que conseguiria uma fama de nerd, mas do jeito que as notícias correm naquela escola, era possível que na semana seguinte todos já soubessem e começassem a irritá-lo.

— O grupo de estudos da turma de vocês será sexta-feira a tarde, na sala de estudos da escola, estamos dividindo os horários para que todos da escola possam usá-la. — Explicou. — Estão liberados. — Concluiu.

Todos os alunos da sala se levantaram rapidamente. Apesar de tudo, Erza, Levy e Gray não estavam felizes com a notícia, afinal, teriam que passar parte da tarde de sexta-feira chegasse. Além de tudo, todos os alunos da sala eram obrigados a assistir essas "aulas", pelo menos nesse período ensinando para outros alunos da turma até que a data da recuperação finalmente o inicial do ano letivo, ou seja, ninguém estava contente com isso. Aquela escola só podia estar de brincadeira.