Destino escrita por sayuri1468


Capítulo 1
Retomada




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Se um dia me contassem o que estava por vir, eu jamais acreditaria. Eu sempre pensei que o destino estivesse em nossas mãos, e que poderíamos moldá-lo como bem desajássemos, mas eu estava enganada; o destino é escrito desde muito antes de nascermos, desde que as estrelas ainda eram pequenos fragmentos espalhados pelo Universo. Desde aquela época, meu destino já estava escrito.

Meu nome é Merida, e sou a única herdeira do clã DunBroch. E quando digo única, digo que sou a única que restou da minha familia, mas este fato eu narro mais tarde. Antes, eu preciso contar as condições em que eu vivi, e em como o destino - que eu achava ter segurado com as minhas mãos- me trouxe ao lugar onde estou agora.

Vou voltar onze anos no tempo, quando eu tinha dez anos. Lá, foi a primeira vez que aconteceu o que estava pra mudar minha vida inteira.

Eu estava sendo treinada para um dia assumir o lugar de minha mãe, e me tornar uma princesa digna de virar uma rainha respeitável. Minha mãe sempre me levava para o jardim naquela época, embora eu sempre acabasse me distraindo com a paisagem à minha volta, e naquele dia, uma bela tarde de verão, não foi diferente.

Como eu poderia prestar atenção à aula, com as flores dançando, o som do riacho me chamando e os dentes de leão esperando para serem soprados? O ar veraneio me convidava para largar aquelas enfadonhas palavras proferidas pela minha mãe, e ir ao seu encontro, e certamente, eu não recusaria esse chamado.

Assim que notei em minha mãe qualquer movimento de desatenção, em relação à minha presença, sai correndo pelo bosque. Eu sabia que teria que arcar com as consequências disso mais tarde, mas naquele momento, eu não me importava. Só queria brincar e correr, aproveitando o Sol que pouco me era oferecido no lugar em que vivia. Um local como eu morava, sempre nublado e sempre frio, era mais que uma obrigação aproveitar um dia de Sol.

Corri por quanto tempo meu folêgo permitiu, até saber que eu já estava a uma distância segura do jardim do castelo. Foi então que decidi iniciar minha jornada.

Eu sempre achei a floresta um lugar mágico, onde criaturas sobrenaturais e mágicas vivem. Onde cada árvore é capaz de guardar memórias dos dias antigos, e contar essas histórias através do balanço das folhas, cada vez que o vento bate nelas. São essas as histórias que eu gosto de ouvir. Gosto de andar pela floresta e explorar minuciosamente cada canto, cada toca e cada caminho escondido pela relva.

Naquele dia específico, eu já tinha um destino traçado.

Há algum tempo, durante um piquenique com meus pais, eu havia encontrado uma pequena trilha por trás de uma relva. Teria explorado aquele caminho no mesmo instante em que o descobri, porém o chamado da minha mãe interrompeu minhas expectativas, e eu prometi a mim mesma, que assim que pudesse dar uma de minhas escapadas, iria explorá-lo. Bom, o dia era aquele.

Quando me aproximei do ponto onde tinha parado da última vez, fui retomada pela lembrança do por que considerei aquele caminho e o motivo da minha empolgação e ansiedade perante ele. Uma vez que você afastava a relva, era como se o dia tivesse mudado. Ele era bem mais iluminado que o restante da floresta, às arvores eram tortas e arrendondas, como se tivessem sido desenhadas com uma pena de bico bem fino, e mãos leves. Até as folhas tinham uma coloração diferente, eram tão claras, que, dependendo da luz, pareciam ter sido pintadas de ouro. Aquele, certamente, era um caminho para as fadas.

Respirei fundo, mal contendo minha empolgação, e entrei. Cada passo era uma olhada ao redor, era como se eu estivesse em outro mundo. Conforme me acostumava aquela visão, e me sentia parte daquele lugar, passei a me atrever a tocar nas flores. Cada uma tinha uma coloração diferente, que eu nunca vi em nenhuma outra flor antes. Eu colhi algumas, para garantir a mim mesma, quando voltasse para casa, que aquele lugar realmente existia.

Andei por mais meia milha durante aquele caminho, até chegar a uma clareira. Se eu achava aquele caminho mágico, a clareira o superou em muito. As árvores tinham folhas que caíam pela copa, como se fossem cabelos bem compridos. No centro da clareira, havia um pequeno lago, que, por algum motivo que eu não sabia na época, estava congelado. Me aproximei e toquei. Apesar de estar calor e ser um dia de verão, aquilo no lago era realmente gelo.

- O que faz aqui?! - ouvi uma voz falar logo atrás de mim.

Virei-me surpresa e vi um garoto, aparentava ser bem mais velho que eu. Usava uma túnica marrom e possuía os cabelos brancos. Mas, o que mais me chamou atenção, é que ele estava descalço.

- Você é uma fada? - perguntei, enquanto terminava de analisá-lo. Ele riu da minha observação;

- Acha que sou uma fada? Eu pareço fada pra você?

Eu não sabia dizer se ele estava se divertindo ou ofendido com a minha pergunta, em todo caso, eu não respondi.

- Não sou nenhuma fada! -ele falou após perceber que eu não iria falar mais nada - Me chamo Jack Frost! E você? Posso ter a honra de saber seu nome, mocinha?!

Ele fez uma reverência, e olhou para mim. Seus olhos pareciam sorrir, e eu retribui.

- Me chamo Merida! Sou da família DunBroch!

- Ahh, então é uma princesa! Uma grande honra sem dúvida!

Ele fez outra reverência, dessa vez, muito mais exagerada, e eu ri.

- Você se perdeu, por um acaso?! - ele perguntou - Quer que eu a leve de volta?

- Não me perdi, vim até aqui por que quis! Eu sei voltar pra casa!

Minha resposta foi tão imediata e tão firme, que ele recuou, surpreso. Me olhou por um tempo, e imagino que ele estivesse me analisando, da mesma forma como o analisei. Eu sabia o que ele estava vendo: uma menina de cara emburrada, com grandes e bagunçados cabelos ruivos.

Ele riu, e eu imagino que eu era uma visão realmente engraçada.

- Peço perdão pelo meu engano, princesa!

A forma debochada como ele pronunciou essa frase, me fez rir. Acho que já estava tão acostumada a ser tratada assim pelas pessoas do castelo, que ter alguém fazendo troça disso, era engraçado demais para mim na época.

- Então, o que veio fazer por esses lados? - ele perguntou depois que terminei de rir.

- Vim ver as fadas! - exclamei de um jeito infantil - Foram elas que congelaram o lago, não foram?!

Nesse momento, ele fez algo incrível. Ele saiu de onde estava, voando, e pousou no centro do lago. Meu queixo estava caído.

- Não! Fui eu que congelei! - ele disse - Acho muito mais divertido patinar nele, do que nadar!

- Você é uma fada?! - exclamei novamente.

- Já disse que não, princesa! Me chamo Jack!

- Mas, você voa!

Ele voou novamente e pousou na minha frente.

-Pássaros também voam, e nem por isso são fadas!

Achei aquele argumento bem razoável.

- Se você não é uma fada, então, o que você é?!

Ele hesitou, como se ele mesmo não soubesse a resposta para isso, mas ele sorriu depois de um tempo, e me respondeu:

- Façamos assim, pense em mim como um menino normal, com capacidade de voar e fazer neve! E assim que eu souber o que eu sou, eu te digo, ok?!

Eu assenti com um movimento de cabeça, Ele sorriu em resposta.

- E então, quer patinar comigo, alteza?! - a última parte foi dita acompanhada de outra reverência. Eu ri e então, ele me pegou no colo, e fomos voando até o meio do lago.

Foi assim que conheci Jack Frost, e foi assim, que meu destino mudou para sempre.


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